Abre hoje o novo ano lectivo, aparentemente com um sucesso e uma calma assinaláveis.
A verdade, porém, é que isso acontece por comparação com o caos dos últimos 2 anos.
Sob a superfície, e apesar da boa imprensa e da compreensão sindical, muito foi feito contra os professores e a especificidade do seu trabalho.
Com o argumento demagógico da obrigatoriedade das 35 horas (a esse respeito este comentário que recebemos é elucidativo e merece leitura) do horário lectivo e não lectivo, o Ministério em causa investiu pela primeira vez contra um dos direitos mais antigos dos professores, que é o de trabalharem na preparação das aulas, na realização de materiais de apoio e na correcção de testes e trabalhos, entre outras tarefas, nas horas que mais lhes possam convir e nos locais melhor apetrechafos para o efeito, que não são ainda as Escolas (quantas suportam algumas dezenas de docentes em trabalho de preparação de materiais de trabalho, com computadores, impressoras e restante material e espaço necessários ?).
É falacioso afirmar que MAIS trabalho implica MELHOR trabalho e, por outro lado, QUE MAIS trabalho dos professores corresponde a MELHOR desempenho dos alunos.
Nada em nenhum lugar alguma vez provou isso.
Trabalho melhor organizado talvez sim. Apenas mais trabalho não !
Porque o efeito perverso é o seguinte:
Se um docente é obrigado a cumprir as 35 horas no estabelecimento de ensino (e alguns órgãos de gestão chegaram a esse completo desvario, contra as 28 horas que a maioria parece ter adoptado), então ele tem o direito de nunca ser obrigado a ultrapassar esse horário e, como escreveu o nosso comentarista anónimo, chegada a hora de sair, agarrar na trouxa e ir-se embora.
É que se os(as) professores(as) só têm 22 horas lectivas por semana, têm muito trabalho para isso e, em alguma épocas do ano, têm 45 ou mais horas de trabalho na Escola (épocas de preparação do novo ano, de reuniões, de exames, etc). Mas disso é fácil alguns esquecerem-se, com os Sindicatos de pacotilha que temos à cabeça.
Infelizmente, tudo parece ter decorrido este ano normalmente no concurso de colocação de docentes. Isso é mentira e quem saiba a verdade, sabe que existem centenas de erros causados por equívocos em critérios de inclusão/exclusão dos concursos. As Direcções Regionais, com destaque para a de Lisboa, estão cheias de reclamações e recursos. Só que os sindicatos e a imprensa têm colaborado activamente na cobertura às asneiras deste ano. Porquê ? Alguns o saberão.
Assim como alguns saberão que a ideia de colocações trianuais só é válida para um conjunto reduzido de docentes. Mas isso demorava a explicar.
Os silêncios deste ano devem ser em nome da luta contra o insucesso escolar.
Que é para ver se, à custa dos professores, o Estado faz figura de disciplinador e rigoroso.
E os professores, como não são as Forças Armadas, desapareceram do retrato.
AV1
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