Em textos que se seguirão, irei procurar analisar com a atenção possível de que forma Alhos Vedros e a sua freguesia têm sido repetidamente negligenciados em termos de desenvolvimento, económico, urbanístico, social, etc.
Se procurarmos identificar os traços definidores do espaço, das gentes e das actividades de Alhos Vedros encontramos a face ribeirinha e o mundo rural mais tradicionais, bem como a mais recente tendência industrial (a cortiça durante grande parte do século passado e, mais tarde, os têxteis num surto terceiro-mundista nas últimas décadas).
A situação de todos estes aspectos, nos tempos que correm, é de profunda degradação.
A zona ribeirinha há muito foi deixada ao abandono, ao lixo e a esporádicas iniciativas individuais (as salinas desapareceram, mesmo como curiosidade patrimonial). O espaço rural, com as suas outrora numerosas quintas, foi retalhado a gosto por interesses urbanísticos ou foi-se desertificando com a morte dos antigos e o desinteresse dos novos (há vereadores que falam muito do declínio da agricultura nacional mas têm as calças rotas quanto ao assunto). Por fim, a industrialização com base na cortiça foi-se dissipando com a perda da importância da matéria-prima para as nossas exportações, sendo sustituída por um fogacho de indústria têxtil com todos os defeitos do vale do Ave e nenhuma das suas qualidades, deixando a nu a ganância dos empresários e a falta de visão – para não dizer a subserviência – do poder político local. Hoje, em Alhos Vedros, as antigas estruturas corticeiras estão praticamente todas em ruínas e o mesmo se vai passando com as têxteis.
Será sobre a tristeza que nos causa tudo isto que iremos falando ao longo do tempo, mostrando em imagens (no fotoblog “AvedrosVisual”) do que falamos, para que as evidências não permitam os desmentidos de quem não vê porque, pior do que não ver, não olha.
António da Costa, 20 de Maio de 2004
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