quarta-feira, setembro 29, 2004

Proposta de plataforma de acordo

Para discutirmos aqui as questões do aborto ou IVG (conforme as sensibilidades) e apesar de esse ser um tema que foge aos propósitos primeiros do blog, gostaria de deixar aqui um punhado de princípios básicos para ser entendida a minha posição pessoal.
Contra os defensores do aborto, quase a qualquer preço, tenho as seguintes reservas:

a) Não considero válida a afirmação de que isso corresponde ao “direito da mulher dispôr livremente do seu corpo”. Quando interrompe a gravidez, a mulher não está apenas a agir sobre o seu corpo, mas igualmente sobre um outro corpo dentro de si. Salvo submissão a violência física, violação, grassa ignorância ou grave acidente nos meios anticonsepcionais, o direito da mulher a dispôr do seu corpo devia ter sido posto em prática antes de ficar grávida. Não tenho nada contra o sexo pré-conjugal, (pratiquei-o, quando possível) ou contra um alargado leque de prazeres sexuais em qualquer altura da vida (idem, aspas, aspas), mas acho que a m(p)aternidade é demasiado séria para acontecer por acaso ou acidente, como já algumas pessoas que conheço me afirmaram, com ar meio displicente.
b) Discordo frontalmente da estratégia “de luta”, ou “de pressão” de grupos que só aparecem nos momentos mediáticos da discussão do assunto, do género daquelas meninas/senhoras a que chamaria “Bloquetes”, da Catarina Portas à Margarida Martins (em ordem crescente de volume), passando por Margaridas e Claras Pinto Correia, etc, etc, que vão em romaria à Assembleia da República para ficarem no retratro e mostrarem como têm consciência social. No resto do tempo, não fazem nada para resolver o drama dos abortos ilegais, mas pronto.

Contra quem se opõe ao aborto, penso que:

a) É profundamente demagógico afirmar o direito à vida, sem definirem o que entendem por “vida”. Se é no sentido lato, estamos tramados, porque vida é muita coisa. Os animaizinhos também são criaturas de Deus e penso que até as plantas. Não é por isso que os deixamos de comer ou dizimar. Se é vida no sentido restrito de “vida humana”, podemos cair numa de duas situações: ou estamos apenas a defender a nossa espécie por oposição às outras, que também representam vida; ou estamos a valorizar a vida humana acima de qualquer outra com base em argumentos religiosos que, como me parece evidente, são bastante relativos e oscilam com os indivíduos, não devendo ser impostos à força, por via da lei.
b) A Liberdade, que muitos apregoam, é a liberdade de cada um de nós agir livremente, desde que não limitemos a liberdade alheia ou então a acção livre resultante de um compromisso consensualmente aceite pela sociedade. Sei que os mecanismos formais para a legitimação desta segunda opção são complexos, mas penso que se percebe a ideia. Portanto, uma facção não deve impôr a sua forma de ver as coisas e de agir aos outros. Nesta perspectiva, a limitação da IVG de acordo com os padrões dos grupos “pró-vida”é claramente uma limitação da Liberdade de parte da sociedade. Penso que se percebe que não estou a dizer que um grupo que defenda massacres em massa deve ser respeitado pelo resto da sociedade porque, aqui, está claramente a violar a liberdade alheia.

De tudo isto, resulta que é necessário esclarecer dois pontos: Do que falamos, quando falamos em vida (humana, com consciência de si enquanto matéria viva e com capacidade para sofrer com a morte) e quando é que podemos considerar que a vida “humana” existe.
Essas são questões centrais, que a ciência ainda não consegue responder cabalmente. No entanto, não é por isso, que devemos deixar que a decisão seja tomada unilateralmente com base em dogmas religiosos, por vezes tão relativos, localizados e transitórios como os paradigmas científicos. E nunca devemos deixar que sejam decisões meramente de conveniência, agenda política e/ou estratégia partidária, mais ou menos “fracturante”, a decidir questões desta amplitude.
Sobre estes aspectos (ciência vs religião vs política), mais fundos, da questão escreverei mais tarde.

Muito bem

O nosso amigo Paulo Guinote conseguiu ver o seu texto sobre “O Estado da Educação”, aqui publicado pela primeira vez, inserido no blog do programa A Quadratura do Círculo (o link está algures do vosso lado direito).
Sempre é uma voz das nossas a chegar a outros públicos.
Um bem-haja e ficamos à espera de novas colaborações.

domingo, setembro 26, 2004

Socrático ?

Os trocadilhos com o nome do novo líder do PS são injustos.
O pensamento do homem é tudo menos socrático.
É meramente pragmático.
Como conseguir o apoio da malta ?
Prometendo-lhes o poder.
A facção xuxalista do PS corre logo em tropel ao cheiro da maminha do Estado.
Veja-se a declaração de afecto e esperança da líder local Eurídice Pereira no Distrito Online.
É um chegar à frente para ver se se fica no retrato que até aflige.
Pelo menos, foi possível saber que socialistas no PS são menos de 20%.
Os outros apenas querem ter a sensação de poderem alcançar umas raspinhas do Orçamento de 2007.

sábado, setembro 25, 2004

O mundo está perigoso...

A democracia dá nisto.
No Alhos Vedros Visual deixámos ficar a funcionalidade de serem inseridos comentários directos.
A propósito de uma "boca" feita a uma notícia do Distritonline, fui atacado selvaticamente por uma Cesaltina, que me acusa de não fazer nada de útil e só fazer comentários estúpidos.
Em primeiro lugar, no Alhos Vedros Visual não sou só eu que insiro comentários.
Em segundo lugar, realmente podemos nem sempre ter razão no que escrevemos. Não somos assim tão omniscientes.
Em terceiro lugar, é sempre bom ver com que elegância os nossos críticos reagem, quando nos acusam da falta dessa mesma elegância.
Em quarto lugar, agarrem a senhora Cesaltina se não ela põe-me todo negro (isto não é nenhuma alusão racista, é "negro" no sentido de ficar com nódoas negras), com a raiva toda que me parece ter.
Bolas, que é preciso explicar tudo.
Arre, burro (a)...

sexta-feira, setembro 24, 2004

Zé Berbigão dá-se a conhecer

Obtida a devida autorização, aqui incluímos um texto de Zé Berbigão, figura típica do lamaçal alhosvedrense, que inicialmente o tinha feito aparecer no Alhos Vedros Visual como comentário a uma das imagens lá existentes.

Para quem quiser verificar o slogan " a Moita é um Concelho de qualidade", visite o merdaçal, convida a Associação amigos do merdaçal, também denominado por uma facção dissidente, mas igualmente representativa, conhecida como o grupo "Cagões e companhia", que se distinguem dos restantes por uma especial característica que se resume essencialmente por defecarem proficuamente e de denominarem o referido local, com o nome que lhes sai das entranhas, parido diariamente com satisfação e alívio, o cagaçal. Terra mítica, fecunda e inspiradora, o santuário, o Cagaçal.
Mas onde fica situado o merdaçal? Pergunta o povo afinal.
O merdaçal, eventualmente, pode estender-se ao resto do mundo. Podemos, no entanto, circunscrevê-lo a uma área onde a vida dificilmente medra. Meus amigos, o merdaçal, cagaçal e outras merdas, a crescerem exponencialmente, situa-se no cais velho de Alhos Vedros. Se forem audazes, jovens e saudáveis, ou então, suicidas temerários, vão ver e cheirar.
Eu, graças a Deus, tenho menos quatro dioptrias no olho esquerdo e uma sinusite que me têm permitido sobreviver. Sou mesmo um felizardo, agora até já me andam a estudar o esperma, para que as futuras gerações fiquem imunizadas.
Chama-se a isto desenvolvimento sustentável.Podíamos até criar um novo slogan para o Concelho da Moita, que seria: "Medra no merdaçal, bem-estar à beira do forno da cal".

Zé Berbigão

Reparos mesmo muito curtos a TM

Caramba, não tenho fôlego para tanto.
De vez em quando preciso de trabalhar e não consigo dar despacho a tudo.
Por isso, um par de curtas:

a) Como sabe, a tradução de Opus Dei é a Obra de Deus. Sendo neutro em latim e não existindo neutro em português, julgo que terá maior legitimidade usar o artigo definido no género do termo em português.

b) Fatos azul-celeste nos anos 80 houve-os e o marido de uma prima minha casou-se assim e eu sempre que vejo a foto percebo a razão do divórcio que se seguiu, poucos anos depois.

c) As questões em torno do sr. dr. Paulo Portas não me interessam. As opiniões mudam, mesmo para alguns burros. E quanto a comportamentos íntimos não quero saber deles. Aliás, ninguém melhor que o irmão dele para o defender, em quaisquer circunstâncias e modalidades. Este não é o lugar, nem este o momento, porque não é ele o interlocutor.
O problema é, de acordo com a própria "doutrina Portas" de há meia dúzia de anos, o uso que se faz da governação e da coisa pública e da (in)coerência entre os valores apregoados e os praticados. Lembrar-se-á que o back to the basics, em termos de valores familares, do John Major e do Partido Conservador inglês caiu pela base quando se achou um ou outro deputado em companhias menos próprias ou, inclusivamente, um sufocado na sequência de práticas prazenteiras assaz sofisticadas.

d) Um dia explico-lhe a minha defesa fundamentada do direito à abstenção como arma (quase) última para lutar contra classes políticas de duvidosa qualidade e ao serviço apenas de ambições pessoais.

e) Por fim, o problema da drª Celeste Cardona e dos outros 12 é semelhante à questão semântica do aborto, nos termos em que o TM a colocou. Podemos elaborar muito à volta do problema, mas o essencial que é transmitido e que o vulgo assimila se calhar é o que corresponde mais à verdade. E para discutir o currículo da senhora seria, porventura e para encurtar, educativo analisar a sua acção à frente do Ministério da Justiça.

Quandto ao demais verei se no fim de semana terei tempo para mais. Afinal, uma pessoa precisa de ganhar a vida e de dar atenção à família.

