quarta-feira, janeiro 09, 2008

Matando três coelhos com uma bordoada

Baptista-Bastos no Diário de Notícias:

«Na recolhida sombra da minha prosa desalinhada e chã tenho procurado cumprir, com modéstia e aplicação, o dever que cabe a um autor sem amos e sem vis desígnios - dar com o sarrafo nas iniquidades do poder. Não estou isento, eu também, de levar umas ripadas, desferidas por quem não está de acordo comigo para estar de bem com o Governo. Malhas que o império tece...

A minha beligerância é conhecida. A do António Barreto, não; pelo menos até agora. Aparenta um homem de palavra grave, porém macia; um sociólogo propenso à mansidão da pesquisa e à quietude do gabinete; um cronista de comedida, acampado na serenidade do velho estilo e da antiga gramática. Ei-lo, então, fulminante, a tanger as cordas do conflito: "Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei." A frase não é pacífica e revela-se na ambiguidade da conclusão.
(...)
Não acredito que Sócrates seja fascista. Mas que o fascismo anda por aí, lá isso...»


O terceiro coelho zurzido é José Manuel Fernandes, director do Público, recente neo-liberal, ex-esquerdista inflamado, outrora hirsuto cavernícola, mas agora tão aparadinho e aprumado que até parece alguém saído de Cambridge.

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