quarta-feira, abril 04, 2007

A Beleza da Mestria

O post é este e, pronto, está aqui um link para o Banheirense.
Existe uma parte do texto que não me interessa nada que são lá os arrufos com o pessoal do PÊYESSE. São coisas entre aparelhistas de interesses vizinhos.
É lá com eles. Dizem que não fazem ataques pessoais, mas não fazem outra coisa.

Mas existe uma parte que me interessa que é aquela que se refere à construção, em termos comparativos, na Margem Sul.
Neste aspecto o mestre banheirense Nuno Cavaco faz aquilo que é nele bastante habitual, mas lamentável, que é seleccionar a informação que lhe convém, ou então pesquisa mal a dita informação e depois apresenta-a de forma simplista, para não dizer simplória.
Vamos por partes, e só pegando em algumas das pontas, de tão mau que aquilo é:

  • Apresenta dados isolados de um único ano para provar o seu ponto. Aparentemente usa apenas os dados dos Censos de 2001 (aqueles que foram tão maus, tão maus, que enfim...) ou de um Inquérito à Habitação feito nesse ano. Alguém apareceu nos comentários a dizer que são os únicos disponíveis, o que não é verdade. Basta ir ao site do INE e fazer uma pesquisa por "habitação" e temos centenas de informações, dados e quadros de vários tipos e sabores sobre o assunto. São de acesso restrito, mas o registo é gratuito. Eu já adiante incluo um dos quadros para 2004-05 só para provar que o que afirmo é mais do que verdade.
  • Os dados apresentados são em bruto (nº de prédios construídos) e sem ter em atenção outros aspectos relevantes como o que isso significa, em termos relativos sobre o que já existe (400 fogos em 100.000 é menos em termos relativos do que 200 em 20.000), não é calculado nenhum ratio sobre a população residente, nem sequer sobre a área do concelho ou a área definida como edificável. Portanto, o mestre em qualquer coisa NCavaco demonstra tudo o que não sabe ou, em alternativa, o que lhe convém não saber.
  • De forma bem rápida, verifica-se uma quebra de solidariedade perante os números de outras autarquias com a mesma cor política como o Seixal, Palmela ou Almada. Mas isso também é lá com ele, a coerência e o resto.
Mas mais do que quantidades mal contadas e apresentadas, interessam-me outros indicadores e esses, tal como todos os que nos possam interessar estão disponíveis, desde a unidade de cálculo usada pelas instituições bancárias para avaliação dos empréstimos a conceder - e aí vemos como a Moita concorre principalmente com base nos baixos custos, à boa e velha moda terceiro-mundista defendida pelo Ministro Manuel Pinho - até às condições dos edifícios construídos.

E é aí que encontramos detalhes interessantíssimos para quem queira discutir estes assuntos mesmo a sério e não como chocarrice política contra fulano ou sicrano, aquilo que acusam os outros de fazer.



O que é que nós encontramos aqui:

  1. Que entre 2003 e 2005 a Moita é um dos concelhos onde as divisões habitáveis das casas licenciadas para construção são menores (16,4m2, só superior a Almada e quase a par com Sesimbra, enquanto no Barreiro e Montiho estão acima dos 20m2), tendo diminuido em relação ás casas já constrídas (16,7m2).
  2. Que o número de reconstruções concluídas ou licenciadas neste período foi de exactamente 0%, o que demonstra o total esquecimento por uma política de requalificação urbana.

Mas há mais, muito mais indicadores e quase nenhum deles favoável ao concelho da Moita, a menos que se fique satisfeito por não se ocupar sempre o último lugar ou então se acharmos que, lá porque os outros fazem mal, nós estamos justificados nas nossas asneiras.

Conclusões óbvias: construção barata, de qualidade duvidosa e nenhuma recuperação das zonas degrtadadas. Nada que não saibamos.

O mestre Nuno Cavaco que tantas vezes se queixa por eu o tratar mal, tem agora hipótese de demonstrar, como "técnico" ou "especialista", que sabe mais do que um anónimo mal informado como eu. Porque o texto em apreço é uma verdadeira desgraça e uma manifestação de uma de duas coisas: ou uma terrível ignorância ou uma indisfarçável manipulação dos dados.

4 comentários:

nunocavaco disse...

Em primeiro lugar e porque falamos de construção/novos edifícios, fui procurar os dados mais disponíveis, se existem mais recentes eu não os arranjei.

Em segundo lugar, não seleccionei nada, apresento em bruto dados de todos os concelhos apenas quis realçar o de Sesimbra e a gestão/chavão socialista do betão.

Cada um pode pensar por si, tal como fez, qual é o problema?

A sua análise é essa, a minha é outra.

Agora ir pegar em outros dados que não se relacionam com estes e misturar tudo é complicado, para não lhe chamar outra coisa.

Boa tarde

nunocavaco disse...

Já agora e porque é positivo veja isto

http://www.rostos.pt/paginas/inicio2.asp?jornal=18&revista=5&cronica=141032&mostra=2

Eu fui um dos que trabalhou para isto e fico contente que nos reconheçam lá fora.

Anónimo disse...

Isto é inovação, modernidade, espero que venha criar mais interesse por este tipo de projectos...

AV disse...

Calcular a densidade de novos fogos (por habitante, área, edifícios já existentes) é confundir o quê, grande mestre?

Para não gozar com outra coisa (tipo, só achar os dados de 2001, quando qualquer sumplemento de jornal sobre o imibiliário traz estes dados até ao ano passado).