Embora o arqueólogo Tiago do Pereiro deixe importantes informações num comentário aqui sobre trabalhos recentes que têm decorrido, gostaria de citar aqui um excerto de um excelente artigo de Jorge Alarcão - quase o pai de toda a arqueologia romana contemporânea em Portugal - sobre a "Geografia Política e Económica do Vale do Tejo na Época Romana"
«Algumas dezenas de villae e de casais descobertos duma parte e doutra do rio são reduzida porção do que deve ter existido. Na área de Lisboa, o desenvolvimento urbano destruiu seguramente muitas villae que em torno da vida romana gravitavam. Chelas, quinta da Bela Vista e Poço de Cortes são exemplos desas villae. Rio acima, os vestígios são dispersos, até Alenquer, onde se verifica uma certa nuclearidade de achados, correspondentes à área de influência de Ierabriga. Curiosamente, são escassos os vestígios no território que há-de ter sido o de Scallabis. O Tejo, cujo curso foi mudando ao logo dos tempos e acumulando aluviões, poderá ter enterrado ou destruído grande número de ruínas; mas uma prospecção intensiva descobrirá algum dia muitos lugares até agora insuspeitados. Entre Zêzere e Ocresa, isto é, no território de Aritium Vetus, são mais mais abundantes os vestígios, só porque se tem concentrado mais interesse nesta área.» (páginas 57 e 58 do volume representado na imagem)
As partes sublinhadas parecem-me resumir muito bem a situação em matéria de arqueologia romana em toda esta região.
Só quase por acaso é possível encontrar vestígios numa zona como aquela em que vivemos, que foi afectada por alterações importantes nas margens do rio, onde poderiam estar estruturas de apoio à produção de garum.
Para além de que, como se viu na prospecção feita na "cadeia" existem níveis estratigráficos bem diferenciados e que indiciam a reutilização de estruturas anteriores ao longo dos tempos.
O que pode ter acontecio em outros locais, assim como poderão ter sido abandonados.
Repare-se que Equabona - Coina, a Velha - era um reconhecido e importante ponto de passagem das vias romanas a caminho do sul e os vestígios arqueológicos não são propriamente monumentais.
Muito interessante ainda é a existência, mais a montante do Tejo, na zona da actual povoação de Alvega de um sítio com o nome de Aritium Vetus. Só uma curiosidade, nada mais.
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