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Estaleiros de Viana: Trabalhadores revoltados mas em silêncio-21 Junho 2011
Viana do Castelo, 21 jun (Lusa) - Durante mais de vinte minutos os portões dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo assistem à saída ininterrupta de trabalhadores, feita em silêncio, com poucos a arriscarem um comentário à anunciada dispensa de 380 pessoas.
Viana do Castelo, 21 jun (Lusa) - Durante mais de vinte minutos os portões dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo assistem à saída ininterrupta de trabalhadores, feita em silêncio, com poucos a arriscarem um comentário à anunciada dispensa de 380 pessoas.
"Quem sabe se o Paulo Portas não nos ajuda outra vez, como há uns anos?", desabafa um dos trabalhadores, que rapidamente retoma o caminho de regresso a casa sem nada mais dizer. É que por estes dias, e perante o anúncio de saída de mais de metade dos 720 trabalhadores, poucos querem dar a cara.
"Foi uma sacanagem que nos fizeram. Estão a vingar-se pelo resultado das eleições", atira outro trabalhador, sem esconder a revolta que reina no maior construtor naval português, totalmente público.
São 16:40, já lá vão dez minutos desde que acabou o dia de trabalho, e João Chavarria, há mais de trinta anos na empresa, para sem receio de desabafar.
"Lá dentro está um ambiente de cortar à faca. Muito mau mesmo", começa por dizer.
Ao fim de um ano praticamente sem trabalho, conta que a anunciada saída de 380 trabalhadores apanhou toda a empresa de surpresa.
"Agora que vamos começar a construção de navios novos mandam embora o pessoal? Não há respeito nenhum pelo nosso trabalho", considera.
Do interior dos estaleiros chegam apenas alguns relatos por parte dos trabalhadores:
"Caras de enterro", "desilusão" e muitos já a apresentarem "distúrbios emocionais", lá vão contando, à porta da empresa.
Para já a Comissão de Trabalhadores não conhece casos de maior gravidade, mas teme o pior. "Estamos a falar de famílias inteiras que chegam a estar aqui a trabalhar, por isso só podemos pensar no que ainda está para vir", garante António Barbosa, porta-voz.
Com 200 milhões de euros de passivo acumulado, a reestruturação dos recursos humanos da empresa foi aprovada a 14 de junho e vai custar 13 milhões de euros, sendo apontado pela administração como forma de "salvar" os estaleiros.
A administração admite que a prioridade na dispensa destes trabalhadores será dada à negociação amigável, rescisões por mutuo acordo ou através de reformas antecipadas.
No entanto, caso o processo não esteja concluído até final, a "última medida" será o despedimento coletivo
António Barbosa garante que apenas "uma pequena parte" dos trabalhadores estará disponível para esta negociação amigável.
PYJ.
Lusa/Fim
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