segunda-feira, dezembro 22, 2003
sexta-feira, dezembro 19, 2003
A perda da memória
Existem maneiras mais ou menos subtis de apagar a memória das populações/povoações.
Em Alhos Vedros uma das menos evidentes passa pela própria toponímia das ruas.
Quase ou mesmo todos os povoados com existência ancestral têm orgulho nas suas origens e exibem-no, como uma mais valia patrimonial. Qualquer terra com raízes (pré-)medievais como Alhos Vedros, para além do mais sede de concelho mais de meio milénio, regista para a posteridade os locais simbólicos da sua História comum. Têm a sua antiga “Rua Direita”, o seu Rossio, o Largo do Paço, as ruas com referências às antigas actividades económicas aí dominantes no passado mais ou menos longínquo ou com a evocação aos seus antigos habitantes mais ilustres.
Em Alhos Vedros, a memória parece ter sido apagada e reescrita apenas a partir do momento da sua decadência e em particular desde quando deixou de ser sede de concelho. Significa isto que, à parte os sacramentais navegadores dos Descobrimentos e terras do Ultramar que tanto diziam à toponímia salazarista, quase só encontramos por Alhos Vedros menções a datas/acontecimentos e figuras da História contemporânea (5 de Outubro, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda, Agostinho Neto, Humberto Delgado, etc, etc). Até um 1º cabo, certamente conhecido na sua família, tem direito a uma rua mas nada sabemos da antiga toponímia da vila de Alhos Vedros.
Aliás, mesmo uma das principais artérias da povoação (que corria das imediações da actual Junta de Freguesia até perto da actual Estação dos Caminhos de Ferro, passando pela Cadeia, Pelourinho e Misericórdia, com ramificações para os antigos Paços do Concelho e para a Igreja), está tão descaracterizada e segmentada que nada a evoca.
Compreende-se que em povoados de instalação mais recente (Baixa da Banheira, Vale da Amoreira) ou de História mais curta e árida (a actual sede do concelho), não exista uma memória a preservar, mas numa terra com uma existência quase certamente milenar isso é incompreensível.
Culpa de quem ?
Culpa do poder e da gestão toponímica dos moiteiros e seus apaniguados, mas não só.
Culpa dos próprios alhosvedrenses que há muito parecem aceitar o seu destino como se ele não estivesse na suas mãos e como se deles também não dependesse algum tão simples, quanto fundamental, como a preservação da sua memória.
Em Alhos Vedros uma das menos evidentes passa pela própria toponímia das ruas.
Quase ou mesmo todos os povoados com existência ancestral têm orgulho nas suas origens e exibem-no, como uma mais valia patrimonial. Qualquer terra com raízes (pré-)medievais como Alhos Vedros, para além do mais sede de concelho mais de meio milénio, regista para a posteridade os locais simbólicos da sua História comum. Têm a sua antiga “Rua Direita”, o seu Rossio, o Largo do Paço, as ruas com referências às antigas actividades económicas aí dominantes no passado mais ou menos longínquo ou com a evocação aos seus antigos habitantes mais ilustres.
Em Alhos Vedros, a memória parece ter sido apagada e reescrita apenas a partir do momento da sua decadência e em particular desde quando deixou de ser sede de concelho. Significa isto que, à parte os sacramentais navegadores dos Descobrimentos e terras do Ultramar que tanto diziam à toponímia salazarista, quase só encontramos por Alhos Vedros menções a datas/acontecimentos e figuras da História contemporânea (5 de Outubro, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda, Agostinho Neto, Humberto Delgado, etc, etc). Até um 1º cabo, certamente conhecido na sua família, tem direito a uma rua mas nada sabemos da antiga toponímia da vila de Alhos Vedros.
Aliás, mesmo uma das principais artérias da povoação (que corria das imediações da actual Junta de Freguesia até perto da actual Estação dos Caminhos de Ferro, passando pela Cadeia, Pelourinho e Misericórdia, com ramificações para os antigos Paços do Concelho e para a Igreja), está tão descaracterizada e segmentada que nada a evoca.
Compreende-se que em povoados de instalação mais recente (Baixa da Banheira, Vale da Amoreira) ou de História mais curta e árida (a actual sede do concelho), não exista uma memória a preservar, mas numa terra com uma existência quase certamente milenar isso é incompreensível.
Culpa de quem ?
Culpa do poder e da gestão toponímica dos moiteiros e seus apaniguados, mas não só.
Culpa dos próprios alhosvedrenses que há muito parecem aceitar o seu destino como se ele não estivesse na suas mãos e como se deles também não dependesse algum tão simples, quanto fundamental, como a preservação da sua memória.
quinta-feira, dezembro 18, 2003
Afinal...
Conforme prometido, fomos visitar a exposição sobre Alhos Vedros, por ocasião do 489º (quadricentésimo octogésimo nono) aniversário do foral de Alhos Vedros, iniciativa promovida pela CACAV com o trabalho do investigador de História Local Victor Manuel.
O trabalho e o esforço são meritórios e o investigador é sério, nada daqueles moiteiros que s'assinam antropólogos, sociólogos e afins.
Pese embora algum amadorismo, vê-se que é um trabalho de dedicação do autor.
Por aí, tudo está bem, demonstrando-se à saciedade a importância histórica de Alhos Vedros e do seu concelho.
O que há a apontar são questões de logística. Sabemos das dificuldades em promover um evento deste tipo mas, por amos do deus que quiserem, convinha que a coisa durasse um pouco mais de 2 semanas e com um horário mais alargado. quem trabalha não pode ir de tarde; quem tem família não dá jeito ir à noite, pelo que quem trabalha e tem família ficou com um mísero fim de semana para dar uma olhadela à coisa.
Vejam lá se para a próxima, fazem isto sem ser às escondidas e se estas iniciativas não são apenas quando o foral faz anos.
José Silva, 16 de Dezembro de 2003
O trabalho e o esforço são meritórios e o investigador é sério, nada daqueles moiteiros que s'assinam antropólogos, sociólogos e afins.
Pese embora algum amadorismo, vê-se que é um trabalho de dedicação do autor.
Por aí, tudo está bem, demonstrando-se à saciedade a importância histórica de Alhos Vedros e do seu concelho.
O que há a apontar são questões de logística. Sabemos das dificuldades em promover um evento deste tipo mas, por amos do deus que quiserem, convinha que a coisa durasse um pouco mais de 2 semanas e com um horário mais alargado. quem trabalha não pode ir de tarde; quem tem família não dá jeito ir à noite, pelo que quem trabalha e tem família ficou com um mísero fim de semana para dar uma olhadela à coisa.
Vejam lá se para a próxima, fazem isto sem ser às escondidas e se estas iniciativas não são apenas quando o foral faz anos.
José Silva, 16 de Dezembro de 2003
terça-feira, dezembro 16, 2003
Caros colaboradores
Para prevenir os problemas causados pela quadra natalícia, pede-se que todas as próximas colaborações nos sejam enviadas até ao próximo dia 22 de Dezembro para avedros@clix.pt.
Saudações restauracionistas
Saudações restauracionistas
domingo, dezembro 14, 2003
Figuras desprezíveis - João Lobo
Nos antípodas de Leonel Coelho está João Lobo, renegado AlhosVedrense e actual moiteiro. Falamos do actual presidente da câmara da Moita.
Sem ideologia e de moral elástica, defensor dos interesses moiteiros, foi ordenado presidente da câmara para substituir o anterior cessante, não teve por isso a sua prova de fogo perante umas eleições autárquicas, João Lobo é o tipo de "Comunista" que a direita e a burguesia gostam.
Esperemos que o Povo do actual concelho da Moita preste bem atenção a este lacaio dos interesses moiteiros e defensor do "Lobby" tauromáquico moiteiro e não lhe renovem o contrato, perdão, o mandato, derrotando assim este pseudo "Comunista".
Roldão Preto
Sem ideologia e de moral elástica, defensor dos interesses moiteiros, foi ordenado presidente da câmara para substituir o anterior cessante, não teve por isso a sua prova de fogo perante umas eleições autárquicas, João Lobo é o tipo de "Comunista" que a direita e a burguesia gostam.
Esperemos que o Povo do actual concelho da Moita preste bem atenção a este lacaio dos interesses moiteiros e defensor do "Lobby" tauromáquico moiteiro e não lhe renovem o contrato, perdão, o mandato, derrotando assim este pseudo "Comunista".
Roldão Preto
sábado, dezembro 13, 2003
Léxico restauracionista
A partir de agora sempre que nos referirmos à Casa do Povo da Moita queremos na realidade dizer Praça de Touros da Moita (e vice-versa).
sexta-feira, dezembro 12, 2003
Ai, ai, ai, ai, ai
Consta que há uma exposição de fotografia sobre Alhos Vedros na respectiva Misericórdia.
Iremos ver com o coração nas mãos.
Na próxima semana, o nosso colaborador cultural, José Silva, fará o relato.
Medo, muito medo.
Iremos ver com o coração nas mãos.
Na próxima semana, o nosso colaborador cultural, José Silva, fará o relato.
Medo, muito medo.
sexta-feira, dezembro 05, 2003
Figuras históricas ilustres Alhosvedrenses - Leonel Coelho
Como vem expresso nos estatutos do Blog-Alhos Vedros ao poder, venho por este meio inaugurar a secção Figuras Heróicas e como primeiro entre todos, escolhi Leonel Coelho, o grande impulsionador da Academia de Alhos Vedros, fundador da Feira do Livro de Alhos Vedros e militante e dirigente local do MRPP, antiga OCMLP de que também foi militante o seu ex-camarada Fernando Rosas e Durão Barroso que agora militam em partidos estranhos à ideia Marxista/Leninista/ Stalinista/Maoista.
Leonel Coelho tem sido coerente com os seus ideais e nunca os abandonou como os traidores que eu mencionei anteriormente.
Isso deve-se sobretudo à sua proveniência de homem do Povo.
Enquanto os outros lacaios da burguesia como os supracitados voltaram às suas origens, ou seja á defesa da burguesia e dos poderes a ela associados, Leonel Coelho manteve-se puro e imbuido dos ideais românticos que a sua geração abandonou em troca de favores e mordomias que o dinheiro lhes proporcionou, no caso de Durão Barroso a sua saída da militância MLSM foi radical e passou a defender o grande capital internacional, no caso de Fernando Rosas foi mais subtil e por isso mais canalha, defende uma oligarquia de poder "comunista" autoritário cuja fórmula teve como expoente máximo Staline que curiosamente mandou matar Trotsky, partido que foi agénese do PSR e que depois se aliou com os seus algozes da a UDP.
Estranha sinergia esta que aliou dois antigos inimigos. Mas é esta a esquerda do bloco.
Enfim presto aqui a minha homenagem a esse Alhos Vedrense, que por acaso nasceu na Beira Baixa- Leonel Coelho, cujo nome se há-de destacar entre muitos outros ilustres AlhosVedrenses, como símbolo de coragem abnegação e coerência da sua ideologia, mesmo que não concordemos com ela.
Que Viva Leonel Coelho
Que Viva a Feira do Livro de Alhos Vedros
Que Viva a Academia
Roldão Preto
Leonel Coelho tem sido coerente com os seus ideais e nunca os abandonou como os traidores que eu mencionei anteriormente.
Isso deve-se sobretudo à sua proveniência de homem do Povo.
Enquanto os outros lacaios da burguesia como os supracitados voltaram às suas origens, ou seja á defesa da burguesia e dos poderes a ela associados, Leonel Coelho manteve-se puro e imbuido dos ideais românticos que a sua geração abandonou em troca de favores e mordomias que o dinheiro lhes proporcionou, no caso de Durão Barroso a sua saída da militância MLSM foi radical e passou a defender o grande capital internacional, no caso de Fernando Rosas foi mais subtil e por isso mais canalha, defende uma oligarquia de poder "comunista" autoritário cuja fórmula teve como expoente máximo Staline que curiosamente mandou matar Trotsky, partido que foi agénese do PSR e que depois se aliou com os seus algozes da a UDP.
Estranha sinergia esta que aliou dois antigos inimigos. Mas é esta a esquerda do bloco.
Enfim presto aqui a minha homenagem a esse Alhos Vedrense, que por acaso nasceu na Beira Baixa- Leonel Coelho, cujo nome se há-de destacar entre muitos outros ilustres AlhosVedrenses, como símbolo de coragem abnegação e coerência da sua ideologia, mesmo que não concordemos com ela.
Que Viva Leonel Coelho
Que Viva a Feira do Livro de Alhos Vedros
Que Viva a Academia
Roldão Preto
quarta-feira, dezembro 03, 2003
Direito de resposta à resposta
Meu caro,
Podíamos ir muito longe na questão do sentido de um texto estar em quem o escreve ou na forma como é lido.
Também nós poderíamos afirmar que fomos treslidos.
Nunca o acusámos, caro leitor conservador, de defender a atomização dos concelhos. O que escrevemos foi que entre nós (este blog não tem um só animador) existem aqueles (como aquele que se assina Manuel Pedro neste blog e no jormal O Rio) que acham que a divisão do poder local deve ser maior.
Tínhamos percebido (à 1ª tentativa) a sua posição. Por isso, a observação sobre as aspirações da restauração de Alhos Vedros estarem ameaçadas por faltarem as estruturas não colhe neste ponto particular.
A questão da referência às cores partidárias resulta directamente do exercício de aritmética eleitoral que fazia no artigo em causa como fundamentação para a mudança no concelho.
A abstenção não significa ausência de intervenção política ou cívica. Aliás, ela (a abstenção) é neste momento tão importante que põe em causa a legitimidade de muitaos resultados de eleições.
Porque optam as pessoas por não votar, quando têm convicções ?
Porque ou não encontram em quem votar ou precisam de fazer carreira nas estruturas partidárias existentes (e, desculpar-me-á, mas isso é vender parte da alma ao demo) ou ainda teríamos de fundar movimentos cívicos de cidadãos independentes e, até ao momento, isso entre nós só deu resultado com trânsfugas dos velhos partidos.
Quanto a argumentação mais detalhada sobre as questões mais de fundo sobre o municipalismo poderá consultar o post de 28 de Novembro no qual se faz uma análise mais séria e com melhor gosto do tema em apreço, o que nos leva a algumas notas finais de conteúdo mais satírico:
a) Não sei se inaugurei a minha participação política ou cívica com a abertura e participação neste blog. Como permaneço sob pseudónimo até posso ser um aparatchik disfarçado.
b) As questões do mau-gosto, nos tempos que correm, não sendo relativas, dependem muito da nossa posição em relação ao que se toma como mau-gosto. Desculpar-me-á mas o líder do seu partido, após brilhante carreira do Independente, é um exemplo claro de mau-gosto e erro de casting como pretenso político sério de direita. Equivalente só terá no irmão Miguel no outro lado do espectro político. Não vale a pena exemplificar muito, mas desde a boutade de não saber passar cheques à cerimónia pseudo-privada/pública de homenagem a Maggiolo Gouveia, passando pelas obras na casa dele, do tio, ou sei lá de quem, é só tristezas. Por isso, é que não consigo alistar-me em partidos, quando temos líderes destes. Mas isto são opiniões.
c) O Tocqueville era um político conservador, embora não ultramontano. Lá por ser democrata, não era necessariamente jacobino.
E, realmente, não o treslemos, pois (embora não tenha o texto em papel à minha frente), algures o meu caro leitor prosa qualquer coisa como "a ideia brotou do Povo", mas isso sempre se pode confirmar.
Enfim, aqui estamos sempre ao dispor para o que der e vier.
Saudações restauracionistas.
Podíamos ir muito longe na questão do sentido de um texto estar em quem o escreve ou na forma como é lido.
Também nós poderíamos afirmar que fomos treslidos.
Nunca o acusámos, caro leitor conservador, de defender a atomização dos concelhos. O que escrevemos foi que entre nós (este blog não tem um só animador) existem aqueles (como aquele que se assina Manuel Pedro neste blog e no jormal O Rio) que acham que a divisão do poder local deve ser maior.
Tínhamos percebido (à 1ª tentativa) a sua posição. Por isso, a observação sobre as aspirações da restauração de Alhos Vedros estarem ameaçadas por faltarem as estruturas não colhe neste ponto particular.
