O nosso leitor Titta Maurício responde aqui a dois textos anteriormente inseridos no blog e, confessemo-lo, começamos a gostar mais do seu tom e do facto de já detectar a diferença entre os nossos textos mais irónicos e aqueles que são para levar mais a sério.
Se um dia pensar abandonar o CDS/PP, convidamo-lo para uma caracolada, se for no Verão, os para uns passarinhos fritos, se for Inverno.
Registamos os argumentos e, por ora, nada temos a obstar pois as opiniões são livres e todas têm lugar. Pelo menos, agora surgem com alguma fundamentação; podemos não concordar, mas pelo menos têm um pouco mais de substância.
Mais adiante veremos se algum dos nossos colaboradores (estamos a pensar no António da Costa) considerará a hipótese de voltar aos temas aqui aflorados.
Meu Caro,
Primeiro, peço desculpa pelo atraso na resposta: a época é de exames e a situação política de excepção deixou-me pouco tempo disponível!
O conteúdo: - Não me queixei... apenas respondi à provocação! - O meu texto foi elaborado a partir de anotações usadas para produzir os comentários que fiz na noite das eleições. Não repeti o argumentário das luminárias na noite eleitoral. Apesar de não acreditar na originalidade pura, prezo-me de tentar inovar, de procurar trazer algo mais (ainda que errado - coisa que poderá ser demonstrada depois de sujeita à publicidade crítica). A argumentação apresentada no texto a que aludiram foi a minha tentativa de controlar os efeitos de uma muito ineficaz resposta do meu partido aos resultados eleitorais! Se me provar que antes de mim outros analisaram os resultados eleitorais do modo como o fiz... aceitarei a acusação de não autoria... mas não a de plágio (que pressupõe o prévio conhecimento)... ou de repetição cega e acrítica de argumentos oficiais!
É por isso profundamente ofensivo que me impute a actividade de repetir «o que Pires de Lima Jr e outros dizem quando apanham um microfone, uma câmara ou um jornalista por perto»! E a análise fala em Ferro Rodrigues porque... era uma análise ao PS e aos propósitos públicos pretendidos por... Ferro Rodrigues!
Possivelmente era mais adequado falar de batatas!?!
Além disso, quando o homem falava na sua vitória... foi ele que a transformou em sua e nela estribou a sua recandidatura à liderança do PS (a oposição interna falva de vitória do PS e de todos os socialistas... recorda-se?!?)! Quem se pôs a jeito foi ele... foi ele quem, pela sua inabilidade política e ânsia de esmagar tudo e todos (dentro e fora do PS), tornou uma vitória eleitoral numa derrota política! E nem preciso recordar porquê... os factos o demonstram! - Quanto à táctica, reconheço que é esse o objectivo: "damage control"! É óbvio, é natural... mas foi intelectualmente honesto e correcto! Foi ou não verdade que Ferro Rodrigues perdeu? Não falo da demissão... mas da emergência de várias candidaturas importantes a desafiarem o (então) Secretário-Geral do PS, as quais perceberam que, não obstante a vitória, ela era o produto da diminuição da votação na Coligação... mas com uma insipiente capacidade de captação desse descontentamento? Esta é uma perspectiva verdadeira e que politicamente permitia uma análise aos resultados (uma derrota) e revelava uma realidade politicamente menos sombria... mas é essa a função de quem tem responsabilidades de liderança! - É óbvio (e far-me-à justiça não discordando), que bem sei que não fui eu quem baralhou as diferentes eleições: apenas respondi aos que pretenderam extrapolar os resultados de um para outro sufrágio... e onde demonstrei (penso) que a legitimidade eleitoral da maioria parlamentar não havia sido diminuída! Não pretendi chegar a lado nenhum... a não ser o de provar que aquele caminho argumentativo era um beco-sem-saída...
Aliás a versão primeira do texto (que teve de ser retirada em nome do espaço disponível) dizia: «Afirmar que, por isso, a coligação sofre de uma “menor legitimidade” para governar, ou que «a maioria é agora minoritária» é retirar “ilações” que, de tão “criativas”, se tornam “delirantes”: nas eleições onde se decide a governação do país, as legislativas, os partidos da coligação receberam mais 640.000 votos dos que, no Domingo, foram obtidos por toda a oposição... somada! Esta não é uma leitura “desculpativa”, mas apenas reparos a interpretações politicamente abusivas. É legítima a comparação dos resultados... até porque foi o PS (seguido pela esquerda extrema e a extrema-esquerda) quem levantou a questão da legitimidade do Governo (que lhe advém das eleições de 2002)!» - Nego por isso a insinuação de que me faltou objectividade na análise dos resultados. Poderia até ousar afirmar que tive razão, pois os factos provaram que Ferro Rodrigues teve uma vitória de Pirro! - Um dia, com calma, poder-se-à compreender quem foi o autor da "campanha eleitoral vergonhosa"... e e uma pena que um dos seus maiores protagonistas haja falecido! É engraçado que referir-se a alguém (contando uma "história" que, em termos retóricos, exigia que não se referisse explicitamente a identidade do personagem) como «um senhor careca de óculos esquisitos» seja muito ofensivo! E dizer que alguém é «o pai, a mãe, o cão, o gato e o piriquito do déficit» é um pecado de bradar aos Céus... Mas chamar «extrema-direita, racista, xenófobo, fascista, radical, submarino, mentiroso» etc é normal. Ou seja (e o argumento não é meu), segundo esta escala de gravidade de termos é pior ser careca do que mentiroso?!?
