segunda-feira, outubro 01, 2007

Os alhos, verdes ou velhos, nunca existiram # 1



Fui em busca dos recursos da biblioteca de um amigo ligado às arqueologias e cheguei à conclusão que dois argumentos brilhantea aduzidos nos últimos dias - a ausência de uma linhagem clara do topónimo "alhos vedros" e a inexistência de vestígios arqueológicos dos períodos romano e muçulmano - são efectivamente pertinentes e muito fundamentados com base no que sabemos sobre muita coisa, até ao momento em que ficamos a saber mais sobre essa coisa.

Comecemos por um documento importante elaborado em 1993, um volume ambicioso destinado a fazer a inventariação o património arqueológico do distrito de Setúbal.
Passam-se as quase 400 páginas a fio e conclui-se que efectivamente nada existiu na zona de Alhos Vedros nesses tempos remotos.
Aliás, perante os registos de escavações e estudos que então existiam para quase todos os concelhos do distrito, nota-se que apenas estão ausentes os concelhos do Barreiro e Moita que, como é fácil perceber, eram ilhas isoladas no ambiente em seu redor.
Encontraram-se fornos de cerâmica e estruturas para as conservas de peixe em Cacilhas, Corroios, Seixal, Setúbal, até no Rio Frio, mas na Moita e Barreiro, zeróides.
O facto de nunca se ter feito uma escavação digna desse nome nesta zona, não interessa.
Que as poucas escavadelas que foram feitas acabaram sem estudos finais publicados também não interessa nada.

Que é difícil achar vestígios com 2000 anos sem os procurar ou sem abandonar as poucas propspecções a meio, também não interessa nada.
Não havendo vestígios, nada a fazer.
O criminoso fica à solta.
Desculpem.
Queria dizer que nada existiu.
Isto era o deserto completo, um oásis de nada numa zona conhecida por ser uma das principais redes de produção para exportação de produtos da Lusitânia, ou seja a zona entre os estuários do Tejo e Sado.

Tudo bem.
Nada como esclarecermos as coisas.
Se não se achou é porque não existiu.
E se não procurarmos ainda melhor.
Nem vale a pena.
Só dá trabalho.
Mesmo que tivesse existido, passou a deixar de existir.
Viva a ciência, pois.
As touradas só existem porque há fotos dela.
(continua...)

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do post, eu já tinha dito num comentário atrás que esta zona teve ocuapção romana e realmente como o av diz e muito bem, se encontraram vestigios nas terras em redor e só não encontraram aqui, possivelmente é porque não procuraram bem, é porque não houve interesse. Nem sequer tem sentido nenhum, pensar que numa larga área que foi ocupada pelos romanos, que eles iam desprezar as terras junto ao rio. O resto foi tretas dum pseudo especialista.

Anónimo disse...

Acima era ocupação e não ocuapção :)

Anónimo disse...

Pois bem, a verdade é que tanto eu como Antonio Gonzalez temos procurado e procurado vestigios da presença romana aqui no concelho da Moita e no do Barreiro (ja encontarmos anforas no barreiro) o certo é que tem sido dificil, não por falta de investigação, mas porque o territorio que ocupamos foi sendo "tapado por areias eolicas o que dificulta e muito, a investigação no terreno. Mas com certeza que mais dia menos dia vão aparecer vestigios da presençºa romana por estas bandas materializado em fragmentos de ceramica ou em alguma estrutura.
Quanto aos arabes, bem...quase de certeza que a igreja matriz de ALHOS VEDROS tera tido em tempos uma orientação diferente (prova disso são os segundos enterramentos encontrados aquando das escavações no adro da igreja) e possivelmente tera sido utilizada como templo muçulmano, e ha ainda a registar um pote de tipologia medieval islamica encontrado aquando das escavações nos terrenos da antiga CADEIA... Gostaria de referir ainda para os que não foram ao seminario organizado no sabado de que a passagem humana pelo nosso concelho começou a ser feita a cerca de 1 milhão de anos (sitio do cemiterio do vale da amoreia), continuou no Paleolitico Médio (Ponta do António, Praia do Rosário, Vala da Broega, etc, etc...só para mencionar alguns que tem vindo a ser descobertos) e ainda da sinais no Neolitico (Gaio-Rosário). Como podem verificar, existem muitos "sitios" não só da pré-história, como da propria história...os romanos vem já a seguir.

Tiago do Pereiro
Arqueologo

AV disse...

Obrigado pelas informações.
Muito úteis, muito importantes.Nada como investigar-se para se descobrir.