Novo contributo de TM

Meu caro,
Começo pelo fim: a questão do fatinho azul-celeste! É bem verdade que os anos oitenta foram, na minha opinião, pouco dados ao bom-gosto. Mas fatos dessa cor não me recordo... a única coisa de estranho que tinha (e com todo o respeito por esses profissionais) era um fato azul-CP: era tão realista que uma vez interpelaram-me para saber se faltava muito para o barco partir! Ah, e claro (talvez o pior de tudo) as meias turcas brancas! Agora, hoje em dia, prefiro os factos cinzentos muito escuro, ou pretos finamente riscados... e com eles, invariavelmente, meias pretas! Além disso, o que me espantou no seu comentário foi a menção a uma cor: é que a foto que forneci é a preto-e-branco...
Mas, deixemo-nos de diálogos sobre moda e gostos... ou a memória da falta dele!
Primeiro as respostas aos "very short comments" ínsitos no meu texto. - A pergunta era se sabia quais são as convicções pessoais dele sobre o aborto. É que, como sabe, ele é acusado de ter publicado um texto (nos idos tempos de 1983, se não estou em erro - outra vez esta década...) onde expunha uma posição diferente da do CDS. Além disso, é público, alguns dos seus mais próximos e importantes colaboradores não filiados no CDS fizeram publicar no Indy, dois textos em que apelavam a uma liberalização das posições da direita sobre a matéria (bem cá suspeito porque o fizeram e imagino que não hajam desegradado... se é que, para tanto, não foram estimulados a fazê-lo)! Quanto aos "valores da família"... não me parece que eles se apliquem aqui. Parece-me mais que se deva falar do valor da vida humana! - O pedido de respostas às insinuações que fez (e faz) não foram respondidos e, como diria o outro, «você sabe bem do que eu estou a falar»! É que qualquer resposta só pode ser dada se concretizar! Vou ajudar: está a falar do tema que ainda há dias foi tema de um inqualificável editorial de "A Capital"? Eu também conheço alguma malta dos primórdios do Indy (um deles até foi meu aluno)... e depois?!? E qual é o sítio apropriado para falar sobre o "assunto"?!? Acredito que não seja o seu caso, mas acho fantástico a cobardia e (aqui sim!) a hipocrisia daqueles que andam a propor determinadas formas de casamento e depois tem recaídas sob a forma das mais rasteiras fobias! E depois as insinuações... como se isso, a ser verdade, fosse importante para determinar as opções dos eleitores... e quem o faz, julgando que isso aconteceria, é do mais estúpido possível! Volto a dizer (sem ironia ou mera cautela): não o estou a ver adoptar essa postura! Além disso, acha que um tipo que já foi acusado de tudo pelos seus adversários, que lhe inventaram todo o tipo de pecados, se fosse verdade não acha que já teriam arranjado alguém que aparecesse a confirmar o "assunto"?!? Parece que para alguns, a coisa nem é difícil: acreditam que foi possível montar uma "cabala" e arranjar mais de 130 testemunhas...
Mas isso é desviar-me (e muito!) do assunto.
Agora, os «pequenos detalhes - resposta temporária a TM». A questão Paulo Portas... já a respondi. Só acrescentava que conheço muitos casos de quem «sabe de coisas que lhe contaram outras que conhecem quem sabe»... etc! Mas, não quero fazer desta questão tema de conversa. Nisso acompanho-o: o tema é desinteressante e fiquemo-nos por aqui, em nome do bom tom e da decência! Quanto a mim, não tenho nada a esconder e tento (bem sei que não consigo) viver de acordo com aquilo em que acredito. Se o problema é conhecer-me... não estamos tão longe e eu confesso que tenho curiosidade de conhecê-lo! E Paulo, querendo, sabe como. Em relação ao que me levou a entrar na política... se calhar é o mesmo que me poderá levar a partir! Até porque não quero que haja "parcelas de mim que fiquem pelo caminho"... e pactuar... infelizmente sou mais acusado de radicalismo e fundamentalismo do que de cauculismo ou "interesseirismo"! O que pretendo é discutir ideias e tentar influenciar (pela persuasão e bondade das propostas) as decisões que nos afectam a todos! Porém, começo a duvidar que a política seja o espaço adequado... mas ainda não fui capaz de perceber qual seria o outro (a menos que fosse fora da política para influenciar a política)! Além disso, começa a incomodar-me a perspectiva de ser alvo de desconfiança porque digo que não quero nada... começam logo a pensar que quero algo de mais "apetitoso" ou inconfessável! De Fausto tenho muito pouco... ou quase nada... acredite! Agora, que não temo (por falta de calculismo, talvez) tomar partido e dar-a-cara pelo que acredito, também é verdade! Mesmo que seja desagradável ou prejudicial... porque, para mim, o pior é, por excesso de escrúpulos, ficarmos pelo conveniente "nada fazer"! Não o estou a criticar... apenas não gostaria de, no final, chegar à conclusão que as coisas poderiam ter sido diferentes se eu não tivesse guardado o meu pequenino contributo... é por isso que me recordo imensas vezes de Cícero: «A política é suja! E, por isso, as pessoas limpas não se metem nela! Assim, a política continua suja!»... não sou a central das limpezas... talvez me arrependa e me sinta sózinho... espero que consiga manter estas convicções... sem que nada fique pelo caminho! E, por isso, não diria que «há formas de, cedendo aqui e ali, atingir uma situação em que se pode fazer o bem e ajudar a extirpar o mal»... não acredito em soluções intermédias ou de consenso... pela minha profissão (que adoro e tento exercer do modo que me parece adequado) não acredito nas soluções perfeitas, mas acredito que devemos procurá-las... com honestidade e sem que as propostas sejam adequadas a satisfazer o máximo de membros do júri! Quanto à culpa por omissão é uma questão discutível: quem não está não conhece e quem vê e relata é destruído... por aqueles a quem a denúncia se destinava proteger! Esta é outra que não sei a resposta... mas, garanto, até hoje não vi nada que eticamente me incomodasse: será cegueira, falta de oportunidade ou baixos standards de análise?!?
O caso da Dra. Celeste Cardona. Admito a sua incomodidade... não vejo onde a nomeação para o cargo seja «recompensa por fidelidades»?!? Primeiro, uma nomeação não se pode classificar à partida mas pelos resultados (ou ausência destes)! Segundo, pelo que julgo saber, pela declaração de rendimentos da Dra. Maria Celeste Cardona antes de ser ministra, ela auferia mensalmente, em média, mais do dobro do que vai auferir na CGD. E, segundo dizem as más-línguas, sair do governo para a privada é bem pago... dizem até, muito bem pago! Terceiro, ela é uma reputada e reconhecida profissional em matéria económicas e em ramos do Direito ligados com a área fiscal, financeira, bancária e dos contratos! Parece-me uma indicação bem mais razoável e justificável do que a do Armando Vara... Quarto, a remuneração que ela vai auferir, ela foi fixada pelos governos anteriores e são abaixo dos valores que o mesmo argo paga na concorrência privada! Quinto, esclareça-me lá qual seria o seu critério para a escolha dos corpos gerentes de uma empresa controlada pelo estado? Finalmente... já reparou que a questão é só Celeste Cardona?!? E os outros 12?!? Ou será porque a sua presença é mais um espinho encravado no "centrão de interesses", que se sente incomodado porque é mais um lugar que é atribuído a outros que não só os indicados por "eles"?!?
Paulo, pode-se ter horror às forças fácticas, mas devemos conhecê-las...e ter o cuidado de evitar ser porta-voz inadvertido das suas queixas!
Ah, e não se diz "a" Opus Dei, mas "o" Opus Dei (como sabe, a palavra Opus é uma palavra neutra em termos de género e, em latim, para os termos neutros adopta-se o artigo definido no masculino). E muitas vezes, com diz o Povo, "é mais a fama que a rama"!
Mas uma vez mais estou a desviar-me...
Vamos ao tema. Está a dar-me razão quando diz que o termo lhe «soa mal»... mas a questão não é (nem pode ser) estética: os termos expressam realidades... "adocicá-los" é esconder a verdade, é colaborar! É como dizer CDU em vez de PCP...
A excursão pelo dicionário: eu também, com calcula, usei um! E o sentido que pretendemos é conhecido. O problema (e deve ter sido distração) é que os sinónimos que apresentei foram relativos a interrupção (que pressupõe não algo de "definitivo" mas uma "suspensão para continuação posterior"!), a qual me parece... desadequada à questão. E porque assim penso, vai perdoar-me, mas terá que explicitar melhor como esta se adequa à realidade "aborto"! A não ser que seja só por reflexo condiccionado...
E porque mais nada era dito sobre o assunto, aguardo, por isso, por mais desenvolvimentos
Tenho dito... ou escrito!

João Titta Maurício

quinta-feira, setembro 23, 2004

Estou cansado, vou fechar a loja

Isto é muita agitação para um dia só.
E ainda falta fazer o reparo que me foi pedido pelo meu amigo João Paulo Pires, professor-assistente da ESE de Setúbal por ter sido ele que me explicou como se inseriam os links que estão ali do lado direito-----------»»».

(É que eu não percebo nada de programação HTML.)

Polémica no Alhos Vedros Visual

O nosso colaborador Roldão Preto atirou-se ao nosso amigo Luís Guerreiro em pleno Alhos Vedros Visual a propósito do seu colaboracionismo com o poder moiteiro; a coisa está feia.

Artigos interessantes

No Público de hoje, dois artigos a merecerem atenção Um de carácter histórico-ficcional de Maria Filomena Mónica sobre Paulo Portas e outro de Medina Carreira sobre as ilusões em que vivemos.

A Fome, meus senhores, a fome...

O Primeiro-Ministro anunciou na ONU que ia aumentar em 50% as verbas para combater a fome.
Como primeira medida mandou encher o tacho da ex-ministra Celeste Cardona.
Isto é que é rapidez na implementação de uma política solidária com os desfavorecidos da vida.

Novidades

Hoje à noite, 5ª feira, 23, pelas 23.00 horas, SIC Radical. De novo, do início. SEINFELD. Vejam e aprendam como nada pode ser inteligente.
Desde esta semana, em qualquer livraria, Puro Disparate, livro do Steve Martin, esse mesmo, o cómico de cabelo branco. Não é o seu melhor livro, mas sempre serve.
Em qualquer momento, vistar o site Spinsanity. Para mantermos a sanidade no meio de tanto malabarismo verbal dos políticos.

Novidades da Azulejaria Guerreiro

Caros Editores do Blog Alhos Vedros ao Poder, como informação posterior à que vos enviei, comunico que 2 (dois) trabalhos de Azulejaria Artística, foram selecionados para em conjunto com os trabalhos dos outros participantes, ficarem em exposição no Museu do Azulejo, sita na Rua Madre de Deus nº4, em Lisboa.
Esta exposição terá pré-abertura informal no dia 28 de Setembro aquando da visita dos parceiros franceses do projecto das rotas, ficando a inauguração oficial marcada para o fim da tarde do dia 7 de Outubro, em que se espera a presença da Esposa de S. Exa. o Presidente da República e outros convidados.Estará patente de Outubro a Dezembro de 2004.
Junto envio as imagens dos painéis da Azulejaria Artística Guerreiro [NE – vamos tentar colocá-las no Alhos Vedros Visual]

Saudações de Luís Guerreiro

Pequenos detalhes - resposta temporária a TM

Resposta mais substancial às questões levantadas por Titta Maurício será dada quando o tempo o permitir, porque estes não são problemas menores, dos quais se fale com ligeireza, à la Bloco de Esquerda e amigos(as).
Quanto ao resto, só um ou dois reparos: realmente não é de si que falo quando escrevo sobre quem não pratica os valores apregoados da família conservadora. Não o conheço pessoalmente e, por maioria de razão, ignoro tudo sobre a sua família. Só conheço o que escreve. Falo, realmente, do líder do seu partido que enche a boca com muito e pratica pouco. Não o critico pelo celibato. Pode ser voto. No entanto, as minhas alusões não são motivadas pelas bocas do vox populi, mas sim pelo conhecimento que tive de muita gente dos primeiros tempos do Indie. Claro que este não é o tempo nem o lugar para atoardas desnecessárias. Fiquemo-nos por aqui, em nome do bom tom e da decência.
Em relação aos ideais que o levaram a entrar na vida política, em tese todos podemos dizer o mesmo. É sempre a Liberdade, a possibilidade de melhorarmos a vida de todos, o serviço à res publica (do Paulo ao Miguel Portas, para ficarmos na mesma família, todos recitarão a mesma ladaínha e nós não podemos saber quem é sincero). O problema é aquilo com que pactuamos, a caminho do que pretendemos. O problema são as parcelas de nós que ficam pelo caminho.
No meu caso pessoal, em tenra idade, percebi aquilo que teria de abdicar se entrasse no jogo político. Pesei os dois pratos da balança e ela pendeu desmesuradamente para o lado contrário ao do que promete prebendas e mercês em troca de um pouco da nossa alma. Se leu o Fausto de Goethe perceberá do que falo. Por isso, tive o cuidadoso escrúpulo de nunca usar símbolos partidários ou procurar esse tipo de guarda-chuva cómodo e protector, mesmo para efeitos profissionais. O mesmo se diga quanto à Maçonaria, à Opus Dei, à Opus Gay, à Trilateral do nosso Alberto João ou ao raio que me parta. O que não impede de ter amigos (e alguns familiares) maçons, supranumerários, homossexuais, penso que uma ou outra lésbica, adeptos da Terceira Via, comunistas, fanáticos pelo Bush, pessoal do Bloco de Esquerda, uma ou outra amiga que gosta de soutien preto sob camisa branca e amigos que usam fato de treino de lycra para irem ao supermercado ao fim de semana.
Dir-me-á que há formas de, cedendo aqui e ali, atingir uma situação em que se pode fazer o bem e ajudar a extirpar o mal (exemplo mais notório que o de Gorbatchov é difícil, mesmo se a herança é muito problemática), ou mesmo que poderemos passar impolutos pelo lamaçal, pairando sobre os aspectos mesquinhos da nossa vida política. Desculpe, mas não creio ser possível passar por certos caminhos sem, pelo menos, ver o que vai pela sarjeta e, nem que seja por omissão, colaborar com a vileza (o vocabulário está assim para o oitocentista, mas é o que sai).
Lá dizia um poeta que “por aí, não vou”. Só a título de exemplo, nunca poderia aceitar que a drª Celeste Cardona fosse nomeada para a administração da CGD. Acho que devia existir um mínimo de decoro na ocupação deste tipo de cargos, Digo-o não por demagogia mas por puro arrepio de desconforto pela baixeza com que se usa o Estado para recompensar fidelidades.
Por fim, a questão semântica. Não gosto do termo aborto, por questões estéticas e não morais. Soa-me mal, acho que não fica bem em lado nenhum, a menos que seja em contextos ofensivos. Mas isso não vem ao caso.
Escreve-se no Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (de longe, o melhor no mercado) que “aborto” é “acção ou efeito de abortar”, “interrupção prematura de um processo mórbido ou natural”, “que nasceu antes do tempo”, “que é ou foi malsucedido; frustrado, malogrado”; “que faz malograr, falhar”, “que visa interromper instantaneamente o ciclo de uma doença”, “que é anormal, monstruoso, horrendo”. Já há cerca de um século, no Dicionário da Língua Portuguesa, Etimológicxo, Prosódico e Ortográfico das Livrarias Aillaud e Bertrand (pg. 7), descrevia-se “abôrto” como “parto prematuro, móvito, “atrofia nas plantas”, “coisa monstruosa ou disforme”, “pessoa de dotes extraordinários, quer no bem, quer no mal” (!!!), “malôgro”.
Como calculará, nenhum destes significados corresponde bem àquilo de que estamos a falar, pois, mesmo no sentido popular mais lato, “aborto” pode significar muita coisa e do que estamos a falar é dum contexto específico. Por isso mesmo, me recuso a, por comodidade, escrever “aborto” para cá e para lá, pois sei que isso apenas interessa para efeitos de choque. “Interrupção voluntária da gravidez” soará mais asséptica mas, porventura, descreverá melhor do que estamos a falar.
Mas sobre isso escreverei em ocasião futura.

