sexta-feira, dezembro 31, 2004

FELIZ 2005


Dossier em desenvolvimento

No Alhos Vedros Visual, está em desenvolvimento um dossier de materiais complementares ao texto sobre a necessidade de criação de um Museu em Alhos Vedros dedicado à preservação da memória das actividades tradicionais da nossa região.

O Cais - anos 90


O Cais "Velho", no final do século XX, já sem a azáfama de outrora, quando a Corticeira já não funcionava mas ainda não tinha desabado com a conivência dos poderes político e económico em vigor, ambos à espera de rentabilizar a zona, certamente com uma daquelas urbanizações anunciadas nos cartazes como de "ótimos" ou "exelentes" acabamentos, naquele tipo de português típico de pato-bravo.

O Cais e o carregamento da cortiça - anos 50/60


A mesma faina algumas décadas depois, com o Moinho já ampliado e a verem-se, em fundo, os edifícios que pertenceram à Corticeira Ibérica e que, há um par de anos, começaram a esboroar-se até à actual ruína completa.
Em primeiro plano, as "galeras" do Valério que transportavam a cortiça até ao Cais.

O Cais e o carregamento da cortiça - anos 10/20



A faina de carregar os fardos de cortiça para as embarcações que depois a levavam, por exemplo, para Lisboa.
Pela estrutura do moinho de maré, ainda com o seu traçado chão original, a foto deve ser do primeiro quartel do século XX, antes das obras que lhe acrescentaram o andar superior.

Colaboração de J. Silva

Para quando o Museu Municipal de Alhos Vedros ?

De acordo com notícia já com algumas semanas, o Museu Municipal de Palmela ganhou um prémio de qualidade da Associação de Municípios do Distrito de Setúbal. Há poucos dias, abriu o Museu Industrial do Quimiparque no Barreiro, juntando-se ao Museu Municipal já existente nesse município, instalado no recuperado Museu da Madre de Deus da Verderena, outrora incluído no termo de Alhos vedros.
Aqui na zona, temos ainda Museus Municipais nos concelhos de Alcochete e do Montijo, do Ecomuseu do Seixal, o Museu da Cidade de Almada, para não falar de Setúbal e Sesimbra.
A Moita faz neste contexto o papel de avis rara, pois de museus nem é bom falar. Então de recuperação do património edificado nem é bom falar, para não escrever grosso disparate. Quanto muito, ainda inventam é um museu da tauromaquia e fazem dele o símbolo da cultura do concelho.
No entanto, a História, o Património e as Tradições do que agora é o concelho da Moita só muito recentemente têm algo a ver com as actividades taurinas. Esta foi sempre uma zona ligadas às actividades económicas tradicionais numa região simultaneamente ribeirinha e rural: a construção naval, a pesca, a salicultura, mas também a silvicultura e indústrias associadas (com destaque no século XX para os fabricos de cortiça), a agricultura, a vinicultura, a moagem e panificação, a cerâmica, a etc, etc. Tudo isso existia no antigo concelho de Alhos Vedros, nos seus tempos áureos da Idade Média ao período da Expansão Portuguesa (cf. Cláudio Torres, “A Outra Banda” in O Livro de Lisboa, Livros Horizonte, pp. 169-174).
Apesar do grande abandono a que os vestígios e testemunhos desses tempos têm sido votados, ainda pesistem teimosamente na nossa terra sinais de tudo isso.
Virada para o rio desde as suas origens, a vila de Alhos Vedros foi até ao século XIX uma terra com as suas grandes vias “urbanas” (a velha Rua Direita, com ou sem este nome, é a actual Cândido dos Reis, e a igualmente provecta Rua dos Pinheiros, a actual 5 de Outubro) paralelas ao rio e com um vasto hinterland rural. Ao longo daquelas artérias e na área do Cais Velho, situavam-se as principais estruturas residenciais, administrativas e económicas, de que o pelourinho, a demolida Cadeia, a Misericórida (uma das mais antigas do país, fundada por D. Leonor logo depois da de Lisboa), a Matriz dedicada ao orago S. Lourenço. Para norte situavam-se zonas de maninhos e salinas, enquanto para leste e se estendiam numerosas quintas e para sul terrenos baldios de mato e floresta.Por tudo isso, e porque até há um quarto de século Alhos Vedros ainda mantinha como seu traço definidor um certo arcaísmo urbanístico onde era fácil detectar as suas zonas de expansão e as suas antigas zonas nobres, se tinha justificado o projecto de criação de um Museu, no modelo dos Ecomuseus polinucleados e abertos para a comunidade. Agora, apesar dos desmandos do poder autárquico moiteiro, ainda se justifica ou, melhor ainda, agora é que se justifica mesmo a criação de um Museu das Actividades Tradicionais destinado a preservar uma memória que se vai perdendo cada vez mais, organizado de forma dinâmica, com uma lógica plurisdisciplinar e em articulação com os estabelecimentos de ensino.
Ao contrário dos tradicionais museus fechados, centralizados, este devia ser um Museu Aberto, espalhado pela Vila, com diversos pólos temáticos interligados, sendo que a zona que se estende do Cais Velho à Matriz funcionaria como eixo estruturante. A criação do Parque das Salinas, no esplendor de todos os seus equívocos, foi uma oportunidade perdida neste aspecto, pois foi ocupar um espaço rico em actividades tradicionais, delas apenas aproveitando o nome.
As propostas no sentido da criação de um Museu em Alhos vedros nunca tiveram nem uma receptividade séria por parte dos poderes instituídos, nem continuidade por parte dos proponentes, num caso por manifesta falta de visão estratégica e visão política e, no outro, por inexistência de projectos concretos viáveis e fundamentados. Com muito menos do que a CMM vai investir na (constante) requalificação da Marginal da Moita (já perdi a conta às intervenções complementares, contraditórias, reformuladoras, etc), a qual não tem qualquer especial valor patrimonial ou histórico, seria possível desenvolver um projecto museológico de qualidade em Alhos Vedros, que se tornasse um foco de desenvolvimento cultural.
Só que os de lá não querem (a ideia ofende-lhes os pergaminhos) e os de cá não forçam (satisfazem-se com migalhas do bolo), entre o comodismo e a auto-satisfação com as reclamações do momento,Articular, um pouco como no Seixal, esse Museu Municipal com o núcleo de construção naval do Gaio seria ideal mas, infelizmente, parece ser ideia que não está ao alcance de quem gere o que se chama cultura na Moita e que detém um poder para quem o progresso é um punhado de rotundas entre o Pinhal Castanho e a ribeira da Moita.
Quando surgir um Museu neste concelho, veremos a noção que esta gente tem deste tido de iniciativas.
Só por milagre não será na Moita.
Só por acidente, não meterá touros e bosta.
Só por distracção fará justiça ao passado e ao verdadeiro legado histórico e patrimonial da região.


José Silva, Natal de 2005

Sequim de ouro

Hoje de manhã na RTP1, um clássico entre os clássicos da TV de gosto duvidoso: o Sequim de Ouro e os seus pequenos cantores.
O apresentdor parece-me o mesmo de há décadas, só que agora com 123 anos.
As ajudantes-apresentadores, italianas telegénicas de gema, ao longo do tempo, foram sempre o pormenor que me prendeu mais a atenção.
E depois queixam-se que os jovens rapazes crescem com fantasias eróticas irrealistas.

Secção BD


A partir de agora, procuraremos inserir umas amostras de BD actual e clássica, normalmente junto ao fim de semana e se possível na versão colorida original. É assim como que o nosso suplemento de fim de semana. Se clicarem na imagem (que no post não está com a melhor das definições), ela fica perfeitamente perceptível e legível.
Neste caso é a série Baby Blues, que cá já vai em 15 volumes, sempre com grandes vendas.
Para o futuro, considera-se a hipótese de criar um blog-suplemento, dedicado principalmente a clássicos deste género, mas não só.

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Vem aí coisa boa

Vão-se conhecendo os candidatos às eleições de Fevereiro pelo círculo de Setúbal.
A menos que ande distraído só dei pelos dos partidos de esquerda e centro-esquerda.
Temos o candidato do PS (António Vitorino, esse vulto da política nacional, à procura de refúgio agora que Bruxelas o recambiou), da CDU (Francisco Lopes, ilustre desconhecido para os não-iniciados) e do BE (Fernando Rosas, ex-estalinista, ex-maoísta, ex-trotsquista e actual ....?).
Confesso que com este panorama, e depois do Movimento do Partido da Terra se ter metido na cama com o Santanita, estou mesmo a ver que tenho de escolher qual o sapo que devo engolir.

Mistérios da (In)Cultura moiteira

Por mero acaso, ao folhear a Agenda Cultural do Barreiro, reparei que naquele concelho existem três jornais (Diário do Barreiro, Jornal do Barreiro e Voz do Barreiro).
No concelho da Moita, se excluirmos o caso notável de O Rio, nascido em Alhos Vedros e desenvolvido entre Alhos Vedros e a Baixa da Banheira, nada existe que se veja (não se contabilizam aqui como jornais aquelas folhas volantes gratuitas, pagas quase só pela propaganda imobiliária).
Na Moita, publicação para ter sucesso só se falar de bois mas como os aficionados da terra não são assim muito para o letrado (salvo um ou outro anómalo case-study), ficamos em nada vezes nada.

Finalmente...

Após o envio repetido do ficheiro "Breast Appreciation 2005 - XXX" ao longo dos últimos dias para a sua caixa de correio, o José Silva mandou-nos, por fim, o prometido texto sobre a necessidade de fomentar a criação de um Museu em Alhos Vedros. Como estamos a tentar organizar um dossier relativo ao assunto para o Alhos Vedros Visual, esperamos divulgá-lo apenas amanhã.

E no princípio era a Bosta...

A coluna que irá ser mantida pelo Professor José Maria Flamenco de Sevilha e Saladeira, provisoriamente chamada A Bíblia explicada aos leigos e na qual se explicam as Sagradas Escrituras à luz de um pergaminho achado a boiar na ribeira da Moita, já tem título definitivo o qual é: E no princípio era a Bosta.
Claro que, como quaisquer interessados pelos Estudos Teológicos, pela História Comparada das Religiões e pela Cultura Geral (que são muitos), fervemos de antecipação por esta nova secção, que se antevê de grande brilho, pertinácia e, diríamos mesmo, contumácia (rima, se calhar é verdade e, por certo, vai levar muita gente ao dicionário mais próximo).

Ditos espirituosos

Na esteira dos provérbios aplicados à Situação local, também temos material para a Oposição:

«Se quer dinheiro, vá ao Titta.»

Fomos nós que inventámos.

Utilidades

A blogosfera diversifica-se.
Já é possível criar áudio e vídeoblogs.
Mas não tenham muitas esperanças, porque entre este e o Alhos Vedros Visual a malta já anda um bocado de rastos.

