quarta-feira, dezembro 03, 2003

Direito de resposta à resposta

Meu caro,

Podíamos ir muito longe na questão do sentido de um texto estar em quem o escreve ou na forma como é lido.
Também nós poderíamos afirmar que fomos treslidos.
Nunca o acusámos, caro leitor conservador, de defender a atomização dos concelhos. O que escrevemos foi que entre nós (este blog não tem um só animador) existem aqueles (como aquele que se assina Manuel Pedro neste blog e no jormal O Rio) que acham que a divisão do poder local deve ser maior.
Tínhamos percebido (à 1ª tentativa) a sua posição. Por isso, a observação sobre as aspirações da restauração de Alhos Vedros estarem ameaçadas por faltarem as estruturas não colhe neste ponto particular.

A questão da referência às cores partidárias resulta directamente do exercício de aritmética eleitoral que fazia no artigo em causa como fundamentação para a mudança no concelho.

A abstenção não significa ausência de intervenção política ou cívica. Aliás, ela (a abstenção) é neste momento tão importante que põe em causa a legitimidade de muitaos resultados de eleições.

Porque optam as pessoas por não votar, quando têm convicções ?
Porque ou não encontram em quem votar ou precisam de fazer carreira nas estruturas partidárias existentes (e, desculpar-me-á, mas isso é vender parte da alma ao demo) ou ainda teríamos de fundar movimentos cívicos de cidadãos independentes e, até ao momento, isso entre nós só deu resultado com trânsfugas dos velhos partidos.

Quanto a argumentação mais detalhada sobre as questões mais de fundo sobre o municipalismo poderá consultar o post de 28 de Novembro no qual se faz uma análise mais séria e com melhor gosto do tema em apreço, o que nos leva a algumas notas finais de conteúdo mais satírico:

a) Não sei se inaugurei a minha participação política ou cívica com a abertura e participação neste blog. Como permaneço sob pseudónimo até posso ser um aparatchik disfarçado.

b) As questões do mau-gosto, nos tempos que correm, não sendo relativas, dependem muito da nossa posição em relação ao que se toma como mau-gosto. Desculpar-me-á mas o líder do seu partido, após brilhante carreira do Independente, é um exemplo claro de mau-gosto e erro de casting como pretenso político sério de direita. Equivalente só terá no irmão Miguel no outro lado do espectro político. Não vale a pena exemplificar muito, mas desde a boutade de não saber passar cheques à cerimónia pseudo-privada/pública de homenagem a Maggiolo Gouveia, passando pelas obras na casa dele, do tio, ou sei lá de quem, é só tristezas. Por isso, é que não consigo alistar-me em partidos, quando temos líderes destes. Mas isto são opiniões.

c) O Tocqueville era um político conservador, embora não ultramontano. Lá por ser democrata, não era necessariamente jacobino.
E, realmente, não o treslemos, pois (embora não tenha o texto em papel à minha frente), algures o meu caro leitor prosa qualquer coisa como "a ideia brotou do Povo", mas isso sempre se pode confirmar.

Enfim, aqui estamos sempre ao dispor para o que der e vier.

Saudações restauracionistas.




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