Nota final: Imputei-lhe o uso de fatos azul-celeste, é certo. É ofensa de monta. Mas, de qualquer modo, quem cresceu nos anos 80 certamente que, no passado, usou coisa parecida ou mesmo pior. Eu usei e tenho fotos para o provar.





Breve àparte - Os longos anos 80

Para quem, como eu, se tornou adulto durante os anos 80, passando pelo Secundário, Universidade e início da vida profissional, chegou aquele momento ambiguamente nostálgico de fazer contas à banda sonora da sua vida.
No meu caso, o início dos anos 80 dá-se em 1977 com o “77” dos Talking Heads, mais do que com o “Never Mind the Bollocks” dos Sex Pistols, o “New Boots and Panties” do Ian Dury ou mesmo o “One Step Beyond” dos Madness que acabam por declarar o fim dos tristes 70.
Quanto ao fim dos anos 80 musicais sempre tive as minhas dúvidas.
Hoje, por mero acaso, ouvi na rádio o “Elephant Stone” dos Stone Roses e as minhas dúvidas acabaram.
Tirei o “Stone Roses” (um dos meus primeiros cd’s) dos ditos cujos e fiquei mais tranquilo. Os anos 80 acabaram mesmo em 1989.

Casa Pia

Quem quiser ouvir as gravações do processo Casa Pia, elas estão aqui.

Guerreiro

Esclarecimento... aos esclarecimentos !

Titta Maurício esclarece-nos mas, por carência de tempo, não poderei por enquanto dar resposta apropriada. Para comodidade, vão apenas uns curtos comentários a vermelho em dois em três pontos do seu texto.


Caro Paulo,
Não usando a ordem do seu "esclarecimentos", parece-me justo dizer nem outra coisa eu estava à espera quando lhe apresentei a proposta de aqui se iniciar uma discussão sobre o tema aborto. E, quanto ao pedido para esclarecimento das regras, penso que compreende que me dirigia a outros (e ninguém em concreto) para que haja comedimento e procura de discutir o tema e não de ofender a pessoa!
Quanto às minhas posições... porque é que persiste em dizer que a minha posição é alinhada pela do meu partido e nunca supõe que... quem sabe... talvez... porque não... seja ao contrário?!? Quanto à oportunidade... não se esqueça (e penso que sabe) que a decisão de publicar ou não um artigo de opinião é decidida pelo interesse jornalístico do tema! Bem eu gostaria que fosse ao contrário... mas não é! É bem verdade que pode acusar-me de não deixar de estar a colaborar com esse "sistema"... mas "que fazer"?
Além disso, a abordagem que fiz baseou-se quase exclusivamente em informação recolhida no próprio site do "women on waves"! E isso não vi ninguém fazer: (tentar) desmontar a argumentação delas com base nos dados por elas fornecidos! Mas, pode ter acontecido e eu não ter tido conhecimento...
Mas, deixemos os pormenores.
Eu uso a palavra "aborto" e não o eufemismo "interrupção voluntária da gravidez" que me parece incorrecto. Compreendo a tentativa de dar um ar mais asséptico à coisa, mas um aborto não se trata de interrupção («suspender, parar, deixar de fazer por algum tempo»). Admito que haja uma interpretação mais aproximada daquela que usa, mas há-de reconhecer que a mais usada e adequada é aquela que entende que "interromper" pressupõe um parar com possibilidade de recomeçar... o que, no caso do aborto é manifestamente impossível!
Mas, esta é uma discussão sobre semântica... não é central!
Vejamos sobre o que falamos quando nos referimos a aborto. Conhece descrições dos métodos? Por enquanto, reservo-as para outros momentos! São brutais... são chocantes... são... reais e verdadeiras! E é disso que se trata quando se diz "interrupção voluntária da gravidez" e depois se adopta o completamente anódino "IVG"!
Quanto às imagens de embriões ou fetos, compreendo o que diz... e partilho! Mas, o que mais me impressiona são as incoerências e as "economias com a verdade" que são usadas. Impressiona-me que a adopção de um timming-limite para a liberalização do aborto a pedido seja tido por coisa banal: 10 semanas, 12 semanas, 16 semanas... e nunca explicam o que motiva cada uma destes momentos!
Impressiona-me que raramente ouça do lado dos "pro-life" (e uso o termo por facilidade de identificação) qualquer invocação de motivos de fé... mas que a questão da fé seja sempre invocada pelos "pro-choice" para acusar os outros!
Impressiona-me que se usem argumentos de facto só possíveis numa sociedade pré-pílula e se esqueça que, como todos os defeitos que existam nos métodos em concreto e no sistema de saúde ambolatório, não há possibilidades de tratarmos esta questão como (admito) ela poderia ser vivida há 30 ou 40 anos atrás!
Impressiona-me que o argumento seja o "baixa-bracismo" (adoro estes neologismos!), o dizer-se que, mesmo havendo uma desvaloração ética do acto (ninguém o afirma como Bom - até são apontados o sofrimento e o trauma de quem os faz), o facto de haverem muitos (e isso é bem discutível), justifica-se a sua permissão legal! Não aceito este demissionismo...
Impressiona-me que (aparentemente) desconheçam que um embrião com 8 semanas já sente... mas que o seu sistema nervoso só está completo quando a criança tiver completado... 2 anos de nascimento!
Impressiona-me que queiram tratar uma fase (intra-uterina) da vida de um ser humano como um momento neutro, como um facto puramente desprovido de consequências e valoração ética. Preocupa-me até onde nos levaria esta "coisificação" da vida humana.
Impressiona-me que desconheçam que a moderna ciência médica, pedo-psicologia e demais ramos da ciência ligados à área tomem a gravidez como uma fase da vida humana como o são a adolescência ou a velhice (a única diferença está na autonomia... mas do mesmo modo que não admitimos como eticamente aceitável que uma mãe abandone um filho à morte - porque ele dela depende para se alimentar e sobreviver - não compreendo como se pretender remover a valoração ética-negativa quando o acto é praticado num momento de maior dependência do filho para com a mãe)!
Impressiona-me que acusem os "pro-life" de quererem impor uma concepção ética (e escondam que ela é maioritária e aceite) e que escondam que por detrás das propostas "pro-choice" há uma outra ordem moral que pretendem implantar! Irrita-me que digam (com laivos e ares de certezas) que eu estou errado porque pretendo impôr a minha Moral (!?!) e eles só propõem a escolha livre!
Impressionam-me outras coisas... mas a seu tempo poderão ser tratadas!
Quanto à actuação do ministro da Defesa, há um pequeno equívoco: o uso dos meios militares jamais poderiam sê-lo «ao serviço de convicções pessoais de alguns». E por não o poderem ser... não foram!
Por duas razões:
- primeira, não sei quais as convicções pessoais do Dr. Paulo Portas sobre esta matéria [o homem está farto de falar dos valores da família - NE]. Eu nunca as discuti com ele... e o Paulo?
- segunda, porque a actuação do Governo português apenas serviu para fazer cumprir (e impedir a violação) as regras que legitima e democraticamente vigoram em Portugal! Diga-me o seguinte: imagine que a maioria era "pro-choice" e estava no governo e mantinha-se a actual lei. Se a sua actuação fosse diferente (ou seja, se permitisse e apoiasse a vinda do "Borndiep" e apoiasse a sua acção - e até desse um "subsidiozinho" às organizações que defendem a violação da lei), não seria, ela sim, a utilização do aparelho do Estado ao serviço de convicções particulares e não compatíveis com a lei em vigor?
Quanto às suas insinuações quando diz «em especial de quem apregoa (e não os pratica, perpetuando-os) os valores e costumes da família conservadora», só posso dizer: o que é que quer dizer com isso?!? É comigo [Não, nem sei como é a sua família - NE] ? É com Paulo Portas [É!!!]? Sabe de alguma coisa ou está a juntar a sua à voz das bocas do costume [Conheci muita malta do Indie nos seus primóridos] ? Explique...[Não é o sítio apropriado]! De qualquer maneira, penso que uma discussão sobre um assunto como este não pode ter "àpartes" que apontem ao indivíduo! Destesto a argumentação da "hipocrisia dos católicos", "dos que têm dinheiro e vão fazer abortos a Inglaterra", etc.
Já no que diz respeito aos valores e costumes da família conservadora (acredito que utiliza o termo não como adjectivo), permita-me que lhe aguce a curiosidade: da mesma maneira que vamos adequando e apurando as nossas certezas à medida que vamos experimentando a Vida (p. ex., olhando para as imagens da ecografia), assim acontece com o resto! Os valores (não gosto da palavra) e costumes da família conservadora não resultam de um plano central ou individual... Nem sequer resultam da vontade de uma geração num determinado momento histórico... Muito menos são a emanação super-estrutural dos donos da infra-estrutura! E muito menos são estáticos nem imutáveis! Acredito que são o produto da adaptação aos meios e às realidades (diferentes no tempo e no espaço), mas que mantém um substracto que é inerente à natureza humana e que responde, de modo mais eficaz, ao problema da Vida humana!
O comentário já vai longo... espero que cumpra os objectivos!