12 decisões para o Ano Novo

IX – Como manter a coerência

Esta é matéria de mais difícil aplicação.
Como manter a coerência, nos tempos que correm, com os hábitos e vícios que formos adquirindo, com a cultura da facilidade, da aparência e da mentira que temos vindo pacientemente a construir, não é tarefa nada fácil.
Mas podemos sempre arranjar umas orientações simples.
Antes de mais, se possível antes de sermos muito velhinhos, convirá saber naquilo em que acreditamos, seja para a nossa conduta pessoal seja como modelo de funcionamento da sociedade. Não quer dizer que não venhamos a mudar mas, por favor, sem que seja como aqueles convictos salazaristas que em 26 de Abril de 1974 eram democratas de gema e desataram a aderir ao PPD, PS e outros, nem como aqueles puros comunistas que, quando caiu o Muro de Berlim, descobriram logo que, afinal, não era em nada daquilo que acreditavam e correram a aderir ao PSD, PS e outros.
Em seguida, convém orientarmos os nossos actos pelas nossas palavras, ou então que o discurso se adeque às acções. Não vale a pena ser todo pró-povinho e depois correr a facilitar a vida às seguradoras, bancos e demais grupos poderosos em matéria de isenções fiscais ou ser todo revolucionário e colectivista e, depois na vida privada, explorar os seus dependentes até mais não.
Por fim, caso ultrapasse as duas fases anteriores (ter convicções e colocá-las em prática), é de grande utilidade não mudar de estratégia quando o vento começa a soprar a favor. Não vale protestar por tudo e por nada e depois, à cata do subsídio ou do apoiozinho amigo, passar-se logo para a trincheira adversária, às claras ou no escurinho dos lençóis. Não vale a pena ser sindicalista fervoroso se, à primeira oportunidade, se aceita logo pertencer a grupos de trabalho para estudar um qualquer fenómeno que a ninguém interessa ou ser um contestatário do poder e defensor da transparência se a ideia é apenas ganhar um lugar de assessoria de comunicação, criado exactamente para enganar os papalvos que estavam atrás na fila da manifestação. Não vale a pena bater no peito como católico dos quatro costados e depois, no dia a dia, espezinhar 12 dos 10 mandamentos, com a desculpa da relatividade dos tempos ou ser pró-vida de cruz ao peito e ecografia a tremular nas mãos e, quando a namorada engravida, pagar o desmancho em Badajoz ou Santo Tirso. Ou seja, para exemplificar com caso da actualidade, não vale a pena ser bloquista e dizer de Sócrates o que Maomé não disse do toucinho rançoso se a ideia é trocar uma viabilização parlamentar de um governo minoritário em troca de uns financiamentos discretos à actividade profissional de uns quantos membros da oligarquia dirigente (piada pouco subtil à malta do blog Barnabé... e não só).
Ou ainda para exemplificar mais no concreto, não vale a pena andar a fazer blogs (ou outro tipo de iniciativas) a dizer mal do poder moiteiro e depois solicitar (e aceitar), à sorrelfa, apoios da CMM, em troca de uma gradual docilidade.
Porque, se estamos convictos das nossas ideias, o objectivo é mudar as atitudes e as práticas, não apenas organizarmos a nossa vidinha, já lá dizia o saudoso professor Marcelo (Rebelo de Sousa).

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Até já recebemos poesia

Ora aí está o primeiro poema que nos chega de inspiração local.
O autor reside em Londres e também tem um blog.
Estamos a internacionalizar-nos.
Isto está a começar a compor-se.

ALHOS VEDROS À COCA ATRÁS DA MOITA

Verdade: Alhos Vedros é o Barreiro a dividir por três.
Mas quem puzer isso nesses termos banais muito peca
Porque das Arroteias ao Cais é se calhar aí umas dez
Vezes mais que de Coina a Santo António da Charneca

Alhos Vedros anda à rasca para provar seus direitos
De terra de marialvas antigos com anafadas barrigas
Mas há pressões da Ilha do Rato de ares rarefeitos
Que levantam saias às mulheres casadas e raparigas

Na Moita, agora submetida aos ataques de norte morno,
Os munícipes juntam-se à volta do fidalgo presidente.
E todos inchados prometem nunca ceder à dor de corno
Dos conjurados do poço mouro com sulcos de corrente

Mas o cibernário de Alhos Vedros, firme e ousado,
Faz renascer o dormente espírito da alma guerreira
E grita: se for preciso iremos reaver o que foi roubado
Com tropas, toalhas e sabões da Baixa da Banheira!

Porque esta terra vellha nunca teve medo de Salazar!
Nem quando a caganeira era coisa dolorosa intestinal!
E não é agora que esses moiteiros se vão pôr a largar
Bois e vacas na nossa querida HISTÓRIA regional!

Germano Filipe

Portugala.Blogspot.com

Tragédias

Sobre o que se passou nos últimos dias no Sueste Asiático não há palavras que sirvam.
Por isso, serve esta nota só para destacar a habitual lentidão tuga em reagir ao imprevisto, com a alegação que foi imprevisto (teoria do Primeiro-Ministro).
O embaixador português na Tailândia tinha vindo de férias para Portugal até ao Natal e agendou umas reuniõezitas de trabalho para as estender até ao Ano Novo.
Ao ser interrogado, na 2ª feira, sobre quando voltaria ao seu posto, afirmou que o faria logo se fossem descobertos mais mortos portugueses.
Isto é de bradar aos céus. Então, os vivos, feridos e etc, que se lixem, que ele não lhe apetece ir para o barulho. Eles que peçam ajuda às agências de viagens, ao posto de turismo português em Macau, aos jornalistas ou aos voluntários de outros países pois o senhor embaixador não está pelos ajustes.
No mesmo dia, o assessor de imprensa do Min. Negócios Estrangeoiros, António Carneiro Jacinto (homem para todos os cargos de assessoria sempre que parte do Bloco Central esteja no poder, ou seja, sempre), desautorizava, com enfado e acrimónia, um jornalista da Agência Lusa em Macau por afirmar que havia 9 portugueses desaparecidos; segundo o assessor Carneiro eram só 3 e ele é que sabia do que falava. Dois dias depois, o total de portugueses desaparecidos está em 8. Se houvesse justiça, o assessor Carneiro seria o 9º da tal lista do jornalista.

Leituras para o Novo Ano de 2005

Sempre numa de serviço público, estamos aqui a propôr algumas leituras para as figuras mais proeminentes da política local. Pensamos que foram escolhidas com critério e com grande sentido de utilidade:

Para o senhor Presidente, João Lobo, figura de grande estatura política, duas obras de cabeceira: O General no seu Labirinto (Gabriel Garcia Marquez, Dom Quixote) e Tudo o que é Sólido se Dissolve no Ar (Marshall Berman, Edições 70).

Para o senhor Vice-Presidente, Rui Garcia, também dois volumes, com a esperança que funcionem: Diary of a Nobody (George & Weedon Grossmith, Wordsworth Classics) e O que é a Cultura (António José Saraiva, Gradiva).

Para a exma. senhora líder do PS local, Eurídice Pereira, três livros (!!!) que é para ver que equiparamos a Oposição à Situação: A Era do Vazio e O Império do Efémero (ambos de Gilles Lipovetsky, um da Relógio d’Agua e o outro da D. Quixote) e a Apologia de Sócrates (Platão, variadíssimas edições).

Para as jovens esperanças do aparelho PS local, José Capelo e Hélder Pinhão, A Derrota do Pensamento (Alain Finkelkraut, Dom Quixote) e Nos Teus Braços Morreríamos (Pedro Paixão, Livros Cotovia). Podem trocar como quiserem, não vale a pena zangarem-se.

Para Fernanda Velez, a discreta líder do PSD-Moita, Nada do Outro Mundo (António Muñoz Molina, Público) e Os Ricos Andam Tolos (António Sousa Homem, Edições Asa).

Para Titta Maurício, o impetuoso líder do CDS-PP local, como se arroga de alguma bagagem intelectual, somos pródigos e vamos do Much Ado about Nothing (Shakespeare, Penguin) até a' O Homem que via passar os Comboios (George Simenon, Público), não esquecendo a Anatomia do Poder (John Keneth Galbraith, Difel) e A Fogueira das Vaidades (Tom Wolfe, Dom Quixote).

Para a malta do BE, para todos lerem em conjunto numa reunião da CACAV, O Cérebro de Lenine (Tilman Spengler, Edições Asa), Nada de Novo no Expresso do Oriente (Magnus Mills, Edições Asa) e Contos de Fadas (H. C. Andersen, Dom Quixote, este com a vantagem do Manuel João o arranjar de borla).

Para o Leonel Coelho, é difícil porque, com a Feira do Livro de Alhos Vedros, ele só não arranja o que não quiser, mas sempre se pode sugerir o Escuta, Zé Ninguém (Wilhelm Reich, Dom Quixote) e o Dom Casmurro (Machado de Assis, Dom Quixote).

Para o ano, se tudo correr bem, há mais.

20º Aniversário do Blitz


O Blitz fez 20 anos. O número comemorativo saiu 3ª feira, dia 28. Só custa um euro. Não faz mal nenhum recordarmos esses tempos difíceis de 1984. Vivíamos em crise, com o Bloco Central a apertar-nos o cinto por causa do FMI. Existia desemprego e fome na península de Setúbal; existiam os salários em atraso.
Se pensarmos bem, nem tudo mudou ou então vivemos de acordo com o mito do eterno retorno só que agora somos nós os pais e não os filhos.

Para fãs de BD

Aqui vão duas propostas de sites de Banda Desenhada, o Nona Arte, moderno e em português do Brasil, e o Cococino World, italiano e com clássicos.
Para um futuro próximo, estudamos a hipótese de irmos incluindo umas tiras de séries actuais e clássicas.

Provérbios sábios e outros ditos que tais

Breve apontamento com as novas roupagens de provérbios populares ou ditos de uso comum, adaptados à vida local.

«Se não queres ser Lobo, não te vistas de Presidente.»

«Levar a carta a Garcia (se ele a souber ler).»

«Ir à Moita e ver a cultura por um Canudo.»

Há mais, mas estamos muito cansados com a pesquisa que foi necesssário realizar só para estes três.

