Inicia hoje a sua colaboração o jovem e entusiasta comentador cultural José Silva que, periodicamente, abordará questões da cultural alhosvedrense e moiteira.
Pedimos desculpa se, em algumas passagens, José Silva incorre em algum excesso de linguagem, mas este é um espaço de plena liberdade de expressão.
“Carta aberta à CACAV”
Caros amigos e conterrâneos,
Venho por esta carta lançar-lhes o repto de deixarem de ser uma força passiva em Alhos Vedros, adoradora do próprio umbigo e arautos de uma pretensa herança que pensam ser a herança de vultos como “Agostinho da Silva” ou “Zeca Afonso” com quem se cruzaram uma vez na vida, para se tornarem um movimento activo e transformador que toma o destino nas suas mãos, faz algo de verdadeiramente útil pela sua terra e não fala em “revolução” apenas quando é além-fronteiras.
Pergunto-vos eu, que conheço alguns de vós desde os bancos da Escola:
· Não será tempo de ultrapassarem as sessões de terapia em grupo, à base de má poesia e divagações vazias de sentido, mesmo que aromatizadas com os eflúvios do Moscatel de Setúbal, e AGIREM por uma vez que seja ?
· Não será tempo de sacudirem esse manto de esquerdismo passadista e de validade indemonstrável que só serve para os vossos líderes nacionais governarem a vidinha e, pela ACÇÃO CONCRETA, a nível local, fazerem algo pelo desenvolvimento da nossa terra, que não seja só paleio (pois para isso cá estamos nós) ?
· Não será tempo de deixarem de ser aliados objectivos do poder central da Moita, pois pela reverência submissa com que o tratam em busca de migalhas do bolo, apenas servem para o legitimar ?
· Não será tempo de esquecerem esse anacronismo de “Cooperativa” (tão anos 70) e passarem pelo menos a “Movimento” (Já mais anos 80, mas não se pode avançar tudo de uma vez) para pelo menos darem a ilusão semântica de acção ?
Ilustres membros da CACAV – meus amigos - , antes formassem a MERDA (Movimento para a Emancipação, Restauração e Desenvolvimento Alhosvedrense), porque pelo menos o nome se ajustaria à coisa e se explicaria o seu aroma.
Tenho dito
José Silva, Alhos Vedros, 26 de Outubro do ano de 2003
terça-feira, outubro 28, 2003
Tipos moiteiros - O Intelectual (case-study)
Uma das figuas típicas da Moita é o moiteiro com pretensões intelectuais. Agora com mais formação académica que outrora, o moiteiro intelectual é o tipo de pessoa que assina e à frente do nome coloca logo o título ou qualificação distintiva do género, Fulano de Tal, Sociólogo, mesmo se nunca fez mais do que tirar o curso de Sociologia e dar umas aulas na Escola lá de cima, porque na Sociologia propriamente dita nunca mais tocou nem dela fez uso. É como aqueles patos-bravos que gostam de ser tratados por Senhor Engenheiro, mesmo se não passam dos velhos Engenheiros Técnicos que nem licenciatura têm mas não abdicam do “títalo”.
Vem isto a propósito de luminárias intelectuais que detectei ao reler a chamada “imprensa regional” da época do Verão, período em que, por definição, devemos descansar e afastar do nosso espírito qualquer actividade que sacrifique desnecessariamente os nossos neurónios.
No simpático periódico “O Rio” dei no nº 135 (15 a 31 de Julho) aparentemente com um desses intelectuais, de seu nome Vitor P. Mendes, “Antropólogo” que fiquei sem perceber se era o Vitor Pereira Mendes do Conselho Editorial da mesma publicação. Não percebi ainda, se é o mesmo, se escrevia como membro desse Conselho ou em seu nome, como “Antropólogo”.
O que percebi é que não percebi nada do que ele escreveu, pelo que deduzi que é um intelectual moiteiro.
O que lá vem escrito atira assim para as chamadas “teorias da conspiração” à escala local, com meias alusões e remoques vagos que, provavelmente, só percebe quem ele quer e com quem ele já falou do assunto. O leitor comum do jornal não percebe a ponta de nada. A prosa é escorreita, o estilo simples, os intuitos elevados. De conteúdo, propriamente dito, é que nada. Aos bois, tão amados na terra da Moita, nada de dar os nomes.
Como se supõe que não escreve como jornalista, pois se assina “Antropólogo”, ficamos a pensar se tudo isto não será qualquer tipo de teoria de explicação antropológica tautológica, tipo pescadinha de rabo na boca que tudo revela e nada diz, típica de intelectual moiteiro com breve passagem pela capital para obtenção de credencial universitária.
Para a próxima, vou ver se percebo alguma coisa, eu que não tenho título após o nome.
Vem isto a propósito de luminárias intelectuais que detectei ao reler a chamada “imprensa regional” da época do Verão, período em que, por definição, devemos descansar e afastar do nosso espírito qualquer actividade que sacrifique desnecessariamente os nossos neurónios.