João Titta Maurício

quarta-feira, setembro 22, 2004

Azulejaria Guerreiro

Srºs Editores do Alhos Vedros ao Poder, é com prazer e orgulho que lhe comunico que Alhos Vedros, através da Azulejaria Artística Guerreiro, conseguiu entrar finalmente nas Rotas da Cerâmica.
Este é um projecto de turismo Cultural, que tem divulgação internacional e que faz com que excursões de turistas, vocacionados para um turismo de conhecimento sobre as Artes Cerâmicas de todos os tipos, são convidados a passar nas Oficinas, Ateliers Fábricas e Museus que estão relacionados com as Artes do Fogo em todo o País. É também um projecto de intercâmbio o que significa que poderei na minha Oficina receber artístas cerâmicos do Mundo inteiro e eu em troca poderei também ir estagiar em oficinas do Mundo inteiro.
( Faço notar que mesmo antes de ter entrado neste projecto, já Delei, um artista Brasileiro, tinha por 3 vezes estado a produzir Azulejaria na AAG,que levou depois para Brasília e que fez algumas exposições com muito êxito)
A Azulejaria Artística Guerreiro foi integrada nesse projecto pela qualidade do seu trabalho e também pelo respeito que tem pelas técnicas do Azulejo Tradicional Português.
Só os Ateliers e Fábricas de grande qualidade entram neste projecto, como é o caso das Porcelanas Vista Alegre, ou das Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro por exemplo.
Pode ver a página das Rotas da Cerâmica neste endereço: http://www.rotasdeceramica.pt/ateliers.html
Em anexo envio-lhe o Mapa da Grande Lisboa em que Alhos Vedros aparece por causa da minha Oficina: http://www.rotasdeceramica.pt/mapa.html
Espero que me desculpem a minha vaidade, mas penso que este facto é prestigiante para Alhos Vedros e para o concelho da Moita e tão válido como qualquer outra iniciativa tauromáquica, que actualmente é tão valorizada pelo poder local Moitense.
Esperemos que a C.M.M. esteja também atenta a isto...

Sem mais assunto de momento despeço-me com amizade:

Luís Guerreiro

Esclarecimentos ...

Meu caro Titta Maurício,

1) Claro que estamos abertos a todo o tipo de discussões, inclusivamente sobre a interrupção voluntária da gravidez.
2) Penso que as regras são conhecidas e, no seu caso, nem penso ser necessário explicá-las.
3) Quando critico a sua falta de originalidade é porque as suas intervenções de opinião surgem sempre em cima da "espuma do mediatismo" (expressão sua) e sempre muito alinhadinhas com a posição oficial do partido.
4) Em, pessoalmente, desde que vi a ecografia da minha filha com algumas semanas de gestação fiquei ainda menos certo do que penso sobre o assunto, mesmo se tenho algumas convicções básicas que discordarão das suas.
5) O Ministério da Defesa e a Marinha não podem estar ao serviço das convicções pessoais de alguns, em especial de quem apregoa (e não os pratica, perpetuando-os) os valores e costumes da família conservadora.
6) Ainda não percebeu que não abandonámos a nossa veia (mesmo que fraquinha) satírica.

Titta Maurício critica-nos

Caro Paulo,

Quando li este seu comentário [NE - Sobre os artigos no Distritonline], duas perplexidades me assaltaram: - uma, por um imputado mau-gosto na escolha do fato: "azul celeste-choc"?!? Azul, quanto muito, nas camisas, bem ténue... e bem equilibrado com o branco; ou em gravatas e jamais do tipo "choque"! - dois, porque o meu Caro, insiste em repetir as únicas coisas que verdadeiramente me aborrecem - para utiizar uma expressão comedida (e sei o quanto é perigoso fazer este tipo de revelações públicas): a insinuação de que não penso pela minha cabeça e que sou aio de qualquer senhor!?! Entenda de uma vez: a questão do aborto (e, quando surgir, a eutanásia e demais questões relacionadas) - e, já agora, a educação e a Liberdade - são para mim a minha motivação para fazer política. Pouco me importam os lugares no partido ou os típicos comportamentos bajulatórios e seguidistas que alguns usam para singrar na política! Se os adoptasse não tomaria as posições que torno públicas... as quais, aliás, são tidas pelos ditos "carreiristas típicos" como demasiado afirmativas, radicais, pouco dadas às conciliações que entendem distinguir os que querem dos que não podem ter "carreira" política!
Paulo, não pretendo de si alguma tolerência especial ou favoritismo... apenas lhe peço que ultrapasse os complexos típicos de quem quer fazer comentário divertido usando a piada fácil, tipo "chapa-4"! Pode discordar de mim... não diga é que a minha opinião é de "aio do seu senhor", porque isso ofende-me e não tem graça!
Quanto à ausência de «novidades, no sentido, de coisas novas, originais», se quiser, podemos aqui debater o assunto do aborto... se calhar, este blog poderá ser um bom espaço, e no momento menos desadequado (agora que a assentou a "espuma" do mediatismo exacerbado que só serve para tudo confundir)! Só tem de informar das regras (que sugiro de civilidade, respeito e seriedade argumentativa), garantir que ou é árbitro ou é parte...
Aceita?!?

João Titta Maurício

Alguns reparos (educativos)

Ainda em torno das questões levantadas pelo post anterior do meu conterrâneo Paulo G. quanto à situação da Educação entre nós, gostaria de deixar aqui dois reparos que acho importantes (e muito preocupantes) neste momento:

* Em primeiro lugar, a ideia que vai ganhando alguns adeptos de que a colocação de professores, para não ser tão centralizada e difícil de fazer, deveria ser descentralizada e dado um maior papel às autarquias. Em minha opinião, isto seria o golpe final no nossos sistema educativo. O nosso poder autárquico, nada eivado de caciquismos e clientelas, iria ser um óptimo gestor da colocação de docentes nas escolas !!! É só olhar para algumas das linhagens existentes nos aparelhos técnico-administrativos das Câmaras (ele é o primo, ela é a cunhada, ele é o amigo do genro, ela é a vizinha da amiga) para sabermos o que nos esperaria. Para além de que, quer atendendo à escassa extensão do nosso território, quer ao que isso significaria de incoerência num sistema que se pretende nacional, uniforme e equitativo, essa solução seria o dobre de finados por qualquer esperança de qualidade do nosso ensino. Aliás, seria regredir mais de um século, até bem fundo no século XIX, quando eram as Câmaras e Juntas de Paróquia a deter a capacidade de abrir escolas e apenas ficámos, desde então, no último lugar das estatísticas relativas à alfabetização e literacia. Como a memória é curta, o pessoal não se lembra do que não convém.

* Em segundo lugar, a questão das queixas dos pais quanto ao funcionamento das escolas e à dificuldade que têm em assegurar onde ficam os filhos o máximo de horas, no máximo de dias. Sempre que há qualquer atraso nas aulas ou pausa lectiva, lá temos as mesmas sacramentais queixas. Também sou pai e também sei o que custa tudo isso mas, sinceramente, vejo muito mais almas preocupadas em saber onde “despejar” os filhos do que em lutar pela melhoria da qualidade do ensino e da sua aquisição de competências essenciais para a sua vida. Ou seja, a quantidade sempre à frente da qualidade, menos quando se trata do número de aulas, porque essas são sempre tidas como muitas, mesmo se pelas estatísticas OCDE somos dos países com menor carga lectiva. Ou seja, as crianças devem ficar muito tempo na Escola, desde que não seja para terem aulas. É a solução do mega parque infantil ou parque de diversões para a pequenada (e não só) passar o tempo. Se é assim que acham que está certo, a vossa vontade tem vindo a ser feita. Cada vez estamos mais atrasados, mesmo se temos dos maiores investimentos per capita em Educação da Europa (é verdade, sim senhor). É o que dá a inteligência dos pobres de espírito que nos têm ditado as políticas educativas, mas o que podemos fazer, pobres mexilhões ?

terça-feira, setembro 21, 2004

O Estado da Educação

Um nosso amigo e meu homónimo (os Paulos encontram-se sempre) enviou-nos uma reflexão sua sobre a situação a que chegámos neste país no que à Educação respeita. O tema foge um pouco ao tema central do nosso blog, mas pela sua actualidade achámos que interessava a sua divulgação.


É o fim da Educação tal como a conhecemos (and I feel fine) [1]


Paulo Guinote [2]


É difícil descrever o que qualquer cidadão normal minimamente responsável, mesmo que não seja professor, sente ao perceber o completo desvario em que entrou a governação em Portugal.
Após o descalabro em que se tornou a nossa Justiça e o labirinto em que se transformou a Saúde, a Educação contribui agora com a sua quota-parte para a sensação de completo desnorte em que o País mergulhou irremediavelmente.
Para quem é professor há quase duas décadas como eu e, entre aluno, professor e (mais recentemente) investigador na área da História da Educação, está embrenhado no sistema educativo português há quase 35 anos é particularmente triste verificar o estado de regressão a que fomos conduzidos nos últimos dois anos e a irresponsabilidade que assentou arraiais numa área que se proclama estratégica para o desenvolvimento (económico, social, cultural) do nosso país.
Em nome de algumas causas a que, em tese, todos podemos aderir sem grandes dramas – unificação absoluta do concurso para provimento de lugares nas escolas, com regras que (mesmo se discutíveis, de acordo com os diferentes interesses dos docentes) se apresentavam como claras – a anterior equipa do Ministério da Educação decidiu mexer no enquadramento legal e nos instrumentos técnicos do concurso de professores para os Ensinos Básico e Secundário.
Como acima escrevi, a legislação, mesmo se susceptível de desacordo, parecia clara; para garantir a uniformidade da aplicação dos critérios e – pensava-se, então – para acelerar e facilitar todo o processo decidiu optar-se pela aquisição (fora do Ministério) e aplicação (no Ministério, fora do Ministério ?) de um programa informático para tratar toda a informação necessária.
A articulação entre os princípios que norteavam a teoria (legislação) e a prática (programa informático) foi nula ou, se o não foi, foi muito deficiente. O que se seguiu já todos conhecemos nos seus aspectos mais visíveis para o público e não é necessário fazer-lhes a infeliz história.
Os equívocos que se acumularam ao longo do processo foram muitos e, mais imprtante, foram reveladores de grave indiferença, incompetência ou mesmo desconhecimento de aspectos basilares do problema: esqueceu-se o complexo emaranhado das qualificações profissionais dos docentes, não se testou o programa em tempo útil, antes dos concursos, com recurso a amostras de casos reais ou a exemplos fictícios, substituiu-se (a destempo) a equipa política do Ministério responsável pelo início da catástrofe e, por fim, nomeou-se novo pessoal com experiência mais do que escassa na área, soprou-se um pouco, e esperou-se que o fogo ateasse.

É impensável arvorar a Educação como área estruturante do progresso da sociedade portuguesa e como lugar-comum recorrente do discurso político quando se fala da necessidade de recuperar o atraso português em relação à Europa, se é assim que se trata o maior contingente profissional com habilitações de nível superior que existe no país.
É absolutamente demagógico dissertar sobre a necessidade da Escola ser atractiva, apelativa, estimulante, etc, etc, para os alunos que a frequentam, se assim se tratam os docentes que a fazem funcionar e são indispensáveis para lhe darem qualidade.
É atrozmente irresponsável tratar dezenas de milhar de docentes como se fossem carne para canhão e uma massa amorfa de autómatos descaracterizados, disponíveis para qualquer abuso que sobre eles(as) o acaso e a cegueira (técnica e política) fazem cair.
É verdade que a própria classe docente é, em boa parte, responsável pela degradação a que a sua posição social e a sua dignidade profissional chegaram pois as suas associações representativas (leia-se, sindicatos) optaram pela via da fragmentação feudal ou pelo predomínio da reivindicação salarial sobre todas as outras, permitindo a progressiva proletarização daqueles que representam. Todos os anos lá temos as duas greves da praxe, em troca de 0,5% no salário, numa coreografia bem ensaiada com o Ministério e levada ao palco há décadas com um sucesso cada vez mais duvidoso e com efeitos cada vez mais desmobilizadores.
De forma subreptícia, assumiu-se que a Educação é, no caso dos docentes, o refúgio dos licenciados menos empreendedores na sua área científica e, para os alunos, um período de vida cada vez mais alongado destinado a obter credenciais académicas com o máximo de fruição e a menor dose de esforço e empenho.
É triste, mas é verdade e, pior do que isso, corresponde cada vez mais a uma realidade contra a qual cada vez menos de nós lutam.
A situação que se vive na Educação nos dias que passam é de completa calamidade e, num momento em que a população discente está estabilizada, o presente atraso nos concursos dos docentes seria absolutamente incompreensível se não soubessemos todos, mais ou menos a contra-gosto, de forma mais ou menos explícita, que a nossa governação caiu num dos pontos mais fundos de que há memória, em termos de visão política e competência técnica.
Para mim, chegámos ao fundo do poço, à decadência de qualquer ideia válida da Educação e ao fim do Docente como profissional reconhecido na Sociedade.
Resta-nos saber se, numa perspectiva optimista, a partir daqui só podemos melhorar ou se, numa perspectiva pessimista, aqui nos iremos aconchegar e deixar ficar.
Inclino-me para esta última hiótese, pois o nosso pessoal político é menoríssimo e, em virtude dos muitos desvarios pedagógicos na Educação, o pessoal técnico cada vez menos competente. E a tendência não é para melhorar, muito pelo contrário.
Restava-nos até agora a sacramental e tão criticada burocracia que, apesar da falta de imaginação, rotina, redundância e morosidade, ainda ia assegurando os serviços mínimos da Nação.
Ao que parece, agora já nem isso nos resta.