12 decisões para o Ano Novo

VIII - Como assumir as suas responsabilidades

Há um par de anos, a propósito do êxito de Shaggy com a canção It wasn’t me, Salman Rushdie escreveu umas das poucas coisas que gostei de lhe ler. Foi uma crónica sobre a tendência muito moderna de negar as evidências e de fugir às responsabilidades pelos erros cometidos e asneiras feitas. Escreveu ele então:
.
«A negação descarada, a transmissão da mentira em directo, tornou-se – neste tempo de coberturas jornalísticas levadas à exaustão – numa faceta cada vez mais evidente da vida pública. Actualmente, até os maiores monstros do nosso tempo – os criminosos de guerra do Camboja ou da ex-Jugoslávia – se habituaram a negar as suas atrocidades, cientes de que a probabilidade de conseguirem aceder aos meios de comunicação internacional é quase de certeza maior que a probabilidade de um qualquer jornalista conseguir aceder à verdade.» (S. Rushdie, “Então quem foi ?” in (livros), Maio de 2001, p. 16)
.
Com efeito, em vez do hábito antigo de se assumirem as responsabilidades pelos actos e pelas decisões tomadas (uma coisa que tem a ver com a Ética mais do que com a própria Moral), o pessoal habituou-se, por vergonha de pedir desculpa, por receio de assumirem publicamente os seus falhanços ou por outra razão igualmente inválida, a surgir com desculpas esfarrapadas ou a descarregar a culpa para outros.
É verdade que o exemplo cada vez vem mais de cima.
Todos nos lembramos ainda (espero...) do que se passou com o concurso de professores do ano passado, com toda a gente a atirar as culpas para trás dos ombros, ou mais atrás com a tragédia de Entre-os-Rios, com todos os responsáveis pela falta de fiscalização das pontes a declararem-se irresponsáveis, ou ainda com as mortes de crianças no Aquaparque ou, mais atrás, com a morte dos hemodialisados no Hospital de Évora ou, por essas alturas, com o problema do sangue contaminado com o vírus da Sida. Enfim, os exemplos abundam e só é difícil seleccionar quais os mais ridículos, trágicos ou meramente caricatos, em que pessoas com altas responsabilidades na nossa sociedade se aliviaram das culpas, não assumindo o seu papel em manifestos erros de apreciação e (in)acção.
Mas nem por isso é desculpável que todos nós enveredemos por esse caminho no nosso quotidiano, optando por mentirinhas mal amanhadas de circunstância, sempre que as coisas correm mal. Desde a criancinha que não faz os trabalhos de casa porque preferiu ver televisão e depois se desculpa com o que lhe vem à cabeça, ao construtor civil que faz as maiores aldrabices para poupar uns tostões e depois culpa o pedreiro caboverdiano ou ucraniano, não esquecendo o senhor doutor que diagnostica mal uma doença com graves consequências para o paciente e depois alega que os exames é que foram mal feitos ou o jogador de futebol pago aos milhares por mês que diz que só falha quem lá está dentro, como se não fosse pago para fazer bem feito o seu ofício ou ainda o árbitro que se desculpa com o fiscal de linha e este com o nevoeiro ou com uma mosca que ia a passar
É triste, mas é verdade, nos tempos que correm todos se acham inimputáveis e, pior que isso, cada vez recorrem mais à mentira esfarrapada para se tentarem safar. Pois, porque até a mentir cada vez há mais incompetência. Já não há mentiras como antigamente.Agora é difícil encontrarmos algo mais do que o "grau zero" da mentira - o "não fui eu !", o "não estava lá !", o "não sei do que fala !" ou o mero e indignado "isso é mentira !!".Nunca os desmentidos foram tão pobres como agora, com razão ou sem ela.A mentira já foi uma arte (veja-se a propósito o que escreveu Oscar Wilde), agora é um mecanismo automático.A mentira já exigiu imaginação, sofisticação. Agora está reduzida à negação mais rasteira.A mentira já foi, e não tão invulgarmente, melhor do que a verdade.Agora é tão má como a própria verdade.
Meus senhores e minhas senhoras, por uma vez, assumam os vossos actos.
Se os fizeram com convicção, não se envergonhem disso. Se acham que, apesar de tudo, erraram, peçam desculpa, assumam as vossas responsabilidades.
Não transformem o nosso mundo num viveiro de cobardes e inimputáveis auto-proclamados, incapazes de resistir à vergonha do erro porque o maior fracasso é não saber assumir o erro e seguir em frente, aprendendo com as nossas falhas.
Esta talvez fosse a mais importante decisão a tomar para qualquer Novo Ano.

Propostas Anarco-Nacionalistas do AVP para 2005 !

Neste final de 2004, estamos já a preparar o "Programa para um Governo que responda à Urgência da crise Social-A Política Anarco-Nacionalista para Portugal para 2005", assim haja tempo e saúde para o completar, entretanto apresentamos um texto sobre "O Programa Para o Investimento Público em Reabilitação Urbana", a publicar em Janeiro do próximo ano de 2005, que esperamos ninguém tenha a audácia de copiar...mas isto nunca se sabe !

AVP

terça-feira, dezembro 28, 2004

Estes tipos são o máximo

Em reunião recente da Câmara, e de acordo com notícia do Distrito Online, os vereadores Miguel Canudo (CDU) e Francisco Carromeu (PS) discutiram a adequação de um subsídio dado pela CMM ao Instituto das Comunidades Educativas no valor de 6000 euros.
O engraçado é que Carromeu, apesar de dizer desconhecer as actividades do tal ICE, não deixou de se abster na votação da respectiva atribuição, afirmando que “não quer duvidar do vereador que afirma que a relação é excelente, mas [que] não voto a favor porque não dou a minha confiança a coisas que desconheço”.
Não seria mais coerente votar contra a atribuição de uma verba a uma instituição cujas actividades diz desconhecer e, melhor ainda, para actividades que não são dadas a conhecer ?
Esta malta é toda muito civilizada.
No fundo, é porque tudo isto é coreografia e, se o cravo virar rosa, o que mudam são só as moscas, porque a bosta vai permanecer de boa saúde, fedendo em todo o redor.

Mistério resolvido

Depois de lermos e ouvirmos as notícias sobre o atraso propositado no pagamento dos subsídios de doença e desemprego pelo Min. Segurança Social para controlar a derrapagem da execução orçamental de Dezembro, fez-se luz quanto à autoria dos assaltos na estrada desactivada que leva à Vinha das Pedras, junto à Corticeira Ibérica (a reportagem continua no AVV). É, por certo, o respectivo Secretário de Estado, Marco António Costa (esse mesmo, o da distrital do PSD-Porto), ávido de surripiar todas e quaisquer economias a quem de mais frágil e indefeso lhe apareça pela frente.

Esclarecimento necessário

Convém esclarecermos aqui que desde o ataque informático perpretado pela equipa da Cabovisão (certamente formada por moiteiros aficionados) no computador de um dos editores deste blog, sob o pretexto de instalarem a net por cabo, o seu equipamento nunca mais recuperou plenamente do trauma então sofrido. Por isso, está incapaz de aceitar a instalação de programas descarregados da net e, por tabela, o software Hello que permite a inserção de imagens no blog. Deste modo, alguns textos podem surgir antes das respectivas imagens e vice-versa (caso do post com a denúncia de E. Gomes), porque é necessária a comunicação com um outro editor, responsável por essas mesmas imagens. Tentaremos que o desfasamento de tempo seja o menor possível entre a entrada de texto e imagem nos casos em que não têm origem no mesmo editor.

(Pedimos desculpa pela interrupção. A programação normal do blog segue dentro de momentos)

Alerta do nosso leitor E. Gomes


Incluímos aqui a denúncia das situações vividas na Vinha das Pedras por um nosso leitor, acompanhada pela respectiva imagem que nos foi enviada.

Bom dia,

A colocação de uma informação acompanhada de imagens sobre o que se passa actualmente na velha Corticeira Ibérica e com as pessoas que vivem ou que passam na localidade da Vinha das Pedras para apanhar os transportes públicos, a meu ver poderá ser muito proveitosa principalmente para a população idosa.
Como dizem e com muita razão estas pessoas quando necessitam de se deslocar a Alhos Vedros passam como que uma grande aventura, se forem por este local pode acontecer de tudo desde puderem ser assaltados, vítimas de acidentes e mesmo até assediados tudo pode acontecer. De notar que muita gente também tem que utilizar este caminho para apanhar os transportes públicos para o emprego a iluminação é insuficiente e perigo espreita a cada esquina, não existe segurançanenhuma algo tem que ser feito antes de acontecer algo.
Se escolherem ir pela estação de Alhos Vedros como é do conhecimento geral a passagem também foi desctivada tem que ir até meio do Bairro Gouveia para atravessar a linha do caminha de ferro, existem também outras situações que embora sejam do conhecimento da junta deste e doutros mandatos nada ainda foi feito no sentido de as modificar ou melhorar.

Parque Infantil
Os equipamentos estão deteriorados, desajustados, as areias estão poluídas, no seu interior não se vê limpeza os bancos de jardim alguns foram retirados outros tem tábuas partidas ninguém dá autorização para que os seus filhos vão para lá brincar, os idosos esses tem que ficar num local sem sol e junto a linha de caminho de ferro a passar o tempo, quando este parque e devido a sua localização poderia ser ajustado também para eles.

Vala
Nas traseiras passa uma vala que vai desaguar no rio, esta vala está podre e poluída além de estar a céu aberto as águas que lá passam e que vêem do Vale da Amoreira trazem detritos, cheiros o que origina que nalguns momentos não se possa estar perto e por vezes nem mesmo longe, algumas saídas estão obstruídas com o que dificulta a passagem da água além das promessas para resolver este ou outros assuntos nada foi feito.

E. Gomes

As Entrevistas Fabulosas do Repórter AV

Conforme prometido, começamos a nossa série de entrevistas fabulosas com um interlúdio com o exmo Sr. Dr. Jobão Bolo, Presidente da Camarilha Municipal da Moita do Norte do Ribatejo, em que se pode vislumbrar, de forma cintilante, a sua visão estratégica para o futuro desenvolvimento da sua região e o seu génio como líder político local incontestado, vencedor de sucessivas eleições, exemplo para todos os seus concidadãos e figura sedutora para as suas concidadãs.