No simpático periódico “O Rio” dei no nº 135 (15 a 31 de Julho) aparentemente com um desses intelectuais, de seu nome Vitor P. Mendes, “Antropólogo” que fiquei sem perceber se era o Vitor Pereira Mendes do Conselho Editorial da mesma publicação. Não percebi ainda, se é o mesmo, se escrevia como membro desse Conselho ou em seu nome, como “Antropólogo”.
O que percebi é que não percebi nada do que ele escreveu, pelo que deduzi que é um intelectual moiteiro.
O que lá vem escrito atira assim para as chamadas “teorias da conspiração” à escala local, com meias alusões e remoques vagos que, provavelmente, só percebe quem ele quer e com quem ele já falou do assunto. O leitor comum do jornal não percebe a ponta de nada. A prosa é escorreita, o estilo simples, os intuitos elevados. De conteúdo, propriamente dito, é que nada. Aos bois, tão amados na terra da Moita, nada de dar os nomes.
Como se supõe que não escreve como jornalista, pois se assina “Antropólogo”, ficamos a pensar se tudo isto não será qualquer tipo de teoria de explicação antropológica tautológica, tipo pescadinha de rabo na boca que tudo revela e nada diz, típica de intelectual moiteiro com breve passagem pela capital para obtenção de credencial universitária.
Para a próxima, vou ver se percebo alguma coisa, eu que não tenho título após o nome.
Esclarecimento
Após o aparecimento do nosso blog, alguns(mas) amigos(as) perguntaram-nos porque assinávamos os textos sob pseudónimo.
Nada de mais óbvio e elementar: assim o impõem questões de discrição e segurança.
Como nos tempos que precederam a Restauração, quando em Évora, os conspiradores usavam o nome do “Manelinho” (pobre infeliz e indigente que andava pelas ruas da cdade) para melhor comunicarem sem ser detectados pelas forças repressoras do poder usurpador, também hoja em Alhos Vedros é necessário fugir às perseguições.
O criador e animador deste blog redentor assina-se como Paulo, pois como os eruditos saberão, Paulo foi o seguidor de Cristo que no primeiro século da nossa era, convertido à nova fé e despido de anseios de poder, se veio a tornar o apóstolo mais activo da nova mensagem, divulgando a “palavra” através de viagens em torno do Mediterrâneo, conquistando a custo do seu suor e sacrifício todas as almas que conseguiu para a sua causa.
Como a sua, a nossa é uma obra com um espírito quase missionário, de evangelização dos pobres de espírito, através da difusão da verdade salvadora.
Os nossos colaboradores externos ou retomam pseudónimos já conhecidos (como o Manuel Pedro já conhecido pela colaboração ocasional em “O Rio” e cujo email já foi vandalizado por vírus nos últimos dias) ou adoptam novos como o nosso colaborador e comentador da “vida cultural” do concelho, José Silva. Outros se lhes seguirão, divulgando factos, ideias e opiniões que, em virtude de mecanismos censórios mais ou menos dissimulados, os impedem de se expressar em outros meios de comunicação.
Nada de mais óbvio e elementar: assim o impõem questões de discrição e segurança.
Como nos tempos que precederam a Restauração, quando em Évora, os conspiradores usavam o nome do “Manelinho” (pobre infeliz e indigente que andava pelas ruas da cdade) para melhor comunicarem sem ser detectados pelas forças repressoras do poder usurpador, também hoja em Alhos Vedros é necessário fugir às perseguições.
O criador e animador deste blog redentor assina-se como Paulo, pois como os eruditos saberão, Paulo foi o seguidor de Cristo que no primeiro século da nossa era, convertido à nova fé e despido de anseios de poder, se veio a tornar o apóstolo mais activo da nova mensagem, divulgando a “palavra” através de viagens em torno do Mediterrâneo, conquistando a custo do seu suor e sacrifício todas as almas que conseguiu para a sua causa.
Como a sua, a nossa é uma obra com um espírito quase missionário, de evangelização dos pobres de espírito, através da difusão da verdade salvadora.
Os nossos colaboradores externos ou retomam pseudónimos já conhecidos (como o Manuel Pedro já conhecido pela colaboração ocasional em “O Rio” e cujo email já foi vandalizado por vírus nos últimos dias) ou adoptam novos como o nosso colaborador e comentador da “vida cultural” do concelho, José Silva. Outros se lhes seguirão, divulgando factos, ideias e opiniões que, em virtude de mecanismos censórios mais ou menos dissimulados, os impedem de se expressar em outros meios de comunicação.
domingo, outubro 26, 2003
Colaboração - Manuel Pedro
Nem de propósito, aqui temos a primeira colaboração externa à redacção.
O nosso grande amigo Manuel Pedro inicia uma colaboração que se espera longa e proveitosa para todos nós. Ainda não domina completamente o conceito de "moiteiro", usando a antiga designação de "moitense", mas acreditamos que não por muito tempo.
No entanto, enriquece-nos com um conceito perfeitamente revolucionário - o de "amoitados".
