José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, 1º ministro desta república, tem um bacharelato em Engenharia Civil pelo ISEC (Instituto Superior de Engenharia de Coimbra), informação que não é contestada. Porém, na sua biografia oficial é dito que Sócrates Pinto de Sousa é "Licenciado em Engenharia Civil". No perfil que foi publicado no Diário de Notícias, por Filipe Santos Costa, é dito que "... quando voltou à Covilhã, em 1981, Sócrates já tinha complementado o bacharelato com a licenciatura, em Lisboa". Mas a licenciatura que existia em Lisboa nessa altura (1979-81) era no Instituto Superior Técnico, onde Sócrates não consta como aluno. Por isso, em 1981 Sócrates não estaria licenciado por Lisboa. Onde foi que se licenciou? Teria sido no ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) do Instituto Politécnico de Lisboa? É que aí a Licenciatura Bi-Etápica em Engenharia Civil só começou em 1998/99... No ISEC onde fez o bacharelato? Mas a licenciatura bietápica em Engenharia Civil no ISEC também só começou em 1998/99. Também não frequentou a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, nem o Instituto Superior Técnico, nem consta que tenha frequentado a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Portanto, não seria licenciado em 1981. Na Ordem dos Engenheiros também não está inscrito. O bacharelato em Engenharia Civil do ISEC tinha quatro anos (8 semestres) - só passou a três anos na reestruturação de 1988 (Decreto-Lei nº389/88, de 25 de Outubro) empreendida por Roberto Carneiro. Onde fez Sócrates a dezena e meia de cadeiras (veja-se o plano do 5.º ano da licenciatura no ISEL) que precisava com o bacharelato do ISEC para obter a licenciatura? Os Cursos de Estudos Superiores Especializados (4 semestres) só começaram no ISEC em 1991 e no ISEL em 1988 (Direcção, Gestão e Execução de Obras - 4 semestres) e 1990 (Transportes e Vias de Comunicação - 4 semestres). Além disso, um CESE não é uma licenciatura. Por isso, esta hipótese não parece plausível. Não é. Não consta que Sócrates tenha frequentado a licenciatura bi-etápica do ISEL ou do ISEC. Mas Sócrates afirma ainda que "concluíu depois uma pós-graduação em Engenharia Sanitária pela Escola Nacional de Saúde Pública" (ENSP). Todavia, o curso de Engenharia Sanitária é leccionado desde 1975 na Universidade Nova de Lisboa, pertencendo, desde a criação das faculdades da Nova, à sua Faculdade de Ciências e Tecnologia, primeiro sob a forma de curso de especialização e a partir de 1983 como mestrado. Exige a licenciatura como condição de admissão. Nunca pertenceu à Escola Nacional de Saúde Pública (que em Abril de 1994 foi integrada na Universidade Nova de Lisboa). Mas Sócrates não foi aluno desse curso de Engenharia Sanitária da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (que foi criado em 1975) - nem ele o diz, pois refere expressamente que a sua "pós-graduação" foi na ENSP. Então, que curso de Engenharia Sanitária fez? Chamar-se-ia mesmo "pós-graduação"? Ou seria um curso de curta duração na ENSP? E em que ano decorreu? Sócrates já seria licenciado quando frequentou essa "pós-graduação"? O que parece verdadeiro é que José Sócrates Pinto de Sousa terá obtido em 1996 uma licenciatura em Engenharia Civil pela Universidade Independente !!!!! Que equivalências lhe foram atribuídas e quantas cadeiras teve de frequentar e concluir ??? Se compararmos os planos dos dois cursos - o bacharelato do Politécnico de Coimbra e a licenciatura da Universidade Independente -, e as respectivas disciplinas, chegamos à conclusão de que um candidato com o bacharelato do ISEC precisa de fazer 10 cadeiras (existem algumas disciplinas do curso na Universidade Independente que não têm correspondência no curso de Coimbra) e mais uma de Projecto para se licenciar na Universidade Independente de Lisboa. Não deve ter sido fácil, tendo em conta que Sócrates teria concluído o bacharelato em 1979. A Licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente foi criada pela Portaria n.