sexta-feira, setembro 30, 2005

Dicionário Autárquico VI

L de Leonel - o Coelho, obviamente. O eterno líder do MRPP local e o único e último dos comunistas da linha pura e dura à moda antiga. Comparados com ele, estes novos vermelhinhos são crianças mal desmamadas. Homem de excessos, mas também de coração generoso, anima a Feira do Livro de Alhos Vedros desde antes do 25 de Abril e é a alma que ainda move o que resta da Academia. Nestas eleições volta a aparecer como candidato à presidência da CMM, com um discurso mais suave do que em outros tempos, mas sempre com a truculência do costume, como se viu por ocasião do fracassado debate do Setúbal na Rede. Com todos os seus defeitos - ou virtudes - ele ficará sempre no imaginário colectivo da nossa terra, o que não poderemos dizer de muitos outros que desaparecerão com a espuma dos dias. Amem-no ou odeiem-no, mas por certo que não o poderão ignorar.
M de Municipal - o tal Plano Director que levou anos e anos a fazer, que foi remendado a meio do trajecto e que foi apresentado a destempo, com um calendário pré-eleitoral inenarrável e um plano de debates públicos muito pouco participativo. Embora a questão da localização da REN tenha monopolizado as discussões, é extremamente penalizadora para o concelho a aposta na criação de um enorme dormitório suburbano contínuo nas freguesias da Baixa da Banheira, Vale da Amoreira e Alhos Vedros. O acréscimo previsto de população irá fazer com que as infraestruturas existentes fiquem a rebentar pelas costuras (penso nos casos da Saúde, da Segurança, do Desporto e da própria Educação), provocando o habitual ping-pong de acusações entre autarquia e Poder Central, quanto à responsabilidade pelas insuficiências.
Se as oposições tivessem feito o trabalho de casa e apresentado alternativas coerentes e um modelo de desenvolvimento alternativo, tecnicamente fundamentado - e não só reparos meio pontuais - estas eleições poderiam ser como que um referendo ao que este PDM simboliza como visão da CDU para o nosso futuro. Assim, sem alternativas verdadeiras para além de discursos críticos, é fácil fazer umas promessas dissuasoras antes das eleições - que até ao momento conseguiram abrandar umas vozes - e, depois delas, conforme os resultados, agir em conformidade. Uma maioria absoluta dos actuais autores do PDM representará uma legitimação eleitoral para o levar em frente com um mínimo de retoques. E aí termos um concelho suburbanizado e betonizado, em que nem a uma anunciada agradável vida à beira-rio será possível, pois metade ou mais da frente ribeirinha estará completamente desprotegida e a restante será transformada para fins decorativos.

AV1

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