Mas não nos demoremos e vamos lê-lo:
A Moita, os Amoitados e os Atrás da Moita (Crítica a um texto de José Silva Santos)
Finalmente surge uma ideia, do PSD local, para que se veja que o PSD da Moita também tem ideias.
Diz o opinioso José Silva Santos, vereador do PSD na Câmara Municipal da Moita na edição nº 169 do jornal da Moita, que desejaria que a ministra Ferreira Leite legislasse de modo a extinguirem-se as juntas de freguesia.
Nada mais razoável nesta época de contenção de despesas no orçamento geral do estado. Sempre se eliminavam uns bons milhões de Euros nesse "non sense" que é o poder local, o desemprego subiria um pouco, com os funcionários públicos todos no olho da rua, mas o que se poupava com a extinção dessa espécie despesista que são os presidentes de junta e todos os eleitos para esses orgãos inoperantes e duplamente chupistas do erário público !
No caso da Moita as freguesias de Alhos Vedros, Baixa da Banheira etc. seriam todas extintas e por seriamos finalmente todos Moitenses, só que quem vivesse por exemplo no Vale da Amoreira, seriam que Moitenses ?
Isso não seria claro, porque obviamente, os Moitenses da vila da Moita seriam sempre os Moitenses "A".
Concerteza que haveria discussões sobre quem seriam os Moitenses "B", se os de Alhos Vedros se os da Baixa da Banheira, e este problema continuaria a existir com os outros Moitenses, os "C","D" e "E", respectivamente os habitantes do Gaio-Rosário de Sarilhos Pequenos e do Vale da Amoreira, pois nenhum dos seus habitantes gostaria de ser ultrapassado na hiérarquia alfabética doravante existente.
E o Penteado que nem junta de freguesia tem ?
Que estatuto teria neste futuro opaco... Teria de se conservar na qualidade de Amoitado, mas aí também o problema persiste. Seria o Penteado o "Amoitado A" ou o "Amoitado B" ou o "Amoitado C" ? Dado os Brejos da Moita e a Quinta da Fonte da Prata quererem concerteza disputar esse estatuto. Mas os casos mais complicados prevejo eu que sejam os casos das Arroteias e da Barra Cheia, as próprias designações de Moitenses "A","B","C","D" e "E" ou de Amoitados "A","B" e "C"...etc, seriam para estes descendentes de povos laboriosos e orgulhosos da sua identidade, como são os Caramelos um motivo de afronta, e não existiriam motivos para que os adoptassem. Seriam sempre estes habitantes da Moita, os das Arroteias e os da Barra Cheia, vamos por isso passar a designar estes cidadãos por os "Atrás da Moita".
Existiriam assim os "Atrás da Moita das Arroteias", e os "Atrás da Moita da Barra Cheia".
Como podem constatar isto está-se a tornar complicado, e todos os habitantes da "Grande Moita" teriam motivos para andar revoltados...devido às particularidades dos habitantes das antigas Vilas e lugares da Moita serem bastante evidentes, e depois passarem por decreto a serem todos Moitenses em geral...tendo os da futura cidade da Moita um estatuto especial.
Seria mesmo um caso para se dizer, que se por exemplo a "Moita B" e a "Moita C", Alhos Vedros e a Baixa da Banheira ou vice versa, em conjunto com os "Amoitados A,B e C" do Penteado da Quinta da Fonte da Prata e dos Brejos da Moita ou vice versa, e os "Atrás da Moita da Barra Cheia e das Arroteias" se juntassem todos, poderiam cagar para a Moita ou se houvesse revoltas de cariz autonómico destas localidades, uns poderiam cagar atrás da Moita e outros cagar amoitados.
E assim se vê como a ideia que parecia excelente ao princípio de se criar a grande Moita se transformou como pudemos ver numa grande Merda !
Manuel Pedro
Sábado, 25 de Outubro de 2003
O nosso grande amigo Manuel Pedro inicia uma colaboração que se espera longa e proveitosa para todos nós. Ainda não domina completamente o conceito de "moiteiro", usando a antiga designação de "moitense", mas acreditamos que não por muito tempo.
No entanto, enriquece-nos com um conceito perfeitamente revolucionário - o de "amoitados".
Mas não nos demoremos e vamos lê-lo:
A Moita, os Amoitados e os Atrás da Moita (Crítica a um texto de José Silva Santos)
Finalmente surge uma ideia, do PSD local, para que se veja que o PSD da Moita também tem ideias.
Diz o opinioso José Silva Santos, vereador do PSD na Câmara Municipal da Moita na edição nº 169 do jornal da Moita, que desejaria que a ministra Ferreira Leite legislasse de modo a extinguirem-se as juntas de freguesia.
Nada mais razoável nesta época de contenção de despesas no orçamento geral do estado. Sempre se eliminavam uns bons milhões de Euros nesse "non sense" que é o poder local, o desemprego subiria um pouco, com os funcionários públicos todos no olho da rua, mas o que se poupava com a extinção dessa espécie despesista que são os presidentes de junta e todos os eleitos para esses orgãos inoperantes e duplamente chupistas do erário público !
