sexta-feira, dezembro 19, 2003

A perda da memória

Existem maneiras mais ou menos subtis de apagar a memória das populações/povoações.
Em Alhos Vedros uma das menos evidentes passa pela própria toponímia das ruas.
Quase ou mesmo todos os povoados com existência ancestral têm orgulho nas suas origens e exibem-no, como uma mais valia patrimonial. Qualquer terra com raízes (pré-)medievais como Alhos Vedros, para além do mais sede de concelho mais de meio milénio, regista para a posteridade os locais simbólicos da sua História comum. Têm a sua antiga “Rua Direita”, o seu Rossio, o Largo do Paço, as ruas com referências às antigas actividades económicas aí dominantes no passado mais ou menos longínquo ou com a evocação aos seus antigos habitantes mais ilustres.
Em Alhos Vedros, a memória parece ter sido apagada e reescrita apenas a partir do momento da sua decadência e em particular desde quando deixou de ser sede de concelho. Significa isto que, à parte os sacramentais navegadores dos Descobrimentos e terras do Ultramar que tanto diziam à toponímia salazarista, quase só encontramos por Alhos Vedros menções a datas/acontecimentos e figuras da História contemporânea (5 de Outubro, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda, Agostinho Neto, Humberto Delgado, etc, etc). Até um 1º cabo, certamente conhecido na sua família, tem direito a uma rua mas nada sabemos da antiga toponímia da vila de Alhos Vedros.
Aliás, mesmo uma das principais artérias da povoação (que corria das imediações da actual Junta de Freguesia até perto da actual Estação dos Caminhos de Ferro, passando pela Cadeia, Pelourinho e Misericórdia, com ramificações para os antigos Paços do Concelho e para a Igreja), está tão descaracterizada e segmentada que nada a evoca.
Compreende-se que em povoados de instalação mais recente (Baixa da Banheira, Vale da Amoreira) ou de História mais curta e árida (a actual sede do concelho), não exista uma memória a preservar, mas numa terra com uma existência quase certamente milenar isso é incompreensível.
Culpa de quem ?
Culpa do poder e da gestão toponímica dos moiteiros e seus apaniguados, mas não só.
Culpa dos próprios alhosvedrenses que há muito parecem aceitar o seu destino como se ele não estivesse na suas mãos e como se deles também não dependesse algum tão simples, quanto fundamental, como a preservação da sua memória.

quinta-feira, dezembro 18, 2003

Afinal...

Conforme prometido, fomos visitar a exposição sobre Alhos Vedros, por ocasião do 489º (quadricentésimo octogésimo nono) aniversário do foral de Alhos Vedros, iniciativa promovida pela CACAV com o trabalho do investigador de História Local Victor Manuel.

O trabalho e o esforço são meritórios e o investigador é sério, nada daqueles moiteiros que s'assinam antropólogos, sociólogos e afins.
Pese embora algum amadorismo, vê-se que é um trabalho de dedicação do autor.
Por aí, tudo está bem, demonstrando-se à saciedade a importância histórica de Alhos Vedros e do seu concelho.
O que há a apontar são questões de logística. Sabemos das dificuldades em promover um evento deste tipo mas, por amos do deus que quiserem, convinha que a coisa durasse um pouco mais de 2 semanas e com um horário mais alargado. quem trabalha não pode ir de tarde; quem tem família não dá jeito ir à noite, pelo que quem trabalha e tem família ficou com um mísero fim de semana para dar uma olhadela à coisa.
Vejam lá se para a próxima, fazem isto sem ser às escondidas e se estas iniciativas não são apenas quando o foral faz anos.

José Silva, 16 de Dezembro de 2003

terça-feira, dezembro 16, 2003

Caros colaboradores

Para prevenir os problemas causados pela quadra natalícia, pede-se que todas as próximas colaborações nos sejam enviadas até ao próximo dia 22 de Dezembro para avedros@clix.pt.

Saudações restauracionistas

domingo, dezembro 14, 2003

Figuras desprezíveis - João Lobo

Nos antípodas de Leonel Coelho está João Lobo, renegado AlhosVedrense e actual moiteiro. Falamos do actual presidente da câmara da Moita.
Sem ideologia e de moral elástica, defensor dos interesses moiteiros, foi ordenado presidente da câmara para substituir o anterior cessante, não teve por isso a sua prova de fogo perante umas eleições autárquicas, João Lobo é o tipo de "Comunista" que a direita e a burguesia gostam.
Esperemos que o Povo do actual concelho da Moita preste bem atenção a este lacaio dos interesses moiteiros e defensor do "Lobby" tauromáquico moiteiro e não lhe renovem o contrato, perdão, o mandato, derrotando assim este pseudo "Comunista".