A questão da referência às cores partidárias resulta directamente do exercício de aritmética eleitoral que fazia no artigo em causa como fundamentação para a mudança no concelho.
A abstenção não significa ausência de intervenção política ou cívica. Aliás, ela (a abstenção) é neste momento tão importante que põe em causa a legitimidade de muitaos resultados de eleições.
Porque optam as pessoas por não votar, quando têm convicções ?
Porque ou não encontram em quem votar ou precisam de fazer carreira nas estruturas partidárias existentes (e, desculpar-me-á, mas isso é vender parte da alma ao demo) ou ainda teríamos de fundar movimentos cívicos de cidadãos independentes e, até ao momento, isso entre nós só deu resultado com trânsfugas dos velhos partidos.
Quanto a argumentação mais detalhada sobre as questões mais de fundo sobre o municipalismo poderá consultar o post de 28 de Novembro no qual se faz uma análise mais séria e com melhor gosto do tema em apreço, o que nos leva a algumas notas finais de conteúdo mais satírico:
a) Não sei se inaugurei a minha participação política ou cívica com a abertura e participação neste blog. Como permaneço sob pseudónimo até posso ser um aparatchik disfarçado.
b) As questões do mau-gosto, nos tempos que correm, não sendo relativas, dependem muito da nossa posição em relação ao que se toma como mau-gosto. Desculpar-me-á mas o líder do seu partido, após brilhante carreira do Independente, é um exemplo claro de mau-gosto e erro de casting como pretenso político sério de direita. Equivalente só terá no irmão Miguel no outro lado do espectro político. Não vale a pena exemplificar muito, mas desde a boutade de não saber passar cheques à cerimónia pseudo-privada/pública de homenagem a Maggiolo Gouveia, passando pelas obras na casa dele, do tio, ou sei lá de quem, é só tristezas. Por isso, é que não consigo alistar-me em partidos, quando temos líderes destes. Mas isto são opiniões.
c) O Tocqueville era um político conservador, embora não ultramontano. Lá por ser democrata, não era necessariamente jacobino.
E, realmente, não o treslemos, pois (embora não tenha o texto em papel à minha frente), algures o meu caro leitor prosa qualquer coisa como "a ideia brotou do Povo", mas isso sempre se pode confirmar.
Enfim, aqui estamos sempre ao dispor para o que der e vier.
Saudações restauracionistas.
Direito de resposta (João Titta Maurício)
Meus Caros,
Quero dar-vos os parabéns pela Vossa iniciativa: interessante, estruturada, inteligente (ainda que, por vezes, com brincadeira a mais causem perda de solidez argumentativa e alguma dispersão).
Respeitando a Vossa opinião, repito que (de acordo com o texto por Vós colocado on-line) tresleram o meu texto. Senão, digam onde é que defendo que quero «elevar a Baixa da Banheira a cidade e depois a concelho»?!?
E, compreendendo o humor, parece-me de muito mau-gosto a frase que me classifica como um «submarino moiteiro perdido nos arbustos do Parque da Baixa da Banheira e que por aí deve ter visto a "luz" quando limpava o rabo ao texto de um discurso do Portas Júnior».
Quanto ao conteúdo do texto inserido no Vosso blog em 25 de Novembro, permitam-me os seguintes comentários:
1. Começo o meu texto clarificando que o escrevo a título pessoal. Não posso, não devo, nem quero esconder a minha condicção e opção ideológico-partidária. Mas não é isso que me move. Fui desafiado, interroguei, fui esclarecido e convencido. Apresentei a minha opinião. Sujeito-a à publicidade crítica. E respondo, reafirmando, clarificando ou ajustando a minha opinião.
2. A defesa do municipalismo é, para mim, não uma convicção recente mas uma luta já com alguns anos (consubstanciada, por exemplo, na participação - como mandatário de um movimento - no referendo sobre a Lei da Regionalização). No meu artigo, em concreto, a opção pela transferência da sede do concelho não permite que dele se conclua que eu seja "atomista". Pelo contrário, como a apresento como alternativa à criação de um novo concelho, poderia era ser classificado como estando mais próximo da proposta "concentracionista". Aliás, a bem da verdade, sempre diria que estou mais próximo é do restauraccionismo das antigas liberdades municipais (selvática e arbitrariamente postergadas pelos "pseudo-liberdadeiros" do Miguelismo). A bem da Liberdade e da Tradição! E, por isso, paradoxalmente, muito próximo de si, Paulo.
4. A análise em concreto do meu texto:
a) a "coloração" que atribui às freguesias do concelho não me parecem correctas: a grande base de sustentação do PCP é a Baixa da Banheira. Por isso, não vejo como se pode falar que esta e o Vale da Amoreira são mais "laranja azulada"?!? Além disso, como não defendo do binómio Baixa da Banheira/Vale da Amoreira e o resto do concelho e como os leitores manter-se-iam os mesmo (só haveria a mudança da sede do concelho), não compreendo como seria «uma forma de arranjar cadeiras de poder a uma pseudo AD local»?!?
E se abríssemos o jogo e confessássemos as nossas verdadeiras preferências?
b) concordo que há várias origens ou causas para a abstenção. E que é evidente que ela é um direito. Porém, como responsável político (e, portanto, co-responsável por esses resultados) tenho o dever de alertar e opinar sobre a circunstância de a verdade política (imposta de modo absoluto no nosso concelho) resulta de uma votação onde a força maioritária dispõe de cerca de 1/5 dos votos possíveis.
Concordará que a modorra não serve a ninguém, e que os responsáveis políticos da oposição deverão acordar para esta realidade e procurar motivar os ora abstencionistas.
Já agora, tendo em atenção o estilo de participação e importância do PEV na governação das nossas autarquias, melhor seria que, em alternativa, aumentasse (e muito) a votação no MPT. Mas é só uma opinião...
c) uma vez mais, não compreendo a acusação de "fragmentação": o concelho teria as mesmas dimensões territoriais, o número de eleitores seria idêntico... apenas mudava a sede de concelho! Assim se pode compreender quando afirmo que fui "treslido"!Aliás, afirmo no texto (alvo do vosso comentário) o seguinte: «porque defendo o municipalismo como base de organização política da Nação, entendo que a proliferação de concelhos apenas enfraquece as autarquias, as quais quero fortes, mais interventivas, e com mais competências e verbas».
Mais, a fundamentação da mudança da sede do concelho não se reduz à demografia, nem tampouco ela é a mais determinante. O que há é uma situação (verificável e quantificável) de prejuízo evidente para a maior concentração populacional do concelho. Eu proponho uma solução para discussão. Se há outras, estou disponível para as conhecer, analisar e decidir.
Venham elas...
Quanto à invocação da dimensão dos concelhos alentejanos, considero-a uma emanação de um subconsciente centralista: porque é que o critério para a redefinição dos concelhos teria que se aubordinar a um só critério? E porque é que não deveria ser a demografia aquele que presidiria a essa definição nas zonas de elevada concentração populacional?
d) (ultrapassando mais uma vez as "bocas" - que julgo respondidas nos números anteriores -, não deixo de manifestar um profundo desagrado pela insinuação ínsita na expressão "clientes" - uma evolução daquela outra: "lacaio"!)
Se os critérios para a definição de um concelho se resumissem aos que apresenta («razões lógicas» e «visarem a criação de unidades territoriais dotadas dos meios, estruturas e serviços indispensáveis à qualidade de vida da sua população») então lá se iam as pretensões de Alhos Vedros...
E volto a recordar: concordando com esses objectivos de adequação material das capacidades com as necessidades dos concelhos, a questão que coloquei à discussão foi A MUDANÇA DA SEDE DO CONCELHO!
e) não vejo onde possa dicordar da afirmação «a fragmentação dos municípios existentes, salvo muito diminutas excepções, é muitas vezes feita não apenas a favor dos novos concelhos mas principalmente contra os existentes e apenas serviria para a multiplicação de micro-elites ou nomenklaturas locais cada vez mais medíocres, a avaliar pelos maus serviços que as actuais já prestam»! Aliás, também foi por isso que não abracei a sugestão da criação de um novo concelho... Coisa que, repito, não defendo nem defendi!
No entanto, não posso deixar de comentar o seguinte: quem afirma que, em 15 anos, apenas votou uma vez, é justo que se lhe pergunte: o que tem feito para que as "nomenklaturas" locais sejam menos medíocres? Inaugurando o blog, começou agora a sua intervenção política. Parabéns e bem-vindo ao clube! Agora é preciso tornar consequente e avaliável essa nossa participação. Não basta dizer que os políticos prestam um mau serviço: importa substituí-los! E ter consciência que (citando Cícero) a política é suja, mas é por as pessoas "limpas" dela se afastarem que ela continua suja!
f) até que enfim: uma proposta alternativa! Apesar da fundamentação escassa, é perceptível o que pretende alcançar. Porém, não resolve o problema de base: por esta não ser a sede do concelho, há um claro prejuízo económico (em termos de investimento e algumas importantes oportunidades de negócio) por parte da população da Baixa da Banheira. E a questão é tão mais grave quanto esta é mais de metade da população do concelho! E isso não é resolvido pelo reforço dos poderes das freguesias: é política da esmagadora maioria das empresas que seriam parceiras nesses negócios.
g) faltava a provocação final. É evidente (e nem compreendo de onde vem a questão dos «estatutos sociais especiais»?!?) que nunca invoquei o nome do Povo. Apelei ao Povo... até porque, segundo julgo, permanece como o Soberano! Eu só disse, e repito «qualquer que seja a solução, os próximos resultados autárquicos são importantes: a decisão sempre dependerá de maiorias na Assembleia Municipal e nas Assembleias de Freguesia!
E essas só dependem da vontade do Povo... que vota!»
Finalmente: Alexis de Tocqueville um conservador?!? Deve estar a dar voltas no túmulo, coitado!
5. Comentário final. Vão perdoar-me, mas tenho que repetir: todo o meu texto foi treslido. Assumiram que ele afirmava coisas que não dizia (sequer abordava ou, quando o fazia, era em sentido contrário). Leram com preconceito e, constantemente, erraram o alvo!
Aguardo novas tentativas...
Quero dar-vos os parabéns pela Vossa iniciativa: interessante, estruturada, inteligente (ainda que, por vezes, com brincadeira a mais causem perda de solidez argumentativa e alguma dispersão).
Respeitando a Vossa opinião, repito que (de acordo com o texto por Vós colocado on-line) tresleram o meu texto. Senão, digam onde é que defendo que quero «elevar a Baixa da Banheira a cidade e depois a concelho»?!?
E, compreendendo o humor, parece-me de muito mau-gosto a frase que me classifica como um «submarino moiteiro perdido nos arbustos do Parque da Baixa da Banheira e que por aí deve ter visto a "luz" quando limpava o rabo ao texto de um discurso do Portas Júnior».
Quanto ao conteúdo do texto inserido no Vosso blog em 25 de Novembro, permitam-me os seguintes comentários:
1. Começo o meu texto clarificando que o escrevo a título pessoal. Não posso, não devo, nem quero esconder a minha condicção e opção ideológico-partidária. Mas não é isso que me move. Fui desafiado, interroguei, fui esclarecido e convencido. Apresentei a minha opinião. Sujeito-a à publicidade crítica. E respondo, reafirmando, clarificando ou ajustando a minha opinião.
2. A defesa do municipalismo é, para mim, não uma convicção recente mas uma luta já com alguns anos (consubstanciada, por exemplo, na participação - como mandatário de um movimento - no referendo sobre a Lei da Regionalização). No meu artigo, em concreto, a opção pela transferência da sede do concelho não permite que dele se conclua que eu seja "atomista". Pelo contrário, como a apresento como alternativa à criação de um novo concelho, poderia era ser classificado como estando mais próximo da proposta "concentracionista". Aliás, a bem da verdade, sempre diria que estou mais próximo é do restauraccionismo das antigas liberdades municipais (selvática e arbitrariamente postergadas pelos "pseudo-liberdadeiros" do Miguelismo). A bem da Liberdade e da Tradição! E, por isso, paradoxalmente, muito próximo de si, Paulo.
4. A análise em concreto do meu texto:
a) a "coloração" que atribui às freguesias do concelho não me parecem correctas: a grande base de sustentação do PCP é a Baixa da Banheira. Por isso, não vejo como se pode falar que esta e o Vale da Amoreira são mais "laranja azulada"?!? Além disso, como não defendo do binómio Baixa da Banheira/Vale da Amoreira e o resto do concelho e como os leitores manter-se-iam os mesmo (só haveria a mudança da sede do concelho), não compreendo como seria «uma forma de arranjar cadeiras de poder a uma pseudo AD local»?!?
E se abríssemos o jogo e confessássemos as nossas verdadeiras preferências?
b) concordo que há várias origens ou causas para a abstenção. E que é evidente que ela é um direito. Porém, como responsável político (e, portanto, co-responsável por esses resultados) tenho o dever de alertar e opinar sobre a circunstância de a verdade política (imposta de modo absoluto no nosso concelho) resulta de uma votação onde a força maioritária dispõe de cerca de 1/5 dos votos possíveis.
Concordará que a modorra não serve a ninguém, e que os responsáveis políticos da oposição deverão acordar para esta realidade e procurar motivar os ora abstencionistas.
Já agora, tendo em atenção o estilo de participação e importância do PEV na governação das nossas autarquias, melhor seria que, em alternativa, aumentasse (e muito) a votação no MPT. Mas é só uma opinião...
c) uma vez mais, não compreendo a acusação de "fragmentação": o concelho teria as mesmas dimensões territoriais, o número de eleitores seria idêntico... apenas mudava a sede de concelho! Assim se pode compreender quando afirmo que fui "treslido"!Aliás, afirmo no texto (alvo do vosso comentário) o seguinte: «porque defendo o municipalismo como base de organização política da Nação, entendo que a proliferação de concelhos apenas enfraquece as autarquias, as quais quero fortes, mais interventivas, e com mais competências e verbas».
Mais, a fundamentação da mudança da sede do concelho não se reduz à demografia, nem tampouco ela é a mais determinante. O que há é uma situação (verificável e quantificável) de prejuízo evidente para a maior concentração populacional do concelho. Eu proponho uma solução para discussão. Se há outras, estou disponível para as conhecer, analisar e decidir.
Venham elas...
Quanto à invocação da dimensão dos concelhos alentejanos, considero-a uma emanação de um subconsciente centralista: porque é que o critério para a redefinição dos concelhos teria que se aubordinar a um só critério? E porque é que não deveria ser a demografia aquele que presidiria a essa definição nas zonas de elevada concentração populacional?
d) (ultrapassando mais uma vez as "bocas" - que julgo respondidas nos números anteriores -, não deixo de manifestar um profundo desagrado pela insinuação ínsita na expressão "clientes" - uma evolução daquela outra: "lacaio"!)
Se os critérios para a definição de um concelho se resumissem aos que apresenta («razões lógicas» e «visarem a criação de unidades territoriais dotadas dos meios, estruturas e serviços indispensáveis à qualidade de vida da sua população») então lá se iam as pretensões de Alhos Vedros...
E volto a recordar: concordando com esses objectivos de adequação material das capacidades com as necessidades dos concelhos, a questão que coloquei à discussão foi A MUDANÇA DA SEDE DO CONCELHO!
e) não vejo onde possa dicordar da afirmação «a fragmentação dos municípios existentes, salvo muito diminutas excepções, é muitas vezes feita não apenas a favor dos novos concelhos mas principalmente contra os existentes e apenas serviria para a multiplicação de micro-elites ou nomenklaturas locais cada vez mais medíocres, a avaliar pelos maus serviços que as actuais já prestam»! Aliás, também foi por isso que não abracei a sugestão da criação de um novo concelho... Coisa que, repito, não defendo nem defendi!