No caso da Moita as freguesias de Alhos Vedros, Baixa da Banheira etc. seriam todas extintas e por seriamos finalmente todos Moitenses, só que quem vivesse por exemplo no Vale da Amoreira, seriam que Moitenses ?
Isso não seria claro, porque obviamente, os Moitenses da vila da Moita seriam sempre os Moitenses "A".
Concerteza que haveria discussões sobre quem seriam os Moitenses "B", se os de Alhos Vedros se os da Baixa da Banheira, e este problema continuaria a existir com os outros Moitenses, os "C","D" e "E", respectivamente os habitantes do Gaio-Rosário de Sarilhos Pequenos e do Vale da Amoreira, pois nenhum dos seus habitantes gostaria de ser ultrapassado na hiérarquia alfabética doravante existente.
E o Penteado que nem junta de freguesia tem ?
Que estatuto teria neste futuro opaco... Teria de se conservar na qualidade de Amoitado, mas aí também o problema persiste. Seria o Penteado o "Amoitado A" ou o "Amoitado B" ou o "Amoitado C" ? Dado os Brejos da Moita e a Quinta da Fonte da Prata quererem concerteza disputar esse estatuto. Mas os casos mais complicados prevejo eu que sejam os casos das Arroteias e da Barra Cheia, as próprias designações de Moitenses "A","B","C","D" e "E" ou de Amoitados "A","B" e "C"...etc, seriam para estes descendentes de povos laboriosos e orgulhosos da sua identidade, como são os Caramelos um motivo de afronta, e não existiriam motivos para que os adoptassem. Seriam sempre estes habitantes da Moita, os das Arroteias e os da Barra Cheia, vamos por isso passar a designar estes cidadãos por os "Atrás da Moita".
Existiriam assim os "Atrás da Moita das Arroteias", e os "Atrás da Moita da Barra Cheia".
Como podem constatar isto está-se a tornar complicado, e todos os habitantes da "Grande Moita" teriam motivos para andar revoltados...devido às particularidades dos habitantes das antigas Vilas e lugares da Moita serem bastante evidentes, e depois passarem por decreto a serem todos Moitenses em geral...tendo os da futura cidade da Moita um estatuto especial.
Seria mesmo um caso para se dizer, que se por exemplo a "Moita B" e a "Moita C", Alhos Vedros e a Baixa da Banheira ou vice versa, em conjunto com os "Amoitados A,B e C" do Penteado da Quinta da Fonte da Prata e dos Brejos da Moita ou vice versa, e os "Atrás da Moita da Barra Cheia e das Arroteias" se juntassem todos, poderiam cagar para a Moita ou se houvesse revoltas de cariz autonómico destas localidades, uns poderiam cagar atrás da Moita e outros cagar amoitados.
E assim se vê como a ideia que parecia excelente ao princípio de se criar a grande Moita se transformou como pudemos ver numa grande Merda !
Manuel Pedro
Sábado, 25 de Outubro de 2003
Informações úteis
Atendendo ao muito que deve ser dito e escrito sobre o seu tema, o nosso blog terá diversas rubricas e colaborações externas.
Entre as rubricas poderemos encontrar tanto “Injustiças históricas” (momentos particulares em que Alhos Vedros se viu humilhada pelo poder central usurpador através de actos antentatórios bem concretos), “Cenas do Quotidiano” (episódios da vida diária que bem revelam a situação de subalternidade em que vivem os alhosvedrenses num território que já foi seu), “Figuras” (heróicas ou desprezíveis as suas acções é que as poderão qualificar para os nossos leitores), “Modos de vida” (análise do comportamento das diferentes populações residentes no antigo concelho de Alhos Vedros) e “Curiosidades” (aspectos caricatos e quase inexplicáveis da nossa realidade).
As colaborações externas serão devidamente assinaladas, estando previstas boas surpresas.
A título de exemplo, podemos começar por uma curiosidade bem actual. Sendo nos limites da freguesia de Alhos Vedros que se encontram dois dos bairros mais populosos do concelho, um consolidado e outro em instalação, ou seja, as duas (!!!) nóveis Quintas da Fonte da Prata, que vantagens em termos de infraestruturas ganhou Alhos Vedros ?
A rutilante e novíssima via de 4 faixas de rodagem estanca a 500 metros da localidade, só servindo verdadeiramente o acesso à sede do concelho embora, por exemplo, as crianças do bairro já existente se desloquem para a respectiva Escola até ao 9º ano. A zona ribeirinha está eternamente por recuperar, enquanto o novo parque foi feito em cima de velhas salinas e de frente para ruínas fabris. A estação dos Correios é uma sala mal acanhada em que as pessoas são obrigadas a formar fila na rua e quanto ao pomposo “Posto Municipal”, a simpatia do pessoal lá colocado é inversamente proporcional à sua aversão a Alhos Vedros e à sua população.