[1] Agradece-se aos REM a (des)inspiração.
[2] Professor do 2º Ciclo do Ensino Básico. Mestre em História Contemporânea.

Mitos

Dentro do suplemento do Distritonline dedicado à Moita multiplicam-se os textos propagandísticos, quase todos assinado por um Gonçalo Bofill (assim mesmo com dois “ll”).
Um dos títulos de 1ª página afirma serem “Esperadas milhares de pessoas”.
Deveriam querem dizer serem “Esperados milhares de pessoas”, mas não se pode obrigar o rapaz a fazer o suplemento todo e ainda a saber gramática e regras de concordância nas frases.
(A alguém soa bem uma frase como “esperam-se duas milhares de raparigas” ou “esperam-se dois centenas de rapazes ? Não, pois não ? )
Por outro lado, não se nota nada o chorudo subsídio que a CMM deve ter injectado na publicação.
Lá se perpetuam os mitos das festas da Moita com mais de 300 anos, mas já damos isso como garantido, à conta de mitologia local, para legitimação das práticas contemporâneas.
Só não sei porque é que os alhosvedrenses não reclamam a ancestralidade, com mais de 800 anos, dos “festejos” da terra, esses pelo menos atestados documentalmente com testemunhos que dizem remontarem as festividades religiosas em Alhos Vedros ao tempo da Reconquista em meados do século XII. Aliás, uma das justificações para os moiteiros se quererem separar de Alhos Vedros no final do século XVII era o transtorno que lhes fazia serem obrigados a deslocar-se à Matriz de Alhos Vedros para aí assistirem às festividades mais importantes do calendário cristão.
No entanto, os mitos que permanecem parecem ignorar este facto e as festas em Alhos Vedros andam sempre ao sabor da sorte e do azar dos tempos, com os apoios a escassearem e a “mama” a não dar para todos.

segunda-feira, setembro 20, 2004

O qu’é qu’é aquilo ?

Saiu um “suplemento impresso” do Distritonline, datado de 12 de Setembro, todo dedicado à Moita, com o shôr Presidente da Câmara em primeira página, sorriso afivelado, com a frase “A Moita é um concelho com qualidade” !!
Pois é, não se esclarece é o que é que tem qualidade.
Ou se a qualidade é boa ou má.
Porque uma coisa pode ter qualidade, pode é ser má.
E já agora, não haverá possibilidade de devolução do poder moiteiro, em virtude de grave defeito ?
Não estará ainda no prazo da garantia ?

Léxico moiteiro - Parte ?

Continuamos com a epopeia de desvendar os mistérios do vocaboilário moiteiro. Eis mais alguns contributos:

Boião – grande frasco em forma de boi,
Boiboleta – borboleta, ao esvoaçar pela Moita.
Boicó – moiteiro ignorante, o que não deixa de seu um pleonasmo, mas...
Boicotar – empacotar bois.
Boide – o macho da cabra.
Boil – outra designação para a Moita.
Boina – o que os bois usam na caboiça para não apanharem muito sol.
Boisque – bosque na Moita (se o houvesse...).

Belo par

No Distritonline, na sua versão mesmo online (ver link ao lado), temos direito à opinião política regional no seu melhor.
Como não poderia deixar de ser lá temos aquele que consideramos o par maravilha do nosso concelho: Eurídice Pereira pelo PS (no canto da esquerda em traje rosa-chic) e Titta Maurício pelo CDS/(ainda)PP (no canto da direita em fato azul celeste-choque).
Cada um opina. No seu tom do costume, que é como quem diz, muita parra, pouca uva.
Eurídice disserta vagamente sobre assuntos vagos, de acordo com uma perspectiva vagamente vaga.
Titta Maurício desembainha a espada e acomete, como bom aio do seu senhor, no seu (alvo e puro) corcel alado sobre a questão da interrupção voluntária da gravidez.
Como de costume, ficamos à espera de novidades, no sentido, de coisas novas, originais.

sábado, setembro 18, 2004

Novidades

Para quem não reparou, também já aderimos à moda de colocar links permanentes no nosso blog, como podem ver no lado direito do monitor.
Prometemos ser criteriosos e não linkar tudo e mais qualquer coisa, só para parecermos muito eruditos.

Sobre o Cais Novo

Retirado do Alhos Vedros Visual, temos aqui um comentário sobre a expansão do Cais Novo que, qualquer dia, está às portas da Moita.

Não penso que seja importante para os moiteiros que chegue à Moita, uma vez que (de novo) estão a preparar-se para gastar mais uns milhões para "recuperar" e "embelezar" a zona ribeirinha da Moita (claro!).... o que me preocupa é que este ataque não irá parar enquanto todas as pequenas mas (antigamente) bonitas praias de Alhos Vedros, os sapais de Alhos Vedros, os antigos viveiros e salinas de Alhos Vedros não estiverem por completo destruídos. De um lado é o Cais, do outro são os aterros (com a desculpa de construir um campo de futebol para o Banheirense) que nunca mais acabam... tudo, é claro, com a aprovação e conivência da Câmara Municipal da Moita e outros organismos oficiais de defesa do ambiente, a quem foi atempadamente denunciada a situação e nada fizeram! É a inveja dos moiteiros por não terem nada que preste!

Fernanda Gil

Interlúdio

Sabemos que foge um bocado ao nosso âmbito mas não resistimos a incluir esta peça de actualidade sobre as difíceis relações luso-holandesas que circula na net.

Testicles on Waves

O barco tripulado pela organização portuguesa Testicles On Waves abandonou hoje a sua missão na Holanda.Tendo chegado, uma semana antes, ao limite das águas territoriais holandesas, este grupo de homens portugueses pretendia libertar as mulheres holandesas, sendo que neste pais elas engravidam muito pouco e existe um enorme número de lésbicas.
O presidente da organização, Zézé Camarinha falara-nos da sua missão "Epá, eu adoro lésbicas. ..daa-se, quem é que não adora?? Mas agora, desde que um gajo depois possa entrar no meio, duas mulas suecas aos pinotes e estes frouxos não entram na brincadeira? É uma vergonha pá, é o terceiro mundo. Isto lá na pátria não é assim".
O governo Holandês não permitiu a entrada do barco nas suas águas territoriais, alegando que havia intenção copulatória por parte dos seus tripulantes, usando como prova o elevado nível de testosterona, evidente na cobertura em pêlo do calcanhar até aos ombros de todos os tripulantes.
O Ministro da Defesa enviou mesmo uma fragata para defender o direito das mulheres holandesas ao lesbianismo. Após uma semana de intensa polémica, Zézé Camarinha, bem como os restantes membros dos Testicles on Waves, mostravam-se conformados. "É pá, que posso fazer?" perguntava Zézé. “Já deixámos no nosso site informações sobre em que praias do Algarve as Holandesas podem vir arranjar um macho latino. Temos pena que a deslesbianização seja criminalizada neste país. É o terceiro mundo, que mais posso dizer. Lá na Praia da Rocha nenhuma lésbica dura mais de dez minutos... heh, ai não, que não...!"

Tréguas

Fizemos as pazes com O Rio.
Percebemos os problemas técnicos que impediram que o texto do nosso colaborador António da Costa chegasse à direcção do jornal.
O nosso bem haja sr. Brito Apolónia.

sexta-feira, setembro 17, 2004

Surprise !!!

No último Boletim Municipal da Moita (nº 32 de Ago/Set de 2004) o excelentíssimo Shôr Presidente da Câmara João Lobo - o nosso Santana, para os habitués deste blog - só aparece em três (!?) fotografias.
Será, por fim, algum decoro ou será que alguém do gabinete editorial vai levar valentemente nas orelhas ?

Hipocrisias taurinas

Em todo este triste assunto que rodeia as alegadas práticas menos próprias do presidente/professor/etc da Escola de Toureio da Moita, mais do que o julgamento do indivíduo e dos seus comportamentos (para a sua averiguação e punição existem os tribunais), interessam-me em especial as questões envolventes bem mais importantes e que nos revelam muito do que é a hipocrisia e o cinismo do mundo taurino moiteiro.
Centremo-nos em dois aspectos de importância fundamental:
Em primeiro lugar, no facto de a Escola de Toureio da Moita ter sido a menina dos olhos da chamada aficcion taurina moiteira até à bem pouco tempo, ou seja, até ao momento em que transpareceu para o exterior algo de mais incómodo para as “boas” consciências. Antes de mais, foi o esforço para esconder, para ocultar, para evitar que se soubesse. Pelo que afirma o director do jornal As Farpas foram muitos os silêncios sobre o assunto e muitas as pressões para o abafar.
Em seguida, quando os boatos ganharam amplitude nos mentideros e, muito em especial, quando tiveram ampla divulgação pública, muitos dos que antes surgiam a rodear Armando Soares em todo o tipo de oportunidades e eventos (e o registo fotográfico existe de muitas dessas ocasiões, bem como de textos encomiásticos que alguns talvez gostassem agora de apagar) apressaram-se a demarcar-se dele e a erigi-lo como único responsável pelo que não pode deixar de se considerar um escândalo.
Significa isto que no mundo taurino da Moita, em situação de crise, a primeira solução é a ocultação dos factos e a tentativa de os subtrair ao conhecimento público e, na sua impossibilidade, a rapidez em isolar o bode expiatório e sacrificá-lo sumariamente.
Não é nosso interesse defender Armando Soares; muito pelo contrário, tudo parece apontar para a existência de comportamentos altamente reprováveis em quem se pretende um mentor e formador de jovens.
No entanto, parece-nos igualmente importante sublinhar a actuação dúplice, cínica e hipócrita daqueles que, num ápice, afirmam que o futuro das actividades taurinas na Moita não tem nada a ver com o passado – leia-se, com a Escola de Toureio da Moita - , que o problema daquela instituição era estar centrada numa única pessoas que se aponta como responsável por tudo o que lá se passava e que é necessário criar outra estrutura, como que se esquecendo dos seus próprios papéis naquele mesmo passado.
Até já há quem tenha anunciado o fim da festa taurina na Moita, depois de ter gasto uns bons (maus?) parágrafos a defendê-la com denodo. Dizem que só os burros não mudam de ideias, mas...
Pois, porque as declarações de Carlos Martins ao jornal As Farpas revelam que já há algum tempo se acumulavam indícios de mal-estar entre os ex-alunos daquela Escola, os quais dificilmente escapariam aos conhecedores do meio. Só que, como nada parecia transpirar para fora, fingia-se que tudo corria no melhor dos mundos. Nada contra os vícios privados, desde que se aparentassem públicas virtudes.
Agora, com o caldo entornado, todos procuram sacudir as responsabilidades das costas e reescrever o passado, com pressa em apagar o elemento incómodo da fotografia, lançando-o sozinho para a fogueira.
Resta saber se mais ninguém lhe deveria fazer companhia, por acção, por encobrimento, ou por voluntária indiferença.
Miguel Alvarenga escreve e bem que A. Soares deve enfrentar a realidade dos seus actos.
Mas isso deveriam fazer muitos outros, desde os que procuraram ocultar tão graves ocorrências e desculpabilizá-lo aos que o querem linchar na praça pública e apagá-lo de uma história que com ele têm em comum.
Como em quase tudo em Portugal, oscilamos entre os brandos costumes que tudo toleram em nome de um bem-estar colectivo bafiento e os fogachos de justicialismo sumário, mais preocupado com a aparência do que com a essência da justiça.
Assim se vê a coragem dos homens, em especial daqueles que muito a apregoam.