Quanto ao «copinho de leite aguado João Almeida» é uma pena que ninguém dê relevo ao facto de, não tendo dito nada de mais, ele haja tido a coragem de, publicamente, ter dito que não havia pretendido ofender o Prof. Sousa Franco e que se ele entendia as palavras dele como ofensivas ele pedia desculpa por elas! - Quanto à análise da situação decorrente da demissão do PM: eu até posso ter muitos defeitos e virtudes... mas bruxo não consta que seja! O texto, repito, foi escrito na noite das eleições...
Sobre a «incoerência argumentativa da coligação em situações quase similares» o TM não fala porque não percebe o que o Paulo quis dizer?!? Se fala na demissão de Durão Barroso... já expliquei! E por isso esquecimentos todos temos... mas usar de argumentos contextualmente anacrónicos para imputar aos outros erros não existentes como se devem classificar? Cegueira? Desonestidade intelectual? Ou mera falta de pudor, onde tudo vale para à outrance atacar os outros?!?
A banalidade... dou de barato!
Quanto ao texto... o outro... o mais denso e que (por alto) me pareceu intelectualmente sério... não me esqueci: apenas aguardo tempo para o ler! Mas folgo em saber que sente a falta do meu comentário! Também eu prezo os seus... excepto quando eles demonstram as limitações daqueles que se pretendem dedicar a «apontar as limitações daqueles que aspiram ao poder no nosso concelho, porque quanto ao país é aquilo que se vê e não se acredita»!
E, Paulo, permita-me que, no mesmo, comente o comentário do Senhor António Costa. Assim:
Noutra altura (promessas, promesas... já estará o Paulo a bradar!), terei todo o prazer em acrescentar algo à sua análise sobre o passado autárquico do nosso concelho. Por ora, admito que as suas palavras são assisadas!
Já discordo da sua antevisão do futuro.
Em primeiro lugar, porque me parece pouco provável que o PS «herde a criança»... a não ser que haja um deliberado estímulo à abstenção... poderá usar uma táctica semelhante à tão vitoriosa nas europeias! O problema é que poderá funcionar com a direita (por fixação de um bloco opositor que se deixou diabolizar por toda a esquerda - mas que só funcionou porque o PCP e, principalmente, o BE tinham a ilusão de poderem beneficiar da sua aceitação como parceiros de governação!). Mas não creio que funcione quando o alvo é a própria esquerda... ainda que poder!
Segundo, não falando da política de alianças à direita e à esquerda, detenho-me apenas na sua afirmação sobre a (suposta) «agressividade da liderança local [do CDS-PP] para com a esquerda». Como sou eu quem tem protagonizado os textos, penso ser-me legítimo que explique onde está a agressividade? Admito que sou radical nos termos (e com radical quero dizer aquele que busca ir à raíz das coisas), isto é, que gosto de chamar as coisas como eleas são e de ter a coragem de discutir, dando a cara pelas minhas opiniões. O que acha que deveria fazer? Repetir argumentos estafados? Acobardar-me e calar-me na esperança de uma monetariamente vantajosa transferência de partido? Além disso, a agressividade é mútua... com a particularidade de eu a protagonizar e os outros mandarem os "cães-de-fila" para insultar (não estou a referir-me a si nem a este blog... é público e, por isso, "todos sabem de quem é que eu estou a falar"!!! Mas deixe lá. É minha convicção que este seu (saudável e sério) exercício teórico de análise poderá ficar esgotado se se apresentar(em) alternativa(s) séria(s)... assim os partidos da oposição as queiram! E não voltem a acontecer "coisas esquisitas" no apuramento final dos resultados...
Há ideias, há alternativas... falta a humildade e a vontade de querer apresentar soluções ganhadoras! Aqui, como no país, a hora é não de mera mudança de pessoas, mas de geração! Não porque sim... mas porque o Futuro o exige!
Mas isso são conversas para "pregar noutras freguesias"...
Quanto ao mais, concordo com a necessidade de um Plano Estratégico... só não concordo com a sua previsão pormenorizada como defende: parece proposta de plano central... e os efeitos seriam sempre contrários às suas (admito) bondosas intenções!
As suas dúvidas e levantamento de problemas em Alhos Vedros e no concelho, registo-os e procurarei que o responsável que o CDS vier a escolher sobre eles se pronuncie!
Quanto ao seu argumento final, perdoar-me-à, é revelador de desencanto e (pior) anuncia desistência!
A alternativa não pode (nem é!) entre mudar a teta ou os que nela mamam... porém, manter uns e outros ainda é pior! A incapacidade de as oposições se apresentarem aos eleitores como alternativas credíveis é um mal bem pior do que um mau governo!
Finalmente, tomar todos pela parte parece-me errado: a melhor maneira de manter tudo na mesma é usar argumentos como os seus! Quando se diz que a alternativa é igual à situação a conclusão lógica é que mais vale manter no poder os que se conhece! Não esqueça que o Povo canta que «para melhor está bem, está bem!»
E você sabe... que nem todos são iguais!
Com os Melhores Cumprimentos,
João Titta Maurício
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