Entre as rubricas poderemos encontrar tanto “Injustiças históricas” (momentos particulares em que Alhos Vedros se viu humilhada pelo poder central usurpador através de actos antentatórios bem concretos), “Cenas do Quotidiano” (episódios da vida diária que bem revelam a situação de subalternidade em que vivem os alhosvedrenses num território que já foi seu), “Figuras” (heróicas ou desprezíveis as suas acções é que as poderão qualificar para os nossos leitores), “Modos de vida” (análise do comportamento das diferentes populações residentes no antigo concelho de Alhos Vedros) e “Curiosidades” (aspectos caricatos e quase inexplicáveis da nossa realidade).
As colaborações externas serão devidamente assinaladas, estando previstas boas surpresas.
A título de exemplo, podemos começar por uma curiosidade bem actual. Sendo nos limites da freguesia de Alhos Vedros que se encontram dois dos bairros mais populosos do concelho, um consolidado e outro em instalação, ou seja, as duas (!!!) nóveis Quintas da Fonte da Prata, que vantagens em termos de infraestruturas ganhou Alhos Vedros ?
A rutilante e novíssima via de 4 faixas de rodagem estanca a 500 metros da localidade, só servindo verdadeiramente o acesso à sede do concelho embora, por exemplo, as crianças do bairro já existente se desloquem para a respectiva Escola até ao 9º ano. A zona ribeirinha está eternamente por recuperar, enquanto o novo parque foi feito em cima de velhas salinas e de frente para ruínas fabris. A estação dos Correios é uma sala mal acanhada em que as pessoas são obrigadas a formar fila na rua e quanto ao pomposo “Posto Municipal”, a simpatia do pessoal lá colocado é inversamente proporcional à sua aversão a Alhos Vedros e à sua população.
quinta-feira, outubro 23, 2003
O aspecto e o comportamento do moiteiro
Tendo em mente a definição anterior de moiteiro como colaborador activo do poder ilegítimo exercido pela Moita sobre as terras e populações envolventes, podemos apresentá-lo como, em termos de carácter, a mais perfeita combinação de ignorância e presunção. Enquanto os alhosvedrenses são, sem sombra de dúvida, bastante ignorantes mas muito pouco presumidos e, por exemplo, os montijenses são extremamente presumidos mas nem sempre ignorantes, os moiteiros apresentam doses anormalmente elevadas nas suas mentes de ignorância e presunção.
Isto é fácil de demonstrar.
Se o conhecimento ocupa lugar, um excesso de ignorância (= falta de conhecimento) deixa todo o espaço da mente livre para ser ocupado, neste caso pela presunção. Assim se explica que numa mesma mente coexistam grandes quantidades de duas características (ignorância+presunção).
A combinação destas duas “qualidades” numa pessoa ou grupos de pessoas tem um nome específico que os cientistas sociais definiram como “estupidez” e que um intelectual como Carlo Cipolla definiu magistralmente – e cito de memória - como “a capacidade de produzir mal nos outros sem que disso se receba necessariamente um bem”. Convenhamos que esta é quase de forma literal outra forma de pronunciar “moiteiro”.
Em termos físicos muito haveria a dizer, pelo que agora ficaremos apenas com o macho da espécie, bem mais daninho e mesquinho que a fêmea (esta, em alguns momentos, pode mesmo ser uma boa aliada pois pelos danos que provoca ao macho moiteiro podem ser demolidores e muito úteis).
Quando crianças as características podem ser mais difíceis de detectar, embora desde tenra idade se começam a notar o olhar algo esgazeado, a abundância da perdigotagem ao falar e uma propensão para hiperactividade mal dirigida e francamente inútil.
No moiteiro a adolescência é um período francamente irritante. Para além da gabarolice descontrolada, inversamente proporcional às dimensões penianas, acentuam-se os traços que atingem a sua plenitude na vida adulta, nomeadamente o início da utilização, na última década, de abundante gel na cabeleira.
Como adulto, o moiteiro destaca-se pelas feições vermelhuscas, o olhar vítreo, frequentemente devido a prolongado processo de etilização, a rotundidade da cintura e a perna curta.
Em termos de vestuário, os óculos escuros tornaram-se indumentária padrão, aliados ao casaquinho de cabedal, a calcinha justa de ganga e o ténis de marca (tanto comprado na loja legítima – as elites – como no mercado – as massas). O fatinho e a gravata são apanágio apenas do topo da hierarquia dirigente mas ainda lhes assentam tão bem como ao Luis Filipe Vieira.
Em termos de acessórios, para além do omnipresente telemóvel para o qual falam com o tom de voz que usariam para comunicar de viva voz com o interlocutor a 20 km de distância, o mais curioso é o chaveiro que é usado no bolso, preso às presilhas das calças ou ainda na mão, chocalhado em movimentos giratórios, quando o moiteiro se encontra em situação de espera. Por analogia, supõe-se que, atendendo ao ruido produzido, este hábito derive directamente de reminiscências do som dos chocalhos usados pelo gado bovino quando pasta nos campos.
Sabemos que esta descrição é escassa atendendo à riqueza de cambientes apresentada pelo moiteiro, pelo que prometemos para breve novo capítulo dedicado a tão apaixonante tema.
Isto é fácil de demonstrar.