No entanto, não posso deixar de comentar o seguinte: quem afirma que, em 15 anos, apenas votou uma vez, é justo que se lhe pergunte: o que tem feito para que as "nomenklaturas" locais sejam menos medíocres? Inaugurando o blog, começou agora a sua intervenção política. Parabéns e bem-vindo ao clube! Agora é preciso tornar consequente e avaliável essa nossa participação. Não basta dizer que os políticos prestam um mau serviço: importa substituí-los! E ter consciência que (citando Cícero) a política é suja, mas é por as pessoas "limpas" dela se afastarem que ela continua suja!
f) até que enfim: uma proposta alternativa! Apesar da fundamentação escassa, é perceptível o que pretende alcançar. Porém, não resolve o problema de base: por esta não ser a sede do concelho, há um claro prejuízo económico (em termos de investimento e algumas importantes oportunidades de negócio) por parte da população da Baixa da Banheira. E a questão é tão mais grave quanto esta é mais de metade da população do concelho! E isso não é resolvido pelo reforço dos poderes das freguesias: é política da esmagadora maioria das empresas que seriam parceiras nesses negócios.
g) faltava a provocação final. É evidente (e nem compreendo de onde vem a questão dos «estatutos sociais especiais»?!?) que nunca invoquei o nome do Povo. Apelei ao Povo... até porque, segundo julgo, permanece como o Soberano! Eu só disse, e repito «qualquer que seja a solução, os próximos resultados autárquicos são importantes: a decisão sempre dependerá de maiorias na Assembleia Municipal e nas Assembleias de Freguesia!
E essas só dependem da vontade do Povo... que vota!»
Finalmente: Alexis de Tocqueville um conservador?!? Deve estar a dar voltas no túmulo, coitado!
5. Comentário final. Vão perdoar-me, mas tenho que repetir: todo o meu texto foi treslido. Assumiram que ele afirmava coisas que não dizia (sequer abordava ou, quando o fazia, era em sentido contrário). Leram com preconceito e, constantemente, erraram o alvo!
Aguardo novas tentativas...
terça-feira, dezembro 02, 2003
Moita Online
Chega-nos a notícia que o portal Moita Online se vai finar.
Paz à sua alma.
Cá para mim há duas causas imediatas:
A cor da coisa (o laranja disfarçava mal a inspiração).
Os erros ortográficos ("freuguesia" e outros) e a pobreza da informação não-oficial.
Paz à sua alma.
Cá para mim há duas causas imediatas:
A cor da coisa (o laranja disfarçava mal a inspiração).
Os erros ortográficos ("freuguesia" e outros) e a pobreza da informação não-oficial.
sexta-feira, novembro 28, 2003
Colaboração de Manuel Pedro
Fundamentos históricos para a restauração do concelho de Alhos Vedros
Alhos Vedros é vila e sede de concelho desde a Idade Média, tendo foral manuelino de 1514.
Do concelho de Alhos Vedros foram tornados independentes os concelhos do Barreiro, bem como as localidades de Coina e do Lavradio
Depois, já no séc. XVII em 1691 foi criada a Vila da Moita sendo desanexada do concelho de A.Vedros para pertencer aos domínios do Conde do Alvor. Esta situação de convivência entre as duas entidades administrativas separadas prolongou-se até à primeira metade do século XIX, tendo como fronteira natural a ribeira da Moita.
Na segunda metade do século XIX Alhos Vedros foi integrado no concelho da Moita e perdeu assim a sua independência
O concelho de A.Vedros foi extinto por lei de 1855, na sequência da legislação anterior de Mouzinho da Silveira que extinguiu mais de 500 antigos concelhos, por via a “modernizar “ a estrutura geográfica do País.
Lembro-lhes que estavamos em 1855 e nessa altura talvez tenha havido justificação para
que tal acontecesse, mas depois disso muitos concelhos anteriormente extintos por essa lei legislação foram restaurados, uns devido à força dos poderes locais, outros devido a grupos de influência nos poderes nacionais. O caso específico de Alhos Vedros será o que aqui nos irá proximamente merecer um comentário mais detalhado.
Manuel Pedro, Novembro de 2003
Alhos Vedros é vila e sede de concelho desde a Idade Média, tendo foral manuelino de 1514.
Do concelho de Alhos Vedros foram tornados independentes os concelhos do Barreiro, bem como as localidades de Coina e do Lavradio
Depois, já no séc. XVII em 1691 foi criada a Vila da Moita sendo desanexada do concelho de A.Vedros para pertencer aos domínios do Conde do Alvor. Esta situação de convivência entre as duas entidades administrativas separadas prolongou-se até à primeira metade do século XIX, tendo como fronteira natural a ribeira da Moita.
Na segunda metade do século XIX Alhos Vedros foi integrado no concelho da Moita e perdeu assim a sua independência
O concelho de A.Vedros foi extinto por lei de 1855, na sequência da legislação anterior de Mouzinho da Silveira que extinguiu mais de 500 antigos concelhos, por via a “modernizar “ a estrutura geográfica do País.
Lembro-lhes que estavamos em 1855 e nessa altura talvez tenha havido justificação para
que tal acontecesse, mas depois disso muitos concelhos anteriormente extintos por essa lei legislação foram restaurados, uns devido à força dos poderes locais, outros devido a grupos de influência nos poderes nacionais. O caso específico de Alhos Vedros será o que aqui nos irá proximamente merecer um comentário mais detalhado.
Manuel Pedro, Novembro de 2003
Concelhos e conselhos
A discussão sobre o municipalismo e as origens e natureza do poder local em Portugal levar-nos-ia muito para além do âmbito e ambições deste blog.
Convém, no entanto, analisar esta questão numa perspectiva da sua evolução e aplicação a nível local, nomeadamente quanto à situação actual do território do antigo concelho de Alhos Vedros e às razões que justificam e legitimam um movimento tendente à sua restauração.
Comecemos pelo enquadramento teórico do problema, o qual passa pela definição do que entendemos dever ser um concelho. Ora, o problema radica mesmo aqui.
Actualmente, não existe uma conceito de «concelho» que ultrapasse as conveniências políticas conjunturais, que resista às leituras e adaptações locais ou que seja invulnerável aos desmandos e atropelos praticados pelas elites políticas locais/nacionais quando lhes interessa (um pouco como com os PDM’s).
Nenhuma definição é perfeita ou a todos satisfaz. Provavelemente, quanto mais perfeita for, mas atemporal será e, por natural consequência, menos agradará aos apetites de cada momento que passa e respectivas clientelas- Por isso, podemos construir uma nova ou pedi-la emprestada ao passado.
Eu pedi a minha emprestada aos primórdios do nosso municipalismo liberal moderno, em particular ao Decreto 65 de 28 de Junho de 1833 nos seus artigos 12º e 13º, em que ssão dadas as bases de organização dos concelhos saídos da reforma dos forais:
«Artigo 12º (...) §1º Combinarão as duas bases da população e da extensão, de uma maneira que nem a população, por excessiva, torne difficil o expediente Judicial e Administrativo do Concelho; nem, por diminuta, forneça um numero insufficiente de Cidadãos activos para as eleições e para o serviço dos cargos publicos.
§ 2º Terão igualmente cuidado em que não sejam grandes as distancias das Povoações às cabeças do Concelho, para não causarem grave incomodo e distracção aos povos.
Artigo 13º Para que o disposto no artigo antecedente se possa mais facilmente conseguir, poder-se-hão unir dous, ou mais, dos antigos Concelhos; ou desannexar freguezia, ou partes de freguezias de uns, para unir a outros, segundo melhor convier, formando-se dessa união um só Concelho (...)
§ 1º Nesta operação não se terá sómente em vista a commodidade ostensiva dos povos; mas sobre tudo, os seus habitos e relações com o Concelho e Cabeça deste, a que os outros se tiverem unido.»
Nesta passagem encontramos enunciados vários princípios essenciais:
a) Equilíbrio entre o espaço e as gentes, devendo evitar-se situações extremas de concelhos com gente mas sem terra e vice-versa (artº 12).
b) Centralidade da sede do concelho (§ 1º do artº 12).
c) Concentração racional do território e não desintegração (§ 2º do art. 12).
d) Predominância da tradição sobre os interesses na definição da sede de um conclho aglutinador de outros (§ 1º do art. 13)
Podemos sempre afirmar que os tempos são outros, mas estes são princípios que na sua formulação abstracta são tão válidos hoje como ontem. Eu apenas lhes acrescentaria a necessidade de um concelho ter os recursos e estruturas (económicas, culturais, de transporte, saneamento, etc) indispensáveis às necessidade da sua população.
Como se aplica isto ao caso do(s) concelho(s) de Alhos Vedros e Moita desde as suas origens e sucessivas desanexações e integrações ?
Relembremos que Alhos Vedros foi sede de concelho desde a Idade Média até à menos de 150 anos, incluindo até à primeira metade do século XVI todos os actuais territórios dos concelhos do Barreiro e Moita, dele se autonomizando sucessivamente o Barreiro, o Lavradio e a Moita, até finais do século XVII. Após perder relevo político-administrativo, gente e recursos, o concelho de Alhos Vedros acabou por ser extinto em 1855 e sucessivamente integrado nos do Barreiro e Moita, numa «dança» muito próprio dos interesses eleitorais dos caciques locais do período do chamado Rotativismo.
Não vou aqui analisar as causas remotas da decadência demográfica e da diminuição do “peso político” de Alhos Vedros no contexto da margem sul mas apenas confrontar a realidade coeva com os princípios abstractos que definiriam um concelho. Ora, enquanto sede de concelho, Alhos Vedros preencheu longamente todos os quesitos (equilíbrio, centralidade, concentração, tradição) nos seus limites do século XVII, anteriores à desanexação da Moita.
Em contrapartida, o concelho da Moita na sua formulação actual não cumpre muito desses parâmetros, nomeadamente quanto aos itens da centralidade (fica quase num dos extremos do concelho) e da tradição (por motivos óbvios), sendo ainda muito polémica a questão de, sendo sede do concelho, a Moita ser factor mais de desitegração do que de unificação, devido à manifesta crescente insatisfação das populações das freguesias de Alhos Vedros, Vale da Amoreira e Baixa da Banheira. Nem tudo pode rodar em volta dos touros, porque essa é uma tradição da chamada “Moita do Ribatejo” que a não une à larga maioria do seu concelho e respectivas populações.
Para além disto, as autoridades locais do concelho não conseguiram, nas últimas décadas, desenvolvê-lo de forma sustentada, equilibrada e harmoniosa, o que se manifestou principalemte em quatro fenómenos:
1) Ausência de infraestruturas fundamentais no concelho, quer no plano da fixação do emprego (vejam-se os casos de sucessivas “deslocalizações” de empresas têxteis, com destaque para os “elefantes brancos” da ex-GEFA e da ex-Helly Hansen deixados ao abandono no meio de Alhos Vedros, depois de terem cumprido a missão de captar fundos comunitários para alguns interessados), quer no do lazer, cultura e desporto (falta de equipamentos desportivos de qualidade, de uma sala de espectáculos moderna, digna do nome, etc, etc).
2) Critérios duvidosos na criação de algumas das estruturas existentes, nomeadamente da sua qualidade quando fora da sede do concelho, de que exemplos notórios são os espaços verdes e a zona ribeirinha de Alhos Vedros; o parque de Alhos Vedros nasceu tarde e mal, entalado entre um viaduto rodoviário, a linha férrea e as ruínas industriais da Cortceira Ibérica; quanto a poluição sonora, ambiental e paisagística estamos falados. Quanto à faixa ribeirinha de Alhos Vedros é um acumular de lixeiras ao abandono, enquanto a da Moita foi recuperada. Já na Baixa da Banheira, o enorme parque José Afonso está nas costas da freguesia e é o exemplo claro de um investimento mal planeado e sem o devido aproveitamento.
3) Desprezo pelo património histórico matricial do concelho, com a memória histórica do concelho de Alhos Vedros a parecer resumir-se ao pelourinho manuelino (o tal que queriam levar), caindo a antiga cadeia aos bocados e estando ao abandono o edifício onde antes funcionavam os Paços do Concelho, paredes meias com um moinho de maré que nem está lá para enfeitar e ser aproveitado em articulação com o parque.
4) Decapitação das elites locais, através da sua cooptação para o exercício do poder local central (passe-se o aparente paradoxo), o que também funciona como estratégia para “calar” as contestações de fora da Moita. É o caso da Presidência da Câmara da Moita que raramente lá viu sentado um moiteiro mas que, nem por isso, deixou de ser acerrimamente injusta para muitas das freguesias que viram nascer e/ou crescer os seus ocupantes. O caso de alguns edis alhosvedrenses, já em período democrático, é particularmente infeliz e vergonhoso neste aspecto, com destaque para o penúltimo Presidente, afastado por “razões pessoais e familiares” do seu exercício.
Enfim, a prosa vai longa e o essencial fica dito.
Por isso, caros leitores, pensem bem se a actual configuração deste concelho e a distribuição do seu poder não será a razão para o seu desiquilíbrio e assimetria, devendo ser encarada a restauração de Alhos Vedros como sede do concelho o caminho para a superação de tão graves dilemas.
Saudações restauracionistas.
António da Costa, 28 de Novembro de 2003
Convém, no entanto, analisar esta questão numa perspectiva da sua evolução e aplicação a nível local, nomeadamente quanto à situação actual do território do antigo concelho de Alhos Vedros e às razões que justificam e legitimam um movimento tendente à sua restauração.
Comecemos pelo enquadramento teórico do problema, o qual passa pela definição do que entendemos dever ser um concelho. Ora, o problema radica mesmo aqui.
Actualmente, não existe uma conceito de «concelho» que ultrapasse as conveniências políticas conjunturais, que resista às leituras e adaptações locais ou que seja invulnerável aos desmandos e atropelos praticados pelas elites políticas locais/nacionais quando lhes interessa (um pouco como com os PDM’s).
Nenhuma definição é perfeita ou a todos satisfaz. Provavelemente, quanto mais perfeita for, mas atemporal será e, por natural consequência, menos agradará aos apetites de cada momento que passa e respectivas clientelas- Por isso, podemos construir uma nova ou pedi-la emprestada ao passado.
Eu pedi a minha emprestada aos primórdios do nosso municipalismo liberal moderno, em particular ao Decreto 65 de 28 de Junho de 1833 nos seus artigos 12º e 13º, em que ssão dadas as bases de organização dos concelhos saídos da reforma dos forais:
«Artigo 12º (...) §1º Combinarão as duas bases da população e da extensão, de uma maneira que nem a população, por excessiva, torne difficil o expediente Judicial e Administrativo do Concelho; nem, por diminuta, forneça um numero insufficiente de Cidadãos activos para as eleições e para o serviço dos cargos publicos.
§ 2º Terão igualmente cuidado em que não sejam grandes as distancias das Povoações às cabeças do Concelho, para não causarem grave incomodo e distracção aos povos.
Artigo 13º Para que o disposto no artigo antecedente se possa mais facilmente conseguir, poder-se-hão unir dous, ou mais, dos antigos Concelhos; ou desannexar freguezia, ou partes de freguezias de uns, para unir a outros, segundo melhor convier, formando-se dessa união um só Concelho (...)
§ 1º Nesta operação não se terá sómente em vista a commodidade ostensiva dos povos; mas sobre tudo, os seus habitos e relações com o Concelho e Cabeça deste, a que os outros se tiverem unido.»
Nesta passagem encontramos enunciados vários princípios essenciais:
a) Equilíbrio entre o espaço e as gentes, devendo evitar-se situações extremas de concelhos com gente mas sem terra e vice-versa (artº 12).
b) Centralidade da sede do concelho (§ 1º do artº 12).
c) Concentração racional do território e não desintegração (§ 2º do art. 12).
d) Predominância da tradição sobre os interesses na definição da sede de um conclho aglutinador de outros (§ 1º do art. 13)
Podemos sempre afirmar que os tempos são outros, mas estes são princípios que na sua formulação abstracta são tão válidos hoje como ontem. Eu apenas lhes acrescentaria a necessidade de um concelho ter os recursos e estruturas (económicas, culturais, de transporte, saneamento, etc) indispensáveis às necessidade da sua população.
Como se aplica isto ao caso do(s) concelho(s) de Alhos Vedros e Moita desde as suas origens e sucessivas desanexações e integrações ?
Relembremos que Alhos Vedros foi sede de concelho desde a Idade Média até à menos de 150 anos, incluindo até à primeira metade do século XVI todos os actuais territórios dos concelhos do Barreiro e Moita, dele se autonomizando sucessivamente o Barreiro, o Lavradio e a Moita, até finais do século XVII. Após perder relevo político-administrativo, gente e recursos, o concelho de Alhos Vedros acabou por ser extinto em 1855 e sucessivamente integrado nos do Barreiro e Moita, numa «dança» muito próprio dos interesses eleitorais dos caciques locais do período do chamado Rotativismo.
