quarta-feira, novembro 30, 2005

Antes pelo contrário

Em conversa com um amigo meu mais para o lado conservador, lá levei a minha roda de acusações de ser um comunista encapotado, etc, etc, só porque defendi que o Estado tem um papel regulador na sociedade de que não se pode eximir, em especial na nossa sociedade civil, estruturalmente fraquinha e vulnerável aos lobos maus que por aí andam.
Isto porque cada vez mais, acho que quem está a dirigir o Estado cada vez pensa e age menos em termos do que é o interesse público, cedendo aos interesses privados em nome de um discurso agora politicamente bem-pensante de menor peso do Estado ou de um pragmatismo de marca branca.
Balelas.
No entanto, muitos dos meus críticos que visita(va)m o AVP acusam-me de ser um anti-comunista primário, porque isto e aquilo (confesso que nunca me explicaram muito bem porque faziam essa acusação, portanto não a posso aqui resumir).
Na realidade, as duas acusações nem estão certas, nem estão erradas.
Antes pelo contrário.
E é fácil perceber porquê, ou pelo menos eu acho que é fácil.
A resposta ao enigma é simples: eu não sou comunista, mas não tenho nada contra quem é, em especial se agir como tal.
O meu problema é com quem diz que é, mas não se comporta como se fosse.
Para mim - e por isso sempre tive dificuldade em colar-me a ideologias - os princípios proclamados e os actos praticados devem bater certo; e devem manter-se coerentes, mesmo na adversidade. Não quer dizer que não se mude de opinião, mas a teoria deve bater certo com a prática e vice-versa.
E isso cada vez se vê menos.
E o mesmo é válido para os crentes religiosos, sejam eles de que credo forem.
Não me venham cá com o pecado, o pecado, o pecado, e depois lá vão ao domingo confessar-se, lavar a alma, e segunda-feira voltam ao mesmo.
Por isso, em vez de andarem a bater no peito e a gritar as suas fés, todos os fundamentalistas e ortodoxos, religiosos, políticos e outros, mais valia olharem para as suas práticas.
Eu sei que a minha posição é mais cómoda - não tenho uma grande ideologia que respeitar -mas também é mais difícil, porque precisei de encontrar uma ética própria de comportamento e não tenho depois as fileiras do resto do rebanho a encobrir-me em caso de ataque exterior.

AV1

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