Roldão Preto

sábado, dezembro 13, 2003

Léxico restauracionista

A partir de agora sempre que nos referirmos à Casa do Povo da Moita queremos na realidade dizer Praça de Touros da Moita (e vice-versa).

sexta-feira, dezembro 12, 2003

Ai, ai, ai, ai, ai

Consta que há uma exposição de fotografia sobre Alhos Vedros na respectiva Misericórdia.
Iremos ver com o coração nas mãos.
Na próxima semana, o nosso colaborador cultural, José Silva, fará o relato.
Medo, muito medo.

sexta-feira, dezembro 05, 2003

Figuras históricas ilustres Alhosvedrenses - Leonel Coelho

Como vem expresso nos estatutos do Blog-Alhos Vedros ao poder, venho por este meio inaugurar a secção Figuras Heróicas e como primeiro entre todos, escolhi Leonel Coelho, o grande impulsionador da Academia de Alhos Vedros, fundador da Feira do Livro de Alhos Vedros e militante e dirigente local do MRPP, antiga OCMLP de que também foi militante o seu ex-camarada Fernando Rosas e Durão Barroso que agora militam em partidos estranhos à ideia Marxista/Leninista/ Stalinista/Maoista.
Leonel Coelho tem sido coerente com os seus ideais e nunca os abandonou como os traidores que eu mencionei anteriormente.
Isso deve-se sobretudo à sua proveniência de homem do Povo.
Enquanto os outros lacaios da burguesia como os supracitados voltaram às suas origens, ou seja á defesa da burguesia e dos poderes a ela associados, Leonel Coelho manteve-se puro e imbuido dos ideais românticos que a sua geração abandonou em troca de favores e mordomias que o dinheiro lhes proporcionou, no caso de Durão Barroso a sua saída da militância MLSM foi radical e passou a defender o grande capital internacional, no caso de Fernando Rosas foi mais subtil e por isso mais canalha, defende uma oligarquia de poder "comunista" autoritário cuja fórmula teve como expoente máximo Staline que curiosamente mandou matar Trotsky, partido que foi agénese do PSR e que depois se aliou com os seus algozes da a UDP.
Estranha sinergia esta que aliou dois antigos inimigos. Mas é esta a esquerda do bloco.
Enfim presto aqui a minha homenagem a esse Alhos Vedrense, que por acaso nasceu na Beira Baixa- Leonel Coelho, cujo nome se há-de destacar entre muitos outros ilustres AlhosVedrenses, como símbolo de coragem abnegação e coerência da sua ideologia, mesmo que não concordemos com ela.
Que Viva Leonel Coelho
Que Viva a Feira do Livro de Alhos Vedros
Que Viva a Academia


Roldão Preto

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Direito de resposta à resposta

Meu caro,

Podíamos ir muito longe na questão do sentido de um texto estar em quem o escreve ou na forma como é lido.
Também nós poderíamos afirmar que fomos treslidos.
Nunca o acusámos, caro leitor conservador, de defender a atomização dos concelhos. O que escrevemos foi que entre nós (este blog não tem um só animador) existem aqueles (como aquele que se assina Manuel Pedro neste blog e no jormal O Rio) que acham que a divisão do poder local deve ser maior.
Tínhamos percebido (à 1ª tentativa) a sua posição. Por isso, a observação sobre as aspirações da restauração de Alhos Vedros estarem ameaçadas por faltarem as estruturas não colhe neste ponto particular.

A questão da referência às cores partidárias resulta directamente do exercício de aritmética eleitoral que fazia no artigo em causa como fundamentação para a mudança no concelho.

A abstenção não significa ausência de intervenção política ou cívica. Aliás, ela (a abstenção) é neste momento tão importante que põe em causa a legitimidade de muitaos resultados de eleições.

Porque optam as pessoas por não votar, quando têm convicções ?
Porque ou não encontram em quem votar ou precisam de fazer carreira nas estruturas partidárias existentes (e, desculpar-me-á, mas isso é vender parte da alma ao demo) ou ainda teríamos de fundar movimentos cívicos de cidadãos independentes e, até ao momento, isso entre nós só deu resultado com trânsfugas dos velhos partidos.