Não vou aqui analisar as causas remotas da decadência demográfica e da diminuição do “peso político” de Alhos Vedros no contexto da margem sul mas apenas confrontar a realidade coeva com os princípios abstractos que definiriam um concelho. Ora, enquanto sede de concelho, Alhos Vedros preencheu longamente todos os quesitos (equilíbrio, centralidade, concentração, tradição) nos seus limites do século XVII, anteriores à desanexação da Moita.
Em contrapartida, o concelho da Moita na sua formulação actual não cumpre muito desses parâmetros, nomeadamente quanto aos itens da centralidade (fica quase num dos extremos do concelho) e da tradição (por motivos óbvios), sendo ainda muito polémica a questão de, sendo sede do concelho, a Moita ser factor mais de desitegração do que de unificação, devido à manifesta crescente insatisfação das populações das freguesias de Alhos Vedros, Vale da Amoreira e Baixa da Banheira. Nem tudo pode rodar em volta dos touros, porque essa é uma tradição da chamada “Moita do Ribatejo” que a não une à larga maioria do seu concelho e respectivas populações.
Para além disto, as autoridades locais do concelho não conseguiram, nas últimas décadas, desenvolvê-lo de forma sustentada, equilibrada e harmoniosa, o que se manifestou principalemte em quatro fenómenos:
1) Ausência de infraestruturas fundamentais no concelho, quer no plano da fixação do emprego (vejam-se os casos de sucessivas “deslocalizações” de empresas têxteis, com destaque para os “elefantes brancos” da ex-GEFA e da ex-Helly Hansen deixados ao abandono no meio de Alhos Vedros, depois de terem cumprido a missão de captar fundos comunitários para alguns interessados), quer no do lazer, cultura e desporto (falta de equipamentos desportivos de qualidade, de uma sala de espectáculos moderna, digna do nome, etc, etc).
2) Critérios duvidosos na criação de algumas das estruturas existentes, nomeadamente da sua qualidade quando fora da sede do concelho, de que exemplos notórios são os espaços verdes e a zona ribeirinha de Alhos Vedros; o parque de Alhos Vedros nasceu tarde e mal, entalado entre um viaduto rodoviário, a linha férrea e as ruínas industriais da Cortceira Ibérica; quanto a poluição sonora, ambiental e paisagística estamos falados. Quanto à faixa ribeirinha de Alhos Vedros é um acumular de lixeiras ao abandono, enquanto a da Moita foi recuperada. Já na Baixa da Banheira, o enorme parque José Afonso está nas costas da freguesia e é o exemplo claro de um investimento mal planeado e sem o devido aproveitamento.
3) Desprezo pelo património histórico matricial do concelho, com a memória histórica do concelho de Alhos Vedros a parecer resumir-se ao pelourinho manuelino (o tal que queriam levar), caindo a antiga cadeia aos bocados e estando ao abandono o edifício onde antes funcionavam os Paços do Concelho, paredes meias com um moinho de maré que nem está lá para enfeitar e ser aproveitado em articulação com o parque.
4) Decapitação das elites locais, através da sua cooptação para o exercício do poder local central (passe-se o aparente paradoxo), o que também funciona como estratégia para “calar” as contestações de fora da Moita. É o caso da Presidência da Câmara da Moita que raramente lá viu sentado um moiteiro mas que, nem por isso, deixou de ser acerrimamente injusta para muitas das freguesias que viram nascer e/ou crescer os seus ocupantes. O caso de alguns edis alhosvedrenses, já em período democrático, é particularmente infeliz e vergonhoso neste aspecto, com destaque para o penúltimo Presidente, afastado por “razões pessoais e familiares” do seu exercício.
Enfim, a prosa vai longa e o essencial fica dito.
Por isso, caros leitores, pensem bem se a actual configuração deste concelho e a distribuição do seu poder não será a razão para o seu desiquilíbrio e assimetria, devendo ser encarada a restauração de Alhos Vedros como sede do concelho o caminho para a superação de tão graves dilemas.
Saudações restauracionistas.
António da Costa, 28 de Novembro de 2003
terça-feira, novembro 25, 2003
Debatendo ideias
Queixou-se o nosso leitor João Titta Maurício que teríamos treslido o seu artigo do passado dia 20 de Novembro de 2003 no «Jornal da Moita».
Fomos reler a prosa e quer-nos parecer que não treslemos assim tanto.
Passando por cima dos enfeites, o essencial passa pela possibilidade de se reflectir e debater sobre a transferência da sede do concelho da Moita para a Baixa da Banheira, atendendo ao seu peso populacional e apesar de algumas ideias preconcebidas contra tal solução.
Esta parece-me ser a ideia central explícita do texto em causa, com mais ou menos hesitações e ziguezagues retóricos, sendo apresentada como alternativa à mais radical de elevação do binómio Baixa da Banheira/Vale da Amoreira a concelho ou da “meio-estrambólica” (sic) elevação da Baixa da Banheira a cidade.
As vantagens apontadas parecem ser principalmente de ordem económico-comercial e a fundamentação baseia-se em questões de peso demográfico.
Ora bem, ora bem...
Sobre as questões de fundo do municipalismo, do que deve ser um concelho e em que sentido deveríamos evoluir existem diversas opiniões na equipa deste blog. Há quem goste da atomização e do poder mais próximo do povo e os mais concentracionários, como o autor deste post, que acha que deveriam existir menos concelhos e um reordenamento do nosso território que não passasse por mantas de retalhos saídas de interesses político-económicos.
Cada uma destas facções apresenta soluções diversas para o actual concelho da Moita que serão expostas em próximos textos mais desenvolvidos. Só para resumir, temos os secessionistas como Manuel Pedro, que defende a separação de Alhos Vedros/Baixa da Banheira/Vale da Amoreira da Moita, deixando os moiteiros a falar sozinhos e os restauracionistas como eu (Paulo) e o José Silva (redactor cultural) que achamos que o movimento deve ser inverso, restaurando o concelho de Alhos Vedros, com a sua tradicional sede secular e limites anteriores ao século XVIII.
Neste momento, vamos apenas analisar, do ponto de vista dos restauracionistas, a proposta de Titta Maurício com a seriedade possível, para não sermos mal entendidos.
Antes de mais entendamo-nos: aqui não há alinhamentos partidários e as propostas nascem de convicções e não de aritmética eleitoral. O autor deste texto, referendos à parte, acha que foi votar uma vez nos últimos 15 anos e foi no Movimento Partido da Terra (devemos ter sido uns 5 ou 6 em Alhos Vedros), por isso estamos conversados quanto à velha polémica dos «comunistas» ou «não-comunistas». Para não dar alimento a acusações infundadas, diga-se desde já que o abstencionismo é um direito como qualquer outro de um cidadão desiludido com as caras que vê a votos na terra em que cresceu.
Dito isto, passemos por fim à análise das ideias de Titta Maurício:
a) Podia não ter ficado apenas implícita a questão da ideia de clivagem entre as cores partidárias das várias freguesias do concelho actual, sendo mais laranja azulada a B.B. e o Vale, enquanto o resto é mais vermelho ou mesmo rosa. Era mais claro que abríssemos o jogo a admitíssemos que uma cisão do binómio BB/VA era uma forma de arranjar cadeiras de poder a uma pseudo AD local.
b) A abstenção, como no caso exposto, não é só dos que pensam já ter perdido. Também pode afectar o campo dos que pensam que já está ganho ou dos que pensam que nem vale a pena, ganhe quem ganhar.
c) Uma fundamentação meramente demográfica para a criação de concelhos criaria as maiores aberrações geográficas. Por um lado, «municípios-dormitório» às carradas com 10-20 km2 na Grande Lisboa (só na Margem Sul, teríamos todos os concelhos actuais fragmentados), enquanto no Interior e no Alentejo se manteriam municípios de enormes dimensões.
d) As razões para a definição de um concelho – mais do que aqueles critérios que agora se aprovam à medida dos clientes – devem ser lógicas e visarem a criação de unidades territoriais dotadas dos meios, estruturas e serviços indispensáveis à qualidade de vida da sua população. Por se esquecerem disso, é que depois é preciso criarem-se “Zonas Metropolitanas” e “Associações de Municípios” para resolver questões (saneamento, transportes, equipamentos culturais e desportivos) que cada um não consegue por si só.
e) A fragmentação dos municípios existentes, salvo muito diminutas excepções, é muitas vezes feita não apenas a favor dos novos concelhos mas principalmente contra os existentes e apenas serviria para a multiplicação de micro-elites ou nomenklaturas locais cada vez mais medíocres, a avaliar pelos maus serviços que as actuais já prestam.
f) A solução para a insatisfação das populações das zonas mais afastadas das sedes dos concelhos ou que se sentem negligenciadas passa pela reactivação de poderes e competências (com os convenientes meios) das Juntas de Freguesia, pois se elas ainda existem formalmente para alguma coisa será.
g) E última: não devemos invocar o nome do Povo (como o de Deus, meu caro leitor conservador) em vão. Em última análise todas as ideias têm origem no Povo, pois já não existem outros estatutos sociais especiais.
Quando vejo ou leio políticos a invocarem o povo, vem-me logo à cabeça aquela célebre frase do respeitável conservador francês Alexis de Tocqueville que afirmava adorar o povo, mas que por nada deste mundo gostaria de viver no seu seio.
Esperando ter, por agora, dado resposta e comentário mais ajuizado ao texto em apreciação, prometo novas investidas para breve, em tom mais sério ou mais jocoso, conforme a disposição o ditar.
Fomos reler a prosa e quer-nos parecer que não treslemos assim tanto.
Passando por cima dos enfeites, o essencial passa pela possibilidade de se reflectir e debater sobre a transferência da sede do concelho da Moita para a Baixa da Banheira, atendendo ao seu peso populacional e apesar de algumas ideias preconcebidas contra tal solução.
Esta parece-me ser a ideia central explícita do texto em causa, com mais ou menos hesitações e ziguezagues retóricos, sendo apresentada como alternativa à mais radical de elevação do binómio Baixa da Banheira/Vale da Amoreira a concelho ou da “meio-estrambólica” (sic) elevação da Baixa da Banheira a cidade.
As vantagens apontadas parecem ser principalmente de ordem económico-comercial e a fundamentação baseia-se em questões de peso demográfico.
Ora bem, ora bem...
Sobre as questões de fundo do municipalismo, do que deve ser um concelho e em que sentido deveríamos evoluir existem diversas opiniões na equipa deste blog. Há quem goste da atomização e do poder mais próximo do povo e os mais concentracionários, como o autor deste post, que acha que deveriam existir menos concelhos e um reordenamento do nosso território que não passasse por mantas de retalhos saídas de interesses político-económicos.
Cada uma destas facções apresenta soluções diversas para o actual concelho da Moita que serão expostas em próximos textos mais desenvolvidos. Só para resumir, temos os secessionistas como Manuel Pedro, que defende a separação de Alhos Vedros/Baixa da Banheira/Vale da Amoreira da Moita, deixando os moiteiros a falar sozinhos e os restauracionistas como eu (Paulo) e o José Silva (redactor cultural) que achamos que o movimento deve ser inverso, restaurando o concelho de Alhos Vedros, com a sua tradicional sede secular e limites anteriores ao século XVIII.
Neste momento, vamos apenas analisar, do ponto de vista dos restauracionistas, a proposta de Titta Maurício com a seriedade possível, para não sermos mal entendidos.
Antes de mais entendamo-nos: aqui não há alinhamentos partidários e as propostas nascem de convicções e não de aritmética eleitoral. O autor deste texto, referendos à parte, acha que foi votar uma vez nos últimos 15 anos e foi no Movimento Partido da Terra (devemos ter sido uns 5 ou 6 em Alhos Vedros), por isso estamos conversados quanto à velha polémica dos «comunistas» ou «não-comunistas». Para não dar alimento a acusações infundadas, diga-se desde já que o abstencionismo é um direito como qualquer outro de um cidadão desiludido com as caras que vê a votos na terra em que cresceu.
Dito isto, passemos por fim à análise das ideias de Titta Maurício:
a) Podia não ter ficado apenas implícita a questão da ideia de clivagem entre as cores partidárias das várias freguesias do concelho actual, sendo mais laranja azulada a B.B. e o Vale, enquanto o resto é mais vermelho ou mesmo rosa. Era mais claro que abríssemos o jogo a admitíssemos que uma cisão do binómio BB/VA era uma forma de arranjar cadeiras de poder a uma pseudo AD local.
b) A abstenção, como no caso exposto, não é só dos que pensam já ter perdido. Também pode afectar o campo dos que pensam que já está ganho ou dos que pensam que nem vale a pena, ganhe quem ganhar.
c) Uma fundamentação meramente demográfica para a criação de concelhos criaria as maiores aberrações geográficas. Por um lado, «municípios-dormitório» às carradas com 10-20 km2 na Grande Lisboa (só na Margem Sul, teríamos todos os concelhos actuais fragmentados), enquanto no Interior e no Alentejo se manteriam municípios de enormes dimensões.
d) As razões para a definição de um concelho – mais do que aqueles critérios que agora se aprovam à medida dos clientes – devem ser lógicas e visarem a criação de unidades territoriais dotadas dos meios, estruturas e serviços indispensáveis à qualidade de vida da sua população. Por se esquecerem disso, é que depois é preciso criarem-se “Zonas Metropolitanas” e “Associações de Municípios” para resolver questões (saneamento, transportes, equipamentos culturais e desportivos) que cada um não consegue por si só.
e) A fragmentação dos municípios existentes, salvo muito diminutas excepções, é muitas vezes feita não apenas a favor dos novos concelhos mas principalmente contra os existentes e apenas serviria para a multiplicação de micro-elites ou nomenklaturas locais cada vez mais medíocres, a avaliar pelos maus serviços que as actuais já prestam.
f) A solução para a insatisfação das populações das zonas mais afastadas das sedes dos concelhos ou que se sentem negligenciadas passa pela reactivação de poderes e competências (com os convenientes meios) das Juntas de Freguesia, pois se elas ainda existem formalmente para alguma coisa será.
g) E última: não devemos invocar o nome do Povo (como o de Deus, meu caro leitor conservador) em vão. Em última análise todas as ideias têm origem no Povo, pois já não existem outros estatutos sociais especiais.
Quando vejo ou leio políticos a invocarem o povo, vem-me logo à cabeça aquela célebre frase do respeitável conservador francês Alexis de Tocqueville que afirmava adorar o povo, mas que por nada deste mundo gostaria de viver no seu seio.
Esperando ter, por agora, dado resposta e comentário mais ajuizado ao texto em apreciação, prometo novas investidas para breve, em tom mais sério ou mais jocoso, conforme a disposição o ditar.
segunda-feira, novembro 24, 2003
Nova colaboração de Manuel Pedro - O Imposto Taurino
Ora aqui está, fresquinho, o novo texto que Manuel Pedro preparou para nós:
O Imposto Taurino da Moita
Finalmente os Moiteiros estão todos de acordo, a tauromaquia é a base de toda a sua cultura local, senão vejamos:
A Revista Tauromaquia que no dizer do seu fundador Manuel Filipe é a primeira revista a cores no concelho da Moita feita pelo movimento associativo.
Também nas palavras de Vitor Mendes outro dos fundadores da dita revista: "A cultura taurina na Moita, presentemente está forte e em crescendo."
O arranque próximo da construção de um monumento de evocação tauromáquica na vila da Moita, terra com um historial rico na tradição taurina, está
também nos planos dos mentores de tão louvável iniciativa.
O presidente da camâra João Lobo, a tudo tem assistido e incentivado.
