domingo, março 18, 2007

Mosquito a máquina de sonhos...


Está patente até 1 de Junho de 2007,no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (CNBDI) na Amadora, uma exposição sobre «O Mosquito» a que a organização deu o sugestivo nome de «Uma Máquina de Histórias». Este jornal infanto-juvenil, que marcou várias gerações de leitores, nasceu na Amadora, criado pela mão do Tiotónio, (filho de António Cardoso Lopes, o fundador do Bairro da Mina) que arrastou no seu sonho o vizinho Raul Correia, para Director literário de «O Mosquito».

Como o sonho é o que faz avançar a humanidade, e está implícito no desenvolvimento da Amadora desde os seus primórdios, gosto de o incluir nas obras que realizo sobre a minha terra, como por exemplo, «Levem-me Nesse Sonho… Acordado», em Banda Desenhada. Por isso, com o consentimento da Direcção do CNBDI, utilizo este título para uma série de artigos sobre «O Mosquito» onde trabalhei também na Arte Gráfica, na sua mítica Redacção/Oficina.
Considero genial a ideia de atribuir a este jornal o epíteto de «Máquina de Histórias», até pelo facto de ter sido o Único em Portugal a possuir uma oficina própria, onde a peça principal foi a máquina de impressão. «O Mosquito», que se publicava desde o início de 1936, três anos depois, por já não ser possível à casa Litográfica que o imprimia dar resposta à sempre crescente tiragem, imposta pela procura, montou a sua oficina e adquiriu uma máquina «Rolland» de fabrico alemão. Coincidiu com a deflagração da 2ª Guerra Mundial o que impossibilitou a importação de outros exemplares, ficando assim como único existente em Portugal.

E é a essa máquina que tantas histórias imprimiu, em milhões de exemplares durante anos, que eu também chamo de sonhos. Era uma imagem de sonho, ver a magia no brilho do olhar da miudagem do bairro, que acotovelando-se no corredor da entrada da instalação, observava através da porta envidraçada que a separava da impressora, essa complexa engrenagem que «cantava» na sua voz de rolamentos, à medida que puxava o papel ainda em branco do tabuleiro, o aconchegava em seguida entre cilindros depositando-o no outro lado, já com as aventuras completas e coloridas.
As esperas faziam-se às Quartas e Sábados, nas saídas do jornal. Mas não eram só os miúdos. Os adolescentes, os pais e avós, assinantes ou compradores nas bancas, ansiavam a continuação das histórias, os novos poemas do Raul Correia, as peripécias do «Zé Pacóvio & Grilinho» criação do Tiotónio, as novelas de José Padiña, de Lúcio Cardador, de Fidalgo dos Santos, Orlando Marques, do próprio Raul Correia e tantos outros.
Na exposição patente na Avenida do Brasil Nº 52 A, na Amadora, apresenta-se algum mobiliário gráfico da mítica oficina, numa recriação possível, e também desenhos originais publicados no jornal, que mostram a qualidade e o cuidado empregue na sua criação.
Mas a alma que fez movimentar todos esses objectos agora inertes, não está perceptível ao visitante desprevenido; para a sentir é preciso sonhar, e é a esse sonho que me proponho dar forma de realidade ao escrever estas linhas; narrarei episódios e histórias paralelas às que foram perpetuadas nas folhas de papel, e darei voz à máquina ausente na exposição, para que os seus lamentos ou recordações de melhores dias cheguem aos que tanto sonharam através das suas histórias.

(continua)


copiado do blogue de BD Kuentro

2 comentários:

Ana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana disse...

Comentário "pulbicitário":

COnfesso que este comentário é meramente publictário...Porquê???...Porque tenho andado um pouco desaparecida deste mundo e o meu blog anda um pouco à deriva, mas como é um projecto que não pretendo abandonar, ando a reorganizar o meu tempo para "postar" pelo menos uma vez por semana, o que aconteceu exactamente HJ!! E por isso convito-te a ti AV e a todos os que passarem por aqui a passarem pelo meu cantinho!!!