Com a nossa alegre exploração inicial do comportamento maravilhosamente exótico e despropositadamente fanfarrão do moiteiro, fomo-nos esquecendo de analisar devidamente o carácter do alhosvedrense típico ou, pelo menos, naquilo que ele se foi tornando.
E isto é importante porque a decadência de Alhos Vedros deve-se também à acção negativa do poder moiteiro como à natureza complacente e algo apática do alhosvedrense, mesmo quando é encoberta com alguma gabarolice inicial.
É triste, mas é verdade.
Muitos daqueles alhosvedrenses que mais bradam por isto ou aquilo são aqueles que, quando confrontados coma possibilidade de agirem e afirmarem a ruptura, preferem pactuar, não ferir susceptibilidades, entrar em compromissos, não levantar grandes ondas, em especial quando deixam o seu quintal particular em paz.
A rua pode estar imunda, mas desde que da sua porta para dentro esteja tudo limpinho, não há problema.
Nas últimas gerações, e ao contrário do que vi e ouvi das gerações anteriores à minha, os laços de solidariedade foram-se esboroando e perdendo força e capacidade de resistência às adversidades.
Por isso, e digo-o sem problemas de estar a ser injusto (porque o não acho) ou de até existirem razões para isso (que as há, nomeadamente a dificuldade que foi crescer em AV em certos períodos), muitos alhosvedrenses são do género daqueles "meninos" que, quando se pede que os voluntários para algo dêem um passo em frente, eles, pelo sim pelo não, dão sorrateiramente dois à rectaguarda, que é para deixarem os mais incautos logo à vista.
Quando chega a hora de fazer o manguito a sério, dá-se-lhe um torpor nos braços que é uma maravilha, mesmo que o cotovelo venha depois a doer bem mais. Nesse aspecto, o alhosvedrense é a face triste do Zé-Povinho.
E, posso-vos garantir, com esta história do PDM vai ser o mesmo.
Até pode haver muito gargarejo inicial mas, quando chegar a hora da verdade, passó outro e nadó mesmo, que eu na minha vidinha não tenho nada a ganhar com isto.
AV1
(Espero que se tenha percebido que estou a falar no alhosvedrense típico e não no nosso amigo Alhosvedrense, bloguista nas horas - ultimamente mais nos minutos - vagas).
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