º 496/95 de 24 de Maio de 1995, embora o diploma tenha, retroactivamente, autorizado o funcionamento do curso desde o ano lectivo de 1994/95. Ora, o primeiro governo de António Guterres (o 13.º Governo Constitucional) toma posse em 28 de Outubro de 1995 e José Sócrates é ministro adjunto do primeiro ministro. Nessa desgastante função, José Sócrates parece ter encontrado tempo e concentração, na mesma altura em que prepara e participa na campanha eleitoral durante o ano de 1995 e, já no Governo, adjuva o primeiro-ministro e coordena as secretarias de Estado da Comunicação Social, Desporto e Juventude, para, quinze anos depois do seu bacharelato, realizar as 11 cadeiras que, em princípio, teve de efectuar para obter o título de licenciado em Engenharia Civil em 1996. Deve ter sido muito difícil, um esforço quase sobre-humano. Não há motivo algum para que Sócrates tenha escondido do povo português a sua epopeia académica, a não ser por modéstia, o que, neste caso, não se justifica. É um motivo de grande orgulho próprio e um exemplo de sucesso para jovens e adultos. Enfim, não é de admirar a surpresa do engenheiro sanitário Pinto de Sousa perante a realidade técnica dos finlandeses.
Fernando Sobral, no Jornal de Notícias em 7 de Março de 2006, coluna de opinião O Neurónio Tecnológico
9 comentários:
Quem te dera a ti teres um curso de engenheiro sanitário, vai mas é limpar sanitas ó AV1
Se bem me lembro há mais casos de habilitações falsas nesse partido.
Olha um banheirense no primeiro comentário, afinal nada como ter super-qualificações para chegar a um cargo de chefia em breve.
Não havia nexexidade da suxestão...
Eu até sou bom de piaçaba em riste...
E ao comentador anterior diria que não acredito que tenha sido um "banheirense" a deixar aquele comentário rasteiro.
Afinal eles são pessoas de bom gosto e com decoro nas atitudes.
ainda não tinha conhecimento disso, mas acho que o facto de agora saber desse facto intuil, não vai alterar em nada a minha opinião sobre as actuais politicas que estão a ser seguidas aqui no burgo.
Agradeço os elogios ao av1, mas não posso deixar de afirmar que quem costuma fazer isso no banheirense é o "camarada" av1, que assina com dupla/tripla personalidade. Tudo o resto passa com o tempo.
Se alguém percebeu o anterior comentário que mo explique.
O que sei é que o autor, que gosta de v"dar a cara", faz comentários anónimos no seu próprio blog para encher as caixas, responder a si mesmo, ofender os outros e tudo o mais.
Coerência.
Da minha "dupla" personalidade já os autores do Banheirense sabem há muito pois fui eu próprio que a comuniquei.
Agora é bonito fazer-se de desentendido.
Mas nem tudo passa com o tempo. Em especial a hipocrisia como arma. Aqui no AVP ninguém é contra os nicks.
Mas será que ninguém se lembra dos diplomas vendidos em 75/76 no Rossio com carimbos, selos brancos e tudo?
Além de que esta epopeia até é normal. Muitos a fizeram e para o que ele sempre fez na vida nem precisava de ser engenheiro para nada, ou precisava?
Para ser político "ainda" não são precisos canudos -- ou melhor, qualquer canudo serve, mesmo que falso ou afalseado.
Até mais.
Uma coisa que não percebi é porque é que estão a malhar no AV1?!?!?!
Ele não se limitou a pôr um artigo público a "malhar" no Xuxalista do Poder Central?
Assim fica dificil criticar o que quer que seja que esteja mal.
Hum! Se calhar há outros "diplomados" cá pelo burgo que se licenciaram com a mesma epopeia do Xócrates e por isso os ataques?
Até mais.
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