domingo, março 27, 2005

As memórias perdidas da Pop dos anos 80



Quando falamos dos anos 80 lembramo-nos logo de U2, Police, Prince, Madonna, Duran Duran, Talking Heads, Smiths, New Order, Cure, até dos Human League, Echo and the Bunnymen, dos Prefab Sprout, Pet Shop Boys, OMD,ainda um pouco dos Blondie, dos Tears for Fears, Housemartins, Lloyd Cole and the Commotions, Everything but the Girl, ABC, Fairground Attraction, etc, etc, ou coisas mais comerciais.

Infelizmente nunca nos lembramos da maior parte daqueles grupos que só editaram um par de álbuns mas que, apesar disso, produziram alguns dos melhores momentos dessa década e, em particular, dos seus primeiros anos.

Aqui está minha lista dos 15 grupos e respectivas músicas mais injustamente esquecidos desses tempos. O pódio está assinalado; o resto está de forma arbitrária.

1º - SundaysHere’s Where the Story Ends. Para mim, a melhor música pop de sempre, e não há mais conversas. Álbum Reading, Wrinting and Arithmetic, com o vinil a imitar a superfície lunar, sem nenhum tipo de indicações. Dava um trabalhão acertar com o início das faixas.

2º - Aztec CameraOblivious. O rapaz tinha só 16 aninhos, Roddy Frame de seu nome, mas fez um álbum que era uma maravilha (High Land, Hard Rain).

3º - Go-BetweensRight Here/Bye Bye Pride, Os australianos de quem quase nunca ninguém se lembra se não for pelo mediano Streets of Your Town. Aqui eram uma mistura de Smits e Manic Street Preachers antes do tempo. Álbum Tallulah.

China CrisisWishful Thinking. Pop electrónica suave, melhor que todos os outros que ficaram registados nos tops da época. Fizeram cinco álbuns mas só os dois primeiros valem a pena.

Haircut 100Boy Meets Girl/Fantastic Day. Só fizeram um álbum com a formação original, mas muito bom. Depois o Nick Heyward saiu, obrigou-me a comprar o primeiro single dele a solo (Whistle Down the Wind), a par do segundo álbum do resto do grupo, mas já não era a mesma magia.

Lilac TimeThe Girl that Waves at Trains. O grupo do Stephen “Tintin” Duffy que tinha ficado conhecido por um Kiss Me, que só fez este álbum (Paradise Circus) e pouco mais.

Altered ImagesI Could be Happy. Pop festiva típica do pós-punk britânico, com uma vocalista (Clare Grogan) que veio a tornar-se actriz e apresentadora de programas, apesar da vozinha de falsete.

Orange JuiceRip it Up. Pop dançante também típica do pós-punk britânico que o Miguel Esteves Cardoso divulgou entre nós. Durou pouco mas foi bom.

Martin Stephenson and the DainteesBoat to Bolivia/Wholly Humble Heart. Dois álbuns que foram duas pequenas pérolas. O primeiro ficou conhecido pela canção título (Boat to Bolívia), enquanto o segundo (Gladsome, Humour and Blue), comprei e gastei o vinil sem parar.

Danny WilsonMary’s Prayer. Não fizeram muito mais e isto ainda surge de vez em quando na rádio. Se calhar não deviam estar aqui.

Blow MonkeysIt Doesn’t Have to be This Way. Doctor Robert e a sua banda privativa. Música pop de dança excelente da primeira metade dos anos 80. Quem se lembra, por certo que concorda.

Style CouncilHow She Threw it all Away. O melhor da segunda fase do Paul Weller, que vinha dos Jam, e ia a caminho de uma longa carreira a solo que ainda dura.

XTCGenerals and Majors. Aquele álbum com capa verde alface não foi dos meus favoritos desta altura, mas esta música foi. Está disponível em muitas compilações do melhor da new wave.

CarmelAnd I Take it for Granted. Mistura de pop com jazz, bossa-nova e outros ritmos latinos. Tive o azar de a ver na Aula Magna sem a banda com a secção de sopros, em concerto quase acústico. Foi pena. Agora está tão esquecida que nem se acham as capas dos cds reeditados nos sites da marosca.

TriffidsBury Me Deep in Love. Outros australianos de quem quase ninguém se lembra. Eram assim como que uns irmãos siameses dos Waterboys, fase épica do The Whole of the Moon, se é que me falo entender.

António da Costa

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