sexta-feira, agosto 14, 2009

Suas senilidades polemizam

Ataque de Saramago:
«Um Rei assim
O rei assim é o sr. D. Duarte de Bragança, pessoa medianamente instruída graças aos preceptores que lhe puseram logo à nascença, mas que, não obstante, detesta a literatura em geral e o que escrevo em particular, primeiramente porque considera que no Memorial do Convento lhe insultei a família e em segundo lugar porque a dita obra é, de acordo com o seu requintado linguajar de pretendente ao trono, uma “grande merda”. Não leu o livro, mas é evidente que o cheirou. Compreende-se, portanto, que, durante todos estes anos, eu não tenha incluído o sr. D. Duarte, de Bragança, note-se, na escolhida lista dos meus amigos políticos. Não me importo de levar uma bofetada de vez em quando, mas a virtude cristã de oferecer ao agressor a outra face é virtude que não cultivo. Tenho-me desforrado apreciando devidamente as qualidades de humorista involuntário que este neto do senhor D. João V manifesta sempre que tem de abrir a boca. Devo-lhe algumas das mais saborosas gargalhadas da minha vida.
Isso acabou, a monarquia foi restaurada e há que ter muito cuidado com as palavras, não vão aparecer por aí, redivivos, o intendente Pina Manique ou o inspector Rosa Casaco. Como que restaurada a monarquia? perguntarão os meus leitores, estupefactos. Sim senhor, restaurada, afirmou-o quem tem as melhores razões para dizê-lo, o próprio pretendente. Que já não é pretendente, uma vez que a monarquia acaba de ser-nos restituída pelo drapejar da bandeira azul e branca na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Os moços do 31 da Armada (assim os escaladores se designam a si mesmos) têm já o seu lugar assegurado na História de Portugal, ao lado da padeira de Aljubarrota de quem se desconfia que afinal não matou castelhano nenhum. Não é o caso de agora, A bandeira esteve lá durante alguma horas (haverá um monárquico infiltrado na Câmara para ter impedido a retirada imediata?), pretende-se averiguar quem foram os autores da façanha, e isto acabará como sempre, em comédia, em farsa, em chacota. O sr. D. Duarte não tem estaleca para exigir na praça pública, perante a população reunida, que lhe sejam entregues a coroa, o ceptro e o trono.
É pena que uma tão gloriosa acção vá acabar assim. Mas como, no fundo, sou uma pessoa cordata, amiga de ajudar o próximo, deixo aqui uma sugestão para o sr. D. Duarte de Bragança. Crie já uma equipa de futebol, uma equipa toda de jogadores monárquicos, treinador monárquico, massagista monárquico, todos monárquicos e, se possível, de sangue azul. Garanto-lhe que se chega a ganhar a liga, o país, este país que tão bem conhecemos se ajoelhará a seus pés.

Defesa de D. Duart
e:
«Símbolos Nacionais

O texto publicado pelo Sr. José Saramago, na sua coluna de opinião do dia 12 de Agosto, apenas me merece três considerações:

1. O Sr. José Saramago escreve que " (…) a virtude cristã de oferecer ao agressor a outra face é virtude que não cultivo". A expressão que utilizei, porventura excessiva, não se refere ao Memorial do Convento, mas ao livro O Evangelho segundo Jesus Cristo, em que o autor atribui a Cristo a condição de "bastardo" de um soldado romano, o que me chocou profundamente. Para qualquer cristão, um insulto desse Justificar completamenteteor é bem mais grave que um insulto à própria família.

2. Quanto ao caso da bandeira substituída no passado 10 de Agosto na sede da Câmara Municipal de Lisboa, o que pretendi explicar à Comunicação Social foi que todas as bandeiras portuguesas que representam ou representaram Portugal são símbolos nacionais, tendo, por isso, a mesma dignidade. O que se passou foi uma irreverência própria da juventude e assim o interpreto.

3. Quanto aos demais considerandos da nota apenas digo que como português me congratulo com o facto de ter sido Prémio Nobel da Literatura em 1988, arrastando uma maior visibilidade para Portugal e para a Cultura Portuguesa. Sei bem que a política dos escritores e artistas consiste em fazer obras de arte e são essas que devem merecer a nossa atenção.

3 comentários:

Anónimo disse...

Há solução para o caso.

Os autarcas da Moita D. João El Lobo e D. João El Faim comprometem-se a meter água na fervura.

Nas prózimas comemorações:

O Faim convida o "Pretendente" para o próximo 4 de Outubro

O Lobo convida o "espanholado" para o 5 de Outubro.

AAG News disse...

Memórias da monarquia

No batizado dos filhos, ou de um dos filhos, lourissimos do "rei" Duarte de Bragança, eu estava expondo e vendendo na feira de artesanato de Vila Viçosa que coincidiu com este acontecimento.

Durante o dia o edil da Câmara de Vila Viçosa e o seu presidente deram a oportunidade, ilegal penso eu, de hastearem a bandeira monárquica nos Paços do Concelho de Vila Viçosa, o que provocou uma manifestação de republicanos contra esse acto anti regime. (somos república desde 1910)

Mas não é por isso este comentário.

O Nuno da Câmara Pereira, nesses tempos, ainda não era o pretendente ao trono e era assim como um assessor multifunções do Duarte de Bragança. Durante a feira sempre me cumprimentou e foi simpático, aliás muitos jovens monárquicos também me cumprimentavam respeitosamente, vim a descobrir que era devido à bandeira da minha oficina ostentar um cavaleiro andante o que lhes parecia ser algo de relacionado com tendências monárquicas, o que é de todo errado, porque é um dos primeiros ícones da revista semanal de BD "Cavaleiro Andante", desenhado pelo Fernando Bento e que eu adotei devido ao meu apreço e homenagem à 9ª Arte.

O meu stand, era o primeiro frente ao palco e o "rei" resolveu ofertar um bolo enorme ao povo e declarou com pompa e circunstância que esse bolo deveria ser comido por todos, o bolo era grande, mas a multidão ainda era maior e estavam esfomeados, acreditem.
O Nuno saiu com o bolo do palco e sem me dar tempo de responder negativamente, pô-lo sobre uma mesa e foi um espectáculo misto de horror e repulsa quando o povo se jogou ao bolo aos magotes, enfiando as mãos dentro do bolo e saltando uns por cima dos outros, quase se agredindo para comerem esse maná !

Claro que o meu stand ficou completamente sujo, com pedaços de bolo espalhados por todo o espaço do stand, nas paredes nos painéis de azulejos e até na minha bandeira...
O espaço em frente ficou conspurcado de bolo aí para mais de 10 mt em frente ao meu stand.

Foi das cenas monárquicas que mais me marcaram negativamente até hoje e assim que me falam em restauração da monarquia, sinto um frio que desce pela espinha e arrepia-se-me a pele, quando vejo aquela multidão plebeia a tentar agarrar o bolo aos gritos e completamente desvairada.

No outro dia os funcionários de limpeza da Câmara limparam o stand e tudo em volta e pediram desculpas pelo triste acontecimento, mas nem o "rei", nem o agora pretendente a rei, me pediram.

É também por isto que eu sou contra toda a ideia monárquica e contra a monarquia, fiquei traumatizado.

Luís Cruz Guerreiro

Anónimo disse...

você não sabe o que Diz! è natural de Alhos Vedros !