sábado, outubro 20, 2007

A lógica da batata podre

O executivo da Junta de Freguesia de Alhos Vedros - acho que sem conhecimento do presidente Lobo que duvida destas coisas "participadas" - fez uma sessão descentralizada no Bairro Francisco Pires esta semana, que O Rio relata nos seus traços principais.
E é nestas alturas que um tipo fica a perceber que nada disto tem saída, porque realmente a lógica é uma batata bichada na cabeça de certas pessoas.
De acordo com uma passagem, um munícipe (seria mais correcto chamar-lhe freguês, mas tudo bem) um «Eucaliptal põe zona industrial em perigo», explicando-se assim a coisa:

«Um munícipe pôs a questão do eucaliptal, entre o Bairro Francisco Pires e os armazéns da zona industrial ali existente, o qual precisa de ser desmatado e limpo, por se encontrar cheio de entulho, mato, cascas e pernadas de eucalipto e outros arbustos secos. Parte desta vegetação está mesmo encostada à parede dos ditos armazéns e no caso de um incêndio, o perigo é maior porque há ali armazéns de gás, de papel e também uma serração. Esta área de eucaliptos, sobreiros e outras árvores devia ser limpa e aproveitada para zona de lazer ou de desporto. Aliás, disse Fernanda Gaspar, aquele é um dos pontos onde poderá vir a ser construída uma pista de atletismo.»

Não sendo eu grande adepto de eucaliptais - habituais nesta zona durante final do século XIX e século XX para secar terrenos alagadiços - e achando bem que se limpem as zonas verdes, fico sem perceber muito bem as seguintes coisas:
  1. A vegetação deslocou-se pelo seu pé para perto dos barracões, ou os barracões foram indevidamente - mas com autorização do poder local, claro - para perto de uma zona verde?
  2. A porcaria que se encontra nessa zona verde foi depositada lá quando as famílias de eucaliptos e sobreiros fizeram a limpeza das suas casas, ou foram certas e determinadas pessoas e empresas que têm os hábitos de higiene da Idade Média e lançam fora o que não lhes interessa, quando calha, para onde pensam que ninguém está a olhar?
  3. O risco de incêndio é causado pela presença dos eucaliptos (que, como se sabe, são useiros e vezeiros em lançar beatas para o chão nos intervalos do trabalho) ou pela existência de botijas de gás e armazéns de materiais inflamáveis?

Qualquer dia estou como o Mário da Silva, nem vale a pena um tipo preocupar-se. Em vez de evitarem que se emporcalhe uma raríssima zona verde na freguesia, em vez de promoverem a vigilância e a limpeza, só temos direito a queixinhas que os eucaliptos e sobreiros estão a atrapalhar. Percebo que as queixas à Junta de Freguesia visam alertar o poder local para estas situações - e bem sabemos como a freguesia é tão extensa que a sua presidente não consegue aperceber-se destas questões - mas não há pachorra para certas formas de encarar estes problemas.

Cortem, cortem tudo. Desmatem, serrem, triturem. Façam barracões para indústrias de vão de escada que fazem vazadouro dos seus lixos nas traseiras, que atiram caixotes, paletes, sacos e tudo o que calha para o espaço público. Isso é que está bem. Tudo só com areal fino e alcatrão é que é bom.

Aceitem que, como na Vila Verde, as empresas de construção civil usem os espaços comuns e os sobreiros sobreviventes como base de estaleiros não demarcados e depósito de entulhos, sem que nenhuma coima lhes caia em cima.

Isso sim é Desenvolvimento.

3 comentários:

AV disse...

Os amoitados, cada vez são mais, são como uma praga de zombies, por cada um que se liquida nascem dez.

AV2

Anónimo disse...

Como sempre a natureza é que está mal, esses malvados dos eucaliptos foram de propósito colocar-se ao lado da zona industrial só para tramar os pobres empresários e o pior de tudo é que essa escumalha dos eucaliptos qualquer dia imola-se em chamas apenas para arrastar consigo a inocente zona industrial. Como tal abatam já esses eucaliptos, abatam toda a natureza para podermos encher tudo de betão e de fábricas. Que nojo.

Anónimo disse...

Desculpem esqueci-me de assinar o comentário acima, sou quem assina Anarquista.