Se o conhecimento ocupa lugar, um excesso de ignorância (= falta de conhecimento) deixa todo o espaço da mente livre para ser ocupado, neste caso pela presunção. Assim se explica que numa mesma mente coexistam grandes quantidades de duas características (ignorância+presunção).
A combinação destas duas “qualidades” numa pessoa ou grupos de pessoas tem um nome específico que os cientistas sociais definiram como “estupidez” e que um intelectual como Carlo Cipolla definiu magistralmente – e cito de memória - como “a capacidade de produzir mal nos outros sem que disso se receba necessariamente um bem”. Convenhamos que esta é quase de forma literal outra forma de pronunciar “moiteiro”.
Em termos físicos muito haveria a dizer, pelo que agora ficaremos apenas com o macho da espécie, bem mais daninho e mesquinho que a fêmea (esta, em alguns momentos, pode mesmo ser uma boa aliada pois pelos danos que provoca ao macho moiteiro podem ser demolidores e muito úteis).
Quando crianças as características podem ser mais difíceis de detectar, embora desde tenra idade se começam a notar o olhar algo esgazeado, a abundância da perdigotagem ao falar e uma propensão para hiperactividade mal dirigida e francamente inútil.
No moiteiro a adolescência é um período francamente irritante. Para além da gabarolice descontrolada, inversamente proporcional às dimensões penianas, acentuam-se os traços que atingem a sua plenitude na vida adulta, nomeadamente o início da utilização, na última década, de abundante gel na cabeleira.
Como adulto, o moiteiro destaca-se pelas feições vermelhuscas, o olhar vítreo, frequentemente devido a prolongado processo de etilização, a rotundidade da cintura e a perna curta.
Em termos de vestuário, os óculos escuros tornaram-se indumentária padrão, aliados ao casaquinho de cabedal, a calcinha justa de ganga e o ténis de marca (tanto comprado na loja legítima – as elites – como no mercado – as massas). O fatinho e a gravata são apanágio apenas do topo da hierarquia dirigente mas ainda lhes assentam tão bem como ao Luis Filipe Vieira.
Em termos de acessórios, para além do omnipresente telemóvel para o qual falam com o tom de voz que usariam para comunicar de viva voz com o interlocutor a 20 km de distância, o mais curioso é o chaveiro que é usado no bolso, preso às presilhas das calças ou ainda na mão, chocalhado em movimentos giratórios, quando o moiteiro se encontra em situação de espera. Por analogia, supõe-se que, atendendo ao ruido produzido, este hábito derive directamente de reminiscências do som dos chocalhos usados pelo gado bovino quando pasta nos campos.
Sabemos que esta descrição é escassa atendendo à riqueza de cambientes apresentada pelo moiteiro, pelo que prometemos para breve novo capítulo dedicado a tão apaixonante tema.
Definição de moiteiro
Ocupámo-nos anteriormente dos meios ilegítimos da original elevação da Moita a vila e concelho, tendo tecido comentários menos abonatórios aos moiteiros, por oposição aos alhosvedrenses.
Convém, por isso, definirmos aquilo que entendemos pelo conceito de “moiteiro(s)”, pois a definição rigorosa dos conceitos é um princípio essencial de qualquer tese que se queira digna nas ciências sociais e não só.
Isto é tanto mais necessário quanto se pode erroneamente pensat que moiteiro é todo aquele que vive ou mora na terra da Moita e nada é mais errado.
Existem pessoas que nasceram, foram criadas e vivem na Moita e não merecem o opróbrio de moiteiro, bem como existem a que o não desmerecem e nasceram e vivem algures, inclusivamente na nobre Alhos Vedros. Como em outros regimes opressivos do passado, também a ditadura moiteira promoveu a transmigração de populações para enfraquecer as resistências locais e aliciou trânsfugas ambiciosos em busca de pedacinhos do poder dirigente.
Entendamo-nos, pois.
Moiteiro não é quem, por força das circunstâncias nasceu ou vive na Moita, mas não colabora activamente e até lhe desagrada pactuar passivamente com a opressão do poder central moiteiro. Temos exemplos vários deste tipo de resistentes que, outrora, mesmo nas piores condições se opuseram a poderes injustos no seu próprio terreno. Para quem lê pouco e pouco sabe disso pode-se sempre ver “A Lista de Schindler” com alguma vantagem.
Por sua vez, é moiteiro aquele que, mesmo filho de Alhos Vedros, se vendeu por alguns vinténs ao brilho do inimigo e, de forma mais ostensiva ou dissimulada, não passa de um colaboracionista. Aqui, podemos voltar ao mesmo período histórico e apontar o regime francês de Vichy durante a ocupação nazi como exemplo notório de traição aos princípios patrióticos.
Moiteiro é, em sentido restrito, todo aquele que colabora activamente no poder exercido ilegitimamente pela Moita sobre as localidades e populações circundantes, delas explorando os recursos e submetendo-as aos seus interesses particulares.
A partir desta definição que, mesmo restrita, não deixa de ser geral, podemos então passar para a análise mais detalhada de outros aspectos daquilo que é um moiteiro como objecto de estudo.
