sábado, setembro 29, 2007

Alhos Chochos?? Alhos Podres???

O universo dos estudos locais ou da História Local está polvilhada, um por por todo o lado, por figuras a roçar o estatuto de cromos, para não dizer de tótós com a mania que são eruditos.
Hoje pela Igreja de Alhos Vedros passou um desses que, em termos comparativos, só se equiparou em termos de pura asneira a uma comunicação que ouvi há coisa de uns 15 anos a um indígena da terra, na altura ainda não tão confuso como nos dias que correm, mas sempre muito convencido da sua sabedoria de bolso.
Mas hoje o tipo que apareceu a tentar explicar o significado da expressão Alius Vetus por qualquer coisa como Alhos, Chochos ou Podres, sendo isso uma espécie de alcunha toponímica, só pode ser muito estúpido mesmo.
Não há que medir as palavras.
A expressão latina Alius está por demais documentada e significa "outros", enquanto Vetus significa "antigos", "de outros tempos", "ancestrais", "idosos".
Em nenhum momento surge algo que, vagamente, equivalha à ideia de decomposição ou chochice.
Chochice só mesmo na cabeça do prelector em causa.
Elaborar à volta disto ou mais do que isto é sinal de falta de assunto, cocabichiche ou pura e simples ignorância.
Podem não compreender a origem da expressão, o que a motivou, agora nem sequer a conseguirem traduzir já entra no reino da mais completa e indescritível ignorância.
Os meus sentimentos aos neurónios do orador e espera-se que, para a próxima, encontrem alguém com algo para dizer de novo que não seja a mais rematada baboseira.
Antes o antropófago a debitar inanidades sobre o comércio local.

13 comentários:

VC disse...

O Seminário ALHOS VEDROS - Ponto de Encontro sobre a História excedeu largamente as espectativas dos organizadores. Não fora a chuva durante toda a tarde e no final do dia e ainda teria um final mais animado.
Duarante a manhã passaram pela sala mais de 50 pessoas e no período da tarde estiveram presentes mais de 70 pessoas,com um pico de audiência na intervenção do Dr. António Ventura.

Na maior parte das intervenções foram realçados os documentos e aquilo que eles nos podem questionar. Para um encontro deste tipo, dia inteiro, várias intervenções, várias opiniões, também é importante e saudável a polémica.

Há que continuar, e principalmente, estimular a nossa autoestima de ALHOSVEDRENSES.

Anónimo disse...

tipo o homem em questão nem é de alhos vedros, e mais, ele n foi falar sobre o toponimo mas sim sobre a falta de referencias materiais Romanas e Arabes...a pergunta veio da plateia...quem não sabe ler o programa "só pode ser muito (+) estúpido mesmo"

AV disse...

E a resposta também veio da plateia?

Anónimo disse...

Há falta de passatempos positivos, alguns peralvilhos auto considerados intelectuais amigos da terra, entenderam, se calhar com alguns apoios monetários, avançar com especulações aligeiradas, nada científicas, fica-lhes bem!

Fazem parte do sistema, já se vê. Então nada há falar do presente que é bem necessitado de se questionar. A Moita tem uma caldeira, onde se tem gastado valas reais de "massa"
e Alhos Vedros não terá também a sua Ria e um cais e uma pequena caldeira que são uma vergonha?

Sou da Moita, não sou de Alhos Vedros, mas foi lá que passei uma boa parte da minha juventude, tanto na fábrica de cortiça como nas salinas do Sebasteão Alves Dias e João da Silva. Cientificamente debrussem-se sobre a actualidade e não arvorem-se em Intelectualóides!

Anónimo disse...

Acho uma piada aos pseudo intelectuais, que acham que mais ninguém sabe umas coisinhas de Latim. Inacreditável como um anormal vai a uma conferência gozar com toda a gente e de certo modo denegrir a origem do nome de Alhos Vedros. Faz lembrar a igreja em que noutros tempos, se diziam as missas em Latim porque mais ninguém sabia e eles assim podiam contar a "história" à maneira deles.

VC disse...

O que aqui vai. Tanta conversa de boca. Se lá tivessem estado, escreveriam de outro modo.


Estes comentários fazem-me lembrar uma canção que ouvi diversas vezes a Francisco Fanhais, há muitos, muitos anos:

"Há tempo para tudo na terra,
Tempo para amar, tempo p'ra morrer
Matar destruir e chorar
Construir, beijar e sorrir...