Quanto a argumentação mais detalhada sobre as questões mais de fundo sobre o municipalismo poderá consultar o post de 28 de Novembro no qual se faz uma análise mais séria e com melhor gosto do tema em apreço, o que nos leva a algumas notas finais de conteúdo mais satírico:

a) Não sei se inaugurei a minha participação política ou cívica com a abertura e participação neste blog. Como permaneço sob pseudónimo até posso ser um aparatchik disfarçado.

b) As questões do mau-gosto, nos tempos que correm, não sendo relativas, dependem muito da nossa posição em relação ao que se toma como mau-gosto. Desculpar-me-á mas o líder do seu partido, após brilhante carreira do Independente, é um exemplo claro de mau-gosto e erro de casting como pretenso político sério de direita. Equivalente só terá no irmão Miguel no outro lado do espectro político. Não vale a pena exemplificar muito, mas desde a boutade de não saber passar cheques à cerimónia pseudo-privada/pública de homenagem a Maggiolo Gouveia, passando pelas obras na casa dele, do tio, ou sei lá de quem, é só tristezas. Por isso, é que não consigo alistar-me em partidos, quando temos líderes destes. Mas isto são opiniões.

c) O Tocqueville era um político conservador, embora não ultramontano. Lá por ser democrata, não era necessariamente jacobino.
E, realmente, não o treslemos, pois (embora não tenha o texto em papel à minha frente), algures o meu caro leitor prosa qualquer coisa como "a ideia brotou do Povo", mas isso sempre se pode confirmar.

Enfim, aqui estamos sempre ao dispor para o que der e vier.

Saudações restauracionistas.




Direito de resposta (João Titta Maurício)

Meus Caros,
Quero dar-vos os parabéns pela Vossa iniciativa: interessante, estruturada, inteligente (ainda que, por vezes, com brincadeira a mais causem perda de solidez argumentativa e alguma dispersão).
Respeitando a Vossa opinião, repito que (de acordo com o texto por Vós colocado on-line) tresleram o meu texto. Senão, digam onde é que defendo que quero «elevar a Baixa da Banheira a cidade e depois a concelho»?!?
E, compreendendo o humor, parece-me de muito mau-gosto a frase que me classifica como um «submarino moiteiro perdido nos arbustos do Parque da Baixa da Banheira e que por aí deve ter visto a "luz" quando limpava o rabo ao texto de um discurso do Portas Júnior».
Quanto ao conteúdo do texto inserido no Vosso blog em 25 de Novembro, permitam-me os seguintes comentários:
1. Começo o meu texto clarificando que o escrevo a título pessoal. Não posso, não devo, nem quero esconder a minha condicção e opção ideológico-partidária. Mas não é isso que me move. Fui desafiado, interroguei, fui esclarecido e convencido. Apresentei a minha opinião. Sujeito-a à publicidade crítica. E respondo, reafirmando, clarificando ou ajustando a minha opinião.
2. A defesa do municipalismo é, para mim, não uma convicção recente mas uma luta já com alguns anos (consubstanciada, por exemplo, na participação - como mandatário de um movimento - no referendo sobre a Lei da Regionalização). No meu artigo, em concreto, a opção pela transferência da sede do concelho não permite que dele se conclua que eu seja "atomista". Pelo contrário, como a apresento como alternativa à criação de um novo concelho, poderia era ser classificado como estando mais próximo da proposta "concentracionista". Aliás, a bem da verdade, sempre diria que estou mais próximo é do restauraccionismo das antigas liberdades municipais (selvática e arbitrariamente postergadas pelos "pseudo-liberdadeiros" do Miguelismo). A bem da Liberdade e da Tradição! E, por isso, paradoxalmente, muito próximo de si, Paulo.
4. A análise em concreto do meu texto:
a) a "coloração" que atribui às freguesias do concelho não me parecem correctas: a grande base de sustentação do PCP é a Baixa da Banheira. Por isso, não vejo como se pode falar que esta e o Vale da Amoreira são mais "laranja azulada"?!? Além disso, como não defendo do binómio Baixa da Banheira/Vale da Amoreira e o resto do concelho e como os leitores manter-se-iam os mesmo (só haveria a mudança da sede do concelho), não compreendo como seria «uma forma de arranjar cadeiras de poder a uma pseudo AD local»?!?
E se abríssemos o jogo e confessássemos as nossas verdadeiras preferências?
b) concordo que há várias origens ou causas para a abstenção. E que é evidente que ela é um direito. Porém, como responsável político (e, portanto, co-responsável por esses resultados) tenho o dever de alertar e opinar sobre a circunstância de a verdade política (imposta de modo absoluto no nosso concelho) resulta de uma votação onde a força maioritária dispõe de cerca de 1/5 dos votos possíveis.
Concordará que a modorra não serve a ninguém, e que os responsáveis políticos da oposição deverão acordar para esta realidade e procurar motivar os ora abstencionistas.
Já agora, tendo em atenção o estilo de participação e importância do PEV na governação das nossas autarquias, melhor seria que, em alternativa, aumentasse (e muito) a votação no MPT. Mas é só uma opinião...