Repórter AV (RAV) – Senhor Presidente, Excelência, têem-se ouvido algumas queixas por parte de comerciantes dos Alhinhos Verdes sobre o facto de as obras que actualmente se estão a realizar no núcleo histórico não contemplarem estacionamentos para os carros.
Jobão Bolo (JB) – No núcleo quê ? Aquilo são apenas três paredes quase a cair, umas ruínas...
RAV - ... ?
JB – Para responder à sua pergunta, gostaria de dizer que aquelas obras ali em frente da Velhota e nessa ruela que vai até à Igreja, são apenas a 1ª fase dum projecto moderno, inovador e feito pelos melhores arquitectos paisagistas de que dispõe a Moita. Pretende criar-se ali um espaço de passeio pedestre dentro dum enquadramento paisagístico moderno e de acordo com as mais inovadoras técnicas urbano-paisagísticas e...
RAV – Desculpe senhor Presidente, não está a responder à minha pergunta. E quanto aos estacionamentos ? Os comerciantes queixam-se que não havendo depois sítio para estacionar, os possíveis clientes pura e simplesmente se vão embora porque não têm onde deixar os carros.
JB – Calma, calma, lá chegarei... Estava eu a dizer que o enquadramento técnico-urbano-paisagístico e modernamente inovador desse projecto respeita integralmente as necessidades e prioridades de todos e isto inclui também os comerciantes, mas temos que ser mais abrangentes e respeitar todos os outros utentes dos espaços públicos. Ou seja, as crianças, os velhotes, e também todos os outros estratos populacionais que não estão abrangidos nestas franjas da amostragem da nossa sociedade de todo o concelho e neste caso específico de toda a população dos Alhinhos Verdes.
RAV – Parece-me que o senhor Presidente se está a esquivar a responder à minha pergunta.
JB – Que era ?
RAV – Mau... o estacionamento !!
JB – Pronto, era só para ver se se lembrava, está bem, vou-lhe responder à sua pergunta (silêncio prolongado, em que o Presidente aproveita para fazer um telefonema). Só um minuto...!(Falando ao telefone). Está, sim... Riu Garça ? ... Estão-me aqui a entrevistar (murmúrios). Estacionamentos... Sim, sim... Está bem ! Tchau.
(De novo para o repórter AV) – Quanto à sua pergunta, naturalmente que pensámos nos estacionamentos e isto essencialmente para fazer face ao pedido de todos aqueles que se têm manifestado pela falta deles, neste futuro projecto moderno e tudo o mais que já lhe disse.
RAV – E qual é a solução que prevêem ?
JB – Está a ver aqueles edifícios onde se encontrava situado o Hospital dos Alhinhos Verdes, que servia a população de todo o concelho 24 horas por dia e que foi desactivado devido à falta de vontade deste Governo de direita que agora foi destituído pela sua incompetência pelo Presidente Jorge Sampaio...
RAV – Sim, a Misericórdia...
JB – Isso ! E está a ver um outro edifício velho e em ruínas ao lado que está cheio de azulejos velhos e a cair ?
RAV – Sim, a capela da Misericórdia.
JB – Isso, isso ! Está ainda aver aquela coisa velha, pelourinho ou lá o que é, que nem três paredes tem de pé ?
RAV – Sim, o Pelourinho Manuelino, símbolo do poder municipal de Alhos Vedros, que foi concelho durante séculos...
JB – Isso, isso, isso !!
RAV – Sim... estou a ver... continue.
JB – Vamos aplanar todo esse terreno, deitando abaixo esses velhos edifícios que nem três paredes têm e são só umas ruínas e fazemos aí o futuro estacionamento de carros !
RAV – Quer dizer que depois de terem destruído a Cadeia Velha, o processo de destruição do Património irá agora englobar também a Misericórdia, a Capela da Misericórdia e o Pelourinho.
JB – Pois claro, porque pretendemos para o Concelho um modelo de desenvolvimento ... hum, bom, você já sabe.
RAV – Sei, sei... E parará por aqui esta ideia moderna e, hummmmm... você sabe, de destruição do Património histórico de Alhos Vedros ?
JB – Claro que não; a fase seguinte será a destruição daquele edifício velho de duas ou três paredes, totalmente em ruínas, ali junto do Moinho de Maré.
RAV – O antigo Palácio que serviu como segunda sede do concelho de Alhos Vedros ?
JB – Isso ! Temos planos para toda essa área.
RAV – E quais são ?
JB – Vamos construir nesse espaço, que era a Guston, um Hotel moderno e inovador, o primeiro do concelho que estará enquadrado paisagisticamente junto ao rio, o que é sempre uma mais-valia.
RAV – Mas olhe que ali cheira muito mal, por causa dos esgotos que desaguam na caldeira, com os dejectos não tratados da Cidade Sol e do Vale da Amoreira...
JB – Estou a ver que tem o nariz muito sensível, graças a Deus que eu sofro de sinusite. Mas também isso já foi pensado. O Hotel irá ter um sistema que impedirá a abertura das janelas.
RAV – E quando os hóspedes quiserem sair ?
JB – Isso está tudo planeado. Estão uns minibuses sempre disponíveis para levar os hóspedes para usufruírem dos longos passeios do centro de Alhos Vedros, a qualquer hora do dia ou da noite. E antes que pergunte, também já planeámos o seu escoamento do Hotel para os minibuses, que será feito por mangas, como nos aeroportos, para que assim os hóspedes mais sensíveis não sintam a pequena aragem que vem do rio.
RAV – Vê-se que pensaram em tudo; muito bem !
JB – Mas isto é apenas o começo. Ali no sítio onde estão aqueles edifícios modernos, mas em ruínas que ocupam o espaço de terreno até à Igreja, sabe do que estou a falar ?
RAV – Sim, refere-se às antigas instalações da Gefa.
JB – Isso, isso, tudo isso será derrubado e aí será construído o Centro de Congressos Tauromáquicos (que será mais carinhosamente conhecido por Toiródromo) e será também a sede da C.V.C. Taurinas.
RAV – Estou abismado com tanta modernidade.
JB – Ah, ah, ah... e olhe que é caso para isso.
RAV – Já que falou na Igreja, tem o senhor Presidente, alguns planos para este espaço ?
JB – Ora a Igreja ... (ar irónico), a Igreja são apenas três ou quatro paredes quase em ruínas.
RAV – Ah, sim... por isso presumo que também a planeiam derrubar.
JB – Não ! Não !
RAV – Como assim ? Então a Igreja não é também um edifício velho, em ruínas como os outros que pretendem derrubar ?
JB – É, é !!
RAV - E vai daí ...
JB – Vai daí que mesmo não sendo um edifício moderno, inovador e de bom enquadramento urbano, não o derrubaremos porque temos outros planos para ele.
RAV – Sim ? E quais são ?
JB – Sabe que este ano o Orçamento para as Câmaras e o próprio projecto Polis sofreram imensas reduções de fundos e a nova sede dos Bombeiros da Moita não foi contemplada pelas verbas disponíveis. Por isso, e como isso já foi feito com sucesso nos anos 20 do século passado, a Igreja servirá de sede para os Bombeiros.
RAV – Não tenho mais perguntas... Algumas últimas palavras, senhor Presidente Jobão Bolo, Excelência ?
JB – Desejo a todos os cidadãos do concelho um ano de 2005 cheio de prosperidades, modernas e tecnicamente inovadoras, enquadradas no...

BUUMMMM
(Cai um peso de 2000 toneladas em cheio no senhor Presidente, Excelência *)

* Evocação, em jeito de homenagem, aos Monthy Python.


Pensamento do dia

Agora que as vítimas do maremoto que assolou todas aquelas ilhas do Pacífico, já são mais de 50 000, e podem superar as 100 000...é caso para dizer que a Polícia Mundial, os EUA, que nos vigiam a todos através dos mais sofisticados satélites e que podem até localizar um terrorista do espaço e eliminá-lo, se lhes apetecer, parecem ter toda a sua aparelhagem a precisar urgentemente de reparação, porque não detectaram o Tsunami, que demorou cerca de três horas a chegar às ilhas...
Seria possível, talvez, nesse espaço de tempo ter avisado e mandado evacuar as populações para as zonas mais altas e assim salvarem-se milhares de vidas !
Abaixo o "Team America", "Thunderbirds" voltem por favor !

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Blogs na Time

Para quem estiver interessado, na Time desta semana vem um texto sobre blogs e o seu papel na sociedade actual.

Planos para o Ano Novo

Esperamos continuar o plano de enriquecimento do nosso blog para o ano de 2005, com novos textos e novas secções de que se destacam as seguintes propostas:

Análises de fundo

A continuação dos textos de análise do momento político do Manuel Pedro.
O Museu Municpal de Alhos Vedros, texto já há muito esperado na nossa redacção, da autoria de José Silva, o qual se não se despacha se arrisca a ter a caixa de mail inundada de mensagens evangélicas e correntes da fortuna, em ficheiros enormes de PowerPoint.
O Manifesto Eleitoral do António da Costa para as próximas eleições de Fevereiro.
Secção de Entrevistas Fabulosas a cargo dos nossos colaboradores habituais, com destaque para o Manuel Pedro, o António da Costa e, esperamos, o José Silva.

Novas secções, a partir do início de 2005, admitidas como concessão ao direito de contraditório dos moiteiros:

A História vista da Moita, ou como a evolução humana se desenvolveu apenas para dar origem ao Homo Taurinus, pelo Doutor Sidónio Apolinário de Bostinhas Rabinho.

A verdadeira Bíblia explicada aos leigos, em que se fornece uma leitura inovadora dos textos sagrados com base num manuscrito em pergaminho achado a boiar na ribeira da Moita, pelo Professor José Maria Flamenco de Sevilha e Saladeira.

Isto e muito mais, aqui, neste vosso espaço de diversão e prazer, mas sempre de reflexão e crítica, meus amiguinhos e minhas amiguinhas.

12 decisões para o Novo Ano

VII - Como utilizar um carro - As prioridades

Eu sei que aqui na zona, em especial quem tirou cartas de condução numa certa escola da Baixa da Banheira, não era preciso saber conduzir para passar no exame, bastando conseguir meter umas notas dentro de um envelope e, depois de lamber a cola e o fechar, entregá-lo ao instrutor ou deixá-lo no tablier para o examinador.
Mas isso não implica que, com o tempo, uma pessoa não se esforce e não tente descobrir como são as regras de condução, das quais uma das mais importantes é a das prioridades em cruzamentos e afins. A regra é simples, na ausência de sinalização em contrário, dá-se prioridade a quem surge pela direita.
Esta regra, porém, depara com dois problemas: o primeiro é o de muita gente que conduz não saber distinguir a sua mão direita da mão esquerda; o segundo é o de outra tanta gente, ou mais, que conduz ser rudemente mal educada, não possuir um mínimo de civismo e, para cúmulo, achar que a sua forma de condução é o melhor método de se afirmar numa sociedade na qual, segundo qualquer outro parâmetro, não consegue qualquer lugar de destaque.
Por tudo isto, que não é pouco, a regra de grande parte dos condutores é, “DESDE QUE CHEGUE UM MILÉSIMO PRIMEIRO, OU ESTEJA UM MILÍMETRO À FRENTE A PRIORIDADE É MINHA”, atravessando-se à frente dos incautos, independentemente de sinais de stop, estrada com prioridade ou mesmo de semáforos com o vermelho bem retinto. Claro que em estradas e cruzamentos não sinalizados, nem vale a pena falar.
Embora sejam umas bestas sem qualquer respeito pelos outros, se lhes dermos uma buzinadela de protesto, parece que lhes ofendemos a ascendência até ao criado do Afonso Henriques e vá de nos chamarem todos os palavrões que se lembram (embora mesmo nesse campo o seu vocabulário seja reduzido), quando não saiem do carro com ar ameaçador. Já passei por duas ou três situações destas, chegando mesmo a ser perseguido pela Bela Rosa abaixo por um jipe com dois morcões a quem não deixei passar quando vinha do lado do Vale da Amoreira e, à saída do viaduto sobre o caminho de ferro, eles me apareceram disparados do lado da Baixa da Banheira. A coisa acabou em bem porque este tipo de condutor só é bom com o pé no acelerador pois, desde que seja preciso usar um pouco de raciocínio, nem em marcha-atrás vão lá e cortei-lhes as voltas.
O argumento base daqueles com quem ainda é possível diálogo é: “Qual é o problema, veja lá se não me podia deixar passar ?”. A isso respondo que “Sim, realmente podia deixá-lo passar mas se a regra é a meu favor, eu só cedo a passagem se quiser.” Ao que me respondem aos berros, como se eu lhes estivesse a cortar um direito que é meu, segundo as regras. Se não concordam com as regras, podem sempre ir conduzir para Inglaterra, que se anda do lado esquerdo.
Este tipo de condutor reconhece-se facilmente pelo visual. Quando é adolescento borbulhoso, com a testosterona aos saltos, sem rapariga que lhe chegue perto, anda no carro de boné, com ar esgazeado e boca semi-aberta (a baba escorre-lhe a cada asneira que percebe ter feito); normalmente, nem tem carta e o carro não é seu. Quando começa a ser adulto (fisicamente, porque a nível mental nunca passou dos 3 anos e da fase retentiva anal), reconhece-se pela utilização dos óculos escuros (os mais imbecis usam-nos espelhados) e pela acumulação do gel nos apêndices capilares. Já tem carta e, mesmo se o carro é fraquito, gosta de fazer arranques à chico-esperto e pôr daqueles tubos de escape enormes, mesmo se o carro não passa dos 60 cavalos.
Em qualquer dos casos, são estas aberrações que tornam as nossa estradas mais mortíferas que Bagdad em dia animado e dos quais é necessário fugir mais depressa do que dum tsunami a seguir a um maremoto.
Claro que se tivéssemos forças policiais à altura, esta malta era apanhada, multada e, à segunda ou terceira, apreendida a carta e mesmo a viatura.
O problema, é que por cá toda a gente se esforça o mínimo, se acha mal paga e, no fundo, até se sente identificada com estes frustrados do alcatrão.
Façam-nos, por favor, a amabilidade de terem sexo de vez em quando para ver se podemos passar a conduzir sem ser com o coração nas mãos.

domingo, dezembro 26, 2004

Reportagem-choque


Procurando concorrer directamente com a TVI no mercado das reportagens-choque, aqui estamos nós com a nossa proposta de CRIME, DROGA E TERROR (mas esta com uma base verídica).
A pedido de várias famílias residentes na Vinha das Pedras, fizemos uma reportagem fotográfica sobre os assaltos que têm vindo a ocorrer na antiga estrada que fazia a ligação pela passagem de nível, actualmente desactivada, mas que a população da V. das Pedras continua a utilizar.
Os assaltantes escondem-se por trás do muro parcialmente destruído da Corticeira Ibérica e roubam as suas vítimas, que escolhem entre os mais idosos e os mais fracos, como predadores que são, da espécie dos chacais.

