sábado, agosto 27, 2005

A Questão dos Transportes

A pedido de um leitor nosso (Tiago de seu nome ou nick), e devido à relativa insistência da campanha do PS neste tema, decidi abordar brevemente a questão dos transportes no nosso concelho.
Em boa verdade, considero que este tema é razoavelmente supérfluo e lateral às reais necessidades do concelho e, muito em particular, da freguesia de Alhos vedros.
Vamos por partes:
Em primeiro lugar, o concelho não está assim tão mal servido de transportes como isso e assim me lembro dele desde os anos 70, com carreiras rodoviários e o caminho de ferro próximos. É verdade que, neste aspecto, Alhos Vedros e a Baixa da Banheira são freguesias privilegiadas, pois a estão da CP da Moita fica onde fica, mas penso que só algumas zonas rurais mais interiores do concelho têm razões de queixa quanto à frequência e qualidade do sistema de transportes.

Por isso mesmo, penso que a ideia do PS de criação de uma rede de mini-autocarros precisaria de ser fundamentada e explicada nos seguintes aspectos:

a) Existem estudos que indiquem a real necessidade de criação de uma rede desse tipo ?
b) Em caso afirmativo, quais seriam as linhas a criar e seriam apenas linhas internas ao concelho ou viradas para o exterior, em eventual articulação com outros municípios ?
c) Muito importante: quais os custos de tal iniciativa (aquisição e manutenção do equipamento, efectivos humanos necessários, instalações de apoio, etc) quando se sabe os problemas com que vivem as autarquias com serviços de transporte próprios (caso do Barreiro) e a situação de aparente défice crónico de muitas empresas de transporte de passageiros ?

Sem tudo isto explicado, a proposta de criação de uma espécie de serviços municipais de transporte é apenas um tema de campanha lançado para o ar, sem qualquer tipo de estudo prévio sério ou de sustentação sólida.
Quando o PS concretizar esta sua proposta, talvez seja possível avaliá-la como algo mais do que mera promessa destinada a futuro esquecimento.
Mais importante seria tentar coordenar os serviços rodoviários existentes e, por exemplo, procurar que a qualidade da oferta ferroviária se não torne cada vez menos atractiva.

Relativamente às acessibilidades, mais do que rasgar novas vias, conviria tornar mais funcionais as existentes com destaque para as entradas das principais localidades, em especial para o caso da chegada a Alhos Vedros vindo da Moita, onde (ao contrário da rotunda da Lagoa da Pega ou mesmo da que fica entre a Fonte da Prata e o Plus) falta um nó de distribuição do trânsito entre as Arroteias, as Morçoas e o resto da vila.
A ideia da ligação Barreiro-Moita no modelo de via "circular" ou "envolvente" rápida, já é uma ideia velhinha e comum à CDU, para não dizer que não é mais um estratagema para criar uma obra pública de grande aparato e captação de fundos, sem que isso corresponda a um anseio da população alegadamente interessada.

Por tudo isto, penso que a questão dos transportes e acessibilidades é de carácter menor na campanha e que, para o tornar algo relevante, deveria ser fundamentado com estudos credíveis e um caderno concreto de propostas que nos ajudasse a perceber do que é que se anda a falar.

AV1

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