segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Eu ainda sou do tempo...

... em que o abate de algumas palmeiras na Praça da República de Alhos Vedros, nos idos de 70, deu acesa discussão.
A razão era de força: o trânsito pelo centro de Alhos Vedros começava a ficar difícil com a rua Cândido dos Reis a não conseguir corresponder ao afluxo de veículos nos dois sentidos. E o mesmo coma Dinis de Ataíde.
Era necessário transformar a zona pedonal e ajardinada entre o final da 5 de Outubro (outrora conhecida por "Rua dos Pinheiros") e a zona do cemitério numa via para o trânsito no sentido Barreiro-Moita.
Isso implicava o abate de algumas palmeiras centenárias e a coisa deu discussão.
Mas era um caso óbvio de interesse público e lá se fez.
A discussão seguinte seria causada pelo trajecto da via que, por causa dos terrenos da Igreja e "da casa do padre", acabaria naquela ziguezague que conhecemos.
No entanto, naquela época onde a chamada "consciência ecológica" ainda não existia, foi interessante assistir à troca animada de argumentos entre os defensores do Progresso e da Tradição, de forma animada mas civilizada ali mesmo "no Américo Pinto", na Velhinha ou pelas esquinas.
Ainda Alhos Vedros mantinha alguma identidade urbanística e alguma fidelidade às suas origens.
Agora cada vez mais se torna um amontoado de caixotes de que apetece fugir.
Primeiro foram as palmeiras, depois foram muitas árvores de fruto em quintas urbanizadas, a seguir foram os plátanos na entrada nascente de Alhos Vedros, aqui e ali foram os pinheiros e sobreiros que atrapalhavam as Vilas Coloridas.
Espero pelo dia em que
O Progresso, sempre o Progresso.
O Progresso que também trouxe as alergias de que oiço falar há mais de 20 anos, quando decidiram plantar as defuntas árvores que agora foram cortadas.
O pólen, aquelas bolas de algodão, o facto de as raízes se enroscarem nas canalizações em busca da água e fazerem rebentar os passeios.
Pronto.
Tudo bem.
Pena que só tivessem resolvido a coisa com 20 anos de atraso.
pelos vistos nos anos 80 as Alergias eram pouco conhecidas e pior respeitadas.
Agora esperio para ver se irão plantar vegetação nativa (ou bem ambientada à região) e com qualidade alergológicas e anti-histamínicas.
Não me consta que existam alergias muito significativas aos sobreiros, azinheiras, oliveiras, laranjeiras, figueiras, pinheiros mansos, etc.
Só espero que não me venham plantar aquelas mariquices vegetais, tipo palmeira em leque, muito giras e decorativas, mas perfeitamente inúteis para a passarada e para dar sombra aos passeantes.

1 comentário:

Zelupi disse...

Quase que aposto que não vão plantar nada, à semelhança do que se passou há uns anos, na Humberto Delgado, na altura derrubaram as árvores e deixaram somente as que agora foram derrubadas, para as derrubarem agora passados uns pares de anos, será que na altura eram somente as do outro lado da rua que causavam alergias???