Veja a Reportagem completa, brevemente, AQUI.

Não perca.

O subúrbio no seu esplendor



It’s on the front page of the papers
This is their hour of need
Where’s a policeman when you need one
To blame the colour tv?

Let’s take a ride,
and run with the dogs tonight
In suburbia
You can’t hide,
run with the dogs tonight
In suburbia

Pet Shop Boys, Suburbia


E depois não digam que 35 anos de marcelismo e democracia não nos deram nada.
Com jeitinho só falta acabar com o pouco que nos resta.
João Lobo e Rui Garcia, o fim da obra espera por vós.
Deitai abaixo o velho e fazei crescer o novo.
É isso o Progresso, versão CMM.

Ao longe o subúrbio



Lost in the high street, where the dogs run
Roaming suburban boys
Mother’s got a hairdo to be done
She says they’re too old for toys
Stood by the bus stop with a felt pen
In this suburban hell
And in the distance a police car
To break the suburban spell

Pet Shop Boys, Suburbia

Relatório semanal do Sitemeter

Alhos Vedros ao Poder
--- Site Summary ---

Visits
Total .......................... 282
Average per Day ................. 31
Average Visit Length .......... 5:11
This Week ...................... 214

Page Views
Total .......................... 665
Average per Day ................. 71
Average per Visit .............. 2.3
This Week ...................... 496

Para entreter

Quem sempre quis saber a letra exacta daquela canção pop ou rock (ou outra), mas não sabe como, porque o vinil está todo riscado ou o cd é pirata e não traz a capa completa, nada como recorrer ao Lyricsfreak.

Ética jornalística, Direitos de autor e Blogs

Segue-se um texto do Público de hoje em que se analisam casos em que jornalistas fazem peças com base em textos de blogs, não os mencionando como fontes, mesmo depois de contactarem os seus autores (anónimos ou não). Como estamos em festividades, vamos recorrendo ao material de outros, mas sempre citando a fonte.

A Coluna do Provedor do Leitor: Copyright na Net
Por JOAQUIM FURTADO
Domingo, 26 de Dezembro de 2004


DOIS TEXTOS DO PÚBLICO, comentados na blogosfera dos últimos dias. Ambos com origem em blogues, mas publicados sem essa referência.
O leitor Paulo Gorjão, ele próprio "blogger", pergunta a opinião do provedor. Pergunta também o que pensa o jornal e como agiu em ambos os casos. E reclama transparência: "A pior coisa é o silêncio, uma vez que permite que cada leitor (...) forme a sua própria opinião, muitas vezes erradamente".
O primeiro dos casos: na edição do passado dia 15, no caderno Local Lisboa, Catarina Serra Lopes (CSL), colaboradora do jornal, contou o episódio de dois "cartazes anónimos" sucessivamente surgidos na zona do Marquês de Pombal e sucessivamente retirados pelos serviços municipais. O caso fora relatado no blogue "Substrato", cujos autores anónimos eram também os anónimos autores dos cartazes. Disso mesmo - explica Tiago Luz Pedro (TLP), editor do Local Lisboa - informaram o PÚBLICO, o que levou a novos contactos para a preparação do artigo publicado. Nele estão patentes os contactos, mas não a fonte que, originariamente, relatara os factos.
NA EDIÇÃO SEGUINTE, A RUBRICA "O PÚBLICO errou" citava a fonte não mencionada no texto da véspera, reparo que - conforme TLP - surge na sequência de acusação de plágio feita, telefonicamente, pelo "blogger" e depois de o editor ter lido o blogue e ouvido a jornalista: "Sobre as informações que também estavam no blogue, C.S.L. disse-me que tinha tido o cuidado - 'como faço sempre' - de as comprovar uma a uma com o seu autor, que as teria assim transmitido também por telefone. Por isso, disse-me ainda, não se sentiu no dever de referir a existência do blogue no seu texto. Discordei - acrescenta o editor - por duas razões simples: o blogue fora o veículo que nos tinha permitido chegar à fala com os autores dos cartazes e a sua não existência teria tornado virtualmente impossível esse contacto; e porque a simples menção da sua existência permitiria dar informação suplementar ao leitor, para mais sabendo-se que o blogue funciona aqui como meio primordial de publicitação da actividade dos seus mentores". Mas - termina TLP - afastei, de imediato, a tese de plágio: a jornalista limitou-se a recolher informação relevante para o seu trabalho (a origem da ideia dos cartazes e o "modus operandi" do grupo) e serviu-se dela com o único fito de contar uma história que, de outra forma, perderia profundidade e substância; jamais transcreveu 'ipsis verbis' os conteúdos do blogue e teve a preocupação de confirmá-los por contacto telefónico, o meio que lhe pareceu oferecer maiores garantias. Enfim, o que todos nós, jornalistas, fazemos todos os dias, a toda a hora".
CATARINA SERRA LOPES EXPLICA a sua conduta, rejeitando as acusações de plágio: "reafirmo que todo o seu conteúdo foi retirado de uma entrevista telefónica com o autor anónimo do blog Substrato (...) Se as informações contidas no artigo são idênticas às publicadas no referido blog, julgo relacionar-se com o facto da história escrita no blog e no jornal ser sobre o mesmo assunto e contada pela mesma pessoa. A única razão pela qual as citações redigidas no artigo não estão identificadas é pelo direito de anonimato exigido por quem as proferiu e por mim respeitado".
Algumas observações: ainda que se reconheça que a exigência de anonimato possa introduzir alguma ambiguidade na apreciação (se a jornalista contacta os autores do blogue não os quererá omitir) o blogue surge como parte integrante da notícia enquanto fonte e elemento de informação. Devia, pois, ser referido, mesmo que o autor tenha repetido o seu conteúdo à jornalista e não foi. Este erro, não parece contudo autorizar uma ideia daquilo que se entende por plágio, considerando os argumentos de CSL e a apreciação do editor que, de resto, acompanhou o caso de forma adequada, levando à publicação de "O PÚBLICO errou", onde se nomeia a fonte de "algumas informações" contidas no artigo.
O SEGUNDO CASO: NO PASSADO DIA 19, o caderno Local Centro inclui um artigo sobre um edifício de Viseu. Expressões e um excerto do texto, constavam de um "post" antes publicado no blogue "Arqueoblogo"que, no entanto, não era citado. O facto foi reconhecido na rubrica "O PÚBLICO Errou" e, dois dias depois, assumido, em nota da Direcção Editorial, como "grave violação" do Livro de Estilo do jornal: "Por muito que o recurso a múltiplas fontes de informação, situação corrente na produção jornalística, possa, eventualmente, gerar omissões quanto às suas origens, a situação observada é, ainda assim, grave".Informando que, em consequência, fora decidido "suspender, com efeitos imediatos, a colaboração com a autora da notícia", pedia-se "desculpa ao autor das informações usadas sem a devida referência e aos leitores".
A autora do texto é estagiária de jornalismo. Depois de consultada sobre se pretendia intervir nesta coluna, aceitou e reconhece o erro: "Admito que é muito grave ter colocado duas frases retiradas de um blog sem ter referenciado o seu autor e, desde já apresento as minhas desculpas. O tema do artigo, já por si só exigia que me baseasse em meios de informação distintos (...) Consultei o maior número possível desses suportes para que o produto final que viesse a ser publicado fosse consistente e de total veracidade." Marta Rodrigues não é ainda profissional, como sublinha ao afirmar-se "jornalista, mas na condição de formanda".
CONFORME O SUBDIRECTOR AMÍLcar Correia, editor desta peça, "o trabalho de um estagiário nas redacções ou delegações do jornal é devidamente enquadrado pelos respectivos editores das secções para as quais os textos são produzidos e pelos directores de fecho em funções".
Sendo natural que neste enquadramento não haja uma especial preocupação com a prevenção de situações como esta (aspectos primários na aprendizagem universitária) parece natural que, a partir de agora, passe a haver. Poderá, pelo menos, evitar casos de ingenuidade de que - como comenta o director do jornal - este parece ser um exemplo.
José Manuel Fernandes distingue assim os dois casos - Local Lisboa e Local Centro: "o de Catarina Serra Lopes (...) não me parece um plágio do tipo clássico, mas uma forma incorrecta de tratar a informação, pois omite a fonte. A jornalista (...) foi chamada à atenção pelo editor e o jornal editou um "O PÚBLICO errou". O caso de Viseu é mais complicado e mostra sobretudo ingenuidade. A jornalista era uma estagiária, retirou a informação do blog, desenvolveu-a (...) o texto dela era umas cinco ou seis vezes maior (...) para isso teve de realizar investigação própria. Por falta de experiência, ingenuidade, má formação dada na Universidade, copia as passagens do blog tal e qual, quando este só, no fundo, lhe teria dado a ideia".
O JORNAL COMETEU, EM CONCLUsão, dois erros, reconheceu-os nas suas páginas como era, aliás, seu dever, deixando claro quais deveriam ter sido os procedimentos correctos. O processo de reflexão interna produzido pelos responsáveis do jornal e exposto nesta coluna, responde à transparência reclamada pelo leitor.

