«A oferta cultural nas suas mais diversas vertentes, como alguns gostam de dizer, centraram, prestigiaram e prestigiam a nossa terra no panorama nacional.»
(Manuel Madeira, Jornal da Moita, p. 4)
A ideia não é voltar a bater no "ceguinho" como se costuma dizer.
E muito menos fazer o elogio das misérias do passado.
A ideia é recolocar as coisas nos seus devidos lugares, nomeadamente a correcção de descrições feitas por quem desconhece aquilo de que fala ou escreve.
Sejamos sucintos e rigorosos:
Quando era jovem e adolescente (anos 70 todos) eu podia ia ao Cinema a três locais do concelho, um dos quais em Alhos Vedros. As colectividades da Moita, por razões de rendibilidade comercial suponho, fecharam as suas sessões de cinema. Em Alhos vedros, já com gestão FEPU ou APU, o Cinema fechou, foi ruindo e depois caiu. Em seguida, a gestão moiteira da CMM foi incapaz de promover a criação de um espaço similar que substituísse o anterior, vergando-se aos interesses de um construtor civil que sempre se pavoneou, afirmando que não cederia às pretensões da autarquia e faria o que lhe interessava. E foi verdade.
Na mesma altura, em Alhos Vedros existiram experiências amadoras, mas inovadoras, na área do Teatro e da Rádio, seguindo a herança, aliás, de gerações anteriores em que o Teatro também tinha o seu lugar em Alhos Vedros, sabendo eu isso por ter sido o meu avô um dos seus animadores. Nos dias de hoje, nada disso existe e o que existe depende da acção das colectividades e da CACAV, nascida há cerca de 15 anos por acção dos que estiveram envolvidos naquelas actividades.
Ainda nesses tempos, se eu quisesse praticar Desporto, tinha a Velhinha com o seu pavilhão, o CRI e o Vinhense com os seus campos de futebol, pobres mas honrados e a Academia, se fosse mais adepto do ténis de mesa. Nos dias de hoje essa oferta é sensivelmente a mesma, tendo sido reduzida na área do Futebol e só se tendo ganho, no último par de anos, a Piscina Municipal, o que para 30 anos é pouco, muito pouco.
É verdade que as escolas do 1º ciclo estão melhor equipadas, embora fosse difícil que há 30 anos tivessem computadores; para além disso, quer-me parecer que o cumprimento das obrigações legais que estão atribuídas às Autarquias se é algo que merece algum destaque, não merecerá os encómios desmesurados que seriam devidos ao cumprimento de obrigações alheias.
Ainda em Alhos Vedros, pelos mesmos anos em que o senhor Manuel Madeira ainda por cá não andava a opinar e a articular, existia a Biblioteca da Gulbenkian nas instalações da Junta de Freguesia e depois surgiu a Biblioteca do Parque Infantil, já pós-revolução de 25 de Abril. Hoje temos uma Biblioteca Municipal com edifício próprio, mas animação nula, ou seja, sem uma mais-valia que nos faça pensar que decorreram 25-30 anos sobre o passado.
Nem sequer vou aqui alegar o que a segunda metade dos anos 70 e parte dos anos 80 fez a algumas tradições da terra, desde os seus festejos religiosos (renascidos na última década) ao mercado semanal que existia e não era o triste espectáculo em que se torna actualmente o Largo do Mercado ao aproximar do fim de semana.
Por isso, meu caro MM, quando se deitar a fazer balanços das maravilhas dos últimos 30 anos de gestão da CMM (não me interessa se da CDU, se do raio que nos parta a todos), escreva sobre o que sabe, descreva a realidade como ela é ou foi e não sonhe através de nevoeiros situacionistas.
Há uns tempos disse que os seus adversários tinham os olhos "vidrados pelo poder" !
E os seus, estão no actual estado porquê ?
É porque não vê, porque não olha, ou porque tudo é relativo e depende do ponto de vista a partir do qual olhamos ?
AV1 (com republicação de uma foto de Arquivo do Cine-Teatro que MM nunca terá chegado a conhecer...)
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