terça-feira, outubro 28, 2003

Tipos moiteiros - O Intelectual (case-study)

Uma das figuas típicas da Moita é o moiteiro com pretensões intelectuais. Agora com mais formação académica que outrora, o moiteiro intelectual é o tipo de pessoa que assina e à frente do nome coloca logo o título ou qualificação distintiva do género, Fulano de Tal, Sociólogo, mesmo se nunca fez mais do que tirar o curso de Sociologia e dar umas aulas na Escola lá de cima, porque na Sociologia propriamente dita nunca mais tocou nem dela fez uso. É como aqueles patos-bravos que gostam de ser tratados por Senhor Engenheiro, mesmo se não passam dos velhos Engenheiros Técnicos que nem licenciatura têm mas não abdicam do “títalo”.
Vem isto a propósito de luminárias intelectuais que detectei ao reler a chamada “imprensa regional” da época do Verão, período em que, por definição, devemos descansar e afastar do nosso espírito qualquer actividade que sacrifique desnecessariamente os nossos neurónios.
No simpático periódico “O Rio” dei no nº 135 (15 a 31 de Julho) aparentemente com um desses intelectuais, de seu nome Vitor P. Mendes, “Antropólogo” que fiquei sem perceber se era o Vitor Pereira Mendes do Conselho Editorial da mesma publicação. Não percebi ainda, se é o mesmo, se escrevia como membro desse Conselho ou em seu nome, como “Antropólogo”.
O que percebi é que não percebi nada do que ele escreveu, pelo que deduzi que é um intelectual moiteiro.
O que lá vem escrito atira assim para as chamadas “teorias da conspiração” à escala local, com meias alusões e remoques vagos que, provavelmente, só percebe quem ele quer e com quem ele já falou do assunto. O leitor comum do jornal não percebe a ponta de nada. A prosa é escorreita, o estilo simples, os intuitos elevados. De conteúdo, propriamente dito, é que nada. Aos bois, tão amados na terra da Moita, nada de dar os nomes.
Como se supõe que não escreve como jornalista, pois se assina “Antropólogo”, ficamos a pensar se tudo isto não será qualquer tipo de teoria de explicação antropológica tautológica, tipo pescadinha de rabo na boca que tudo revela e nada diz, típica de intelectual moiteiro com breve passagem pela capital para obtenção de credencial universitária.
Para a próxima, vou ver se percebo alguma coisa, eu que não tenho título após o nome.

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