segunda-feira, agosto 29, 2005

O Fim da Paisagem

Há coisa de uma hora fiz, nos dois sentidos, a estrada que divide a Baixa da Banheira e o Vale da Amoreira.
Não foi pela primeira vez, mas desta foi com mais atenção, que vi o desvario de outdoors que invadiu as nossas ruas, a nossa vista e os nossos limitados horizontes, desfeando ainda mais a paisagem.
Por regra, sou pouco favorável à proliferação deste tipo de estruturas, mesmo para efeitos comerciais. Concebo que o Vinhense tenha necessidade de ter uns placards em torno do campo para gerar receita, mas já não percebo porque a CMM tem de pespegar um enorme outdoor naquele pequeno relvado fronteiro, seguindo-se, junto aos semáforos, novo cartaz imenso com o João Lobo, logo antes de um daqueles verticais, tipo arranha-céus, da Eurídice Pereira. E por aí adiante, até chegarmos lá ao topo, à rotunda das Fontaínhas, onde se voltam a acotovelar cartazes do PSD, do PS (mais pequenote) da CMM, da Festa do Avante e o que mais se lembrarem de lá colocar.
Já a caminho da via rápida é a foto de conjunto do PS, no cruzamento para a Cidade Sol, mais um João Lobo e, já na esquina do IC mais um da CMM a anunciar obra feita, paredes meias com um do candidato do PSD à Câmara do Barreiro.
Mas quem diz este trajecto, diz qualquer outro pelas principais artérias do concelho (e dos restantes concelhos, difga-se em abono da verdade).
Confesso que isto enfastia qualquer um.
Sou completamente a favor da regulação dos espaços a ocupar com campanha política e da sua distribuição de uma forma razoavelmente quitativa e circunscrita a determinados espaços, que devem estar bem visíveis, mas não de forma anárquica.
Depois das eleições, quero ver quanto tempo leva a desmontar a tenda, para onde vai esta lixeirada toda e se as estruturas para colagem dos outdoors para aí ficam ao deus-dará, a infestar-nos o olhar.
Sei que a imagem conta muito nas eleições de hoje em dia, mas não haverá maneira de os próprios candidatos auto-regularem as suas campanhas e assumirem que a sua mensagem deve privilegiar o conteúdo e a seriedade e rigor das propostas ?
O que significa afirmar que a Moita é "Um concelho em movimento" ?
Ou garantir "Solidariedade" e "Competência" em letras garrafais ? Parafraseando o estribilho de um dos candidatos "O que faz falta é... dois dedos de testa e um pouco de bom senso e respeito por todos nós".
Que tal divulgarem antes os seus programas eleitorais, a preceito, junto dos eleitores, com uma listagem de prioridades, os planos para a sua implementação e respectiva calendarização ?
Se calhar custava menos dinheiro e sempre limpava a paisagem.

AV1 (com fotos do Brocas)

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