Ontem falou-se sobre o passado, dias próximos virão em que se falará do presente e do futuro.
Tenham calma.

Anónimo disse...

a resposta foi dada pelo Dr. Vargas...se o av1 ou 2 la estivesse saberia...

AV disse...

Meu caro VC, aqui não se está a criticar a iniciativa.
Pelo contrário, como bem sabe.
Apenas traduzi no texto o espanto e relativo incómodo causado pelo orador, que pelos vistos alega "dislexia" para dizer disparates.
Mas isso acontece mesmo em sítios bem mais aperaltados.

Anónimo disse...

O homem (Professor Dr. Guilherme Cardoso, arqueólogo) devia era ter ficado caladinho. A comunicação dele até era sobre o árabes e romanos.

Ele próprio em resposta à pergunta do Vitor Cabral sobre uma possível origem do nome Alhos Vedros respondeu não saber por nem sequer ser a sua área de competência, e que nem tinha enveredado pela linguística por ser disléxico. Isto é que foi.

Apenas para ser delicado e atencioso para um dos organizadores tentou dar uma resposta, um bocado infeliz, mas quem sabe até plausível ("que poderia ter sido resultado de uma alcunha de um individuo que fosse em tempos muito recuados o proprietário do território ou morador").
Ou seja A terra dos Alhos Velhos, como nome/alcunha familiar... É isso assim tão invulgar em Portugal? A Aldeia Galega não foi assim chamada por causa dos Galegos? As Arroteias não foram assim chamadas porque foram terrenos arroteados em extensão em determinada época por "estrangeiros" e assim marcou o nome? Os Avieiros de VFX e Salvaterra não têm esse nome derivado dos Aveirenses que para lá vieram?

Portanto não vale a pena estarem a bater numa pessoa que fez o favor de vir substituir outro orador -- Luís Barros, também do mesmo calibre -- e que até veio de fora.

Se o homem visse o que para aqui vai nunca mais cá punha os pés.

É muita ingratidão vossa estar a bater em pessoas que vieram graciosamente no seu tempo livre e pessoal falar à vossa terra, ò alhosvedrenses!

Vá! Juizínho!

Anónimo disse...

Claro que também podia significar o que dizem no texto: a terra dos outros ancestrais.

Mas quem seriam esses?

Podiam ter dito isso tudo sem serem ofensivos.

AV disse...

Caro anónimo não alhosvedrense e ajuizado, vamos lá por partes:

1) Se me derem uma bosta de borla eu não aceito, mesmo com o Professor Doutor antes do nome.
Isso não é argumento.

2) Como diaia a outra "eu sei que você sabe que eu sei quem é".
Por isso que tal recomendar-me o juizinho de outra maneira?

:D

Anónimo disse...

Por solicitação de pessoa amiga que, conhecendo o meu interesse por questões de toponímia, me alertou para a pequena polémica desencadeada pelo post colocado neste blog a propósito do topónimo Alhos Vedros, cumpre-me observar o seguinte:
1. É pertinente a crítica feita ao orador que inventou uma nova etimologia para vedros, pois só com muita imaginação se pode deduzir tal origem.
2. Entretanto, alius nunca pode ser traduzido por outros, como faz o autor do post. Alius é nominativo singular masculino, logo significa outro. se quisermos dizer outros, deveremos dizer alii.
3. Alho em latim é alium, ou allium, no plural alia.
4. Alius vetus deve traduzir-se por "outo velho". Já "allius vetus" é uma expressão inventada que escapa a todas as concordâncias dos casos latinos.
5. Alhos Vedros quer dizer, sem dúvida, "alhos velhos". Do ponto de vista filológico é uma expressão estranha, pelo arcaísmo de vedros junto a alhos. Todavia, para ter uma opinião mais segura, importava conhecer as formas que o topónimo apresenta nos primeiros documentos em que aparece.
6. Do que não há dúvida é da profunda sabedoria existente no velho ditado português:
"Quem tem telhados de vidro, não atira pedras aos vizinhos".

Cumprimentos
Pedro Serra

AV disse...

Já respondi mais acima a este comentário referindo que o ponto 6 é o mais importante atendendo a que só conhecemos o topónimo por transcrições tardias e não muito fidedignas quanto ao rigor etimológico.