quinta-feira, março 15, 2007

Falta de Hábito

E não é daquele que faz o monge.
Porque se fosse até que o hábito aparecia.
Pardacento que fosse.
O hábito que falta é o do poder moiteiro encarar a vida numa sociedade democrática aberta e crítica de forma normal. O de enfrentar o escrutínio público sem reacções de virgem impoluta a quem alguém deu um beliscão maroto no túrgido seio.
E também falta o outro hábito importante de considerar que a informação, em especial a que deve ser obriigatoriamente pública, não deve ser mantida em segredo sob acesso controlado.
Há muito que esta é aqui uma luta nossa e que dura tem sido.
A cada documento ou notícia incómoda, lá choviam as ameaças e intimidações.
Que eram suspeitas, calúnias, invasões de privacidade.
O poder moiteiro e amoitado não consegue compreender que a documentação pública é, obviamente, pública e que isso significa ser do domínio público.
Mas tudo por aqui se esconde, tudo se evita dar a conhecer, se há a leve suspeita de beliscar os interesses particulares de alguns.
  • A transcrição online das actas da vereação parou em Agosto do ano passado.
  • A documentação relativa ao PDM só é disponibilizada de forma restrita e contra assinatura, fotografia e dedada no cadastro municipal.
  • Os protocolos feitos em nome da autarquia, registados em cartório, logo mais do que públicos, escondem-se da oposição.
  • Os pareceres da CTA do PDM ficam a marinar na gaveta e é preciso serem jornalistas a desenterrá-los, que nem os verewadores deles têm conhecimento.
É triste mas é verdade.
Aqueles que se arvoram em herdeiros da luta pela Liberdade, são os que menos hábito têm dela.
Ou então reservam-na para si e para os seus.
Não é que o hábito por si só faça o monge.
Afinal sob as vestes monásticas ainda muita coisa se pode esconder de pudibundo.
Mas seria bom que, por uma vez, gente com idade para ser mais desempoeirada, libertasse a mente das grilhetas com que voluntariamente se agrilhoou.
Esse tempo do controle, da intimidação, do segredo, era suposto ter acabado há mais de 30 anos.
Ainda não vos deram a notícia ou por aqui pensam que a coisa apenas mudou de cor?
O hábito de esconder, queria eu dizer.

Sem comentários: