quinta-feira, novembro 04, 2004

Luto

Os restos da cadeia de Alhos Vedros foram derrubados em virtude de interesses privados.
Os poderes autárquicos, como em muitas outras situações, deixaram a coisa cair.
A memória do passado de Alhos Vedros continua a ser apagada, paulatinamente.
Em outras paragens, os vestígios de uma cadeia medieval, símbolo de um poder municipal multissecular, seriam objecto de preservação.
Por cá, temos apenas incúria e incompetência.
A Câmara Municipal está certamente preocupada com questões mais elevadas. Onde meter mais uma rotunda rodeada de betão. Onde gastar uns milhares de contos numa estátua de mau gosto que ninguém recordará daqui a duas ou três gerações.
A capela de São Sebastião da Moita (com menos de 200 anos e valor arquitectónico pouco mais que nulo) merece colóquios e encontros de História Local. O património de Alhos Vedros com seis, sete e mais séculos é deixado ao desbarato.
As paredes que restavam da cadeia de Alhos Vedros aguentavam de pé há mais de 500 anos.
Nem um décimo desse tempo durará a recordação dos detentores do poder moiteiro na memória das gentes.
Em especial do inefável Rui Garcia, vice-presidente da Câmara e aparatchik sem talento, arte ou valor, que não seja presença cativa nas publicações da CMM, que deu autorização a esta vergonha.
O nosso desprezo para ele e todos os que, por acção ou omissão, são responsáveis por isto.
Isto é uma vergonha com nome – o nome de quem mandou derrubar as paredes que sobreviviam e o nome dos poderes que o permitiram.
O nome de Rui Garcia, por exemplo.
Que a sua memória tenha o destino vergonhoso que a sua lamentável acção exige.
Como não era negócio passível de render, deite-se abaixo.
Viva o novo bloco de apartamentos que se prepara para nascer.
Vai-se manter “a traça” por certo.
Seria patético se não fosse tão triste.
Pela primeira vez, usamos aqui uma expressão que sempre evitámos:
Bardamerda para si, senhor vereador.

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