terça-feira, novembro 11, 2008

Artigo de Paulo Guinote na OPS !

Por uma avaliação séria e a sério do desempenho dos docentes



Paulo Guinote

Todos os sistemas educativos, por muito consolidados que estejam, devem incorporar sempre mecanismos de avaliação do desempenho, seja dos seus principais agentes (alunos, professores), seja das próprias estruturas organizacionais (estabelecimentos de ensino, estruturas centrais ou intermédias ministeriais).

Essa ideia fundamental da necessidade de uma avaliação do/no sistema deve ter, contudo, uma coerência lógica em todas as suas esferas ou níveis, apesar das suas naturais especificidades. Não faz muito sentido instalar no mesmo sistema de ensino práticas de avaliação com filosofias muito diferentes ou mesmo antagónicas conforme se apliquem a alunos, docentes ou escolas.

Se o princípio é o da exigência de rigor e da recompensa do mérito, isso deve ser assumido em todas as instâncias da avaliação.

Uma política séria de avaliação, para ter utilidade, deve direccionar-se para o aperfeiçoamento do desempenho de todos os envolvidos e não se assumir apenas como um simples instrumento ao serviço quer de estratégias meramente punitivas, quer da produção de sucesso a todo o custo, o que culmina normalmente naquilo a que designamos como facilitismo, e que consiste na utilização de quaisquer meios para se atingirem objectivos que se clamam virtuosos.

Uma política séria de avaliação deve ainda assentar em instrumentos e práticas transparentes, justas e equitativas para os avaliados. Assim como integrar-se de forma harmoniosa no funcionamento normal do sistema, de modo a não ser um elemento estranho em toda a engrenagem.

A avaliação não pode ser um factor de perturbação ou disrupção, mas sim de melhoria do desempenho de todos.

Se isso deve ser assim em sistemas de ensino plenamente desenvolvidos e estabilizados, por maioria de razão deve ser num sistema como o português, objecto de uma tardia massificação, de estabilização organizacional muito recente e em clima de permanente reforma nas últimas décadas. Significa isto que sou favorável à existência em todos os níveis e aplicável a todos os agentes do sistema de ensino de uma cultura de avaliação, exigente, rigorosa, articulada, transparente, mas nunca com base em modelos burocrático-administrativos opacos, submetidos a lógicas externas ao que deve ser o interesse maior do processo de avaliação.

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