quarta-feira, agosto 24, 2005

O Problema da Água - II

A propósito do post mais abaixo sobre este tema, e em troca de comentário com o leitor Nuno Cavaco, fiquei com a sensação que ele pensa que eu sou contra a gestão pública da água.
Nada mais errado.
Atendendo às perspectivas que se adivinham quanto à escassez da água potável no Norte de África e na Europa mediterrânica, acho essencial que a gestão da água passe fundamentalmente por mãos públicas, salvo raras excepções que se justifiquem.
Não é por aí que discordamos e não tenho qualquer problema em divulgar o site da Associação Água Pública que me sugeriu, pois já divulgamos o site do Instituto da Água há muito tempo em link permanente, assim como outros ligados a temas ecológicos.
A gestão privada da água levanta-me muitas reservas, mesmo se acho que a gestão pública não é intrinsecamente boa se não for feita com competência e justiça social.
Só para dar, de novo, um exemplo de completo desvario na gestão dos recursos aquíferos em autarquia CDU, olhemos para o disparate que é a concentração de piscinas na urbanização Palmela Village no concelho de Palmela, no sopé da Serra da Arrábida, o que vai fazer descer brutalmente os ricos recursos daquela área, que também é, de algum modo, nossa.

O que para mim está em causa é que, nos dias que correm, a CDU deslocou boa parte do seu discurso de (pré-)caampanha para este tema que, em boa verdade, é apenas lateral ao que interessa verdadeiramente e que é o do modelo de desenvolvimento que a CMM/CDU propõe para o concelho e que, a meu ver, está longe de ser um modelo sustentado do ponto de vista do Ambiente (que não se resume à água).
Na prática, a CDU está a tentar disfarçar que defende a dormitorização da faixa norte do concelho, ou seja, das áreas mais próximas da faixa ribeirinha, sem que surjam intervenções viradas para a conservação desse rico património natural. A construção de espelhos de água ou intervenções decorativas e de aparato (como as previstas para a zona da Caldeira da Moita) estão muito longe disso... Aliás, pior para a diversidade natural da zona ribeirinha do que torná-la um "enfeite", só mesmo deixar entulhá-la com lixos diversos como tem acontecido em grande parte da freguesia de Alhos Vedros...
Por isso, o centralizar o discurso na questão da Gestão Pública da Água, apenas serve para dar uma ferroada no pessoal do PS que é muito a favor de criar empresas municipais e/ou equiparadas, de eficácia acrescida duvidosa em relação aos serviços camarários tradicionais e muito mais vantajosas como estratégia para criação de lugares com remunerações atractivas para o pessoal político.

Para finalizar, repito que temos a sorte do concelho da Moita ter uma boa qualidade de água graças aos leitos subterrâneos que o percorrem (e claro que ao tratamento do caudal) e de o seu relevo praticamente plano não levantar grandes problemas para o abastecimento das populações (daí os cortes de água não serem muito prolongados, mesmo se no Verão muitas vezes a água custa a chegar acima do 2º andar de muitos prédios).
Quanto à questão do preço racionalizar ou não o uso e de existirem sempre abusos individuais ou colectivos dos que se acham poderosos, por certo que existem mecanismos suplementares de controle como limites ao consumo.

AV1

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