Ora vamos lá agora com mais tempo e calma, após um bom almoço, analisar a "justificação" (???) de Luís Bonixe sobre aquilo que encheu as duas páginas centrais da edição da semana passada do jornal Margem Sul e que o mesmo parece considerar, com a anuência da direcção e redacção do periódico em causa, uma "reportagem" sobre os blogues locais.
Recordemos que o autor da bela peça identificava quatro blogues sem dar os seus endereços (coisa muito inteligente) e depois usava apenas as declarações de autores de dois deles, alegadamente porque não usam o anonimato.
Eu sinceramente não sei qual foi a reacção alheia, mas faz hoje uma semana insurgi-me aqui quanto aos critérios de "jornalismo"(?) usados e à forma como se silenciava a esmagadora maioria da blogosfera local/regional dos concelhos do Barreiro e Moita, onde se podem elencar já algumas dezenas de blogues. Não enviei qualquer carta ao jornal em apreço, nem ao "jornalista" identificado, pois não o conheço e na ficha técnica é um dos poucos colaboradores sem mail referenciado.
Penso, portanto, que a justificação hoje publicada tenha outra origem - ou mais de uma - já que Bonixe em nenhum momento reconhece a existência do AVP. Essa é aliás uma primeira curiosidade da justificação, pois o Margem Sul publica uma peça e a sua justificação, sem que em nenhum momento dê voz ás críticas ou as mencione de forma explícita. Assim se percebe que o "esquecimento" inicial não o foi, pois a censura e obliteração das críticas permanece.
Mas adiante.
Comecemos pela lamentável auto-justificação de Bonixe, o Jornalista Fixe, desmontando-a argumento por argumento e revelando toda a sua hipocrisia e falta de rigor:
1) Bonixe afirma que todas as críticas que lhe foram dirigidas foram feitas em blogues anónimos. Bonixe não os identifica e fico sem saber - com toda a sinceridade - em que outros blogues ele foi criticado para além do AVP. Fico também a saber que ele parece dar mais valor ao facto de as críticas serem anónimas do que ao de serem correctas e válidas. Bonixe, o jornalista encartado, considera, ao que parece, que o anonimato (conceito que, como outros, parece descompreender) diminui a validade e veracidade dos argumentos. É estranho vindo de alguém que a seguir ao nome, acrescenta "jornalista". Provavelmente a sua formação académica terá sido algo deficitária nesta área. Ou então será daqueles que atacará quem transmitir uma mensagem rigorosa, apenas por ser anónima. A Bonixe não interessam os factos e a substância, apenas a forma.
2) Bonixe perde-se no detalhe dos autores de o Banheirense, discordando das críticas que alegadamente foram feitas quanto ao seu número. Detalhe menor, já que ninguém sabe ao certo quantos são em cada dia. Foram 4, depois foram 5, depois foram 4, depois foram 3, depois 2, aseguir voltaram a 3 e agora de novo a 4. Mas o que interessa isso? Depois afirma que não citou a tese de Catarina Rodrigues, mas sim as declarações de uma entrevista que lhe foi concedida. Até poderia acreditar, caso as "declarações" transcritas não correspondessem, incluindo a pontuação, a excertos da tese que eu consultei e cujo link forneci para verificação. Se bonixe não mente, então Catarina Rodrigues debita um discurso oral incrivelmente semelhante - ao ponto da entoação para as vírgulas - ao seu discurso escrito. Ou então declamou excertos da sua tese. Ou então Bonixe nem se deu ao trabalho de ler a dita tese e recebeu meros apontamentos escritos. Em qualquer caso pouco trabalho jornalístico foi feito. Mas Bonixe falta à verdade mesmo quando afirma que a tese de CR nunca é citada na peça quando o título, a data da sua defesa e a instituição em que isso aconteceu são claramente citadas numa caixa incluída na página 13. Dispenso-me de reproduzir a imagem, porque ainda haverá sobras do jornal bem acessíveis para confirmação.