Convém, por isso, definirmos aquilo que entendemos pelo conceito de “moiteiro(s)”, pois a definição rigorosa dos conceitos é um princípio essencial de qualquer tese que se queira digna nas ciências sociais e não só.
Isto é tanto mais necessário quanto se pode erroneamente pensat que moiteiro é todo aquele que vive ou mora na terra da Moita e nada é mais errado.
Existem pessoas que nasceram, foram criadas e vivem na Moita e não merecem o opróbrio de moiteiro, bem como existem a que o não desmerecem e nasceram e vivem algures, inclusivamente na nobre Alhos Vedros. Como em outros regimes opressivos do passado, também a ditadura moiteira promoveu a transmigração de populações para enfraquecer as resistências locais e aliciou trânsfugas ambiciosos em busca de pedacinhos do poder dirigente.
Entendamo-nos, pois.
Moiteiro não é quem, por força das circunstâncias nasceu ou vive na Moita, mas não colabora activamente e até lhe desagrada pactuar passivamente com a opressão do poder central moiteiro. Temos exemplos vários deste tipo de resistentes que, outrora, mesmo nas piores condições se opuseram a poderes injustos no seu próprio terreno. Para quem lê pouco e pouco sabe disso pode-se sempre ver “A Lista de Schindler” com alguma vantagem.
Por sua vez, é moiteiro aquele que, mesmo filho de Alhos Vedros, se vendeu por alguns vinténs ao brilho do inimigo e, de forma mais ostensiva ou dissimulada, não passa de um colaboracionista. Aqui, podemos voltar ao mesmo período histórico e apontar o regime francês de Vichy durante a ocupação nazi como exemplo notório de traição aos princípios patrióticos.
Moiteiro é, em sentido restrito, todo aquele que colabora activamente no poder exercido ilegitimamente pela Moita sobre as localidades e populações circundantes, delas explorando os recursos e submetendo-as aos seus interesses particulares.
A partir desta definição que, mesmo restrita, não deixa de ser geral, podemos então passar para a análise mais detalhada de outros aspectos daquilo que é um moiteiro como objecto de estudo.
terça-feira, outubro 21, 2003
Manifesto de abertura
A restauração do concelho de Alhos Vedros é da mais elementar justiça histórica.
Justiça menor seria o da restauração com os seus limites do século XIX, já após a elevação da pobre povoação da Moita a vila e posterior criação do concelho por D. Pedro II.
Justiça verdadeira seria a sua restauração de acordo com as fronteiras anteriores a tão funesto acontecimento, já então fruto de uma combinação de favores e “cunhas” tão agrado do nosso povo.
Porque, e sejamos muito francos acerca disto, a Moita só é elevada a vila e depois a concelho por uma confluência de acontecimentos fortuitos que ficam menos a dever à sua inevitabilidade do que à necessidade de dar satisfação a interesses instalados e a favores pouco claros.
Recordemos dois dos passos essenciais do processo: em 1681 D. Pedro II eleva a terreola da Moita a vila para que a possa dar como mercê a D. Francisco de Távora, ex-governador de Angola (1669-1676), futuro governador da Índia (1681-1686) e 1º conde do Alvor.
Como facilmente se constata, este nobre fidalgo era o que hoje se chama um político de carreira e, entre nomeações, o monarca decidiu dar-lhe umas prendas, nas quais ia a povoação da Moita e mais umas prebendas acessórias.
Como a coisa deu brado, de tanta acumulação de favores régios, os protestos surgiram e o assunto foi julgado (em tribunal de 1ª instância e na Mesa da Consciência e Ordens), pois o dito Conde ocultou informações para poder obter tal mercê, a que por lei da época estava vedado. A leitura da carta de elevação da Moita a vila faz a transcrição dos elementos básicos do processo (veja-se o opúsculo Moita – Vila há 330 anos de Maria Clara Santos, publicado pela CMM em 1991) e aí se encontram demonstrados à saciedade os atropelos então feitos à ordem legal do Antigo Regime, a qual já estava longe de ser perfeita.
Influências movidas, 10 anos depois o Conde consegue os seus intentos e lá fica com o senhorio sobre a nova vila. O problema é que a terra pouco valia e era preciso anexar-lhe território para a valorizar.
Vai daí e o Conde volta a mexer os cordelinhos e, dois anos volvidos, lá consegue que D. Pedro II defina um termo em redor da vila, assim amputando parte significativa do concelho de Alhos Vedros, que já então era dotado de população demasiado passiva para fazer valer os seus legítimos direitos.
As razões invocadas para a definição do termo são caricatas, tendo em atenção os antecedentes.
Como se a elevação a vila fosse um sacrifício queixam-se as almas que, coitados, assim não podiam usar os terrenos de Alhos Vedros a seu bel-prazer para a pecuária e, gente piedosa, era difícil deslocarem-se à Igreja de São Lourenço para a administração dos sacramentos.
