terça-feira, janeiro 01, 2008

2007 - Balanço Político Local

A bem dizer, pouco há a dizer que não seja evidente, tamanho foi o falso marasmo que se viveu.
Eu explico o paradoxo do falso marasmo: por um lado tudo pareceu na mesma e houve mesmo quem se esforçasse por fazer parecer que tudo tem estado como sempre esteve e seguindo o seu curso normal. Esta foi uma tendência bem visível nos últimos meses do ano por parte de quem defende a Situação.
Por outro lado ocorreram muitos factos extremamente anómalos, a que a generalidade da população até pode não dar muita atenção ou chegar a ter conhecimento, mas que marcam o ano de 2007 como um dos mais singulares nos últimos 30.
  • Não foi apenas o bruá em torno das visitas da PJ e IGAT à câmara moiteira.
  • Não foi apenas o facto do Movimento Cívico da Várzea da Moita ter conseguido fazer uma conferência como nunca se viu na Moita, congregando figuras locais e nacionais num debate que o poder tentou menorizar a abafar.
  • Não foi apenas o ataque à imprensa local que se mostrou menos domesticável, usando como argumento para justificar o seu desaparecimento o mesmo tipo de discurso dos neo-liberais quanto ao fecho de fábricas.
  • Não foi apenas a manifesta incapacidade do poder moiteiro assegurar nesta primeira fase do mandato o cumprimento das suas promessas, usando sempre a justificação de não se fazer nada por causa do Poder Central.
  • Nem, sequer foi o facto de, pela primeira vez, ficar bem à vista a manifesta falta de qualidade da gestão financeira da CMM que apenas se mantém à tona de água graças ao não pagamento das suas obrigações.
  • Ou mesmo a pública e notória inconsistência da proposta estratégica que este poder afirmou com base na treta das "novas centralidades" do "arco ribeirinho". As notícias recentes sobre o que vai ser feito a jusante e montante da Moita demonstra bem até que ponto este concelho se tornou periférico dentro da península de Setúbal.
Em boa verdade, já tudo isso se adivinhava desde 2005, a partir do desastroso processo de discussão do PDM, documento que traduz a falta de capacidade do poder moiteiro se reinventar para além do lugar-comum.

A maior novidade está na forma como começou a perceber-se "cá fora" o conflito intestino entre aqueles que fazem parte do poder que é há mais de três décadas.
Não se trata de dissidências ou cisões renovadoras, a reboque de movimentos nacionais ou mais amplos.
Trata-se mesmo do conflito de perspectivas no núcleo duro - e círculos envolventes - dos "puros", em torno do grau de pureza de cada um.
Os inimigos deixaram de ser apenas os que estão fora ou que saíram.
Agora existe finalmente a percepção que os priores inimigos do poder moiteiro são aqueles que dizem servi-lo, mas que deles apenas se servem para perpetuar um status quo apodrecido.

Para os menos atentos, para os crédulos ou para aqueles que defendem a qualidade da Situação porque da sua existência depende o seu presente e futuro, pode parecer que a muralha continua de aço.
Mas, como sabemos, o esmalte dos dentinhos sorridentes pode ser apenas uma finíssima camada que esconde a cárie galopante, prestes a rebentar à vista de todos, fazendo-se anunciar pelo mau hálito associado ao dito sorrisinho.

E é nesse estado que se encontra a actual Situação do poder moiteiro.
A cair de podre.
A partir de dentro.
Basta ir-lhe dando umas pancadinhas.

Claro que nos estertores, o defunto tende a espernear na tentativa de adiar o inevitável.
Também é para isso que todos devem estar preparados.
Porque a podridão não sai cá para fora sem danos colaterais.

2 comentários:

Anónimo disse...

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz ah já são oito da manhã

AV disse...

Mais exactamente 12.21 da noite.
Não tem outro sítio para adormecer.
Triste vida.
:D