sexta-feira, março 25, 2005

Secção Clássicos de Sempre



"Despertai" e "A Sentinela" são publicações que considero clássicos de sempre.
Porquê ?
Porque desde os anos 70 que em Alhos Vedros - pós-25 de Abril, porque mesmo nisto o Estado Novo era bem restritivo - que sou visitado por aqueles pares de predicadores de fim de semana, de início apenas Jeovás mas depois cada vez mais variedades novas de envangélicos, que me tentam convencer que o mundo está para acabar e que eu preciso de me salvar.
Quando vivia com os meus pais, era o meu pai que respondia à porta e começava por afirmar que achava que o Vasco Gonçalves é que era o seu profeta, o que fazia as senhoras fugirem logo a sete pés.
Quando passei a viver por minha conta, adoptei uma atitude mais tolerante, abro sempre a porta, dispenso dois dedos de conversa para testar os conhecimentos bíblicos do par (agora o normal é uma senhora com ais idade e um jovem) que normalmente são escassos, fico com a literatura e peço para passarem em outra altura, porque tenho um compromisso familiar inadiável.
O essencial é guardar sempre a literatura, porque estas publicações têm sempre artigos que nos põem bem dispostos de tanto nos ameaçarem com calamidades e têm imagens muito agradáveis.
Quanto ao resto, procuro explicar às simpáticas senhoras e amáveis jovens que:

- Há tanto tempo que me anunciam o fim do mundo que ele já tinha tido tempo de acabar, mesmo que a notificação viesse pelos correios portugueses sem correio azul e precisasse de ser entregue por um destes novos carteiros que entregam cartas para o 3º andar esquerdo em moradias de um piso.
- Mesmo que eu me quisesse salvar, e por muito arrependimento que me nascesse agora espontaneamente, já deve haver pouco espaço no Paraíso e seria injusto tirar o lugar a alguém mais virtuoso que eu.
- No fundo, no fundo, eu não quero ser salvo, porque a vida no Paraíso parece chata (não me confirmaram se lá existe ligação rápida à net e leitores de dvd). Sei que Alhos Vedros já esteve melhor e mais habitável mas, mesmo assim prefiro a vida na Terra.

Perante isto, e após vários sorrisos forçados de resignação, normalmente acabam por convencer-se que basta deixarem-me a literatura na caixa do correio e irem para pastos com ovelhas mais dóceis.
Mas, repito, o essencial é deixarem-me a literatura porque, como neste número datado de 22 de Março de 2005, até nos permitem pedir o livro Aconchegue-se a Jeová, desde que nos dirijamos a "um dos endereços alistados na página 5 desta revista".

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