c) uma vez mais, não compreendo a acusação de "fragmentação": o concelho teria as mesmas dimensões territoriais, o número de eleitores seria idêntico... apenas mudava a sede de concelho! Assim se pode compreender quando afirmo que fui "treslido"!Aliás, afirmo no texto (alvo do vosso comentário) o seguinte: «porque defendo o municipalismo como base de organização política da Nação, entendo que a proliferação de concelhos apenas enfraquece as autarquias, as quais quero fortes, mais interventivas, e com mais competências e verbas».
Mais, a fundamentação da mudança da sede do concelho não se reduz à demografia, nem tampouco ela é a mais determinante. O que há é uma situação (verificável e quantificável) de prejuízo evidente para a maior concentração populacional do concelho. Eu proponho uma solução para discussão. Se há outras, estou disponível para as conhecer, analisar e decidir.
Venham elas...
Quanto à invocação da dimensão dos concelhos alentejanos, considero-a uma emanação de um subconsciente centralista: porque é que o critério para a redefinição dos concelhos teria que se aubordinar a um só critério? E porque é que não deveria ser a demografia aquele que presidiria a essa definição nas zonas de elevada concentração populacional?

d) (ultrapassando mais uma vez as "bocas" - que julgo respondidas nos números anteriores -, não deixo de manifestar um profundo desagrado pela insinuação ínsita na expressão "clientes" - uma evolução daquela outra: "lacaio"!)
Se os critérios para a definição de um concelho se resumissem aos que apresenta («razões lógicas» e «visarem a criação de unidades territoriais dotadas dos meios, estruturas e serviços indispensáveis à qualidade de vida da sua população») então lá se iam as pretensões de Alhos Vedros...
E volto a recordar: concordando com esses objectivos de adequação material das capacidades com as necessidades dos concelhos, a questão que coloquei à discussão foi A MUDANÇA DA SEDE DO CONCELHO!

e) não vejo onde possa dicordar da afirmação «a fragmentação dos municípios existentes, salvo muito diminutas excepções, é muitas vezes feita não apenas a favor dos novos concelhos mas principalmente contra os existentes e apenas serviria para a multiplicação de micro-elites ou nomenklaturas locais cada vez mais medíocres, a avaliar pelos maus serviços que as actuais já prestam»! Aliás, também foi por isso que não abracei a sugestão da criação de um novo concelho... Coisa que, repito, não defendo nem defendi!
No entanto, não posso deixar de comentar o seguinte: quem afirma que, em 15 anos, apenas votou uma vez, é justo que se lhe pergunte: o que tem feito para que as "nomenklaturas" locais sejam menos medíocres? Inaugurando o blog, começou agora a sua intervenção política. Parabéns e bem-vindo ao clube! Agora é preciso tornar consequente e avaliável essa nossa participação. Não basta dizer que os políticos prestam um mau serviço: importa substituí-los! E ter consciência que (citando Cícero) a política é suja, mas é por as pessoas "limpas" dela se afastarem que ela continua suja!

f) até que enfim: uma proposta alternativa! Apesar da fundamentação escassa, é perceptível o que pretende alcançar. Porém, não resolve o problema de base: por esta não ser a sede do concelho, há um claro prejuízo económico (em termos de investimento e algumas importantes oportunidades de negócio) por parte da população da Baixa da Banheira. E a questão é tão mais grave quanto esta é mais de metade da população do concelho! E isso não é resolvido pelo reforço dos poderes das freguesias: é política da esmagadora maioria das empresas que seriam parceiras nesses negócios.

g) faltava a provocação final. É evidente (e nem compreendo de onde vem a questão dos «estatutos sociais especiais»?!?) que nunca invoquei o nome do Povo. Apelei ao Povo... até porque, segundo julgo, permanece como o Soberano! Eu só disse, e repito «qualquer que seja a solução, os próximos resultados autárquicos são importantes: a decisão sempre dependerá de maiorias na Assembleia Municipal e nas Assembleias de Freguesia!
E essas só dependem da vontade do Povo... que vota!»

Finalmente: Alexis de Tocqueville um conservador?!? Deve estar a dar voltas no túmulo, coitado!

5. Comentário final. Vão perdoar-me, mas tenho que repetir: todo o meu texto foi treslido. Assumiram que ele afirmava coisas que não dizia (sequer abordava ou, quando o fazia, era em sentido contrário). Leram com preconceito e, constantemente, erraram o alvo!
Aguardo novas tentativas...

terça-feira, dezembro 02, 2003

Moita Online

Chega-nos a notícia que o portal Moita Online se vai finar.
Paz à sua alma.
Cá para mim há duas causas imediatas:

A cor da coisa (o laranja disfarçava mal a inspiração).

Os erros ortográficos ("freuguesia" e outros) e a pobreza da informação não-oficial.