sábado, dezembro 25, 2004

12 decisões para o Novo Ano

VI – Como não chegar atrasado ou como utilizar um relógio de forma útil

Como tudo o que é básico, é muito simples: basta chegar às horas a que está marcado qualquer compromisso.
Como qualquer pessoa que viva num país normal sabe, cumprir os horários – algo a que se chama PONTUALIDADE, e que é desconhecida em quase todo o nosso país – é meio caminho andado para a eficiência e para a produtividade. Por isso, não admira que continuemos a marcar passo.
Diz-se que o chegar atrasado é um traço de personalidade dos portugueses, em especial no seu torrão natal (perguntem lá aos emigrantes se é assim lá fora). O hábito atravessa idades e classes sociais. Do puto que chega atrasado à Escola com a desculpa mais esfarrapada da paróquia ao senhor doutor que, para alimentar a conta bancária, anda de consultório em posto de saúde, deixando os doentes a “secar” à sua espera, todos abusam em maior ou menor escala. Assim como se encontra desde o plano individual ao institucional, do funcionário público que nunca está no seu lugar à hora indicada no horário aos transportes públicos que chegam quando chegam (há uns anos, a CP era especialista nesta área).
Em Portugal, a gestão do tempo disponível não existe, pois quase toda a gente toma o tempo como um ponto de referência vago e abstracto que realmente é e com aquela atitude de nada disto (os minutos e as horas, quando não os dias) ter importância de um ponto de vista do tempo cósmico.
Toda a gente arranja uma desculpa para a falta de planeamento do seu tempo ou para a pura e simples falta de respeito pelos outros. O relógio, mais do que um instrumento útil é encarado como um objecto decorativo (daí o sucesso esmagador de todo o tipo de Swatch) ou de ostentação (veja-se a vidração de qualquer colunável ou empresário de sucesso em Rolex e Breitling).
No entanto, a organização do tempo é um factor decisivo para aferir como os indivíduos ou os povos encaram a vida e a disciplina indispensável para fazer qualquer coisa como deve ser.
Cá, como nos fiamos no nosso génio natural para o desenrascanço à última da hora, faz-se tudo na véspera, desde estudar para um exame até acabar os acessos para um centro comercial ou estádio de futebol do Euro.
Lembro-me de visitar a Expo poucos dias antes de abrir ao público e de reparar que existiam imensos montes de entulho por remover em algumas zonas do recinto. Uma pessoa ligada à organização disse-me que não havia problema algum porque, se até à véspera não fosse possível removê-los, bastava estender daqueles tapetes de relva que agora existem e que tapam tupo que seja necessário ocultar. E, com efeito, quando lá voltei, lá encontrei umas mini-colinas relvadas, muito a propósito em alguns dos locais que tinham funcionado como “caixote do lixo” a céu aberto.
No entanto, isto não passa de truque, de aldrabice para enganar o próximo.
Quando chamamos a atenção de alguém para o atraso, são invariáveis resposta do tipo, “Oh, homem, deixe-se lá disso, não stresse que lhe faz mal ao coração !” ou “Estou aqui não estou ?” ou ainda “ora não me querem lá ver que se calhar até levas o relógio para a casa de banho ?”.
O engraçado é reparar no choque dos estrangeiros quando batem de frente com este nosso tipo de hábitos. Normalmente, a reacção é de pura incredulidade, tanto maior quanto reparam que, pelo menos por cá, nada é eficaz para contrariar estes nossos encantadores traços de carácter, em especial aquele que afirma que o tempo é uma mera ilusão do intelecto.

«Um suiço tem as coisas facilitadas. Um suiço é alguém que, levantando-se às sete horas, sabe que são sete horas. Mas um português, como saberá ele tal coisa ? (...) O suiço fez-se rico à custa do seu tempo infantil, o português nem se atreve a confiar a ninguém a sua invenção.»
(Gerrit Komrij, Um Almoço de Negócios em Sintra, Ed. Asa, 1999, pp. 143-144.)

Carta ao Menino

Grande carta ao Menino Jesus, enviada pelo blog O Jumento e que, para evitar muito esforço aos nossos leitores, transcrevemos aqui com a devida vénia aos autores (só corrigimos uma ou outra gralha).

Exmº. Senhor Menino Jesus
Dirijo-me a VEXA para lhe pedir algumas prendinhas para um país, o meu, que se chama Portugal; mas cuidadinho, não se engane, não fica algures entre a Macedónia e a Sérvia, estão sempre a dizer que ficamos atrás da Grécia mas é em tudo menos na geografia. Na geografia ficamos aqui à beira do Atlântico, mas não se engane a Espanha só vem até Badajoz, por enquanto ainda não entregámos o rectângulo ao Rei D. Carlos, já estivemos mais perto mas graças ao Dr. Bagão que nos salvou com a massa dos trabalhadores da CGD vamos aguentar pelo menos mais alguns meses.
Se vier do lado do mar cuidado se passar por uma ilha chamada Madeira tenha cuidado que há um tipo que ainda lhe compra as prendas todas e nós por cá já estamos servidos de sifões de sanitas. E se se cruzar com um tal Dr. Alberto, que poderá estar num banco do Jardim do Palácio das Magnólias a ler um livro do Pinto da Costa, não lhe diga que vem para o "contenente" porque se chegado a Lisboa o Menino Jesus der com alguém que diz que quer governar este triste país durante dez anos pode estar perante duas hipóteses: se estiver nas imediações da Avenida do Brasil é um caso de loucura; se estiver nas imediações de São Bento ou nalguma discoteca mais in será um caso de estupidez. Aliás, até é provável que alguém se apresente a dizer que é Santana o Grande, fazendo-se acompanhar de musica do Vangelis.
Esse tal Santana é precisamente a prenda que um infiel Pai Natal de nome José Barroso decidiu cá deixar sem que ninguém lha tivesse pedido. Aliás, deu-lhe vida como se de um Pinóquio se tratasse, a única diferença é que este ficou condenado a ver o nariz crescer quando faz asneiras. Mas tenha cuidado com o rapaz, porque é mau de contas, da última vez que passou um cheque a tesoureira da CM da Figueira da Foz teve que o aguentar mais de um ano.
E que prenda quero para o meu país?Olhe Senhor Menino Jesus não merece a pena dar-nos o Brasil porque o ouro que de lá trouxemos da outra vez não serviu de nada, nem mesmo meia África ou a Índia nos serviriam de muito, como vimos do passado. A única prenda que nos deu no passado, a entrada para a CEE, já está quase gasta, metade usou o Cavaco para as auto-estradas, a outra metade para os Mercedes que lá andam; e mesmo essa somos nós que as pagamos nas portagens, mesmo as que já foram pagas.
Sair e entrar na CEE seria uma boa solução mas receio que se sairmos para voltarmos a beneficiar de mais umas ajudas, é provável que os outros aproveitem para se livrarem de nós e agendem a nossa próxima adesão para depois da Turquia. Aliás, com esse Santana Lopes no poder nem no Magrebe nos aceitavam.
Se não vale a pena oferecer-nos África, a Índia e o Brasil e se entrar outra vez na CEE é uma escolha arriscada, resta a América; mas os americanos nem sabem que Portugal existe e o mais provável era pensarem que iam pertencer a Espanha, e sem o Aznar duvido que aceitem. Isto é nada que nos ofereça nos pode ajudar. Talvez não seja má ideia que desta vez sejamos nós a oferecer as prendas, talvez este país ficasse mais aliviado, eu ficava.
Olhe, começava por lhe oferecer um Bagão Félix, que ao que dizem já se reformou do BCP mas que ainda está em boa idade; para além de ser um cristão exemplar tem um jeito especial para dar, como prova o orçamento natalício com que nos prendou.
Pode levar também o Paulo Portas, um bom rapaz, casto e de boas maneiras que faz a inveja a qualquer mãe. Não lhe servirá de grande coisa, mas é bom para programas de evangelização em feiras e mercados.
Também lhe ofereço o Santana Lopes, não é de grande valia, mas com ele o Céu nunca mais será o mesmo; só tem que cuidar das santinhas, pois se virar as costas vai acabar por perceber como o ar santinho com que se apresentam já não será igual ao que era.
Estas são as melhores prendas que nos podia levar, mas há muitas outras; leve também o Pina Moura, o Luís Filipe Menezes, o António Preto, o Marco António, o Pires de Lima, o Narciso Miranda, o Fernando Gomes, o Pinto da Costa, o Valentim Loureiro, o Souto Moura, o Dias Loureiro, o Jerónimo de Sousa, a Catalina, a Manuela Ferreira Leite, a Cinha Jardim (sempre dá jeito mais uma companhia feminina), o Jardim Gonçalves, o Espírito Santo (este é outro, nada tem que ver com Aquele em que está pensando), a Celeste Cardona, o José Barroso, o Luís Delgado, o Almerindo Marques, o Vasco Valdez, o Guilherme Silva, a Caeiro (esta também deve ter um tio padre e certamente será competente para sua secretária de estado), o Martins da Cruz (há-de precisar de uma cunha no Inferno), o Ludgero Marques, o Alberto João e o amigo dos sifões de sanitas e mais uns quantos que podem ir nó próximo Natal.
Se não couberem no Céu não faz mal, guarde-os no Inferno que é para perceberem como deixaram este país.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

BOAS FESTAS ;))



Feliz Natal para todos os Leitores do blog Alhos Vedros ao Poder

Lucidez

«Sempre tive um posicionamento de esquerda, sem ser um activista. A leitura e a escrita deixavam-me pouco tempo disponível. Os últimos acontecimentos tenho-os seguido com curiosidade, apreensão e desgosto. Sobretudo desgosto, porque se vive um espectáculo de degradação moral.»

Mário Cláudio, Prémio Pessoa 2004, no caderno Actual do Expresso deste fim de semana, no fim da página 13.

Assino por baixo e só posso agradecer-lhe que assim tenha expresso tudo o que penso sobre o assunto de forma tão clara e concisa.

Prendas no sapatinho

A partir de hoje passamos a inclui o contador de visitantes Bravenet e a ligação para um cartoon diário, que o Pai Natal nos deixou no sapatinho. São tempos de crise, é o que se consegue arranjar para os nossos leitores.

Boa educação


Aqui estão os simpáticos votos de Boas Festas, enviados pelo pessoal do blog O Jumento.

Instantâneo inesquecível


Imagem que retrata o momento de felicidade suprema de qualquer moiteiro aficionado da festa brava que se preze.
Nesta véspera do grande dia da concórdia e harmonia entre as mulheres e os homens da Terra, só podemos pedir ao Pai Natal que o desejo se concretize em toda a sua plenitude.

Moiteiro a caminho da Consoada


Indígena da Moita e por inerência aficionado da festa brava a caminho da Consoada, acompanhado do seu fiel corcel branco Roncinante, companheiro de tantas lides gloriosas na Praça de Toiros Daniel do Nascimento.

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Requalificação urbana ? - Parte II


Esta imagem, como todos reconhecerão, corresponde à esquina da Travessa do Mercado com o início da Rua Cândido dos Reis.Em outros tempos seria o cruzamento da via que saía da zona da Igreja Matriz em direcção à Moita com a esquecida Rua Direita de Alhos Vedros.
Não sei se este tipo de zonas serão consideradas "históricas" pela CMM.
Sei que há duas décadas que estão ao abandono.
Também sei que me vão dizer duas ou três banalidades:

1) Que o valor arquitectónico destas casinhas é reduzido.
2) Que no estado em que estão mais vale demoli-las.
3) Que sendo de propriedade privada a autarquia não pode intervir.

