quarta-feira, março 30, 2005
António da Costa descobre a pólvora
O Rio nº 98, p. 16.
Até prova em contrário, descobri a pólvora !
Em sentido político figurado, é claro.
Depois de consultar os resultados das últimas eleições autárquicas, com vista a prevermos o desfecho das que se avizinham, penso ter descoberto porque razão a actual gestão moiteira se tem esmerado na forma como tem tratado Alhos Vedros da forma displiscente que se constata com facilidade, em especial atendendo ao investimento feito em satisfazer os interesses da sede do concelho.
Apesar de todo o respeito e simpatia que nos merecem as aprazíveis freguesias de Sarihos Pequenos e do Gaio-Rosário não chegam a somar 2000 eleitores, pelo que tudo se decide nas outras quatro freguesias do concelho, todas com mais de 10.000 eleitores e a Baixa da Banheira acima dos 20.000.
Ora se entre 1997 e 2001, os resultados para as Assembleias de Freguesia da Baixa da Banheira se situaram acima dos 50% de votos na CDU (mesmo se com uma quebra de 6%), do Vale da Amoreira subiram de 33,8% para 37,3% e de Alhos Vedros de 41,6% para 42,1%, no caso da Moita deu-se uma fortíssima quebra de 39,3% para 31,6% (quase 8%), mantendo-se a Junta de Freguesia na posse do PS.
Isto teve como consequência que as prioridades na sedução do eleitorado tenderam a concentrar-se na Baixa da Banheira (mesmo ganhando, tornou-se necessário estancar a sangria de votos que atingiu uma quebra de um milhar) e na Moita (onde o declínio parece irremediável, tendo sido perdidos perto de 500 votos em 2001). Os investimentos feitos nestas duas freguesias, comparativamente a Alhos Vedros, são bem elucidativos desta situação, com a Baixa da Banheira a ter direito ao seu reperfilamento na Avenida 1º de Maio e suas quatro faixas e duas novas rotundas. Cá por mim, passo bem sem novas rotundas e reperfilamentos, mas não me imprtava que o dinheirinho fosse usado para requalificar parte do parque habitacional da zona antigae numa requalificação urnabística a sério e não meramente cosmética.
Ou seja, Alhos Vedros, pela sua fidelidade à CDU (os números foram quase iguais entre 1997 e 2001), passou a merecer menor preocupação, porque aparentemente a população que vota normalmente na CDU estabilizou e aparenta estar satisfeita. Isto mesmo se o PS e o PSD já somam mais votos no seu conjunto e se o par MRPP/BE em 2001 chegaram quase aos 8%. O que terá consequências este ano, como veremos.
Significa isto que a descoberta da pólvora – no sentido de se ser beneficiado pelo investimento moiteiro – passa por votar menos na CDU, porque assim ficam com medo de perder mais votos e vão a correr apagar o fogo. Enquanto Alhos Vedros continuar na costumeira apatia, estamos todos tramados, porque é para a Moita e a Baixa da Banheira que os dinheirinhos correm.
Tudo isto tem naturais consequências quanto à estratégia das diferentes formações partidárias para as eleições que se avizinham. Sobre isso e, em particular, quanto ao erro da estratégia do PS em não apresentar uma alternativa credível e se limitar a funcionar como uma caixa de esmolas das queixas e ao papel fulcral que pensamos que vai ter o Bloco de Esquerda no futuro da CMM, escreveremos em próxima ocasião.
António da Costa, 30 de Março de 2005
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