Para atacar o poder moiteiro em tempos eleitorais não há que ser ingénuo, nem acreditar no coelhinho da Páscoa.
É que esta malta está mais do que habituada a isto e tem um longo historial de papar papalvos.
Usam a técnica do polícia bom/polícia mau.
Pela frente, os cabeças de cartaz mostram-se quase afáveis e simpáticos, por momentos até se acredita que vão jogar só com as cartas do baralho normal.
Mas depois, por trás, em segunda e terceira filas, existem duas linhas de ataque, conforme os adversários dêem mais ou menos luta.
Durante muito tempo chegou o bate-à-porta, de cara destapada, como já aqui se escreveu a cobrar favores e fidelidades.
Foi um método eficaz durante mais de 20 anos. Os tempos em que se ganhavam eleições com maiorias mais do absolutas, qualificadas mesmo.
Quando as coisas começaram a ficar mais apertadas, as percentagens a derrapar e entrou a linha da cara tapada, trauliteira, especializada em lançar boatos e bocas dos maia variados tipos, mesmo quando sabem que é tudo mentira, apenas para que as pessoas fiquem com suspeitas sobre os candidatos adversários.
Nunca se concretiza nada. Alude-se vagamente.
Ou pura e simplesmento calunia-se, quando tudo mais aperta.
O que os adversários do poder moiteiro nunca perceberam, em especial nas duas últimas eleições, é que perante este tipo de estratégia não vale a pena acreditar só no que dizem, de sorriso afivelado, os tais cabeças de cartaz. Porque mesmo que não saibam os detalhes, sabem perfeitamente do que se passa na rectaguarda, da "guerra suja".
Em 2005, esta forma de actuar foi bem visível no Barreiro e na Moita, com resultados muito positivos.
O Partido do Colectivo é, neste aspecto, como o Partido Republicano nos EUA, na maneira como foi descrito recentemente por um analista político: podem estar em situação desesperada, com escândalos a borbotar, mas conseguem sempre desviar as atenções, arranjar questiúnculas laterais para emperrar o debate e acabam por ganhar as eleições mesmo quando os candidatos são fraquíssimos.
Por isso mesmo, a estratégia de ataque ao poder moiteiro do Partido do Colectivo precisa de usar o mesmo tipo de armas e de organizar antecipadamente a defesa para qualquer tipo de ataque.
É essencial saber que o ataque virá sempre em duas camadas: a "oficial", aparentemente ordeira e civilizada, e a "subterrânea", do mais torpe que é possível imaginar, da responsabilidade dos "vigilantes", misto de velhas raposas com muita experiência e "jovens lobos", com muita ambição e desejo de dar nas vistas.
Mesmo que a Oposição local fosse encabeçada pelo Dalai-Lama, eles arranjariam sempre qualquer coisa para conspurcar a sua imagem, nem que fosse que ele se assoou um dia à beira da manga.
Qualquer insignificância, se possível com um muito vago fundo de factualidade (mas isso nem sequer é indispensável), serve para o efeito.
É que a prática das sessões de julgamento político interno dos dissidentes ou de auto-crítica dos arrependidos dá muito traquejo nestas coisas.
Alude-se muito vagamente a "interesses", a "comportamentos" e "atitudes" dignas de "uspeita", mesmo se no partido do Colectivo se sabe existirem podres muito maiores.
E se alguém riposta, partem para a ameaça de violência, verbal, mas igualmente física.
Tudo aquilo que criticam publicamente aos outros, alvoroçando-se como virgens púdicas com ou sem razão, é o que praticam às escondidas.
Basta ver o que tem sido a prática de contra-ataque moiteiro e amoitado desde que surgiu o AVP, assim como outros blogues, ou o Movimento da Várzea.
Ou basta ver como lidam com os vereadores da Oposição, oscilando entre o elogio hipócrita, o paternalismo e a pura ofensa.
Por isso, há que ter consciente a necessidade de uma preparação firme contra todo o nível de ataques.
E ter sempre na manga o contra-ataque feroz.
Aqui basta ler os ensinamentos das campanhas clintonianas.
Nunca desistir, responder sempre firmemente a todos os ataques e contra-atacar ao mesmo nível.
Quanto ao calendários, se é necessário que uma campanha de assalto ao poder moiteiro necessita de balanceamento temporal, isso traz o inconveniente da maior exposição à guerrilha adversária.
E aí tudo depende da resistência psicológica e da coesão do grupo de ataque.
Se à primeira contrariedade, começar toda a gente a dispersar ou a dar a entender que quer outra coisa, está tudo perdido.
E não vale a pena aceitar todas as "ajudas", em especial quando essas ajudas não passam de infiltrações.
E muito importante: se o objectivo é conquistar algo, não tem lógica andar a aceitar nomeações cómodas ou desaparecer quando as eleições são perdidas (o enorme pecado do PS euridiciano, em que os principais cabecilhas desapareceram para não mais os vermos ou lermos).
Portanto, há que ter alguém com capacidade de encaixe, de luta, de contra-ataque.
Para isso não há muita gente disponível.
E, principalmente, as estruturas partidárias da oposição local são muito fraquinhas.
Mas sobre isso escreveremos na parte 2 deste texto sobre estratégia, que esta já vai bem longa.
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