segunda-feira, dezembro 06, 2010

Dossier Parque Escolar 8-Parque Escolar, Requalificação ou Oportunidade Perdida ?

http://5dias.net/2010/01/23/parque-escolar-requalificacao-ou-oportunidade-perdida/


Parque Escolar, requalificação ou oportunidade perdida?
23 de Janeiro de 2010 por Tiago Mota Saraiva.

Para temperar a indignação de um dos autores do blogue Câmara Corporativa perante as poucas notícias que a requalificação das escolas realizada pela Parque Escolar, decidi discuti-lo e questionar alguns factos.
A partir dos Relatórios de Contas de 2007 e 2008, questionei os critérios de adjudicação directa de 3/4 ou 5 escolas por ano a uma ou outra empresa de prestação de serviços, questionei os critérios que motivariam as escolhas e fui descobrindo estranhas coincidências de percurso de vida entre os membros do Conselho de Administração da Parque Escolar e as empresas mais favorecidas neste processo, descobri uma Ordem dos Arquitectos totalmente colaborante com os procedimentos dos ajustes e levantei a dúvida: será que estes procedimentos geraram emprego ou trabalho precário?
O que fui escrevendo pode ser lido aqui.
Vamos agora à questão, porventura, mais importante: que escola projectamos para o futuro?
A Parque Escolar, ao que julgo saber, tenciona desenvolver obras em todas as escolas secundárias do país. A partir de 2007, fez levantamento, projecto e obra, mas saberá que escola está a construir? Não será certamente a Parque Escolar que deve responder a isto, mas a escola do futuro não se pode desenhar sem a comunidade escolar, sem discussão política e sem uma profunda discussão disciplinar no plano da arquitectura e do urbanismo. Veja-se que nas premissas do processo inglês (Building Schools for the Future iniciado em 2004), do qual Sócrates retirou a ideia, há uma clara noção do impacto que o desenho e a requalificação de uma escola pode ter no ambiente urbano e valoriza-se a necessidade disciplinar em procurar novas soluções. Sendo conhecida (e tristemente pública) a falta de sensibilidade do primeiro ministro para as questões relacionadas com a arquitectura e o planeamento urbano, este processo não foi participado mas determinado pelo seu gabinete a toque de chicote. Pouca reflexão e muita construção.

A maioria dos projectistas agraciados com os projectos da Parque Escolar não teve outra hipótese que não a de assinar um contrato que os canibalizava, atamancar umas ideias em prazos loucos – defendendo-se normalmente na execução de pormenores já experimentados, sabendo que esta seria a única forma de sobrevivência das suas empresas numa época em que as obras públicas se afunilaram nas escolas.
Três curtos anos volvidos, já começam a vir a público as notícias dos problemas nas “novas” escolas, seja pelos erros e omissões de projectos “despachados”, seja pela pressão de um ministro que quer cortar a fita.

[ver o vídeo da requalificada Escola Secundária Gil Vicente inundada]

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