António da Costa


quinta-feira, setembro 16, 2004

A esquecida zona ribeirinha de Alhos Vedros

Como esta parece ser uma questão que mais ninguém se sente muito confortável ou com interesse em abordar, gostaríamos de lançar a partir deste espaço e do Alhos Vedros Visual um debate sobre a situação e o destino da zona ribeirinha da freguesia de Alhos Vedros, deixada ao abandono (ou pior do que isso) nas últimas três décadas.
A situação que se vive na vasta faixa fluvial de Alhos Vedros é absolutamente intolerável e simboliza o desprezo a que têm sido votadas pelo poder moiteiro questões de natureza ambiental e patrimonial absolutamente essenciais para quem defenda um desenvolvimento integrado, sustentado e equilibrado da freguesia e do concelho.
Num espaço onde ainda na minha infância, e por maioria de razão na de gerações anteriores,
existia a possibilidade de um saudável contacto com a natureza com salinas, viveiros piscícolas, pequenas enseadas arenosas onde se podia tomar banho, pontões rochosos para a apanha do caranguejo ou lameiros para a apanha da lamejinha, passou a ser possível encontrar detritos ferrosos, águas crescentemente poluídas, lixeiras de “monos”

O que ganhámos em troca com as transformações operadas na década de 70 e mantidas desde então ?
Por vezes, a mudança é feita em nome do progresso e, em alguns casos, a realidade que se constrói até pode justificar que se elimine o que antes existia. Mas esse não é o caso.
O desastre ambiental em que se transformou a zona do “Cais Novo” não tem qualquer desculpa e os poderes autárquicos que se sucederam desde o 25 de Abril foram coniventes, por acção ou omissão, na perpetuação de uma vergonha sem limites.
O desenvolvimento trazido à freguesia pela instalção de um mega ferro-velho a céu aberto foi nulo. Quem está em condições de dizer quantos empregos gerou para os alhosvedrenses ? Que receitas ou vantagens económicas trouxe para a vila ? Em suma, que contrapartidas, trouxe a instalação daquela pseudo-indústria para além da poluição do rio, a destruição da fauna e flora do sapal, para não falar no atentado visual para a paisagem ?

Alhos Vedros que, durante séculos, viveu virada para o rio ficou obrigada a virar-lhe costas. O desleixo, o abandono, a incompetência técnica e a cobardia política têm permitido a inexistência da criação de alternativas para que os alhosvedrenses possam fruir, de forma lúdica, de algo que teve e (ainda) tem um valor inestimável.
No contexto do concelho, a freguesia de Alhos Vedros é a que tem maior faixa ribeirinha mas, porém, é aquela em que a ligação com o rio é mais problemática. Os investimentos feitos no Parque da Baixa da Banheira ou os que se vão fazer na Moita, no que o poder moiteiro quer fazer crer que é uma zona ribeirinha (e que no fundo não passa de umas curtas centenas de metros entre a porta de água do “cais” e os vestígios da caldeira do velho moinho de maré do Álimo), não podem ter qualquer comparação com os feitos em Alhos Vedros, porque aqui eles simplesmente não existiram.
O nóvel Parque das Salinas de Alhos Vedros, com todas as suas incongruências, aí está como testemunho dos equívocos e como monumento à incompetência de um poder que carece de visão e de capacidade de intervenção efectiva na requalificação da zonha ribeirinha de Alhos Vedros.
Não nos esqueçamos que da Igreja ao “Cais Novo”, passando pelos moinho de maré, pelo “cais velho”, pelas antigas salinas e pelo sapal se estende uma longa faixa ribeirinha cuja recuperação e, como agora está na moda dizer, requalificação, poderia representar uma enorme mais-valia para a freguesia (para não fizer para o concelho); só que, infelizmente, os dinheiros (perto de 6 milhões de euros, mais de 3,5 de financimento através do programa Polis) só estão disponíveis para a faixa ribeirinha moiteira.
Pode ser que desta vez alguém tenha a presciência divina de colocar os bancos no passeio envolvente à caldeira de forma a apanharem a sombra das árvores na hora de maior calor, ao contrário do que acontece agora, em que os bancos que lá estão ficar á torreira do sol desde o fim da manhã, enquanto a zona de sombra do passeio serve para estacionar carros.

Mas não estamos aqui contra a realização de investimentos na Moita.
O que estamos é contra a sua concentração na faixa ribeirinha moiteira, deixando alhos Vedros na penúria e no abandono a que toda a gente se vai, a bem ou a mal, acostumando e acomodando.
E, infelizmente, cada vez surgem menos vozes em Alhos Vedros a reclamar contra este estado de coisas e a pedir contas ao poder autárquico da Moita, ultimamente mais atraído pelos bois.
Em Alhos Vedros o desânimo impera e quem ainda se indigna cada vez sente que é cada vez mais difícil fazer-se ouvir.
Só para dar um exemplo, mesmo num jornal que, nascido em Alhos Vedros, se reclamou do nome de O Rio, quantas vezes nos últimos anos se encontrou um texto sobre este tipo de problemática, essencial para a manutenção de uma identidade própria em Alhos Vedros e que não passa por largadas de bois e cheiro a bosta em Maio e Setembro.
Mas as coisas não podem ficar assim.
Indignem-se (já dizia o outro) e partilhem connosco essa indignação (dizemos nós).
O debate é necessário e para isso precisamos do vosso contributo.
Mandem-nos os vossos comentários (e imagens que possuam) para o nosso mail (avedros@clix.pt) ou insiram-nos directamento no nosso fotoblog (www.phlog.net/user/AVedrosVisual).

António da Costa
José Silva
Manuel Pedro
Paulo

Apontamento sobre o Estado da Nação

* Mira Amaral trabalha 21 meses na Caixa geral de Depósitos, contribuindo para uma queda de 25% dos lucros. É demitido e reforma-se com 18.000 euros mensais.

* Pela enésima vez o Ministério da Educação adia a colocação de 50.000 professores, quando o ano lectivo já devia ter sido iniciado.

Feliz Nação esta que sobrevive com tanta incompetência e tanto prémio a essa mesma incompetência.

quarta-feira, setembro 15, 2004

Perplexidades taurinas

Ainda antes de análise mais detalhada do assunto, gostaríamos de deixar aqui alguns apontamentos sobre a questão do momento no mundo taurino moiteiro, ou seja, o escândalo que envolve o (demissionário) presidente da Escola de Toureio da Moita (ETM).

a) Quem andou a esconder e atentar esconder o que à boca pequena já se falava há algum tempo por estes ambientes ? Que pressões foram essas sobre a divulgação da notícia ?
b) Porque será que, apesar destas sombras, a CMM não se coibiu de ainda recentemente dar apoio financeiro a tal instituição (3250 euros de acordo com o jornal O Rio deste mês) ? Será que a fome de apoio nas próximas eleições já chegou a este ponto de desvario e lambe-botismo ao lobby taurino ?
c) Porque será que aqueles que ainda há pouco tempo engalanavam com as conquistas da ETM já andam a tentar sacudir as responsabilidades do seu capote e a declararem que “o futuro não passa pelo passado” e a falarem na criação de uma Escola Municipal de Tauromaquia (EMT), como é o caso da última revista Tauromaquia ? Não andará aqui excessiva pressa em fugir a um escândalo onde não existirá apenas um único responsável, mais que não seja por omissão ?
d) Seria a este tipo de questões que, entre outras e por meias-palavras, se referiria um candidato a toureiro (“Damazo” de alcunha acastelhanada) quando falava da dificuldade em seguir carreira profissional em entrevista dada ao nóvel colunista Luís Castro n’O Rio nº 155 ?
e) Será que sunstituir a ETM pela EMT não é mudar apenas o nome das moscas, e a mosca varejeira mais destacada, para que (o cheiro e a essência d)a bosta continue na mesma ?
f) E, finalmente, será que os “adesivos” oportunistas de última hora ao lobby taurino moiteiro não se sentirão um bocadito incomodados com o lamaçal para o qual se atiraram de braços abertos ?

A trombeta e coiso e

São dois blogs que nos fazem sorrir em tempos cinzentos: o já clássico Trombeta do Casal da Burra e o mais jovem Coiso.

Pergunta indiscreta

Ontem (confesso), fui à Festa da Moita.
E ainda bem... pois pude reparar no luxo das decorações e na quantidade de "barraquinhas" e outras que tais que preenchiam um espaço imenso. Assim, como também dei um saltinho às da Baixa da Banheira e de Alhos Vedros fiquei curioso: alguém consegue ter acesso aos números do Orçamento municipal (em especial a sua execução) para podermos comparar as dotações transferidas para cada uma das entidades organizadoras? É que acredito que aplicado ao número de população servida, o "ratio" seria deveras interessante!
Ainda que eu tenha muuuitas dúvidas sobre a seriedade destes apoios... principalmente quando o saneamento básico do concelho (em especial o da Baixa da Banheira - e a breve prazo o de Alhos Vedros) e tantos outros problemas ameaçam entrar em ruptura! Cumprimentos

João Titta Maurício

segunda-feira, setembro 13, 2004

Não há como evitar

Nós não queríamos ir por aí, mas não nos deixam alternativa.
A polémica sobre as práticas de alguns vultos taurinos da Moita nas páginas d'As Farpas é incontornável para que, como nós, acha que grande parte dos vícios moiteiros radica na sua dúbia relação com os bois.
Para breve anuncia-se a nossa lide sobre o assunto.

sábado, setembro 11, 2004

Verdades

O blog O Jumento é bom, mesmo se não é melhor que muitos outros, mas tem em destaque esta pequena quadra que é uma delícia.
Só por isso merece uma visita.

Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência
que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!

António Aleixo

Propaganda

O que acham os alhosvedrenses desta peça de propaganda que a CMM forneceu ao Diário do Barreiro (não vai aqui o link porque aquilo anda sempre a mudar) ?
Quando será que a nós nos cabe qualquer coisa ?

A nós não nos faltará bem estar ?
Ou será que nos acomodámos demasiado rapidamenteà mediocridade moiteira?


Requalificação do Vale da Amoreira e Baixa da Banheira
Autarquia quer proporcionar bem-estar à população

As freguesias da Baixa da Banheira e do Vale da Amoreira estão a ser alvo de recuperação urbana. Em marcha está a Operação de Revitalização Urbana da Vila da Baixa da Banheira (ORUVBB), inserida no PROQUAL (Programa Integrado de Qualificação das Áreas Suburbanas da Área Metropolitana de Lisboa). “Esta operação inclui-se num processo de 10 anos de revitalização, iniciado em 1996 e que termina em 2006”, explicou João Lobo, presidente da Câmara Municipal da Moita.


sexta-feira, setembro 10, 2004

A Festa da Boita

Lá vai começar hoje a festa da Boita.
Todos os Setembros todos os boiteiros (de 2 e 4 cascos) têm a sua festa, porque a de Maio é muito curtinha.
A única vantagem é que temos desculpa para contornar a Moita e não fazer o caminho mais curto a caminho dos lados do Montijo porque oficialmente o trânsito está condicionado (o facto de nenhum boiteiro respeitar esse condicionamento e tornar a circulação infernal não vem ao caso).
Este ano parece que vejo aquelas protecções em madeira que tradicionalmente são instaladas na “avenida” espalhadas por muito mais vias da terra. Não sei a razão: será que os bois vão andar a passear por todo o lado ou será que aquilo já é usado para todos os boiteiros saberem o caminho ?
Logo se vê.
Em toda a minha vida de alhosvedrense com voto na matéria (desde prái os 10 – 12 anos) fui duas vezes à noite à festa da Boita e uma vez a uma largada.
À festa fui uma vez ter com uns amigos da Moita - que não m(b)oiteiros – para petiscarmos um bocado e nos divertirmos um pouco (claro que acabámos em outro lado) e a outra, há meia dúzia de anos, por mero interesse antropológico e sociológico. À largada fui uma vez para poder dizer mal com conhecimento de causa. Fiquei em cima de uma camioneta de caixa aberta estacionada junto à rotunda/redondel envolvente da Praça de Bois e observei duas horas o comportamento das ululantes massas presentes. Foi educativo pois devemos sempre ter conhecimento directo dos hábitos de qualquer população indígena bárbara, para melhor os podermos legitimamente recusar.
Quanto a boiadas (“touradas” na terminologia local) só pela TV e só quando há garantias do boi ferrar umas boas cacetadas em alguém pois acho, a par da caça, que esta é uma das actividades humanas mais cobardes, pois o pobre boi se encontra numa situação em que nunca pode ganhar. Parece que alguns confundem palermice com coragem. Tudo bem. Aliás eu não estou contra a tourada como manifestação lúdica e de entretenimento com tradição em Portugal, desde que não a cubram com mantos de mitologias marialvas.
Infelizmente, na Boita a boiada parece servir principalmente para exibir vaidades e para animar quem tem a testosterona murcha no resto do ano.

quinta-feira, setembro 09, 2004

A inexistente UICVT perde o seu inexistente presidente

Com o final das férias os nossos colaboradores vão retomando a actividade.
Agora é a vez do Manuel Pedro.
(Só esperamos que o link do Diário do Barreiro ainda esteja activo, porque ele andam sempre a mexer naquilo).