O C.T.M. Clube taurino da Moita, pretende legalizar a prática da sorte de
varas, que consiste em espetar uma lança no touro multíplas vezes, com o fim de cansar o animal por perca de sangue, para que a força natural do touro seja reduzida de forma que seja mais fácil ao matador de touros o matar na arena. O cavalo está coberto por uma couraça que lhe proteje todo o corpo, excepto as pernas. Se o cavalo cair é díficil de se levantar devido ao peso da couraça e fica por isso exposto todo o abdomén e peito do animal às cornadas do boi em pontas, como acontece em Espanha. Morrem bastanres cavalos
nas lides de varas, mas concerteza que não serão os cavalos altamente
treinados dos cavaleiros tauromáquicos que são extremamente caros. Goya um magistral artista espanhol, fez nos finais do séc XIX uma soberba pintura, bastante elucidativa sobre o que é a sorte de varas.
Estão também previstos colóquios sobre " A sorte de varas no contexto legal português ",
" O regulamento taurino português " e a " Feira taurina da Moita e as corridas picadas ",ora querem maior aproximação de Portugal a Espanha. A Moita segue na frente da futura união ibérica.
O presidente da junta de freguesia ofereceu a o novilheiro e futuro matador de touros, Luís " Procuna" um modesto capote, mas João Lobo, ilustre Moiteiro, ofereceu um soberbo capote, que não nos poderemos sequer a especular quanto poderia ter custado tal obra de arte e quem a poderá ter executado, confesso desconhecer se existem em Portugal este tipo de artesãos ou se a câmara da Moita o foi comprar a Espanha, quiçá Sevilha, tal obra de arte tauromáquica.
Mas a arte não tem preço e os Moiteiros, são do mais aficionado que há
neste país à beira mar plantado, e como diz João Lobo "Os sucessos do futuro matador, são triunfos de todos os Moiteiros".
Outras associações do mesmo cariz enobrecem a Moita, como por exemplo: O Grupo Tauromáquico Moitense, A Escola de toureio da Moita que se Deus quiser será a sede da Associação Portuguesa de Escolas de Toureio , A Touro Arte e a Sociedade Moitense de Tauromaquia perdoem se esqueço alguma ... mas a lista é tão grande.
A Moita além de ser vice-presidente ou será já presidente...( Não tenho a certeza...no Jornal da Moita, edição nº 169, diz que a Moita já foi eleita
para a sua direcção, mas no Boletim Municipal de 25 de Abril de 2003, diz que é vice presidente. Será ou não será, esta é a questão) ... da secção de Municípios com actividade taurina,da Associação Nacional de Municípios, foi convidada ainda a integrar a Confederação Mundial das Cidades Taurinas.
O que prova que a Moita consegue entrar para uma associação de Cidades quando é apenas uma vila, isto é digno de figurar no Guiness.
Naturalmente que com toda esta "afficion" o P.S. da Moita tinha de
concordar com a criação do conselho taurino da Moita, como vem expresso no comunicado dos eleitos do P.S. na assembleia Municipal da Moita, que passo a transcrever:
"O PS atendendo às tradições centenárias que o povo da vila da Moita tem dedicado à festa brava, de encontrar aqui ( na Moita ) uma das mais
prestigiadas praças de touros e feiras taurinas anuais, escola de toureiros etc. deu todo o seu apoio à criação do conselho taurino da Moita"- O Rio nº 135.
Ora parece que os dois principais partidos da Moita, estão de acordo neste ponto, aliás como a esmagadora maioria dos moiteiros.
Crie-se pois o conselho taurino da Moita ! Direi mesmo mais, com tantas
associações taurinas até se poderiam criar dois ou três conselhos taurinos aqui na Moita !
Mas, os casos como o de Pedrito de Portugal, levam-me a pensar quão pouco é o muito que a Moita tem feito pela tauromaquia...
Todos vimos na TV a cara triste de Pedrito de Portugal pelo facto do Tribunal da Moita o ter multado em 100 000 ¤, por ter exercido a sua profissão que é; matador de touros.
Claro que em Portugal é ilegal, mas então para que é que existe essa
profissão se não se pode exercer.
É como ser pescador Português daqui a alguns anos, quando entrarem os
espanhóis nas nossas águas e destruirem todas as espécies de peixes que existem nas águas Portuguesas !
Não é admissivel que Pedrito de Portugal tenha de pagar tão enorme soma de dinheiro !
Foi o povo da Moita do Ribatejo (os moiteiros ) que o incentivou a matar o touro e o carregou em ombros, vitoriando e aprovando assim a sua brilhante "actuação".
Por isso eu acho que são os Moiteiros é que devem pagar !
E como ? perguntam os aficionados .
Podem enviar donativos para a minha conta pessoal, mas não é só assim que se pode ajudar! Têm de ser todos os moiteiros, aficionados ou não !
Proponho para isso a instituição do Imposto Taurino da Moita que pode ser cobrado em conjunto coma factura da água e seria apenas mais um acréscimo a somar à taxa de saneamento básico.
Dir me-ão os não aficionados e até os que são contra e acham que a tourada é crime, que não têm nada de contribuir para este imposto !
Não concordo !
Há um caso que me contou um amigo meu; no Poceirão é onde ele vive,
cobraram-lhe a taxa de saneamento básico, e ele foi à câmara de Palmela para
questionar porque pagaria ele essa taxa se não usufruia desse saneamento básico , dado os esgotos terem sido feitos por ele.
Responderam-lhe que era exactamente por isso, que ele apenas pagava 50% e os outros munícipes que tinham esse serviço camarário, esses sim pagavam a totalidade da taxa !
Está aberto o precedente, os moiteiros não aficionados pagarão apenas 50% do Imposto Taurino da Moita a instituir, digo eu.
Pensem nas vantagens de tal imposto...
Na altura das largadas, existem sempre casos de acidentes que acontecem nessas largadas, muitas vezes famílias pobres ficam sem algum dos seus membros, ou então alguém é colhido duma maneira que fica incapacitado, também muita gente é vítima de coma alcoólico e postriores curas de desintoxicação, estou-me a lembrar de uma inscrição que vi numa t-shirt que envergava com muito orgulho um jovem moiteiro do clube de aficionados "Drunk Bulls"-Evite
a Ressaca, Mantenha-se Bébado.
A tudo isto o Imposto Taurino da Moita poderia acudir !
Poderse-ia também instituir que outros matadores, possam matar touros aqui na Moita e depois o ITdaM* cobria as despesas, que nem seriam grandes, devido ao acréscimo de aficionados e não só, de todo o País e do Mundo que encheriam assim todos os Hoteis e Pousadas da vila da Moita.
Proponho por fim ao Presidente da Camâra, o exímio Dr.João Lobo, agora que o PTP (Partido Taurino Português), está de pedra e cal na Camâra da Moita que se mude o slogan que neste momento já se vê ultrapassado ; "Viver Bem à Beira Tejo", e substituir pelo slogan ; "Matar bem o Boi à Beira Tejo" e também sustituir o Flamingo, que ao que parece anda aborrecido com esta situação e já pouco aparece no Rio, pelo Touro , esse sim bem vivo, e bem dentro de todos os moiteiros.
* ...é o Imposto Taurino da Moita...
Manuel Pedro
22 de Novembro de 2003
O Imposto Taurino da Moita
Finalmente os Moiteiros estão todos de acordo, a tauromaquia é a base de toda a sua cultura local, senão vejamos:
A Revista Tauromaquia que no dizer do seu fundador Manuel Filipe é a primeira revista a cores no concelho da Moita feita pelo movimento associativo.
Também nas palavras de Vitor Mendes outro dos fundadores da dita revista: "A cultura taurina na Moita, presentemente está forte e em crescendo."
O arranque próximo da construção de um monumento de evocação tauromáquica na vila da Moita, terra com um historial rico na tradição taurina, está
também nos planos dos mentores de tão louvável iniciativa.
O presidente da camâra João Lobo, a tudo tem assistido e incentivado.
O C.T.M. Clube taurino da Moita, pretende legalizar a prática da sorte de
varas, que consiste em espetar uma lança no touro multíplas vezes, com o fim de cansar o animal por perca de sangue, para que a força natural do touro seja reduzida de forma que seja mais fácil ao matador de touros o matar na arena. O cavalo está coberto por uma couraça que lhe proteje todo o corpo, excepto as pernas. Se o cavalo cair é díficil de se levantar devido ao peso da couraça e fica por isso exposto todo o abdomén e peito do animal às cornadas do boi em pontas, como acontece em Espanha. Morrem bastanres cavalos
nas lides de varas, mas concerteza que não serão os cavalos altamente
treinados dos cavaleiros tauromáquicos que são extremamente caros. Goya um magistral artista espanhol, fez nos finais do séc XIX uma soberba pintura, bastante elucidativa sobre o que é a sorte de varas.
Estão também previstos colóquios sobre " A sorte de varas no contexto legal português ",
" O regulamento taurino português " e a " Feira taurina da Moita e as corridas picadas ",ora querem maior aproximação de Portugal a Espanha. A Moita segue na frente da futura união ibérica.
O presidente da junta de freguesia ofereceu a o novilheiro e futuro matador de touros, Luís " Procuna" um modesto capote, mas João Lobo, ilustre Moiteiro, ofereceu um soberbo capote, que não nos poderemos sequer a especular quanto poderia ter custado tal obra de arte e quem a poderá ter executado, confesso desconhecer se existem em Portugal este tipo de artesãos ou se a câmara da Moita o foi comprar a Espanha, quiçá Sevilha, tal obra de arte tauromáquica.
Mas a arte não tem preço e os Moiteiros, são do mais aficionado que há
neste país à beira mar plantado, e como diz João Lobo "Os sucessos do futuro matador, são triunfos de todos os Moiteiros".
Outras associações do mesmo cariz enobrecem a Moita, como por exemplo: O Grupo Tauromáquico Moitense, A Escola de toureio da Moita que se Deus quiser será a sede da Associação Portuguesa de Escolas de Toureio , A Touro Arte e a Sociedade Moitense de Tauromaquia perdoem se esqueço alguma ... mas a lista é tão grande.
A Moita além de ser vice-presidente ou será já presidente...( Não tenho a certeza...no Jornal da Moita, edição nº 169, diz que a Moita já foi eleita
para a sua direcção, mas no Boletim Municipal de 25 de Abril de 2003, diz que é vice presidente. Será ou não será, esta é a questão) ... da secção de Municípios com actividade taurina,da Associação Nacional de Municípios, foi convidada ainda a integrar a Confederação Mundial das Cidades Taurinas.
O que prova que a Moita consegue entrar para uma associação de Cidades quando é apenas uma vila, isto é digno de figurar no Guiness.
Naturalmente que com toda esta "afficion" o P.S. da Moita tinha de
concordar com a criação do conselho taurino da Moita, como vem expresso no comunicado dos eleitos do P.S. na assembleia Municipal da Moita, que passo a transcrever:
"O PS atendendo às tradições centenárias que o povo da vila da Moita tem dedicado à festa brava, de encontrar aqui ( na Moita ) uma das mais
prestigiadas praças de touros e feiras taurinas anuais, escola de toureiros etc. deu todo o seu apoio à criação do conselho taurino da Moita"- O Rio nº 135.
Ora parece que os dois principais partidos da Moita, estão de acordo neste ponto, aliás como a esmagadora maioria dos moiteiros.
Crie-se pois o conselho taurino da Moita ! Direi mesmo mais, com tantas
associações taurinas até se poderiam criar dois ou três conselhos taurinos aqui na Moita !
Mas, os casos como o de Pedrito de Portugal, levam-me a pensar quão pouco é o muito que a Moita tem feito pela tauromaquia...
Todos vimos na TV a cara triste de Pedrito de Portugal pelo facto do Tribunal da Moita o ter multado em 100 000 ¤, por ter exercido a sua profissão que é; matador de touros.
Claro que em Portugal é ilegal, mas então para que é que existe essa
profissão se não se pode exercer.
É como ser pescador Português daqui a alguns anos, quando entrarem os
espanhóis nas nossas águas e destruirem todas as espécies de peixes que existem nas águas Portuguesas !
Não é admissivel que Pedrito de Portugal tenha de pagar tão enorme soma de dinheiro !
Foi o povo da Moita do Ribatejo (os moiteiros ) que o incentivou a matar o touro e o carregou em ombros, vitoriando e aprovando assim a sua brilhante "actuação".
Por isso eu acho que são os Moiteiros é que devem pagar !
E como ? perguntam os aficionados .
Podem enviar donativos para a minha conta pessoal, mas não é só assim que se pode ajudar! Têm de ser todos os moiteiros, aficionados ou não !
Proponho para isso a instituição do Imposto Taurino da Moita que pode ser cobrado em conjunto coma factura da água e seria apenas mais um acréscimo a somar à taxa de saneamento básico.
Dir me-ão os não aficionados e até os que são contra e acham que a tourada é crime, que não têm nada de contribuir para este imposto !
Não concordo !
Há um caso que me contou um amigo meu; no Poceirão é onde ele vive,
cobraram-lhe a taxa de saneamento básico, e ele foi à câmara de Palmela para
questionar porque pagaria ele essa taxa se não usufruia desse saneamento básico , dado os esgotos terem sido feitos por ele.
Responderam-lhe que era exactamente por isso, que ele apenas pagava 50% e os outros munícipes que tinham esse serviço camarário, esses sim pagavam a totalidade da taxa !
Está aberto o precedente, os moiteiros não aficionados pagarão apenas 50% do Imposto Taurino da Moita a instituir, digo eu.
Pensem nas vantagens de tal imposto...
Na altura das largadas, existem sempre casos de acidentes que acontecem nessas largadas, muitas vezes famílias pobres ficam sem algum dos seus membros, ou então alguém é colhido duma maneira que fica incapacitado, também muita gente é vítima de coma alcoólico e postriores curas de desintoxicação, estou-me a lembrar de uma inscrição que vi numa t-shirt que envergava com muito orgulho um jovem moiteiro do clube de aficionados "Drunk Bulls"-Evite
a Ressaca, Mantenha-se Bébado.
A tudo isto o Imposto Taurino da Moita poderia acudir !
Poderse-ia também instituir que outros matadores, possam matar touros aqui na Moita e depois o ITdaM* cobria as despesas, que nem seriam grandes, devido ao acréscimo de aficionados e não só, de todo o País e do Mundo que encheriam assim todos os Hoteis e Pousadas da vila da Moita.
Proponho por fim ao Presidente da Camâra, o exímio Dr.João Lobo, agora que o PTP (Partido Taurino Português), está de pedra e cal na Camâra da Moita que se mude o slogan que neste momento já se vê ultrapassado ; "Viver Bem à Beira Tejo", e substituir pelo slogan ; "Matar bem o Boi à Beira Tejo" e também sustituir o Flamingo, que ao que parece anda aborrecido com esta situação e já pouco aparece no Rio, pelo Touro , esse sim bem vivo, e bem dentro de todos os moiteiros.
* ...é o Imposto Taurino da Moita...
Manuel Pedro
22 de Novembro de 2003
Resposta ao desmentido
Não incluímos aqui a resposta que mandámos ao autor deste desmentido porque nos esquemos de guardar o mail, mas não há problema porque em breve será feita análise detalhada do texto que suscitou a polémica.
De qualquer modo, salientámos em nome da equipa que este blog, sendo muito sério, tem a sua pontinha de sátira, o que poderá escapar ao leitor mais desatento.
De qualquer modo, salientámos em nome da equipa que este blog, sendo muito sério, tem a sua pontinha de sátira, o que poderá escapar ao leitor mais desatento.
Desmentido
O autor do texto mencionado no post anterior enviou-nos o seguinte desmentido que passamos a incluir (somos demasiado democráticos e defensores da liberdade de opinião, essa é que é essa):
Li no blog "Alhos Vedros ao Poder" que teria treslido um artigo meu: não só não defendo a elevação da BB cidade, como sequer pretendo a criação do concelho da BB. Simplesmento proponho que reflictamos sobre alguns problemas e debatamos a hipótese de transferência ou não da sede de concelho.
Peço por isso que releia, confirme e proceda à correcção.
Mais, sou muito sensível às pretensões de Alhos Vedros. Aliás, como conservador que sou, sou adepto das velhas Liberdades concelhias, abafadas e esbulhadas no Liberalismo afrancesado e concentracionista do Séc. XIX.
Só mais uma coisa: diga ao seu amigo que não embarque nas bocas do costume, pois (segundo julgo saber) a BB é outro...