3) Bonixe afirma ainda que foi criticado por não reproduzir declarações de anónimos. Mas ele afinal recolheu as declarações de alguns? Para quê se as não ia usar? E como os contactou? De que blogues? Aqui ninguém recebeu nada e sei que uma boa parte de outros blogueiros locais do concelho da Moita também não foi contactada. Se há "critérios editoriais", também há critérios de transparência a respeitar. E os de Bonixe são opacos. Muito opacos. Quem é que ele contactou? Quem se recusou a abandonar o anonimato? Agradecíamos que nos esclarecesse, pois omite sempre toda e qualquer informação que não seja a dos seus favoritos (repare-se que nesta justificação aproveita, de novo, para só mencionar um blogue pelo seu nome público). Aliás foi interessante como esse blogue se vangloriou nos dias seguintes por estar em consonância com os critérios jornalísticos de quem os nomeou como exemplos de cidadania na blogosfera local, quando não passam do blogue oficioso de uma força partidária, sem qualquer tipo de intervenção crítica face aos poderes locais.
4) Bonixe diz que só considerou os blogues que têm como principal assunto os temas ligados, à região ou à freguesia. Depreendo que posts sobre o Aquecimento/Arrefecimento Global são de âmbito regional, mas que os dos blogues da Várzea, O Plano da Moita (exclusivamente sobre o PDM da Moita) ou a A Paragem do 18 do Cabeço Verde são sobre assuntos cósmicos. Não falte á verdade, "jornalista" Bonixe. Admita que mais do que seleccionar, pretendeu promover uns e ocultar outros. Os critérios serem subjectivos ou não, não é desculpa.
5) Bonixe afirma ainda que enviou questãos aos autores dos blogues e que os informou que só seriam publicadas declarações se os autores se identificasse. Repito aqui a crítica fundamental a Bonixe-"jornalista" sobre a sua concepção muito característica acerca do anonimato. Para alémde quem nunca identifica os "anónimos" que contactou e não acederam às suas exigências. Repito as vezes que forem necessárias, aqui não nos chegou nada pois, como já fizemos antes, a quem nos pede com maneiras e razoabilidade nós revelámos a nossa identidade. Agora a quem nunca o fez é manifestamente impossível. Mas Bonixe contactou o Oliude do Alhos Vedros City? Ou o Brocas do Brocas Vetus? Ou o k7pirata e os demais autores do Arre-Macho? Ou o Zelupi? Ou o Vítor Cabral, um vereador que assina o seu blogue? Elucide-nos, se possível, porque o seu silêncio e/ou omissão parecem indiciar que nada disso se passou.
6) Bonixe afirma que é uma regra deontológica da profissão a identificação das fontes, sendo excepção as situações de interesse público. Só posso acreditar que esteja a gozar com todos nós ou que pense que não lemos jornais. Ou então não percebe que a iodentificação das fontes é muitas vezes a descrição do estatuto das fontes. Ou será que Bonixe mais não quereria do que conhecer alguns blogueiros pelo nome? Para quê? Para recebermos mais ameaças telefónicas como já aconteceu? Isso, obviamente, ele nunca investigou e certamente não saberá. Porque não é do "interesse público".
7) Para terminar por agora, Bonixe culmina dissertando sobre a bondade e legitimidade de tudo o que fez. Que bom para ele se acredita mesmo nisso. Mas eu acredito no contrário. Que ele sabe que fez um "frete", que os seus métodos não foram transparentes, nem claros. Mesmo hoje não identifica os malandros que insistiram no anonimato, nem quem terá publicado mails privados dele. Curioso, não? Deve ser em nome do rigor deontológico, da clareza de critérios, da liberdade editorial.
Tretas, Bonixe, just tretas.
Tenha no mínimo a dignidade de identificar quem o criticou, em que moldes e com que incorrecções.
E o jornal Margem Sul que tenha a capacidade de admitir o erro de publicar uma peça a quem se afirma terem sido dirigidas críticas, as quais não se identificam, mas cujo jornalista tem direito a defesa sem qualquer tipo de contraditório, antes ou depois.
Confesso que à primeira vista, o Margem Sul parecia vir ser uma novidade bem-vinda ao panorama cinzentão da imprensa local e regional.
Enganei-me.
É apenas um pouco mais do mesmo, só que com melhor roupagem.
Mas encarneirando com o resto do rebanho.
Mas já sei.
Esta é uma opinião "anónima".
Por isso, não deve merecer qualquer credibilidade.
Pois claro.
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2 comentários:
Juntei os vossos e os do A-Sul lá n'O Plano em "A comunicação social que vamos tendo…"
Até mais.
Obrigado.
Peço desculpa pela ausência em O Plano, mas para além do AVP há outros afazeres de escrita, como se sabe e o tempo disponível é pouco para quem tem de trabalhar para ganhar a vida. Não sou "assessor".
Falta-me o perfil.
Sobram-me as vértebras meio calcificadas, o que me impossibilita de dobrar.
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