Não, não é aquela que envolve a Abelha Maia.
É a outra, a original, a de que tudo no mundo é uma grande injustiça.
Tornou-se a estratégia preferida deste governo.
Sempre que precisa de fazer uns cortes, eliminar uns direitos e agravar umas obrigações, alega que a situação anterior é que era injusta.
Aumentam-se as taxas moderadores no Sistema Nacional de Saúde?
Antes é que o valor era tão baixo que era injusto!
Reduzem-se as férias judiciais?
Antes é que o sistema era injusto!
Corta-se nas pensões de Reforma?
As pensões a 80% ou 100% é que eram injustas!
Congela-se a progressão na carreira dos professores?
Antes é que a progressão automática era injusta!
Obrigam-se os funcionários públicos a serem "móveis"?
Antes é que o "imobilismo" era injusto!
Aumentam-se as comparticipações para a ADSE, incluindo os reformados do Estado?
Antes é que as isenções eram injustas!
Ainda não consegui encontrar uma medida deste governo socrático que não tenha sido feita em nome da Justiça e dos mais altos e nobres valores.
A chatice é que até ao momento só encontrei medidas tendentes a reduzir os direitos sociais dos indivíduos ou a entrarem de forma mais abundante no bolso de cada um.
Deduzo, pois, que a noção de Justiça passe por ser equivalente a todo e qualquer direito dos cidadãos que sobressaia da mediocridade e da indigência.
Pelos vistos, o regime democrático demorou três décadas a construir um sistema de protecção social iníquo.
O que não me parece ser propriamente rigoroso, porque o que se tem passado é que um sistema formalmente correcto, tem sido pervertido por práticas não fiscalizadas devidamente pelo Estado, incapaz de fazer frente aos poderosos e assim obrigado a fazer leis com a aparência de uma justa uniformização de procedimentos.
Faz lembrar as boas e velhas derramas régias lançadas sobre a arraia-miúda para pagar os excessos da Corte e para compensar as isenções dos grandes do reino, sempre com poder suficiente para se eximirem a quaisquer obrigações.
Parecendo que avançamos cada vez mais devagar, o nque se passa realmente é que recuamos em passo acelerado.
Tudo em nome da Justiça, claro.
Não sei é se será mesma que desfunciona nos casos de corrupção e que 18 anos depois ainda se mostra ineficaz para resolver casos como os do processo UGT/Fundo Social Europeu ou o Apito Dourado ou o envelope 9.
Sei que são "justiças" de níveis diferentes.
Mas a origem do mal é comum.
Pagam os pequenos pelos grandes.
E quantos mais pequenos houver, sem capacidade de oposição ao poder discricionário dos governantes tanto melhor.
Como sempre foi e parece que sempre será.
AV1
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