Ontem apanhei inesperadamente uma espécie de entrevista ao Miguel Esteves Cardoso na RTP.
O homem está bojudo como tudo, embora com a cara de bebé de sempre.
Em matéria de discurso, depurou manias antigas e agora concentra-se em alguns temas fortes.
Um deles é extremamente actual e local.
Dizia MEC que o português típico tem sempre a tendência para abraçar grandes, ENORMES causas de tipo global, nacional ou internacional, como estratégia para se desculpabilizar da inacção no seu meio local.
Vamos salvar a selva amazónica... mas... como não é possível... desiste-se de intervir no plano das necessidades do bairro ou da rua.
A poluição e o lixo são um problema enorme, por isso ninguém respeita o contentor na rua, deita as coisas para o chão e ninguém se mobiliza para pedir um novo. è a total desresponsabilização com base na situação "global".
Portugal não tem remédio: então Fiolhais de Cacarecos também não tem. E não se faz.
Ele tem razão: a limpeza, e tudo o mais, começa em nós, na nossa casa, à porta do nosso prédio, na nossa rua.
Se todos - ou apenas uma maioria significativa - assim o fizessemos o problema global não existiria.
Mas o que interessa é falar para o MUNDO e deixar tudo à volta na mesma.
E outro tique é deitar tudo para cima do capitalismo, do petróleo, do petróleo e depois, porra [MEC dixit] que não se pode fazer nada...
Não sei porquê, mas acho que nós vivemos num mundinho local desse estilo.
Argumenta-se contra Lisboa, contra o Imperialismo, contra os Klingons, mas fazer as suas obrigações a nível local, népias.
O triste é que ainda há quem engula.
AV1
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