Assim se justifica a criação do termo do novo concelho, fruto, nunca é demais repeti-lo, de interesses e favores vários a um dos grandes do reino que, contra a escassa influência dos notáveis de Alhos Vedros, gente boa e respeitadora das leis com que viviam, tudo conseguiu.
A história posterior de desmandos vários a que o concelho de Alhos Vedros foi submetido até à sua extinção, o tratamento vil que lhe foi dispensado nos últimos 150 anos e a própria traição de muitos dos seus filhos, seduzidos pelo “brilho” do poder vizinho será tratada em comentários futuros.
Mas para a memória futura ficará sempre como episódio sintomático da baixeza humana, o projecto de desmontar o pelourinho manuelino de Alhos Vedros – o que em melhor estado de conservação se encontra em toda a margem sul -, símbolo de um poder legítimo usurpado, com a aintenção de o levar para a Moita e aí o instalar.
Almas pequenas e mesquinhas as que acalentaram tal ideia, só podiam estar ligadas a um exercício do poder ilegítimo e usurpador imunes à vergonha e à dignidade.
Alhos Vedros ao poder, pois, de novo e para sempre.
Justiça menor seria o da restauração com os seus limites do século XIX, já após a elevação da pobre povoação da Moita a vila e posterior criação do concelho por D. Pedro II.
Justiça verdadeira seria a sua restauração de acordo com as fronteiras anteriores a tão funesto acontecimento, já então fruto de uma combinação de favores e “cunhas” tão agrado do nosso povo.
Porque, e sejamos muito francos acerca disto, a Moita só é elevada a vila e depois a concelho por uma confluência de acontecimentos fortuitos que ficam menos a dever à sua inevitabilidade do que à necessidade de dar satisfação a interesses instalados e a favores pouco claros.
Recordemos dois dos passos essenciais do processo: em 1681 D. Pedro II eleva a terreola da Moita a vila para que a possa dar como mercê a D. Francisco de Távora, ex-governador de Angola (1669-1676), futuro governador da Índia (1681-1686) e 1º conde do Alvor.
Como facilmente se constata, este nobre fidalgo era o que hoje se chama um político de carreira e, entre nomeações, o monarca decidiu dar-lhe umas prendas, nas quais ia a povoação da Moita e mais umas prebendas acessórias.
Como a coisa deu brado, de tanta acumulação de favores régios, os protestos surgiram e o assunto foi julgado (em tribunal de 1ª instância e na Mesa da Consciência e Ordens), pois o dito Conde ocultou informações para poder obter tal mercê, a que por lei da época estava vedado. A leitura da carta de elevação da Moita a vila faz a transcrição dos elementos básicos do processo (veja-se o opúsculo Moita – Vila há 330 anos de Maria Clara Santos, publicado pela CMM em 1991) e aí se encontram demonstrados à saciedade os atropelos então feitos à ordem legal do Antigo Regime, a qual já estava longe de ser perfeita.
Influências movidas, 10 anos depois o Conde consegue os seus intentos e lá fica com o senhorio sobre a nova vila. O problema é que a terra pouco valia e era preciso anexar-lhe território para a valorizar.
Vai daí e o Conde volta a mexer os cordelinhos e, dois anos volvidos, lá consegue que D. Pedro II defina um termo em redor da vila, assim amputando parte significativa do concelho de Alhos Vedros, que já então era dotado de população demasiado passiva para fazer valer os seus legítimos direitos.
As razões invocadas para a definição do termo são caricatas, tendo em atenção os antecedentes.
Como se a elevação a vila fosse um sacrifício queixam-se as almas que, coitados, assim não podiam usar os terrenos de Alhos Vedros a seu bel-prazer para a pecuária e, gente piedosa, era difícil deslocarem-se à Igreja de São Lourenço para a administração dos sacramentos.
Assim se justifica a criação do termo do novo concelho, fruto, nunca é demais repeti-lo, de interesses e favores vários a um dos grandes do reino que, contra a escassa influência dos notáveis de Alhos Vedros, gente boa e respeitadora das leis com que viviam, tudo conseguiu.
A história posterior de desmandos vários a que o concelho de Alhos Vedros foi submetido até à sua extinção, o tratamento vil que lhe foi dispensado nos últimos 150 anos e a própria traição de muitos dos seus filhos, seduzidos pelo “brilho” do poder vizinho será tratada em comentários futuros.
Mas para a memória futura ficará sempre como episódio sintomático da baixeza humana, o projecto de desmontar o pelourinho manuelino de Alhos Vedros – o que em melhor estado de conservação se encontra em toda a margem sul -, símbolo de um poder legítimo usurpado, com a aintenção de o levar para a Moita e aí o instalar.
Almas pequenas e mesquinhas as que acalentaram tal ideia, só podiam estar ligadas a um exercício do poder ilegítimo e usurpador imunes à vergonha e à dignidade.
Alhos Vedros ao poder, pois, de novo e para sempre.
Axioma - II
Um moiteiro bom é um moiteiro sem chifres, de onde se conclui que não ha moiteiros bons (esta segunda vez é em especial para quem não percebeu à primeira, ou seja, para vocês, moiteiros)
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