Confirma-se o que já tinha previsto...
A inexistente Confederação Mundial das Cidades Taurinas, que como se sabe nunca existiu, deixou de existir para dar lugar à ainda não existente União Internacional de Cidades e Vilas Taurinas, a qual perdeu o seu inexistente primeiro presidente, Maurício do Vale.
Mauricio do Vale demitiu-se por “razões de foro profissional” e apresentou uma carta a João Lobo formalizando a demissão do seu cargo na confederação, no passado dia 23 de Julho. O crítico tauromáquico vai assumir novas funções na actividade que desenvolve há já 20 anos no Sporting Clube de Portugal, no Gabinete de Comunicação do Sporting SAD, no âmbito das quais terá de “acompanhar a equipa nos estágios”, depois de se ter demitido Mauricio do Vale soltou um desabafo:" Bolas ! agora finalmente vou trabalhar em alguma coisa que existe verdadeiramente... " e abandonou a sala gritando "Eu existo ! Eu existo !”
Quem quiser ler toda a notícia aqui vai o link: http://www.diariodobarreiro.pt/primeira%20pagina/xartigo2.asp


Manuel Pedro

terça-feira, setembro 07, 2004

Roldão Preto de volta

As férias retemperaram o vigor ao Roldão Preto que regressa mais impetuoso que nunca, com um texto que assinala o nosso duocentésimo post.

A Vergonha do "Cais Novo"

Retomando a luta voltei da Galiza para unirmos forças e conseguirmos finalmente acabar com o poder moiteiro, a Independência do concelho de Alhos Vedros é o combate da minha vida.
O “Cais Novo” foi construído nos príncipios da décadas de 1970. Por informações recolhidas, o cais novo foi parte integrante do projecto de construção da 1ª fase da Urbanização da Quinta da Fonte da Prata e o seu objectivo seria o de fazer outra ligação entre a Margem Sul do Tejo e Lisboa, para ligações fluviais entre as duas margens do Rio.

O porquê dessa construção: nas décadas de 50 e 60 do século passado, o movimento oposicionista ao Estado Novo estava muito activo no Barreiro, devido ao seu colectivo ser de base proletária, que alimentava de mão de obra a CUF e as fábricas de cortiça.
Esse poder de reinvindicação, organizado na sua maior parte pelo PCP, estava em risco de alastrar e chegar a povoações vizinhas, como Alhos Vedros e Moita, como aconteceu.
A ideia principal foi construir uma cidade tampão situada entre Alhos Vedros e a Moita, que servisse para "colonizar" com pessoas de outras proveniências. O nome da empresa era e ainda é penso eu de que, Comitur. Se repararem no tipo de arquitectura da urbanização, notarão que todos os andares são ligados interiormente por corredores externos, como se pode também observar nas Bandas da Torralta em Tróia ( são os blocos de apartamentos de até ao máximo 3 andares ) que têm também essa ligação interior.
Penso que isso indicia que o propósito desses apartamentos não era serem de primeira habitação, mas sim uma segunda habitação de férias, o que implica que as caractrísticas da população migrante seriam da classe média, como se possa entendé-la em 1972.
Mas em 25 de Abril de 1974, Portugal saiu de uma época, ( A época do Império ) e entrou numa nova época, ( A época da Imperial ).
Com a Revolução de Abril, aconteceu a descolonização ( uma coisa e outra, são a mesma coisa ), e chegaram a Portugal Continental os retornados, trazendo com eles toda uma cultura construída no Império Ultramarino.
As Urbanizações como a da Fonte da Prata, serviram então para recolher esses nossos compatriotas.
O PCP entrou para o poder no concelho da Moita logo em 1975 com o advento das primeiras eleições Livres de Abril de 1975.
Em 1978 o cais novo foi concessionado à empresa Batista e Irmãos LDA. com sede em Sacavém.
Essa empresa dedica-se ao desmantelamento de barcos...
Muitos governos do PCP local passaram, mas o cais de desmantelamento de barcos lá continua, tendo aumentado a sua zona de influência do cais, que era só ocupado no lado esquerdo em 1978, até agora ocupar uma área superior a 2 Km2, de sucatas e lixo de toda a espécie. Só para terem uma ideia do tamanho, a zona urbana da Baixa da Banheira ocupa +-2 Km2.
Existem carreiras de camionetas de carga que fazem o transporte das sucatas numa média de uma por cada meia hora, imaginem as toneladas e toneladas de sucata que são desmanteladas e recolhidas por dia, isto é só o aspecto visível deste monstro.
Os tanques dos barcos a desmantelar vêm com certeza com restos de combustivéis, a nafta, que será alguma recolhida em bidons e outra pura e simplesmente deixada a escorrer para o Rio...
Desde 1978 estimo que mais de 500 barcos alguns de grandes dimensões, como na década de 80 me lembro de ver alguns da União Soviética, foram ali desmantelados.
Como curiosidade recordo que também o Huíge foi ali desmantelado que como sabemos era o navio-hospital que serviu durante a guerra colonial as nossas tropas.
O cais de desmantelamento de barcos tem uma rede independente de energia eléctrica com dezenas de postes de alta tensão que inclusive têm o nome "Batista & Irmãos" escrito nos postes. A camâra da Moita com certeza deu autorização para a contrução desta rede eléctrica.
Não sei se a água que consomem é da CMM, ou têm furo próprio. Sei que o poder moiteiro sempre lhe interessou este negócio, porque deve ter-lhes dado e continua a dar muito dinheiro, se ensarmos bem é um negócio
de milhões e deve ter enriquecido alguns moiteiros mais espertos...
E tudo isto à conta do sacrifício da zona mais bonita, no plano ambiental, de Alhos Vedros.
Local de antigas salinas e zona de sapal, que deveria ser defendida pelo Partido "Os Verdes", o suplemento "ecológico" do PCP, só que este "partido" nunca se referiu a este caso.
Presumo por isso que também devem estar a receber dinheiro da empresa "Batista & Irmãos",
por isso mantêm o bico calado.
Realmente "Os Verdes" é um partido que nem deveria existir, porque nunca foi a votos sozinho.
Além de serem pseudo ecólogistas só serve mesmo é para dar tacho à sua meia dúzia de dirigentes Nacionais e tachos locais, como por exemplo na Junta de Freguesia de Alhos Vedros, em que um dos seus militantes a coisa mais ecologista que fez, foi a organização das Festas da Quinta da Fonte da Prata: o "Conhecer para Aceitar", nada tenho contra este evento que até reputo de importante, acho é que nada tem a ver com as funções que deveria ter um partido ecológico. Especialmente aqui em Alhos Vedros, onde acontece todos os dias este atentado ao ambiente que é o cais de desmantelamento de barcos do “Cais Novo” !
Se este crime fosse efectuado em território moiteiro, há muito teria acabado ou nem teriam deixado em primeiro lugar, mas como é em Alhos Vedros que se lixe, e se alguns moiteiros ganharem alguma coisa com isso, melhor, porque Alhos Vedros sempre foi espoliado pelo poder moiteiro e menosprezado em relação a todas as outras freguesias da Moita.
Alhos Vedros que foi a mãe destes municípios todos em redor, e estou-me a referir ao Barreiro e à Moita em particular.
O problema é que os Alhosvedrenses também nunca se interessam por estes graves problemas e não temos força reivindicativa para exigir a defesa dos nossos direitos.
E esta situação vem-se arrastando há quase 30 anos.
Nas últimas autárquicas a candidata à Junta de Freguesia de Alhos Vedros prometeu que este problema iria terminar e consequentemente a empresa Batista e Irmãos sairia do “Cais Novo”, porque não lhe seria renovada a licença de exploração.
Mas foi tudo mentira !
Os barcos que chegam para desmantelar são cada vez mais e o pesadelo não tem jeito de acabar.
Só por este facto o PCP merecia ser para sempre expulso do poder aqui em Alhos Vedros.
Vamos lá ver se a população de Alhos Vedros toma vergonha na cara e retira a cadeira ao partido que mais tem feito pela desgraça de Alhos Vedros: o PCP.
O cais novo de Alhos Vedros precisa primeiro de ser expurgado do cancro, o desmantelamento de barcos e depois de presumo anos e anos de limpeza, voltar a ser o espaço lúdico que realmente existiu até 1978, onde as pessoas iam pescar e mergulhar ou simplesmente deitarem-se nas areias daquela prainha que está situada a Este e que naquela altura fazia séria concorrência à Praia da Gorda.
Porque no futuro concelho de Alhos Vedros esta zona terá de ser uma zona de praias fluviais e protegidos os seus valores ambientais de sapal, que é como sabemos a zona dos estuários onde as espécies jovens crescem e se desenvolvem, como deveria ser num ecosistema equilibrado que se pretende para esta zona do estuário do Tejo.

Roldão Preto

segunda-feira, setembro 06, 2004

Esquecimento imperdoável

Não sei como nos esquecemos, até este momento, do mais óbvio:
A Moita deve passar a ser conhecida como a Boita, pronunciando-se a coisa como se estivéssemos com o nariz entupido de muco (o "rainho" para os boiteiros).

