No meu itinerário de férias, para além de zonas propícias a incêndios (95% do país), procurei afastar-me de áreas onde se realizem habitualmente os chamados festivais musicais de Verão.
Sobre o assunto, já o pessoal do Gato Fedorento escreveu boa parte do que haverioa a escrever numa edição recente do Blitz, mas eu vou dar aqui também o meu contributo.
É que a coisa me provoca sentimentos mistos.
Se por um lado, sempre que vejo o alinhamento de um festival estival de rock fico com vontade de ser deta vez que lá vou - Sudoeste, Ermal, Paredes de Coura, etc - por outro fico logo atrapalhado quando me lembro do "resto".
É que, a lá ir, eu vou pela música apenas e nunca por tudo o que está em seu redor (sei que é da idade, mas é assim....).
Não sendo já qualificável como jovem, dispenso profundamente a moshada (ai, ai... as minhas vértebras, as articulações...), a cagada ao ar livre, os amores de ocasião em condições precárias (outra vez os factores idade e articulações em acção), a reia ou a terra nas virilhas e no rego do dito.
Não sendo bloquista, dispenso os charros, aquelas sessões de batuque multicultural matinal ou a qualquer outra hora, os debates sem fim sobre temas "do momento" e "fracturantes" como o aborto, a legalização da erva, a globalização, a guerra do Iraque, a camada de ozono ou mesmo as vantagens da não depilação deminina como manifestação revolucionária de oposição aos estereotipos machistas da sociedade de consumo capitalista, etc, etc...
Embora seja de origens proletárias, sempre dispensei o campismo e ainda hoje me orgulho de nunca ter praticado nenhuma modalidade do dito, em tenda ou roulote, em parque autorizado ou de forma selvagem e isto apesar dos esforços de alguns bons amigos para me converterem a esta forma de masoquismo. Argumentos de força: para dormir mal fico em casa, volto a afirmar que não me apetece defecar em ambientes comunitários e, por fim, não me parece muito relaxante ir para parques sobrelotados de outros humanos mal lavados e a cheirarem pessimamente de várias partes mais ou menos recônditas do seu corpo.
Ora bem, como todas estas minhas atitudes demonstram, não estou adaptado pela Natureza a 90% do que parece fazer o fascínio de um Festival de Verão, restando apenas 10% para fruir o que é manifestamente pouco, atendendo às circunstâncias.
Por isso, estou condenado a não ir a nenhum destes festivais, a menos que os mudem para outra estação do ano mais civilizada em termos de temperatura (vejam lá como o Jazz prefere o Outono...), para um espaço fechado com condições e um ratio superior a 1 WC por 1000 criaturas presentes.
Sei que posso parecer muito preocupado com estas questões da higiene e tal, mas confesso que no Verão, não gosto de andar com a cuequita agarrada a um rabo mal limpo ou a suportar em meu redor quem faça do seu sovacame espaço de excelência para o crescimento de fungos.
São feitios, o que se há-de fazer.
AV1
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