A isso responderei:
1) Não é só de construções monumentais que se faz o património e se revela a identidade de uma comunidade.
2) Que chegaram a este estado pela inacção de muitos anos dos poderes locais.
3) Que julgava ser do programa político do PCP a defesa da intervenção do Estado nas mais variadas esferas da sociedade. Que os laranjinhas, ou até os rosinhas desmaiados, usem esse tipo de argumentos, compreendo. Que quem domina a CMM o faça, acho incompreensível atendendo aos princípios ideológicos que afirma defender.

Meus senhores, a requalificação urbana também passa por aqui ou, ainda melhor, passa prioritariamente por aqui. Pelas pessoas, pelos locais onde habitam ou habitaram. Sem zonas residenciais vivas, as zonas centrais, históricas ou não, tradicionais das localidades definham lentamente. Como aqui!
Infelizmente, quem tem detido este tipo de pelouro no poder moiteiro é pouco sensível a estas coisas e só percebe a linguagem do cimento, do tijolo e do betão, que é para condizer com o que se lhe aloja entre as orelhas.

Requalificação urbana ?


No Alhos Vedros Visual instalou-se uma pequena polémica sobre a nossa atitude perante as obras em decurso na Praça da República e Rua 5 de Outubro, alegando um nosso leitor que tendemos a dizer mal só por dizer de tudo o que é feito ou não.
Como lá já respondemos, achamos que devemos dar a nossa opinião sobre o que não tem sido feito em Alhos Vedros (muito) e sobre o que tem sido mal feito (cada vez mais).
Para além disso, consideramos que aquilo a que chamam requalificação urbana na CMM passa, pelo menos no que toca a AV, por operações superficiais de cosmética que não vão ao cerne da questão, ou seja à degradação de grande parte da zona residencial do que já foram artérias nobres da vila, mesmo se formadas por habitações modestas.
Será inútil falar do valor da arquitectura chã aos políticos que se sentam na CMM e de tudo o que uma verdadeira requalificação urbana implica. Para eles, o que interessa é espalhar um bocado de betão para dar um maior valor aparente às zonas onde, depois, se irão deitar abaixo os edifícios antigos e erguer caixotes de apartamentos sem um mínimo de qualidade ou valor estético.
Foi o que aconteceu em outros locais da nossa terra, mesmo quando estavam em causa construções com valor histórico (veja-se o caso recente da Cadeia) ou estruturas com impacto cultural (caso mais distante do velho Cinema), trocadas por casario que podia estar ali ou em outro canto qualquer de Alhos Vedros.
Desde que os particulares com poder económico levantem a voz, a sua vontade é feita.
O que é estranho é isto acontecer numa autarquia PC que, por norma, seria mais sensível a estas questões. Veja-se o trabalho de Câmaras como as de Palmela ou Seixal e teremos uma noção da má qualidade dos nossos autarcas. Nesses concelhos, os velhos centros municipais mantiveram-se, apesar do crescimento de núcleos urbanos maiores em seu redor e tem sido dado valor ao Património e à História.
Se a Moita não tem património histórico que se veja ou é de passado curto, isso não é razão para enxertar o de Alhos Vedros. Pelo menos, podiam aproveitar o que existe e não contribuir objectivamente para o seu desaparecimento.
Mas, enquanto a vida de alguns se alimentar de vaidade e a relevância política se medir pelas fotos nas publicações oficiais, estamos tramados.
E, para que fique esclarecido, também não é com as oposições locais que existem, sedentas de um poder que nunca tiveram mas mal preparadas, sem propostas concretas e compromissos sérios, sem uma visão estratégica de desenvolvimento sustentado, ou apenas a pensar em outros voos, que melhoramos o panorama.
A solução passa pela intervenção cívica de todos os que, fazendo sentir o seu desagrado, consigam obrigar as camarilhas políticas do nosso concelho, a interessar-se pelo futuro de todos, enquanto comunidade, e não só no seu futuro político.
E não chega fazer apenas pressão até se conseguir o subsidiozinho para a a iniciativa dedicada aos amigos ou a participação em grupos de trabalho, de estudo e quejandos. Ou seja, protestar até cair a migalha desejada da mesa dos Senhores.
Porque isso é apenas uma outra forma de colaboracionismo.

É Só Rir

Na secção de links "É Só Rir", adicionámos o do Blogue dos Marretas.
É o prémio por manterem um bom nível e em virtude da competição humorística (à excepção do Governo que fenece) andar muito parada (Gato Fedorento, Trombeta, Anacleto, etc).

A análise política de Manuel Pedro

Chegou-nos a segunda parte da análise do momento político por Manuel Pedro. Agora é a vez de escalpelizar a situação do PS e do seu líder, José Sócrates.

E agora, José ?

José Sócrates venceu as eleições internas para Secretário-Geral do PS com uma maioria absoluta de mais de 80%.
Numa eleições em que se apresentavam três candidatos, João Soares teve uma votação humilhante de dois dígitos, já não sei se foi 1,6% ou 1,8%, enquanto Manuel Alegre apesar da dinâmica que impôs à sua campanha e da criação de um blog bastante aberto às opiniões externas, quedou-se por cerca de 16%.
Não foi desta que o PS reencontrou as suas raízes de esquerda.
O aparelho teve mais importância que os militantes de base e o aparelho do PS há muito tempo que tem o socialismo na gaveta e, pior do que isso, perderam a chave (como diz um amigo meu...).
E agora, José ?
O que fazer com esta quase unanimidade. É que uma coisa é o PS, outra é o País!
Não é tão linear a vitória do PS nas próximas eleições, muito menos a sua vitória por maioria absoluta.
A proximidade de Sócrates a Guterres é um facto que os Portugueses dificilmente engolirão. Porque o guterrismo foi uma nódoa negra na história do PS e criou bastantes anti-corpos no Portugal profundo, ao criar os jobs para os boys e ao perder dois referendos, o da regionalização e o da IVG, que neste caso ainda foi mais grave porque o próprio Primeiro-Ministro deu a cara pelo “Não” devido às suas opções religiosas, enquanto o PS apoiava o “Sim”.
Foram tempos difíceis porque se perderam oportunidades de investir nas potencialidades de Portugal e dos Portugueses e ao invés disso esbanjou-se dinheiro com a Expo 98, capitais da cultura e etc.
Eram tempos de vacas gordas, que tinham de ser aproveitadas para Portugal dar um passo em frente no caminho da modernização e apenas marcámos passo. Muita parra e pouva uva é a análise sintética da governação guterrista.
O culminar desta governação sem sentido foi a fuga de Guterres às suas responsabilidades, abandonando o cargo de Primeiro-Ministro, obrigando assim o Presidente da República a antecipar eleições. Guterres poderia, se quisesse, inverter a sua política e governar à esquerda como desde o início deveria ter feito, mas preferiu fugir. O que apenas serviu para o PSD e o PP ganharem as eleições, com os resultados catastróficos que se fazem sentir na vida actual dos Portugueses.
Será que Sócrates irá continuar (como tudo leva a crer, até pela equipa que o rodeia), os erros da governação do Guterrismo, de que fez, aliás, parte ?
Ou será que apresentará aos Portugueses uma ideia estratégica de desenvolvimento para o País, que está parado e não avança ?
Sou levado a crer que, infelizmente, será a primeira hipótese.
A primeira coisa que Sócrates disse quando o Presidente da República anunciou que iria dissolver a Assembleia da República foi que já tinha o apoio de António Vitorino para a formação do próximo governo socialista.
Ora isto fica mal a um líder que nas eleições internas para Secretário-Geral do PS sempre afirmou que Manuel Alegre não se candidatava a PM mas ele sim !
Uma candidatura com tal força (pelo menos de palavras) deveria ter uma base mais sólida de fundamentação da sua própria estatura de futuro PM e não se apoiar, pelo menos tão visivelmente, na estatura (e isto não é piada...) política de António Vitorino.
Dizem que em política o que parece, é !
E parece que Sócrates não tem bagagem ideológica, nem técnica, para ser um bom PM.
A nível ideológico, a sua postura é muito semelhanmte à da ala mais à esquerda do PSD e fez o PS ocupar esse mesmo espectro político; as diferenças são apenas de forma, porque o conteúdo no fundo é o mesmo.
A nível técnico, falta-lhe a sabedoria do conhecimento do Portugal real e dos problemas com que todos os dias os Portugueses se debatem, e essencialmente falta-lhe a audácia para tomar medidas impopulares para com a classe mais medíocre que existe em Portugal e que são os empresários.
Os empresários em Portugal não inovam, não apostam no design, não investem na imagem de marca e na qualidade do produto final e preferem apresentar produtos medíocres a preços baixos, isto devido a mamnterem mão-de-obra barata.
Mas, por muito barata que seja a mão-de-obra em Portugal, ela ainda é mais barata na Índia ou na China !
A verdade é que Sócrates não esperava que o Presidente da República dissolvesse agora a Assembleia da República e gostaria que o PSD e o PP governassem até ao final do mandato, mas os conselheiros do Presidente e a classe empresarial forçaram a que isso acontecesse, porque não se podia mais aguentar esta instabilidade política e económica que o governo de Santana e Portas deram ao País.
Sócrates precisava de mais dois anos para se rodear de pessoas de valor e de bons conselheiros.
E agora, José ?
Para terminar, imaginemos que dentro do PSD e devido à incompetência visível e, pior do que isso também à invisível, de Santana Lopes, se forma uma espécie de Conselho de Sábios que apresente uma moção em nome da salvaguarda do PSD enquanto partido político, de expulsão de Santana Lopes do cargo de Secretário-Geral e por exemplo metem Marcelo Rebelo de Sousa como candidato às próximas eleições.
Será que Sócrates tem arcaboiço para aguentar este Titã da política nacional ?
Quantos Socratistas iriam votar em Marcelo ?
Entre os Portugueses sabe-se bem a popularidade de que Marcelo desfruta e a simpatia que granjeou em todas as classes sociais...
Pois é, os tempos serão fáceis para Sócrates se o seu adversário for Santana Lopes.
Que saudades deve ter Sócrates dos debates a dois na RTP-
Mas Portugal é mais importante que Sócrates ou Santana e espero que os Portugueses votem em projectos de desenvolvimento para o País e não em personagens comuns, que apenas são mais ou menos fotogénicos ou telegénicos.

Manuel Pedro

22 de Dezembro de 2004


Demissionário ao quadrado

O ministro Nobre Guedes ameaçou, ou considerou, demitir-se de um governo demissionário.
Esta nunca tinha visto. Alguém demitir-se depois de já estar demissionário.
Estamos numa época em que sentido de Estado são palavras sem conteúdo.
Estamos numa época em que o governo ficou entregue a um conjunto de putos sem qualquer noção de reserva, disciplina e sentido do dever e serviço à causa pública.
Estamos numa época em que ser governante é uma fase intermédia no currículo, meramente preparatória do acesso ao que interessa.
Estamos numa época de fenómenos do Entroncamento.
Pior, estamos numa época em que somos governados por fenómenos do Entroncamento (salvaguardado todo o devido respeito ao habitantes desta simpática localidade e a todas as galinhas de três patas, bezerros de duas cabeças, cenouras de 2 metros e nabos de 5 quilos que por lá tenham nascido ou venham a nascer).