A formatação da blogosfera

Uma estratégia fundamental de qualquer actividade é o conhecimento da realidade que a envolve e na qual se move.
Como somos muito modernos e actuais fomos, a pedido do nosso editor Paulo, então ver o que se passa com os outros blogs que se apresentam como regionais ou locais.
Há uns 6 meses atrás tínhamos lido um artigo do jornalista Paulo Querido no Expresso sobre o tema que nos tinha deixado, mais que insatisfeitos, verdadeiramente desanimados com a falta de profundidade e esforço do trabalho em causa, mesmo se isso não é coisa invulgar no meio jornalístico que trata a blogosfera. Autor de um blog muito pretensioso a todos os níveis – (o vento lá fora) Paulo Querido (PQ) tinha o mérito de chamar a atenção para uma dimensão menos visível dos blogs, mesmo se de forma muito superficial e politicamente correcta. Nesse artigo destacavam-se uns quantos (escassos e sem critério aparente que não fosse o da quantidade de visitas) blogs e, para início de conversa, lá começámos por alguns desses destaques.
A nossa surpresa não podia ser maior pois realmente andamos por caminhos muito distantes de boa parte daqueles que se apresentam como blogs de natureza local e/ou regional. Façamos então um volta sumária pelo país, deixando de fora dezenas de blogs que se afirmam ou deixam catalogar daquela forma.
O blog O Castelo de Ourém depois de merecer a atenção de PQ no tal artigo envaideceu-se e os seus posts passaram durante algum tempo a versar esse mesmo tema e a destacar os blogs amigos da vizinhança, alguns como o de Tomar bem melhores que o próprio – é do género central informativa, com muitos colaboradores e razoáveis recursos, mesmo se com pouco feedback a avaliar pelos poucos comentários inseridos -, mesmo se nos ignora nos seus numerosíssimos links. No entanto, e voltando a’O Castelo, quem o mantém e alimenta, ultimamente parece ter atinado e voltado a lembrar-se que se diz um blog local.
Ainda por aquelas bandas temos o Ourém, outro daqueles blogs que só por distracção se pode considerar local, pois os temas abordados raramente refletem (sobre) a realidade da sua região antes dissertando sobre a actualidade cósmica e afins..
Mas, apesar de tudo, o centro do país não está perdido e, muito em especial a lezíria tem salvação, pois o Conspirações de Coruche é cá dos nossos: um blog local é um blog local e só, por excepção, deve enveredar por outros caminhos. Do mesmo género, é ainda o nosso perseguidor (nos hits do PTBloggers) da Figueira da Foz, que para além de ter um visual parecido com nosso, mas em verde, também tem um espírito verrinoso que nos apraz registar. Ainda dos nossos, em Celorico da Beira temos o respectivo Nabo e, logo pelo nome, está tudo dito. Má ou boa língua é questão de opinião.
Descendo ao Alentejo encontramos um ninho de blogs; deve ser da interioridade. Beja, Évora e outras vilas alentejanas estão tão bem representadas na blogosfera que não dá para citar tudo.
O Abençoada cama alentejana ganha o prémio do melhor nome, mas é mais generalista que outra coisa. O Abençoada cona alentejana já entra em outra dimensão e custa a encontrar (mudou de endereço, vai-se dar ao Blogger brasileiro, etc, etc), pelo que aqui não vai link. O Évora dos Pequeninos também está tão difícil de entrar que não dá para saber como anda.
Já em Mértola, temos um blog pouco regular na entrada posts mas bom no conteúdo. Também o Chaparro é interessante e merece visita e alguma exploração.
O Algarve, como em tudo, é muito assimétrico: o Algarveglobal não passa de um site generalista algo camuflado; já o bem achado Alcagoita é bem bom e não renega as origens algarvias.
Aqui para os nossos lados, não há muita actividade bloguística mas sempre se acha alguma coisa, mesmo se nem sempre a gosto. Na margem sul, aqui mais próxima de nós, encontramos dois blogs feitos a partir do/sobre o Montijo, com características muito diferentes: um, que já foi fortemente polémico (“Escândalos do Montijo”), quando se entra pelo Ptbloggers está okupado (o K não é gralha) com a epígrafe “Preso Pinto da Costa”, embora continue activo quando se entra pelo endereço correcto; infelizmente transformou-se e agora tem mais características de site de notícias e actualidades do que de outra coisa. O outro (Montijo no Mapa) é daqueles que só pareciam preocupados com as regras da elevação e cortesia nas declarações de intenções e, talvez por isso mesmo, não passou de um nado-morto.
Em Sesimbra encontramos muita erudição e pretenso bom gosto num daqueles blogs que tentam mostrar-se à altura dos mais evoluídos; infelizmente, da realidade local muito pouco se escreve. Outro dos blogs aclamados pela crítica é o Sadinos que mais parece uma página pessoal condimentada com um ou outro post de comentário local; ou seja, a sua natureza local é a excepção e não a regra.
Para Norte temos em Chaves um blog local como deve ser, pois é sobre a cidade que se debruça e não se perde em comentários deslocados e imagens que nada têm que ver com a realidade flaviense.
Continuando em Trás os Montes, o Escorreito fazia jus ao nome mas infelizmente desapareceu, embora deixando-nos os arquivos.
No Minho, e no caso de Braga, as angústias bracarenses dão origem a um óptimo blog que está muito para lá de vários sites de imprensa regional.
No Porto o Fonte das Virtudes é um belíssimo exemplo de um falso blog local, com um autor que prefere mostrar os seus gostos e alinhar com os blogs generalistas em voga. Já o Pobo do Norte é daqueles para quem o Porto é io FêCêPê e mais nada.
Em Ponte de Lima reside um blog local à maneira, como deve ser, onde imagem e palavra servem os seus objectivos como se espera de uma iniciativa deste tipo.
O Aqui é Nordeste merece visita apesar do grafismo pouco convidativo.
Dedicado à nação mirandesa temos o Blogger do Mirandês que não deixa de mostrar como servir uma comunidade local minoritária.
Nos Açores existem blogs interessantes como o de Vila Franca do Campo, simples mas directo ao assunto. Já o Professorices é mais uma extensão da página pessoal de um progfessor universitário local (Ponta Delgada).

No fundo, a blogosfera nacional, regional ou local, só a custo escapa ao mal do país que é o do domínio de um grupo restrito de figurões satisfeitos consigo mesmos, muito respeitadorzinhos das convenções definidas por si, pelos amigos ou por aqueles que os aceitam, virados para dentro do seu grupo, falando em circuito fechado, dando-se ares de erudição, elevação e respeitabilidade, sendo fundamental para a erudição a acumulação de dezenas de links nas margens do blog, para a elevação a utilização de um discurso redondinho e sem arestas ou com as arestas alinhadas com as tendências formatadas na nossa opinião publicada e para a respeitabilidade não colocarem em causa os poderes locais.
Apesar dos esforços e do impacto local, os blogs mais críticos acabam por ter pouca visibilidade, em termos globais, pois quem passa por analista da blogosfera só tende a destacar aqueles blogs que se citam entre si e que se mostram mais cosmopolitas e sofisticados.
Apesar de se dizer que o fenómenos dos blogs «deu voz a quem a não tinha» e que deu maior liberdade de expressão a quem não tinha acesso aos meios convencionais de comunicação social e patati e patatá, o resultado e´que depois só se destacam sempre os mesmos, os quais são normalmente da responsabilidade de personalidades bem destacadas da nossa vida política, social e cultural que já antes tinham capacidade bem acima da média para se fazer ouvir. Veja-se o recente artigo da Visão (nº 600, 2 a 8 de Set/04, pp 36) que aborda esta realidade (dos “blogues” na versão lusitana do termo) e depois destca uma meia dúzia de blogs, todos de reconhecidos protagonistas da nossa (triste) vida partidária, do clássico Pacheco Pereira (PSD) aos nóveis Diogo Feio (CDS-PP) e Jorge Ferreira (Nova Democracia, ex-PP), passando pelo colectivo PS do “causa nossa” (Ana Gomes, Vital Moreira, Vicente Jorge Silva and friends), pelos candidatos actuais à liderança PS (Manuel Alegre, João Soares), ou ao bloquista Daniel Oliveira.
No fundo, fora ou dentro da blogosfera, quem (a)parece (a) mandar são quase sempre os mesmos. E todos são, cada um com o seu traço, muito politicamente corectos, respeitáveis, elevados, respeitáveis e dignos de ser ouvidos/lidos.
E isto é a chamada pescadinha de rabo na boca.
Os amigos citam-se e elogiam-se; um(a) jornalista amigo(a) destaca-os e dizem que são os melhores; com a curiosidade o vulgo vai lá ver e alimenta as estatísticas que alimenta a legitimidade de novo(a) jornalista destacar os mesmo blogs e assim por diante.
E assim se formata artificialmente o que era (e apesar de tudo ainda é) um fenómeno espontâneo de liberdade, criação e crítica.
É pena mas é verdade.

Filipe Fonseca
José Silva

sexta-feira, setembro 03, 2004

Bom pró ego

Voltámos de férias e como somos curiosos lá fomos espreitar ao PTBloggers.
Continuamos com o maior número de visitas (hits out) a partir desse apontador. O blog da F. Foz continua em segundo a boa distância.
Não temos hits in (entradas no apontador a partir do blog) porque não temos lista de links amigos.
Foi só para alimentar o ego mas soube bem na mesma.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Notas sobre a imprensa local

A leitura do nº 160 do jornal O Rio, agora numa versão estival mensal, despertou-me algumas ideias, em particular no que respeita à polémica entre Luís Chula e Lourivaldo Guerreiro e aos avisos à navegação feitos pela Direcção do jornal sobre este tema e também em resposta a uma carta do Secretariado do PS local.
Em primeiro lugar, repara-se que a direcção do jornal não se quer deixar envolver em questões mais incómodas e que foge às opiniões que podem colocar em causa os consensos ou que podem levar os mais distraídos a confundir as opiniões dos articulistas com a linha editorial do jornal. Percebe-se que os equilíbrios que permitem sobreviver o periódico não se compadecem com estas polémicas, mas é pena que não exista espaço para a discussão acesa. O aviso a Lourivaldo Guerreiro para não continuar a polémica é um sinal inequívoco para silenciar a sua voz e opinião, no sentido de salvar a posição do jornal. E os elogios quanto à idoneidade e elevação da argumentação de L. Chula mais do que a despropósito soam a debandada.
Aliás, já tínhamos percebido esta fuga ao que é incómodo quando se silenciaram as reacções favoráveis ao texto do Manuel Pedro sobre o Imposto Taurino e ao não ser publicado um segundo texto do António da Costa sobre o carácter pouco fundamentado das pretensas tradições taurinas seculares da Moita. Embora respeitasse a generalidade dos critérios definidos para a publicação (era inédito, era actual quando foi apresentado, não tinha alinhamento partidário, era bem fundamentado), foi esquecido porque retomava uma crítica ao lobby taurino moiteiro, o que podia “levantar ondas” numa questão que agora parece muito cara ao poder político local.
Não podendo avaliar, no concreto, as razões de queixa do PS quanto à não publicação dos seus comunicados (acho que os jornais não servem para divulgar os documentos de propaganda de cada partido), posso, contudo, criticar abertamente a forma como O Rio gere o seu conteúdo informativo e noticioso, com base nos próprios critérios definidos pelo seu director. Isto porque raramente o seu conteúdo informativo é actual, mesmo para um quinzenário, exceptuando-se o noticiário das festas e sessões partidárias, enquanto o conteúdo de opinião se divide entre a propaganda partidária e artigos de opinião que vulgarmente estão bem para lá do compreensível (caso do meu amigo V. Barros e a sua epopeia de fichas de leitura) ou da extensão tida/dita como aceitável (o texto do Luís Chula no presente número).
Claro que cada jornal tem a sua linha editorial e só publica o que quer ou lhe interessa, mas não se mascare isso com outros argumentos.
Quanto ao texto de desagravo do caríssimo não-aficionado (nas suas palavras) Luís Chula, sauda-se o carácter autobiográfico, justificativo e demonstrativo de raízes culturais que estão para além do cheiro a bosta. No entanto, pouco há a dizer quanto a alguém que considera um marco na sua vida ter participado aos 13 anos no elenco da revista Raparigas em Órbita; se o rídiculo cobrisse a cara e o corpo de alcatrão e penas, o dito senhor pareceria um daqueles batoteiros caricatos que aparecem na histórias do Lucky Luke. Quanto ao resto, e penso que o Lourivaldo Guerreiro não precisa de defensor oficioso, o aparente agravado deveria fundamentar melhor a afirmação da vetustidade das festas da Moita que, de acordo com a vulgata moiteira, têm 300 anos mas que nunca ninguém demonstrou com documentos comprovativos de forma minimamente convincente.
Felizmente, aqui no blog, como os custos de produção são baixos, podemos dar voz a todas as opiniões e manter as polémicas pelo tempo tido como necessário aos intervenientes.
Percebemos pela posição que tem vindo a ser tomada pel' O Rio que mais do que discutir as questões do concelho ou região que pretende representar, é importante não ameaçar o precário status quo local.
Pronto, está percebido.
Pela nossa parte, tentaremos não atrapalhar fora do espaço que é nosso.
O espaço para a opinião tem os seus limites.
Cada um traça os seus.


quarta-feira, setembro 01, 2004

A polémica do dia

Sobre o barco do aborto - o barco do aboito para os moiteiros - só posso lamentar o seu atraso na chagada a Portugal e o erro de escolha no porto de (desejada) atracagem.
Porque é que não chegou mais cedo e não acostou à Moita ?
Hã ? Hã ??
Já viram o jeito que podia ter dado, hein, hein, hein ?