segunda-feira, setembro 18, 2006

Léxico Analítico do Moiteiro Básico Encartado - Letra M

Moitice - a essência do moiteiro sobre a qual já muito aqui escrevemos de tão inesgotável ser o tema, tão rico o conteúdo socio-antropológico, tão very typical as suas manifestações tradicionais. No entanto, existe um traço definidor fundamental que nunca deve ser esquecido e que passa pela mais perfeita combinação de ignorância e presunção. Enquanto os alhosvedrenses são, sem sombra de dúvida, bastante ignorantes mas muito pouco presumidos e, por exemplo, os montijenses são extremamente presumidos mas nem sempre ignorantes, os moiteiros apresentam doses anormalmente elevadas nas suas mentes de ignorância e presunção, o que é bastante fácil de demonstrar de forma quasi-científica, recorrendo a um dos textos basilares e fundadores deste blog que aqui se adpta por manifesta desnecessidade de ir mais longe. Se o conhecimento ocupa lugar, um excesso de ignorância (= falta de conhecimento) deixa todo o espaço da mente livre para ser ocupado, neste caso pela presunção. Assim se explica que numa mesma mente coexistam grandes quantidades de duas características (ignorância+presunção). A combinação destas duas “qualidades” numa pessoa ou grupos de pessoas tem um nome específico que os cientistas sociais definiram como “estupidez” e que um intelectual do calibre de um Carlo Cipolla definiu magistralmente – e aqui volta a citar-se de memória como há quase 3 anos - como “a capacidade de produzir mal nos outros sem que disso se receba necessariamente um bem”. Convenhamos que esta é quase de forma literal outra forma de pronunciar “moiteiro” ou "amoitado" (a variante daqueles que, fora da Moita, são dotados porém de doses de moitice para dar e vender). Quando crianças as características podem ser mais difíceis de detectar, embora desde tenra idade se comecem a notar o olhar algo esgazeado, a abundância da perdigotagem ao falar e uma propensão para hiperactividade mal dirigida e francamente inútil, tudo sinal de um espírito já preocupado em fazer-se notar, mas sem que exista qualquer fundamento ou razão útil para tal.

Vitorino Alfarrobeira Mendonça (etnógrafo, etnólogo e enólogo sempre que pode)

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