12 decisões para o Novo Ano

V – Como utilizar um carro – Os faróis

Uma das partes integrantes de um veículo motorizado corresponde a uma coisa chamada faróis. Servem para iluminar o caminho, quando está escuro, e para nos tornarmos vistos pelos outros, nas mesmas circunstâncias.
Se nos concentrarmos só nos da frente dos automóveis, para não vos tomar muito tempo, temos os mínimos, médios, máximos, eventualmente os de nevoeiro e, por último, por vezes uns holofotes que os maníacos do tunning e afins gostam de colocar nas suas carripanas,
Ora bem, o que se passa é que grande parte do pessoal perdeu o sentido original de cada conjunto de faróis.
Os mínimos, como servem apenas para sermos vistos, raramente alguém os usa. Estão lá, mas é como se não estivessem. Andar apenas com mínimos é como declarar que se é impotente (homens) ou que se tem um peito muito flat (mulheres).
Os médios, que servem para iluminar, em especial quando estamos em estradas frequentadas por outras pessoas e dentro das localidades, são usados com alguma parcimónia.
Já os máximos, qual demonstração de masculinidade impante, são usados indiscriminadamente em qualquer situação por aqueles que confundem excesso desnecessário e desrespeito pelos outros com uma manifestação de um qualquer poder ou ostentação. E, à custa disso, quando nos cruzamos com eles lá temos que levar com aquela artilharia toda em cima dos olhos, o mesmo se passando quando se deslocam atrás de nós e nos encandeiam com o farolame no retrovisor.
Algo parecido se passa com os faróis de nevoeiro. Por estranho que pareça a muita gente, os faróis de nevoeiro são para usar quando... há nevoeiro. Não em qualquer circunstância, só porque é noite ou ainda está a anoitecer. Por exemplo, não são para usar quando chove, porque a luz se espalha e não ajuda ninguém, para o caso de ainda não terem reparado (o mesmo se passa com o farol traseiro de nevoeiro). Então quem usa faróis de nevoeiro na grelha do automóvel ou com dimensões irregulares – a la tunning – só levando marteladas incessantes nos miolos.
Um outro costume estúpido à brava é a regulação diferenciada dos faróis, por forma a ter um mais forte e outro mais fraco.
Meus amigos e amigas, isso é uma treta e uma estupidez sem qualificação porque há os que acham que devem iluminar mais a berma (achando que assim não incomodam que vem de frente) e os que acham que devem iluminar mais o centro da via. Afinal, no que é que ficamos ?Em qualquer dos casos, isso só ajuda a confundir que se cruza convosco e que, à distância, em estradas mal iluminadas, pensa estar a ver duas motas, uma mais longe do que a outra.
Depois, há ainda aqueles faróis azulados, de halogéneo ou o raio que os parta, que parecem as luzes que se deixam à noite nas lojas para matar os insectos ou que existem nos dentistas para eles nos inspeccionarem a boca.
Deixem-se disso. Digam o que disserem, tudo isso não passam de tiques de adolescência mal resolvida de quem acha que o carro e a sua forma de condução são formas de afirmação na sociedade. Seja dos que têm um turbodiesel alemão (Audi, VW e afins), topo de gama, com tudo em cima e se acham os maiores, seja dos que têm um Fiat Punto ou um Opel Corsa 1.2 mas que, com uns g’andas faróis sempre no máximo, acham que mostram todo o Ayrton Senna que há dentro deles.
Desculpem que vos diga mas, quase sempre, há qualquer problema na vossa cabeça por resolver e o que é pena é que são os outros que convosco se cruzam na estrada que levam com as consequências.
Por isso, cresçam e deixem-se de enfeites.

Um numeroso obrigado

quarta-feira, dezembro 22, 2004

12 decisões para o Novo Ano


IV – Como não cuspir para o chão

Basicamente, o segredo é manter a saliva na boca, não a dispersando pelos arredores, seja na forma de chuveiros de perdigotos supersónicos, seja na de densas e sonoras cuspidelas para o chão.
Outro traço do comportamento quotidiano nacional, a bela escarradela é motivo de admiração para quem nos visita (leiam este testemunho) e tem outros hábitos de conduta, para não dizer de higiene.
Há um século, ou mesmo meio século, era um problema de Saúde Pública porque funcionava como agente propagador da tuberculose (ver detalhes nesta página) e, por isso mesmo, se tentou erradicá-lo à custa de coimas.
Mas isso foi no tempo da Outra Senhora.
E, com o advento da Democracia, o direito à cuspidela voltou como conquista de Abril arrancada às trevas do fascismo.
E nas nossas ruas lá voltou o som do escarro bem puxado à rectaguarda, seguido do silvo do lançamento, mais o splash do impacto na calçada, para não falar da perdigotagem em redor e do efeito profundamente estético no chão.
O que, digam o que disserem, está errado.
Arranjem pacotinhos de lenços de papel (são baratos...) e quando o gorgomilho se vos parecer muito atacado puxem discretamente a substância pegajosa que tão cuidadosamente produziram e depositem-na num dos ditos lenços. Garanto que não é coisa que vos faça mudar de orientação sexual. E é muito menos desagradável para quem vos rodeia.
E, crianças, adultos do amanhã, lá porque os jogadores de futebol cospem (para não falar daqueles lançamentos de muco nasal dignos de competição olímpica) que nem uns alarves durante os jogos de bola, não quer dizer que o devam fazer também.

Stand-up comedy

Hoje no Funchal, em espectáculo memorável:
Pinto da Costa propõe Alberto João Jardim para Presidente da República.
Alberto João Jardim aponta Pinto da Costa como exemplo para o país.
São uns pândegos estes dois.
Só não sei se em vez de stand-up não farão sit-down comedy, pois no estado etílico em que se deviam encontrar dificilmente se aguentariam de pé.
E ainda dizem que concordam com a regionalização.
Já se vê porque é que o respectivo referendo deu no que deu.

Curiosidades

Por estranho que pareça, no site da Câmara do Montijo encontra-se o texto incluído abaixo (no parágrafo dedicado à história da CMMontijo) que, na nossa opinião, contém um equívoco. A Aldeia Galega não pertencia ao termo de Alhos Vedros mas ao de Sabonha, localidade próxima do local onde agora fica o lugar de São Francisco. No entanto, não deixa de ser curioso que no Montijo não existam problemas de assumir a sua pertença aos limites de Alhos Vedros quando na Moita isso se procura esconder.


Câmara Municipal de Montijo
História Administrativa:
Aldeia Galega pertenceu ao termo de Alhos Vedros e recebeu Foral, doado por D. Manuel, em 15 de Setembro de 1514. Em 17 de Janeiro de 1515, o mesmo monarca, doou Foral conjunto às Vilas de Alcochete e Aldeia Galega. Os dois concelhos só viriam alcançar plena autonomia em 27 de Janeiro de 1559, quando estabeleceram um acordo para separar as jurisdições e ofícios.

As salinas antes do parque


Esta foi a primeira foto que usámos no Alhos Vedros Visual.
São as salinas que existiam há meio século, onde agora fica o Parque que lhes ficou com o nome.
Esta zona com o seu passado de salicultura (salinas), pesca (cais) e moagem (moinho) teria sido ideal para um Museu Municipal das Actividades Tradicionais.
Será sobre isso que o nosso amigo José Silva escreverá brevemente.

Para breve

Respondendo ao nosso apelo de colaborações, prometem-se para os próximos tempos textos de Manuel Pedro (continuação da sua análise do momento político) e de José Silva (sobre o imperativo de um Museu Municipal em Alhos Vedros).

Um CD


25 anos depois (isto hoje está muito revivalista), as músicas do pós-punk e da new wave numa revisitação em ritmos bossa-nova e ambiente lounge. Grandes versões de Teenage Kicks dos Undertones, de Love Will Tear Us Apart dos Joy Divison, de Too Drunk to Fuck dos Killing Joke e The Guns of Brixton dos Clash. São os Nouvelle Vague e o álbum do mesmo nome.

Uma série de culto


Cerca de 35 anos depois, uma colectânea da série que mudou por completo o humor em TV.
Menos de 18 € por hora e meia de puro prazer, com vantagem de não haver risco de se apanhar qualquer doença desagradável. Em suma, um bom negócio.

Um filme


Grande, grande filme de animação para miúdos e graúdos.
O DVD não é barato, mas também não tem um preço pornográfico (abaixo dos 20 €).

terça-feira, dezembro 21, 2004

Um pouco de polémica

Está a ser bem-vinda no Alhos Vedros Visual uma polémica sobre a adequação, ou não, das obras em curso em Alhos Vedros.
Se continuar, pensamos transferir os respectivos textos para aqui.
Quem quiser contribuir pode lá colocar a sua opinião (prometemos respeitá-la, como sempre, desde que não entre em desvarios linguísticos) ou mandá-la para avedros@clix.pt.
Só gostaria de pedir para não nos andarem a acusar sempre de sermos do PS.
Caramba, pode haver entre os nossos colaboradores quem simpatize mais com este ou aquele mas quer-me parecer que se há algo de que não podemos ser acusados é de alinhamentos partidários.
Para acabar, só dizer que andamos há uns tempos a pensar acrescentaraqui uma funcionalidade para colocarem directamente os comentários na nossa caixa de correio, pois parece que poucos vêem o endereço no nosso cabeçalho.

Um livro


Para termos algo com que (e não de que) nos rirmos nos tempos que correm.

1000000000 mil milhões de Euros, precisam-se !

Urgente !
O governo corre o risco de não cumprir o déficit imposto pela UE, e não atingir assim a meta de 3%.
Por isso e devido à urgência do de entrada dessa soma no OGE, fazemos aqui um apelo a todos os leitores do Blog, para que enviem rapidamente donativos para a nossa conta, que depois prometemos que damos tudo a Bagão Félix, e assim ajudaremos este governo a cumprir esta difícil missão de cumprir o déficit.
A Bem da Nação Laranja.

Interlúdio

Depois de vermos a conferência de imprensa de Bagão Félix pelas 13 horas e qualquer coisa, a brandir a folha do Financial Times em que fala dos desmandos das contas públicas alemãs, decidimos recuperar um episódio quase esquecido da sua vida enquanto aluno da primária:

Professora: Menino António, o que é que está a fazer ?
António B.F.: Nada, senhora professora.
Prof: Não diga isso, que eu bem vi o que fez e ouvi o que estava a dizer.
Ant.: Senhora professora, eu só fiz porque fui obrigado.
Prof.: O quê ? Então obrigaram-no a falar alto e a tirar coisas aos seus colegas mais pequenos ?
Ant.: Ó senhora professora, então e o matulão do Manel da 4ª classe que está sempre a fazer coisas piores ?
Prof.: Não quero saber do Manel; ele não é desta sala. É a si que eu estou a ver. Menino António, comporte-se como deve ser.
Ant.: Professora, é injusto. O Manel é maior que eu e faz coisas piores e não lhe acontece nada. Eu sou um incompreendido. Estou muito infeliz (houvem-se soluços embargados e vislumbra-se uma lágrima ao canto do olho).
Prof.: Menino António, pare de se queixar ou vai de castigo.
Ant.: É injusto, muito injusto (voz de Calimero) , eu não fiz nada de mais.
Prof.: Já de castigo, antes que lhe dissolva a mão à reguada.
Ant.: (sons abafados ininteligíveis).