quarta-feira, setembro 21, 2005

O que é a Democracia ?

Muitas, por estranho que pareça, podem ser as respostas a esta questão, de tanta sofisiticação que foi ganhando a análise política para caracterizar os regimes políticos e para categorizar os diversos matizes que se podem encontrar nos vários modelos de participação política dos cidadãos.
Por isso, nem sempre é fácil uma definição unânime de Democracia que inclua desde as democracias de tipo quase directo de alguns cantões da Suiça aos simulacros formais parlamentaristas em algumas nações africanas ou no Iraque, não esquecendo as democracia ocidentais fortemente implantadas como as da Escandinávia. Os critérios de existência de eleições e de um sufrágio universal nem sempre têm uma aplicação tão clara quanto isso.
Mas não é isso que me interessa agora.
O que me interessa é definir - e isso é mais pacífico - o que a Democracia não é.

Não é Democracia reprimir, de forma directa ou indirecta, a manifestação de opiniões dos cidadãos, incluindo as que lhe são desfavoráveis.
Não é Democracia tratar de forma desigual aqueles que se apresentam a sufrágio a um determinado cargo político.
Não é Democracia inibir, seja de que forma for, o pluralismo do debate político.

Mesmo se isto se vai tornando prática corrente.

Isto vem a propósito, já todos o perceberam, do facto de, havendo cinco candidaturas à presidência da CMM, o site Setúbal na Rede ter optado por convidar apenas quatro candidatos, excluindo um.
É verdade que o SR é um site de natureza privada e que se pode sempre recolher na concha protectora dos "critérios de interesse jornalístico" ou mesmo alegar que órgãos públicos de informação (nomeadamente televisivos) têm aplicado receitas iguais nos seus debates.
Pois é... mas isso é justificar o nosso erro com erros alheios.
Não é resposta satisfatória.
Apenas por acaso, o MRPP, juntamente com o PCP, é única força política com acção política no concelho anterior ao 25 de Abril.
Apenas por acaso, o MRPP foi durante muito tempo, a seguir ao PC e ao PS, e em disputa coma UDP, a força política com mais interveção na vida política do concelho.
Quanto ao Leonel Coelho é, de longe, o político no activo mais antigo dos que se apresentam às actuais eleições autárquicas locais.
É, também de longe, aquele que tem uma intervenção mais continuada e consequente na vida cultural de Alhos Vedros e até do concelho, através da Academia.

É verdade que nem sempre é uma pessoa fácil.
É verdade que nem sempre diz aquilo que é mais conveniente aos interlocutores.
É verdade que por vezes ele pode produzir mais "ruído" do que outros gostariam.
É verdade que podem alegar que, actualmente, o MRPP tem uma expressão eleitoral reduzida (embora tenha ficado à frente do Bloco ns últimas autárquicas).
Mas não é menos verdade que a Democracia passa pelo respeito das minorias e da não-discriminação dos pontos de vista minoritários.
A verdade é que Leonel é candidato ao mesmo que os outros quatro convidados e merece tratamento equivalente. Os seus direitos são iguais aos de qualquer outro.

Entendamos umas quantas coisas:

* Não tive idade para ser do MRPP nos anos 70 e depois disso já quem o formara nos tempos áureos se tinha instalado pelo PSD e pelo PS locais e não só.
* Não fui grande frequentador da Acdemia, excepto quando um primo meu mais velho lá me levava, quando ia jogar snooker no antigo café do rés-do-chão, ante de ser ocupado por quem foi.
* Frequento de forma irregular a Feira do Livro de Alhos Vedros porque ela acontece depois da de Lisboa e então já estou com os bolsos vazios.
* Não troco mais do que um cumprimento de ocasião se me cruzar com o Leonel Coelho na rua, em virtude de ele me conhecer deste puto (foi colega do meu pai em algumas ocasiões da sua juventude...).
* Não concordo com a sua visão do mundo e acho que a sua coerência é daquelas que já se mistura com a teimosia.

Mas concordo ainda menos com a visão do mundo e da política daqueles que o pretendem excluir do debate.
Podem acusá-lo de ter defendido e defender modelos de regime político não-democrático.
Mas a verdade é que quem o censura é que tem um comportamento anti-democrático.
E não me venham com punhos de renda dizer o contrário.
É nestas ocasiões que se percebe no que uma Democracia se pode tornar, para aqueles que discordam desta sua modalidade actual.
É nestas ocasiões é que se percebe o que aconteceria a quem aparecesse, de forma independente, a apresentar a sua candidatura e uma lista aos órgãos autárquicos, sem apoios para além das suas convicções.
A máquina democrática nem sempre suporta este tipo de areias.

É triste, muito triste.

AV1

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