Aqui começam as heróicas memórias políticas do José Silva.
O editor do blog agradece tanta colaboração, logo agora que estava a pensar ir de férias.
O Roldão Preto na Galiza, o Manuel Pedro pró Sul, o António da Costa prestes a partir para algures e eu aqui, agarrado ao computador.
Vidas...
Para além da GNR à porta de casa, à espera do meu pai, felizmente sem grande sucesso, antes do 25 de Abril (25/A para alguns), a minha primeira memória política passa pelo meu precoce activismo contra a profusão de cartazes em Alhos Vedros entre 1974 e 1975.
Por todas as fachadas das casa por onde passava a caminho da Primária as paredes passaram a estar cobertas de papelada de todas as cores e formas.
Eu não percebia grande coisa do que aquilo era mas confesso que não gostava por já achar então que aquilo era um bocado de lixo agarrado às paredes.
Digamos que era assim meio antidemocrata, meio ecologista.
Vai daí e toca de arrancar o máximo de cartazes que podia.
Os mais numerosos e mais fáceis de arrancar eram os do MRPP, porque eram colados a uma altura a que eu chegava, a cola usada era aquele mistura de água, farinha e mais não sei o quê e, para mais, colavam os cartazes uns sobre os outros, sobrepondo um dos lados; acho mesmo que aquilo já devia vir assim da sede, tipo faixa pronta a colar. Era uma beleza, porque vbastava puxar um dos cantos de baixo e aquilo ia quase tudo de uma vez.
Claro que fazia a coisa meio às escondidas quando ninguém estava a ver, pois era puto mas não era assim tão parvo. Uma vez distraí-me gabei-me da coisa em casa e foi um alarido, com a minha mãe em pânico, porque então era crime capital arrancar cartazes de partidos do PC para a esquerda (eram práí uns 25 ou mais).
Os cartazes mais irritantes eram os da FEC (m-l) porque, ao contrário da maior parte dos restantes, eram colados mais alto, eram pequenitos e a cola era das boas. Digamos assim, eram poucos e pequenos, mas bons. Um, muito em particular, escapou a toda essa temporada sem eu lhe conseguir pôr as mãos em cima. Lembro-me, como se fosse hoje, da minha sensação de impotência em chegar-lhe por muito que me esticasse. Estava colado num dos vidros superiores da então dependência do BPA, onde agora está uma Igreja Evangêlica, na Avenida Bela Rosa.
Chegava a desviar-me dos meus trajectos normais só para mirar o dito cartaz que não tinha mais de um palmo de largura por menos de dois de altura com uns dizeres a preto sobre um fundo azul ou verde desmaiado.
O sacana do cartaz sobreviveu bem mais do a própria FEC (m-l).
A propósito, quem é que em Alhos Vedros era então da FEC (m-l) ?
E quem é que colou o maldito cartaz que me fez passar por um dos meus maiores traumas de infância e pelo primeiro insucesso da minha carreira política ?
Se eu o apanho ainda lhe colo um autocolante do PDC na testa.
José Silva
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