O Povo ao Poder!

A revista Time, numa decisão histórica pela simplicidade mas também pela originalidade, decidiu designar todos nós como Personalidade do Ano, graças à Internet e ao facto da produção e circulação de conteúdos ter deixado de ser um monopólio ou oligopólio.
Agora todos podemos criar o nosso espaço, produzir opinião, verificar factos, desmontar mistificações, registar e divulgar imagens em variados suportes, ou seja existe, pelo menos na sociedade ocidental, uma quase completa democratização da produção e acesso à informação, numa explosão que se equipara ou ultrapassa o que se passou na sequência da divulgação da imprensa por Gutenberg.
Este admirável mundo novo oferece enormes possibilidades.
A Internet, mais do que o futuro, é o presente e se devidamente usada, fugindo ao controle intelectual/ideológico mas também à coacção de tipo físico (limitações ao acesso, ameaças sobre as pessoas), é um instrumento poderosíssimo.
Infelizmente, há por muitos lados, incluindo este recanto sob dominação moiteira, alguma gente céptica, outra incrédula e uma outra parte aparentemente incomodada.
Mesmo alguns dos que aderem em vez de usarem o novo meio para transformar, avançar, quebrar barreiras, preferem repetir, repetir, repetir, funcionar apenas como caixa de ressonância ou de duplicação do que existe em outros suportes.
E os outros apenas querem controlar, controlar, controlar, identificar, nomear, catalogar, neutralizar.
Mas esse é um esforço vão, pois remam contra o inevitável, mesmo se ainda se sentem na crista da onda.
Só que todas as ondas se desfazem.
Por isso é que perderam o comboio da História mais de uma vez.
Desta vez estão a perder mais do que a História, estão a perder a hipótese de serem Livres, se não por fora pelo menos por dentro.

AV1