João Titta Maurício
Li no blog "Alhos Vedros ao Poder" que teria treslido um artigo meu: não só não defendo a elevação da BB cidade, como sequer pretendo a criação do concelho da BB. Simplesmento proponho que reflictamos sobre alguns problemas e debatamos a hipótese de transferência ou não da sede de concelho.
Peço por isso que releia, confirme e proceda à correcção.
Mais, sou muito sensível às pretensões de Alhos Vedros. Aliás, como conservador que sou, sou adepto das velhas Liberdades concelhias, abafadas e esbulhadas no Liberalismo afrancesado e concentracionista do Séc. XIX.
Só mais uma coisa: diga ao seu amigo que não embarque nas bocas do costume, pois (segundo julgo saber) a BB é outro...
João Titta Maurício
sábado, novembro 22, 2003
Próximas novidades
O nosso colaborador Manuel Pedro informou-nos que uma alma iluminada do PP da BB (é do Partido Popular da Baixa da Banheira e não do Paulo Portas da Brigitte Bardot, seus mal-intencionados) quer elevar a Banheira a cidade e depois a concelho.
Iremos ler a prosa mas, pela ideia exposta, cheira-nos de longe a caca de galinha.
Mas nada como ver para crer. Cá para mim isto é um submarino moiteiro perdido nos arbustos do Parque da Baixa da Banheira e que por aí deve ter visto a "luz" quando limpava o rabo ao texto de um discurso do Portas Júnior.
Iremos ler a prosa mas, pela ideia exposta, cheira-nos de longe a caca de galinha.
Mas nada como ver para crer. Cá para mim isto é um submarino moiteiro perdido nos arbustos do Parque da Baixa da Banheira e que por aí deve ter visto a "luz" quando limpava o rabo ao texto de um discurso do Portas Júnior.
quarta-feira, novembro 12, 2003
Simpatia e eficiência moiteiras
Por extrema necessidade de horário, foi-me impossível deixar de ir hoje a uma farmácia da Moita.
Fui brindado com o atendimento moiteiro típico a qualquer um que pareça estranho.
Eram 12.50, só estávamos 2 pessoas para atender e exitiam 3 empregadas. O senhor à minha frente começou a ser atendido por uma das farmacêuticas que desapareceu para o interior da loja, gritando ocasionalmente para o cliente se queria caixas grandes ou pequenas dos medicamentos. Outra desapareceu de vista. A terceira arrumava cosméticos numas vitrinas, fazendo assíduas viagens para cá e para lá.
E eu a olhar.
Às 12.55, o primeiro cliente continuava a ser atendido, eu à espera e, entretanto, chegou mais uma senhora de idade.
Às 13.00, a situação só não era a mesma, porque a senhora se foi embora, barafustando. Certamente que não era moiteira, pelo que tive sentimentos de solidariedade.
Infelizmente, como precisava mesmo de ser atendido, continuei a ferver em fogo lento.
Enquanto a 1ª empregada continuava em digressão em busca dos medicamentos do 1º cliente e a 3ª procurava a melhor posição para os cremes destinados a ocultar as rugas e pelengas das moiteiras, lá apareceu a 2ª criatura com ar de, vamos lá que são horas de fechar e estão a dar as badaladas na torre sineira.
Despachou-me em duas penadas, porque eram horas de fechar as portas.
O primeiro infeliz ainda lá continuava à espera dos medicamentos.
A velhota ia lá ao fundo do largo sem os remédios de que certamente precisava.
As 3 avantesmas lá se preparavam para o almocinho.
Nada como estar doente para poder contar com a simpatia moiteira.
Devem ter visto pela minha cara que era um desconhecido subordinado alhosvedrense.
Fui brindado com o atendimento moiteiro típico a qualquer um que pareça estranho.
Eram 12.50, só estávamos 2 pessoas para atender e exitiam 3 empregadas. O senhor à minha frente começou a ser atendido por uma das farmacêuticas que desapareceu para o interior da loja, gritando ocasionalmente para o cliente se queria caixas grandes ou pequenas dos medicamentos. Outra desapareceu de vista. A terceira arrumava cosméticos numas vitrinas, fazendo assíduas viagens para cá e para lá.
E eu a olhar.
Às 12.55, o primeiro cliente continuava a ser atendido, eu à espera e, entretanto, chegou mais uma senhora de idade.
Às 13.00, a situação só não era a mesma, porque a senhora se foi embora, barafustando. Certamente que não era moiteira, pelo que tive sentimentos de solidariedade.
Infelizmente, como precisava mesmo de ser atendido, continuei a ferver em fogo lento.
Enquanto a 1ª empregada continuava em digressão em busca dos medicamentos do 1º cliente e a 3ª procurava a melhor posição para os cremes destinados a ocultar as rugas e pelengas das moiteiras, lá apareceu a 2ª criatura com ar de, vamos lá que são horas de fechar e estão a dar as badaladas na torre sineira.
Despachou-me em duas penadas, porque eram horas de fechar as portas.
O primeiro infeliz ainda lá continuava à espera dos medicamentos.
A velhota ia lá ao fundo do largo sem os remédios de que certamente precisava.
As 3 avantesmas lá se preparavam para o almocinho.
Nada como estar doente para poder contar com a simpatia moiteira.
Devem ter visto pela minha cara que era um desconhecido subordinado alhosvedrense.
terça-feira, novembro 11, 2003
Estamos a processar informação
Não pensem que estamos parados.
O léxico restauracionista é apenas um entretém, enquanto amadurecemos mais alguns artigos de fundo.
Orelhas com grão, não perdem pela demora.
O léxico restauracionista é apenas um entretém, enquanto amadurecemos mais alguns artigos de fundo.
Orelhas com grão, não perdem pela demora.
sábado, novembro 08, 2003
Léxico restauracionista - II
Estando a pensar no tema restauracionista, que também tem a ver com restaurantes, eis o Menu...
Venho propôr um código restauracionista:
Por exemplo eu digo - Hoje há Pipis, isto significa obviamente : Alhos Vedros ao poder
Já no caso de - Alheira de Mirandela, significará : Obviamente demito-os
Mandem as vossas contribuições escrevendo para mapedro@sapo.pt
Venho propôr um código restauracionista:
Por exemplo eu digo - Hoje há Pipis, isto significa obviamente : Alhos Vedros ao poder
Já no caso de - Alheira de Mirandela, significará : Obviamente demito-os
Mandem as vossas contribuições escrevendo para mapedro@sapo.pt
Léxico restauracionista
Por proposta do nosso colaborador Manuel Pedro vamos começar a divulgar termos, ditos e frases do vocabulário específico dos restauracionistas alhosvedrenses. Comecemos por umas “rapidinhas”.
Sabes o que é um morteiro ?
É um moiteiro morto.
Na festa da moita morreu um moiteiro,
foi atingido por um morteiro que foi lançado por um toureiro.
Sabes o que é um morteiro ?
É um moiteiro morto.
Na festa da moita morreu um moiteiro,
foi atingido por um morteiro que foi lançado por um toureiro.
sábado, novembro 01, 2003
Interactividade
Já temos uma nova funcionalidade. Quem quiser colaborar connosco pode enviar os seus comentários e contribuições para avedros@clix.pt.
Cá ficamos à espera.
Cá ficamos à espera.
terça-feira, outubro 28, 2003
Colaboração e comentário cultural – José Silva
Inicia hoje a sua colaboração o jovem e entusiasta comentador cultural José Silva que, periodicamente, abordará questões da cultural alhosvedrense e moiteira.
Pedimos desculpa se, em algumas passagens, José Silva incorre em algum excesso de linguagem, mas este é um espaço de plena liberdade de expressão.
“Carta aberta à CACAV”
Caros amigos e conterrâneos,
Venho por esta carta lançar-lhes o repto de deixarem de ser uma força passiva em Alhos Vedros, adoradora do próprio umbigo e arautos de uma pretensa herança que pensam ser a herança de vultos como “Agostinho da Silva” ou “Zeca Afonso” com quem se cruzaram uma vez na vida, para se tornarem um movimento activo e transformador que toma o destino nas suas mãos, faz algo de verdadeiramente útil pela sua terra e não fala em “revolução” apenas quando é além-fronteiras.
Pergunto-vos eu, que conheço alguns de vós desde os bancos da Escola:
· Não será tempo de ultrapassarem as sessões de terapia em grupo, à base de má poesia e divagações vazias de sentido, mesmo que aromatizadas com os eflúvios do Moscatel de Setúbal, e AGIREM por uma vez que seja ?
· Não será tempo de sacudirem esse manto de esquerdismo passadista e de validade indemonstrável que só serve para os vossos líderes nacionais governarem a vidinha e, pela ACÇÃO CONCRETA, a nível local, fazerem algo pelo desenvolvimento da nossa terra, que não seja só paleio (pois para isso cá estamos nós) ?
· Não será tempo de deixarem de ser aliados objectivos do poder central da Moita, pois pela reverência submissa com que o tratam em busca de migalhas do bolo, apenas servem para o legitimar ?
· Não será tempo de esquecerem esse anacronismo de “Cooperativa” (tão anos 70) e passarem pelo menos a “Movimento” (Já mais anos 80, mas não se pode avançar tudo de uma vez) para pelo menos darem a ilusão semântica de acção ?
Ilustres membros da CACAV – meus amigos - , antes formassem a MERDA (Movimento para a Emancipação, Restauração e Desenvolvimento Alhosvedrense), porque pelo menos o nome se ajustaria à coisa e se explicaria o seu aroma.
Tenho dito
José Silva, Alhos Vedros, 26 de Outubro do ano de 2003
Pedimos desculpa se, em algumas passagens, José Silva incorre em algum excesso de linguagem, mas este é um espaço de plena liberdade de expressão.
“Carta aberta à CACAV”
Caros amigos e conterrâneos,
Venho por esta carta lançar-lhes o repto de deixarem de ser uma força passiva em Alhos Vedros, adoradora do próprio umbigo e arautos de uma pretensa herança que pensam ser a herança de vultos como “Agostinho da Silva” ou “Zeca Afonso” com quem se cruzaram uma vez na vida, para se tornarem um movimento activo e transformador que toma o destino nas suas mãos, faz algo de verdadeiramente útil pela sua terra e não fala em “revolução” apenas quando é além-fronteiras.
Pergunto-vos eu, que conheço alguns de vós desde os bancos da Escola:
· Não será tempo de ultrapassarem as sessões de terapia em grupo, à base de má poesia e divagações vazias de sentido, mesmo que aromatizadas com os eflúvios do Moscatel de Setúbal, e AGIREM por uma vez que seja ?
· Não será tempo de sacudirem esse manto de esquerdismo passadista e de validade indemonstrável que só serve para os vossos líderes nacionais governarem a vidinha e, pela ACÇÃO CONCRETA, a nível local, fazerem algo pelo desenvolvimento da nossa terra, que não seja só paleio (pois para isso cá estamos nós) ?
· Não será tempo de deixarem de ser aliados objectivos do poder central da Moita, pois pela reverência submissa com que o tratam em busca de migalhas do bolo, apenas servem para o legitimar ?
· Não será tempo de esquecerem esse anacronismo de “Cooperativa” (tão anos 70) e passarem pelo menos a “Movimento” (Já mais anos 80, mas não se pode avançar tudo de uma vez) para pelo menos darem a ilusão semântica de acção ?
Ilustres membros da CACAV – meus amigos - , antes formassem a MERDA (Movimento para a Emancipação, Restauração e Desenvolvimento Alhosvedrense), porque pelo menos o nome se ajustaria à coisa e se explicaria o seu aroma.
Tenho dito
José Silva, Alhos Vedros, 26 de Outubro do ano de 2003
Tipos moiteiros - O Intelectual (case-study)
Uma das figuas típicas da Moita é o moiteiro com pretensões intelectuais. Agora com mais formação académica que outrora, o moiteiro intelectual é o tipo de pessoa que assina e à frente do nome coloca logo o título ou qualificação distintiva do género, Fulano de Tal, Sociólogo, mesmo se nunca fez mais do que tirar o curso de Sociologia e dar umas aulas na Escola lá de cima, porque na Sociologia propriamente dita nunca mais tocou nem dela fez uso. É como aqueles patos-bravos que gostam de ser tratados por Senhor Engenheiro, mesmo se não passam dos velhos Engenheiros Técnicos que nem licenciatura têm mas não abdicam do “títalo”.
Vem isto a propósito de luminárias intelectuais que detectei ao reler a chamada “imprensa regional” da época do Verão, período em que, por definição, devemos descansar e afastar do nosso espírito qualquer actividade que sacrifique desnecessariamente os nossos neurónios.
No simpático periódico “O Rio” dei no nº 135 (15 a 31 de Julho) aparentemente com um desses intelectuais, de seu nome Vitor P. Mendes, “Antropólogo” que fiquei sem perceber se era o Vitor Pereira Mendes do Conselho Editorial da mesma publicação. Não percebi ainda, se é o mesmo, se escrevia como membro desse Conselho ou em seu nome, como “Antropólogo”.
O que percebi é que não percebi nada do que ele escreveu, pelo que deduzi que é um intelectual moiteiro.
O que lá vem escrito atira assim para as chamadas “teorias da conspiração” à escala local, com meias alusões e remoques vagos que, provavelmente, só percebe quem ele quer e com quem ele já falou do assunto. O leitor comum do jornal não percebe a ponta de nada. A prosa é escorreita, o estilo simples, os intuitos elevados. De conteúdo, propriamente dito, é que nada. Aos bois, tão amados na terra da Moita, nada de dar os nomes.
Como se supõe que não escreve como jornalista, pois se assina “Antropólogo”, ficamos a pensar se tudo isto não será qualquer tipo de teoria de explicação antropológica tautológica, tipo pescadinha de rabo na boca que tudo revela e nada diz, típica de intelectual moiteiro com breve passagem pela capital para obtenção de credencial universitária.
Para a próxima, vou ver se percebo alguma coisa, eu que não tenho título após o nome.
Vem isto a propósito de luminárias intelectuais que detectei ao reler a chamada “imprensa regional” da época do Verão, período em que, por definição, devemos descansar e afastar do nosso espírito qualquer actividade que sacrifique desnecessariamente os nossos neurónios.
No simpático periódico “O Rio” dei no nº 135 (15 a 31 de Julho) aparentemente com um desses intelectuais, de seu nome Vitor P. Mendes, “Antropólogo” que fiquei sem perceber se era o Vitor Pereira Mendes do Conselho Editorial da mesma publicação. Não percebi ainda, se é o mesmo, se escrevia como membro desse Conselho ou em seu nome, como “Antropólogo”.
O que percebi é que não percebi nada do que ele escreveu, pelo que deduzi que é um intelectual moiteiro.
O que lá vem escrito atira assim para as chamadas “teorias da conspiração” à escala local, com meias alusões e remoques vagos que, provavelmente, só percebe quem ele quer e com quem ele já falou do assunto. O leitor comum do jornal não percebe a ponta de nada. A prosa é escorreita, o estilo simples, os intuitos elevados. De conteúdo, propriamente dito, é que nada. Aos bois, tão amados na terra da Moita, nada de dar os nomes.
Como se supõe que não escreve como jornalista, pois se assina “Antropólogo”, ficamos a pensar se tudo isto não será qualquer tipo de teoria de explicação antropológica tautológica, tipo pescadinha de rabo na boca que tudo revela e nada diz, típica de intelectual moiteiro com breve passagem pela capital para obtenção de credencial universitária.
Para a próxima, vou ver se percebo alguma coisa, eu que não tenho título após o nome.
Esclarecimento
Após o aparecimento do nosso blog, alguns(mas) amigos(as) perguntaram-nos porque assinávamos os textos sob pseudónimo.
Nada de mais óbvio e elementar: assim o impõem questões de discrição e segurança.
Como nos tempos que precederam a Restauração, quando em Évora, os conspiradores usavam o nome do “Manelinho” (pobre infeliz e indigente que andava pelas ruas da cdade) para melhor comunicarem sem ser detectados pelas forças repressoras do poder usurpador, também hoja em Alhos Vedros é necessário fugir às perseguições.
O criador e animador deste blog redentor assina-se como Paulo, pois como os eruditos saberão, Paulo foi o seguidor de Cristo que no primeiro século da nossa era, convertido à nova fé e despido de anseios de poder, se veio a tornar o apóstolo mais activo da nova mensagem, divulgando a “palavra” através de viagens em torno do Mediterrâneo, conquistando a custo do seu suor e sacrifício todas as almas que conseguiu para a sua causa.
