sábado, setembro 24, 2005

2 em 1

Os textos de Vítor Cabral e Hélder Pinhão no JM de 5ª feira são, a bem dizer, um só.
O tom e a argumentação, ou seja a forma e o conteúdo são muito semelhantes e com a elisão de um ou outro parágrafo, podiam ter sido publicados de seguida coimo um único.
Correndo o risco de ser acusado de "lacaio" do PS, sou obrigado a afirmar que os textos - enquanto apelo directo aos munícipes para o voto no PS e em especial aos muitos bastencionistas - estão bem pensados e até bem escritos, sendo que neste particular o de Hélder Pinhão não é tão inócuo como os de há 1 ou 2 anos. O rapaz parece ter ganho um pouco de "nervo" no teclado ou na esferográfica (deve ser de tanto ter escrito aqui no AVP como alguns insinuam...).
No entanto, há sempre um "mas"...
O "mas", neste caso, refere-se à contradição inerente ao discurso eleitoral do PS que combina dois elementos antagónicos pois, por um lado, afirma que a CDU foi despesista na CMM, que é necessário rigor orçamental e etc, para, por outro lado, apresentar promessas/compromissos que são isso mesmo, despesistas e pouco coadunáveis com uma necessidade de rigor orçamental.
Por isso, só os menos atentos não perceberão que as duas coisas, em simultâneo, são muito difíceis, se não mesmo impossíveis, de alcançar: ou há rigor orçamental e correcção do despesismo anterior (relembremos os textos de propaganda sobre a dívida da CMM à banca) ou há investimento em redes de mini-autocarros e tudo aquilo que a candidata surge a prometer.

Mesmo para acabar, eu gostaria de afirmar que não usaria a questão da introdução do ensino do Inglês nas escolas do 1º ciclo como arma política. Só quem não conhece o assunto, não percebe que o projecto foi gizado demasiado à pressa pelo Ministério da Educação para, em conjunto com outras propostas semi-demagógicas, dar a sensação de se estar a fazer algo na área da Educação. A mensagem passou, a comunicação social colaborou, os sindicatos amocharam, mas a realidade é o que é, não como a pintamos nos discursos.
E depois de passar a poeira e o alarido do lançamento da coisa, veremos o que resta e como, quais os resultados e, infelizmente, quais as imensas incongruências da medida.
Mas, enfim...
Nem todos poderão perceber isso.
Essa presciência só a nós parece estar reservada

AV1

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