Como a sua, a nossa é uma obra com um espírito quase missionário, de evangelização dos pobres de espírito, através da difusão da verdade salvadora.
Os nossos colaboradores externos ou retomam pseudónimos já conhecidos (como o Manuel Pedro já conhecido pela colaboração ocasional em “O Rio” e cujo email já foi vandalizado por vírus nos últimos dias) ou adoptam novos como o nosso colaborador e comentador da “vida cultural” do concelho, José Silva. Outros se lhes seguirão, divulgando factos, ideias e opiniões que, em virtude de mecanismos censórios mais ou menos dissimulados, os impedem de se expressar em outros meios de comunicação.
Nada de mais óbvio e elementar: assim o impõem questões de discrição e segurança.
Como nos tempos que precederam a Restauração, quando em Évora, os conspiradores usavam o nome do “Manelinho” (pobre infeliz e indigente que andava pelas ruas da cdade) para melhor comunicarem sem ser detectados pelas forças repressoras do poder usurpador, também hoja em Alhos Vedros é necessário fugir às perseguições.
O criador e animador deste blog redentor assina-se como Paulo, pois como os eruditos saberão, Paulo foi o seguidor de Cristo que no primeiro século da nossa era, convertido à nova fé e despido de anseios de poder, se veio a tornar o apóstolo mais activo da nova mensagem, divulgando a “palavra” através de viagens em torno do Mediterrâneo, conquistando a custo do seu suor e sacrifício todas as almas que conseguiu para a sua causa.
Como a sua, a nossa é uma obra com um espírito quase missionário, de evangelização dos pobres de espírito, através da difusão da verdade salvadora.
Os nossos colaboradores externos ou retomam pseudónimos já conhecidos (como o Manuel Pedro já conhecido pela colaboração ocasional em “O Rio” e cujo email já foi vandalizado por vírus nos últimos dias) ou adoptam novos como o nosso colaborador e comentador da “vida cultural” do concelho, José Silva. Outros se lhes seguirão, divulgando factos, ideias e opiniões que, em virtude de mecanismos censórios mais ou menos dissimulados, os impedem de se expressar em outros meios de comunicação.
domingo, outubro 26, 2003
Colaboração - Manuel Pedro
Nem de propósito, aqui temos a primeira colaboração externa à redacção.
O nosso grande amigo Manuel Pedro inicia uma colaboração que se espera longa e proveitosa para todos nós. Ainda não domina completamente o conceito de "moiteiro", usando a antiga designação de "moitense", mas acreditamos que não por muito tempo.
No entanto, enriquece-nos com um conceito perfeitamente revolucionário - o de "amoitados".
Mas não nos demoremos e vamos lê-lo:
A Moita, os Amoitados e os Atrás da Moita (Crítica a um texto de José Silva Santos)
Finalmente surge uma ideia, do PSD local, para que se veja que o PSD da Moita também tem ideias.
Diz o opinioso José Silva Santos, vereador do PSD na Câmara Municipal da Moita na edição nº 169 do jornal da Moita, que desejaria que a ministra Ferreira Leite legislasse de modo a extinguirem-se as juntas de freguesia.
Nada mais razoável nesta época de contenção de despesas no orçamento geral do estado. Sempre se eliminavam uns bons milhões de Euros nesse "non sense" que é o poder local, o desemprego subiria um pouco, com os funcionários públicos todos no olho da rua, mas o que se poupava com a extinção dessa espécie despesista que são os presidentes de junta e todos os eleitos para esses orgãos inoperantes e duplamente chupistas do erário público !
No caso da Moita as freguesias de Alhos Vedros, Baixa da Banheira etc. seriam todas extintas e por seriamos finalmente todos Moitenses, só que quem vivesse por exemplo no Vale da Amoreira, seriam que Moitenses ?
Isso não seria claro, porque obviamente, os Moitenses da vila da Moita seriam sempre os Moitenses "A".
Concerteza que haveria discussões sobre quem seriam os Moitenses "B", se os de Alhos Vedros se os da Baixa da Banheira, e este problema continuaria a existir com os outros Moitenses, os "C","D" e "E", respectivamente os habitantes do Gaio-Rosário de Sarilhos Pequenos e do Vale da Amoreira, pois nenhum dos seus habitantes gostaria de ser ultrapassado na hiérarquia alfabética doravante existente.
E o Penteado que nem junta de freguesia tem ?
Que estatuto teria neste futuro opaco... Teria de se conservar na qualidade de Amoitado, mas aí também o problema persiste. Seria o Penteado o "Amoitado A" ou o "Amoitado B" ou o "Amoitado C" ? Dado os Brejos da Moita e a Quinta da Fonte da Prata quererem concerteza disputar esse estatuto. Mas os casos mais complicados prevejo eu que sejam os casos das Arroteias e da Barra Cheia, as próprias designações de Moitenses "A","B","C","D" e "E" ou de Amoitados "A","B" e "C"...etc, seriam para estes descendentes de povos laboriosos e orgulhosos da sua identidade, como são os Caramelos um motivo de afronta, e não existiriam motivos para que os adoptassem. Seriam sempre estes habitantes da Moita, os das Arroteias e os da Barra Cheia, vamos por isso passar a designar estes cidadãos por os "Atrás da Moita".
Existiriam assim os "Atrás da Moita das Arroteias", e os "Atrás da Moita da Barra Cheia".
Como podem constatar isto está-se a tornar complicado, e todos os habitantes da "Grande Moita" teriam motivos para andar revoltados...devido às particularidades dos habitantes das antigas Vilas e lugares da Moita serem bastante evidentes, e depois passarem por decreto a serem todos Moitenses em geral...tendo os da futura cidade da Moita um estatuto especial.
Seria mesmo um caso para se dizer, que se por exemplo a "Moita B" e a "Moita C", Alhos Vedros e a Baixa da Banheira ou vice versa, em conjunto com os "Amoitados A,B e C" do Penteado da Quinta da Fonte da Prata e dos Brejos da Moita ou vice versa, e os "Atrás da Moita da Barra Cheia e das Arroteias" se juntassem todos, poderiam cagar para a Moita ou se houvesse revoltas de cariz autonómico destas localidades, uns poderiam cagar atrás da Moita e outros cagar amoitados.
E assim se vê como a ideia que parecia excelente ao princípio de se criar a grande Moita se transformou como pudemos ver numa grande Merda !
Manuel Pedro
Sábado, 25 de Outubro de 2003
O nosso grande amigo Manuel Pedro inicia uma colaboração que se espera longa e proveitosa para todos nós. Ainda não domina completamente o conceito de "moiteiro", usando a antiga designação de "moitense", mas acreditamos que não por muito tempo.
No entanto, enriquece-nos com um conceito perfeitamente revolucionário - o de "amoitados".
Mas não nos demoremos e vamos lê-lo:
A Moita, os Amoitados e os Atrás da Moita (Crítica a um texto de José Silva Santos)
Finalmente surge uma ideia, do PSD local, para que se veja que o PSD da Moita também tem ideias.
Diz o opinioso José Silva Santos, vereador do PSD na Câmara Municipal da Moita na edição nº 169 do jornal da Moita, que desejaria que a ministra Ferreira Leite legislasse de modo a extinguirem-se as juntas de freguesia.
Nada mais razoável nesta época de contenção de despesas no orçamento geral do estado. Sempre se eliminavam uns bons milhões de Euros nesse "non sense" que é o poder local, o desemprego subiria um pouco, com os funcionários públicos todos no olho da rua, mas o que se poupava com a extinção dessa espécie despesista que são os presidentes de junta e todos os eleitos para esses orgãos inoperantes e duplamente chupistas do erário público !
No caso da Moita as freguesias de Alhos Vedros, Baixa da Banheira etc. seriam todas extintas e por seriamos finalmente todos Moitenses, só que quem vivesse por exemplo no Vale da Amoreira, seriam que Moitenses ?
Isso não seria claro, porque obviamente, os Moitenses da vila da Moita seriam sempre os Moitenses "A".
Concerteza que haveria discussões sobre quem seriam os Moitenses "B", se os de Alhos Vedros se os da Baixa da Banheira, e este problema continuaria a existir com os outros Moitenses, os "C","D" e "E", respectivamente os habitantes do Gaio-Rosário de Sarilhos Pequenos e do Vale da Amoreira, pois nenhum dos seus habitantes gostaria de ser ultrapassado na hiérarquia alfabética doravante existente.
E o Penteado que nem junta de freguesia tem ?
Que estatuto teria neste futuro opaco... Teria de se conservar na qualidade de Amoitado, mas aí também o problema persiste. Seria o Penteado o "Amoitado A" ou o "Amoitado B" ou o "Amoitado C" ? Dado os Brejos da Moita e a Quinta da Fonte da Prata quererem concerteza disputar esse estatuto. Mas os casos mais complicados prevejo eu que sejam os casos das Arroteias e da Barra Cheia, as próprias designações de Moitenses "A","B","C","D" e "E" ou de Amoitados "A","B" e "C"...etc, seriam para estes descendentes de povos laboriosos e orgulhosos da sua identidade, como são os Caramelos um motivo de afronta, e não existiriam motivos para que os adoptassem. Seriam sempre estes habitantes da Moita, os das Arroteias e os da Barra Cheia, vamos por isso passar a designar estes cidadãos por os "Atrás da Moita".
Existiriam assim os "Atrás da Moita das Arroteias", e os "Atrás da Moita da Barra Cheia".
Como podem constatar isto está-se a tornar complicado, e todos os habitantes da "Grande Moita" teriam motivos para andar revoltados...devido às particularidades dos habitantes das antigas Vilas e lugares da Moita serem bastante evidentes, e depois passarem por decreto a serem todos Moitenses em geral...tendo os da futura cidade da Moita um estatuto especial.
Seria mesmo um caso para se dizer, que se por exemplo a "Moita B" e a "Moita C", Alhos Vedros e a Baixa da Banheira ou vice versa, em conjunto com os "Amoitados A,B e C" do Penteado da Quinta da Fonte da Prata e dos Brejos da Moita ou vice versa, e os "Atrás da Moita da Barra Cheia e das Arroteias" se juntassem todos, poderiam cagar para a Moita ou se houvesse revoltas de cariz autonómico destas localidades, uns poderiam cagar atrás da Moita e outros cagar amoitados.
E assim se vê como a ideia que parecia excelente ao princípio de se criar a grande Moita se transformou como pudemos ver numa grande Merda !
Manuel Pedro
Sábado, 25 de Outubro de 2003
Informações úteis
Atendendo ao muito que deve ser dito e escrito sobre o seu tema, o nosso blog terá diversas rubricas e colaborações externas.
Entre as rubricas poderemos encontrar tanto “Injustiças históricas” (momentos particulares em que Alhos Vedros se viu humilhada pelo poder central usurpador através de actos antentatórios bem concretos), “Cenas do Quotidiano” (episódios da vida diária que bem revelam a situação de subalternidade em que vivem os alhosvedrenses num território que já foi seu), “Figuras” (heróicas ou desprezíveis as suas acções é que as poderão qualificar para os nossos leitores), “Modos de vida” (análise do comportamento das diferentes populações residentes no antigo concelho de Alhos Vedros) e “Curiosidades” (aspectos caricatos e quase inexplicáveis da nossa realidade).
As colaborações externas serão devidamente assinaladas, estando previstas boas surpresas.
A título de exemplo, podemos começar por uma curiosidade bem actual. Sendo nos limites da freguesia de Alhos Vedros que se encontram dois dos bairros mais populosos do concelho, um consolidado e outro em instalação, ou seja, as duas (!!!) nóveis Quintas da Fonte da Prata, que vantagens em termos de infraestruturas ganhou Alhos Vedros ?
A rutilante e novíssima via de 4 faixas de rodagem estanca a 500 metros da localidade, só servindo verdadeiramente o acesso à sede do concelho embora, por exemplo, as crianças do bairro já existente se desloquem para a respectiva Escola até ao 9º ano. A zona ribeirinha está eternamente por recuperar, enquanto o novo parque foi feito em cima de velhas salinas e de frente para ruínas fabris. A estação dos Correios é uma sala mal acanhada em que as pessoas são obrigadas a formar fila na rua e quanto ao pomposo “Posto Municipal”, a simpatia do pessoal lá colocado é inversamente proporcional à sua aversão a Alhos Vedros e à sua população.
Entre as rubricas poderemos encontrar tanto “Injustiças históricas” (momentos particulares em que Alhos Vedros se viu humilhada pelo poder central usurpador através de actos antentatórios bem concretos), “Cenas do Quotidiano” (episódios da vida diária que bem revelam a situação de subalternidade em que vivem os alhosvedrenses num território que já foi seu), “Figuras” (heróicas ou desprezíveis as suas acções é que as poderão qualificar para os nossos leitores), “Modos de vida” (análise do comportamento das diferentes populações residentes no antigo concelho de Alhos Vedros) e “Curiosidades” (aspectos caricatos e quase inexplicáveis da nossa realidade).
As colaborações externas serão devidamente assinaladas, estando previstas boas surpresas.
A título de exemplo, podemos começar por uma curiosidade bem actual. Sendo nos limites da freguesia de Alhos Vedros que se encontram dois dos bairros mais populosos do concelho, um consolidado e outro em instalação, ou seja, as duas (!!!) nóveis Quintas da Fonte da Prata, que vantagens em termos de infraestruturas ganhou Alhos Vedros ?
A rutilante e novíssima via de 4 faixas de rodagem estanca a 500 metros da localidade, só servindo verdadeiramente o acesso à sede do concelho embora, por exemplo, as crianças do bairro já existente se desloquem para a respectiva Escola até ao 9º ano. A zona ribeirinha está eternamente por recuperar, enquanto o novo parque foi feito em cima de velhas salinas e de frente para ruínas fabris. A estação dos Correios é uma sala mal acanhada em que as pessoas são obrigadas a formar fila na rua e quanto ao pomposo “Posto Municipal”, a simpatia do pessoal lá colocado é inversamente proporcional à sua aversão a Alhos Vedros e à sua população.
quinta-feira, outubro 23, 2003
O aspecto e o comportamento do moiteiro
Tendo em mente a definição anterior de moiteiro como colaborador activo do poder ilegítimo exercido pela Moita sobre as terras e populações envolventes, podemos apresentá-lo como, em termos de carácter, a mais perfeita combinação de ignorância e presunção. Enquanto os alhosvedrenses são, sem sombra de dúvida, bastante ignorantes mas muito pouco presumidos e, por exemplo, os montijenses são extremamente presumidos mas nem sempre ignorantes, os moiteiros apresentam doses anormalmente elevadas nas suas mentes de ignorância e presunção.
Isto é fácil de demonstrar.
Se o conhecimento ocupa lugar, um excesso de ignorância (= falta de conhecimento) deixa todo o espaço da mente livre para ser ocupado, neste caso pela presunção. Assim se explica que numa mesma mente coexistam grandes quantidades de duas características (ignorância+presunção).
A combinação destas duas “qualidades” numa pessoa ou grupos de pessoas tem um nome específico que os cientistas sociais definiram como “estupidez” e que um intelectual como Carlo Cipolla definiu magistralmente – e cito de memória - como “a capacidade de produzir mal nos outros sem que disso se receba necessariamente um bem”. Convenhamos que esta é quase de forma literal outra forma de pronunciar “moiteiro”.
Em termos físicos muito haveria a dizer, pelo que agora ficaremos apenas com o macho da espécie, bem mais daninho e mesquinho que a fêmea (esta, em alguns momentos, pode mesmo ser uma boa aliada pois pelos danos que provoca ao macho moiteiro podem ser demolidores e muito úteis).
Quando crianças as características podem ser mais difíceis de detectar, embora desde tenra idade se começam a notar o olhar algo esgazeado, a abundância da perdigotagem ao falar e uma propensão para hiperactividade mal dirigida e francamente inútil.
No moiteiro a adolescência é um período francamente irritante. Para além da gabarolice descontrolada, inversamente proporcional às dimensões penianas, acentuam-se os traços que atingem a sua plenitude na vida adulta, nomeadamente o início da utilização, na última década, de abundante gel na cabeleira.
Como adulto, o moiteiro destaca-se pelas feições vermelhuscas, o olhar vítreo, frequentemente devido a prolongado processo de etilização, a rotundidade da cintura e a perna curta.
Em termos de vestuário, os óculos escuros tornaram-se indumentária padrão, aliados ao casaquinho de cabedal, a calcinha justa de ganga e o ténis de marca (tanto comprado na loja legítima – as elites – como no mercado – as massas). O fatinho e a gravata são apanágio apenas do topo da hierarquia dirigente mas ainda lhes assentam tão bem como ao Luis Filipe Vieira.
Em termos de acessórios, para além do omnipresente telemóvel para o qual falam com o tom de voz que usariam para comunicar de viva voz com o interlocutor a 20 km de distância, o mais curioso é o chaveiro que é usado no bolso, preso às presilhas das calças ou ainda na mão, chocalhado em movimentos giratórios, quando o moiteiro se encontra em situação de espera. Por analogia, supõe-se que, atendendo ao ruido produzido, este hábito derive directamente de reminiscências do som dos chocalhos usados pelo gado bovino quando pasta nos campos.
Sabemos que esta descrição é escassa atendendo à riqueza de cambientes apresentada pelo moiteiro, pelo que prometemos para breve novo capítulo dedicado a tão apaixonante tema.
Isto é fácil de demonstrar.
Se o conhecimento ocupa lugar, um excesso de ignorância (= falta de conhecimento) deixa todo o espaço da mente livre para ser ocupado, neste caso pela presunção. Assim se explica que numa mesma mente coexistam grandes quantidades de duas características (ignorância+presunção).
A combinação destas duas “qualidades” numa pessoa ou grupos de pessoas tem um nome específico que os cientistas sociais definiram como “estupidez” e que um intelectual como Carlo Cipolla definiu magistralmente – e cito de memória - como “a capacidade de produzir mal nos outros sem que disso se receba necessariamente um bem”. Convenhamos que esta é quase de forma literal outra forma de pronunciar “moiteiro”.
Em termos físicos muito haveria a dizer, pelo que agora ficaremos apenas com o macho da espécie, bem mais daninho e mesquinho que a fêmea (esta, em alguns momentos, pode mesmo ser uma boa aliada pois pelos danos que provoca ao macho moiteiro podem ser demolidores e muito úteis).
Quando crianças as características podem ser mais difíceis de detectar, embora desde tenra idade se começam a notar o olhar algo esgazeado, a abundância da perdigotagem ao falar e uma propensão para hiperactividade mal dirigida e francamente inútil.
No moiteiro a adolescência é um período francamente irritante. Para além da gabarolice descontrolada, inversamente proporcional às dimensões penianas, acentuam-se os traços que atingem a sua plenitude na vida adulta, nomeadamente o início da utilização, na última década, de abundante gel na cabeleira.
Como adulto, o moiteiro destaca-se pelas feições vermelhuscas, o olhar vítreo, frequentemente devido a prolongado processo de etilização, a rotundidade da cintura e a perna curta.
Em termos de vestuário, os óculos escuros tornaram-se indumentária padrão, aliados ao casaquinho de cabedal, a calcinha justa de ganga e o ténis de marca (tanto comprado na loja legítima – as elites – como no mercado – as massas). O fatinho e a gravata são apanágio apenas do topo da hierarquia dirigente mas ainda lhes assentam tão bem como ao Luis Filipe Vieira.
Em termos de acessórios, para além do omnipresente telemóvel para o qual falam com o tom de voz que usariam para comunicar de viva voz com o interlocutor a 20 km de distância, o mais curioso é o chaveiro que é usado no bolso, preso às presilhas das calças ou ainda na mão, chocalhado em movimentos giratórios, quando o moiteiro se encontra em situação de espera. Por analogia, supõe-se que, atendendo ao ruido produzido, este hábito derive directamente de reminiscências do som dos chocalhos usados pelo gado bovino quando pasta nos campos.
Sabemos que esta descrição é escassa atendendo à riqueza de cambientes apresentada pelo moiteiro, pelo que prometemos para breve novo capítulo dedicado a tão apaixonante tema.
Definição de moiteiro
Ocupámo-nos anteriormente dos meios ilegítimos da original elevação da Moita a vila e concelho, tendo tecido comentários menos abonatórios aos moiteiros, por oposição aos alhosvedrenses.
Convém, por isso, definirmos aquilo que entendemos pelo conceito de “moiteiro(s)”, pois a definição rigorosa dos conceitos é um princípio essencial de qualquer tese que se queira digna nas ciências sociais e não só.
Isto é tanto mais necessário quanto se pode erroneamente pensat que moiteiro é todo aquele que vive ou mora na terra da Moita e nada é mais errado.
Existem pessoas que nasceram, foram criadas e vivem na Moita e não merecem o opróbrio de moiteiro, bem como existem a que o não desmerecem e nasceram e vivem algures, inclusivamente na nobre Alhos Vedros. Como em outros regimes opressivos do passado, também a ditadura moiteira promoveu a transmigração de populações para enfraquecer as resistências locais e aliciou trânsfugas ambiciosos em busca de pedacinhos do poder dirigente.
Entendamo-nos, pois.
Moiteiro não é quem, por força das circunstâncias nasceu ou vive na Moita, mas não colabora activamente e até lhe desagrada pactuar passivamente com a opressão do poder central moiteiro. Temos exemplos vários deste tipo de resistentes que, outrora, mesmo nas piores condições se opuseram a poderes injustos no seu próprio terreno. Para quem lê pouco e pouco sabe disso pode-se sempre ver “A Lista de Schindler” com alguma vantagem.
Por sua vez, é moiteiro aquele que, mesmo filho de Alhos Vedros, se vendeu por alguns vinténs ao brilho do inimigo e, de forma mais ostensiva ou dissimulada, não passa de um colaboracionista. Aqui, podemos voltar ao mesmo período histórico e apontar o regime francês de Vichy durante a ocupação nazi como exemplo notório de traição aos princípios patrióticos.
Moiteiro é, em sentido restrito, todo aquele que colabora activamente no poder exercido ilegitimamente pela Moita sobre as localidades e populações circundantes, delas explorando os recursos e submetendo-as aos seus interesses particulares.
A partir desta definição que, mesmo restrita, não deixa de ser geral, podemos então passar para a análise mais detalhada de outros aspectos daquilo que é um moiteiro como objecto de estudo.
Convém, por isso, definirmos aquilo que entendemos pelo conceito de “moiteiro(s)”, pois a definição rigorosa dos conceitos é um princípio essencial de qualquer tese que se queira digna nas ciências sociais e não só.
Isto é tanto mais necessário quanto se pode erroneamente pensat que moiteiro é todo aquele que vive ou mora na terra da Moita e nada é mais errado.
Existem pessoas que nasceram, foram criadas e vivem na Moita e não merecem o opróbrio de moiteiro, bem como existem a que o não desmerecem e nasceram e vivem algures, inclusivamente na nobre Alhos Vedros. Como em outros regimes opressivos do passado, também a ditadura moiteira promoveu a transmigração de populações para enfraquecer as resistências locais e aliciou trânsfugas ambiciosos em busca de pedacinhos do poder dirigente.
Entendamo-nos, pois.
Moiteiro não é quem, por força das circunstâncias nasceu ou vive na Moita, mas não colabora activamente e até lhe desagrada pactuar passivamente com a opressão do poder central moiteiro. Temos exemplos vários deste tipo de resistentes que, outrora, mesmo nas piores condições se opuseram a poderes injustos no seu próprio terreno. Para quem lê pouco e pouco sabe disso pode-se sempre ver “A Lista de Schindler” com alguma vantagem.
Por sua vez, é moiteiro aquele que, mesmo filho de Alhos Vedros, se vendeu por alguns vinténs ao brilho do inimigo e, de forma mais ostensiva ou dissimulada, não passa de um colaboracionista. Aqui, podemos voltar ao mesmo período histórico e apontar o regime francês de Vichy durante a ocupação nazi como exemplo notório de traição aos princípios patrióticos.
Moiteiro é, em sentido restrito, todo aquele que colabora activamente no poder exercido ilegitimamente pela Moita sobre as localidades e populações circundantes, delas explorando os recursos e submetendo-as aos seus interesses particulares.
A partir desta definição que, mesmo restrita, não deixa de ser geral, podemos então passar para a análise mais detalhada de outros aspectos daquilo que é um moiteiro como objecto de estudo.
terça-feira, outubro 21, 2003
Manifesto de abertura
A restauração do concelho de Alhos Vedros é da mais elementar justiça histórica.
Justiça menor seria o da restauração com os seus limites do século XIX, já após a elevação da pobre povoação da Moita a vila e posterior criação do concelho por D. Pedro II.
Justiça verdadeira seria a sua restauração de acordo com as fronteiras anteriores a tão funesto acontecimento, já então fruto de uma combinação de favores e “cunhas” tão agrado do nosso povo.
Porque, e sejamos muito francos acerca disto, a Moita só é elevada a vila e depois a concelho por uma confluência de acontecimentos fortuitos que ficam menos a dever à sua inevitabilidade do que à necessidade de dar satisfação a interesses instalados e a favores pouco claros.
Recordemos dois dos passos essenciais do processo: em 1681 D. Pedro II eleva a terreola da Moita a vila para que a possa dar como mercê a D. Francisco de Távora, ex-governador de Angola (1669-1676), futuro governador da Índia (1681-1686) e 1º conde do Alvor.
Como facilmente se constata, este nobre fidalgo era o que hoje se chama um político de carreira e, entre nomeações, o monarca decidiu dar-lhe umas prendas, nas quais ia a povoação da Moita e mais umas prebendas acessórias.
Como a coisa deu brado, de tanta acumulação de favores régios, os protestos surgiram e o assunto foi julgado (em tribunal de 1ª instância e na Mesa da Consciência e Ordens), pois o dito Conde ocultou informações para poder obter tal mercê, a que por lei da época estava vedado. A leitura da carta de elevação da Moita a vila faz a transcrição dos elementos básicos do processo (veja-se o opúsculo Moita – Vila há 330 anos de Maria Clara Santos, publicado pela CMM em 1991) e aí se encontram demonstrados à saciedade os atropelos então feitos à ordem legal do Antigo Regime, a qual já estava longe de ser perfeita.
Influências movidas, 10 anos depois o Conde consegue os seus intentos e lá fica com o senhorio sobre a nova vila. O problema é que a terra pouco valia e era preciso anexar-lhe território para a valorizar.
Vai daí e o Conde volta a mexer os cordelinhos e, dois anos volvidos, lá consegue que D. Pedro II defina um termo em redor da vila, assim amputando parte significativa do concelho de Alhos Vedros, que já então era dotado de população demasiado passiva para fazer valer os seus legítimos direitos.
As razões invocadas para a definição do termo são caricatas, tendo em atenção os antecedentes.
Como se a elevação a vila fosse um sacrifício queixam-se as almas que, coitados, assim não podiam usar os terrenos de Alhos Vedros a seu bel-prazer para a pecuária e, gente piedosa, era difícil deslocarem-se à Igreja de São Lourenço para a administração dos sacramentos.
Assim se justifica a criação do termo do novo concelho, fruto, nunca é demais repeti-lo, de interesses e favores vários a um dos grandes do reino que, contra a escassa influência dos notáveis de Alhos Vedros, gente boa e respeitadora das leis com que viviam, tudo conseguiu.
A história posterior de desmandos vários a que o concelho de Alhos Vedros foi submetido até à sua extinção, o tratamento vil que lhe foi dispensado nos últimos 150 anos e a própria traição de muitos dos seus filhos, seduzidos pelo “brilho” do poder vizinho será tratada em comentários futuros.
Mas para a memória futura ficará sempre como episódio sintomático da baixeza humana, o projecto de desmontar o pelourinho manuelino de Alhos Vedros – o que em melhor estado de conservação se encontra em toda a margem sul -, símbolo de um poder legítimo usurpado, com a aintenção de o levar para a Moita e aí o instalar.
Almas pequenas e mesquinhas as que acalentaram tal ideia, só podiam estar ligadas a um exercício do poder ilegítimo e usurpador imunes à vergonha e à dignidade.
Alhos Vedros ao poder, pois, de novo e para sempre.
Justiça menor seria o da restauração com os seus limites do século XIX, já após a elevação da pobre povoação da Moita a vila e posterior criação do concelho por D. Pedro II.
Justiça verdadeira seria a sua restauração de acordo com as fronteiras anteriores a tão funesto acontecimento, já então fruto de uma combinação de favores e “cunhas” tão agrado do nosso povo.
Porque, e sejamos muito francos acerca disto, a Moita só é elevada a vila e depois a concelho por uma confluência de acontecimentos fortuitos que ficam menos a dever à sua inevitabilidade do que à necessidade de dar satisfação a interesses instalados e a favores pouco claros.
Recordemos dois dos passos essenciais do processo: em 1681 D. Pedro II eleva a terreola da Moita a vila para que a possa dar como mercê a D. Francisco de Távora, ex-governador de Angola (1669-1676), futuro governador da Índia (1681-1686) e 1º conde do Alvor.
Como facilmente se constata, este nobre fidalgo era o que hoje se chama um político de carreira e, entre nomeações, o monarca decidiu dar-lhe umas prendas, nas quais ia a povoação da Moita e mais umas prebendas acessórias.
Como a coisa deu brado, de tanta acumulação de favores régios, os protestos surgiram e o assunto foi julgado (em tribunal de 1ª instância e na Mesa da Consciência e Ordens), pois o dito Conde ocultou informações para poder obter tal mercê, a que por lei da época estava vedado. A leitura da carta de elevação da Moita a vila faz a transcrição dos elementos básicos do processo (veja-se o opúsculo Moita – Vila há 330 anos de Maria Clara Santos, publicado pela CMM em 1991) e aí se encontram demonstrados à saciedade os atropelos então feitos à ordem legal do Antigo Regime, a qual já estava longe de ser perfeita.
Influências movidas, 10 anos depois o Conde consegue os seus intentos e lá fica com o senhorio sobre a nova vila. O problema é que a terra pouco valia e era preciso anexar-lhe território para a valorizar.
Vai daí e o Conde volta a mexer os cordelinhos e, dois anos volvidos, lá consegue que D. Pedro II defina um termo em redor da vila, assim amputando parte significativa do concelho de Alhos Vedros, que já então era dotado de população demasiado passiva para fazer valer os seus legítimos direitos.
As razões invocadas para a definição do termo são caricatas, tendo em atenção os antecedentes.
Como se a elevação a vila fosse um sacrifício queixam-se as almas que, coitados, assim não podiam usar os terrenos de Alhos Vedros a seu bel-prazer para a pecuária e, gente piedosa, era difícil deslocarem-se à Igreja de São Lourenço para a administração dos sacramentos.
Assim se justifica a criação do termo do novo concelho, fruto, nunca é demais repeti-lo, de interesses e favores vários a um dos grandes do reino que, contra a escassa influência dos notáveis de Alhos Vedros, gente boa e respeitadora das leis com que viviam, tudo conseguiu.
A história posterior de desmandos vários a que o concelho de Alhos Vedros foi submetido até à sua extinção, o tratamento vil que lhe foi dispensado nos últimos 150 anos e a própria traição de muitos dos seus filhos, seduzidos pelo “brilho” do poder vizinho será tratada em comentários futuros.
Mas para a memória futura ficará sempre como episódio sintomático da baixeza humana, o projecto de desmontar o pelourinho manuelino de Alhos Vedros – o que em melhor estado de conservação se encontra em toda a margem sul -, símbolo de um poder legítimo usurpado, com a aintenção de o levar para a Moita e aí o instalar.
Almas pequenas e mesquinhas as que acalentaram tal ideia, só podiam estar ligadas a um exercício do poder ilegítimo e usurpador imunes à vergonha e à dignidade.
Alhos Vedros ao poder, pois, de novo e para sempre.
Axioma - II
Um moiteiro bom é um moiteiro sem chifres, de onde se conclui que não ha moiteiros bons (esta segunda vez é em especial para quem não percebeu à primeira, ou seja, para vocês, moiteiros)
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