segunda-feira, janeiro 31, 2005

Resistente


Já se contam por menos do que os dedos de uma mão as palmeiras (quase) centenárias que há umas décadas embelezavam o Largo do Coreto e faziam sombra à zona pedonal que então se estendia até perto da Matriz de Alhos Vedros.
Com as obras de abertura da variante à Estrada Nacional (sentido Barreiro-Moita) na década de 70 foram umas quantas abaixo.
Agora, nas actuais obras de "requalificação" ainda não derrubaram nenhuma, mas claro que evitaram protegê-las de danos. Por isso, e como é regra na zona, tronco de árvore serve para encostar material de construção, pois tem cara de estaleiro.
Se fizessem pequenos perímetros de protecção dos troncos e raízes, caía-lhes os parentes na lama.
É que palmeiras destas não se fazem de um dia para o outro.

Banda Sonora

A Gente Não Lê
Rui Veloso


Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
Rogar a deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão

Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais

E do resto entender mal
Soletrar assinar de cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz

Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos razos de lezíria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria

De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira

Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem


(Álbum Fora de Moda de 1982, ou Carlos Tê e Rui Veloso no seu apogeu criativo).

Hurra, hurra, pois

A camarada, desculpem, a Presidente da Comissão Concelhia do PS (vénia prolongaaaaaaaaaaada) foi convidada para a Comissão Nacional de Honra da candidatura de José Sócrates e (pasme-se), aceitou.
Mandam dizer os socialistas do concelho da Moita (O Rio nº 169, p. 2, ao canto superior esquerdo de quem olha de frente) que se sentem muito honrados.
Hurra, hurra, pois...
Iupi três vezes...
Viva ela, a camarada Presidente !
Viva, viva...
Hurra, hurra...
Que bom que é para ela !
Iupi outras três vezes...
Que a mim e aos meus conhecidos tanto faz...
Hurra, hurra, de novo...
Que os socialistas da Moita se sentem honrados !
Viva, viva e mais viva..
Que mais ninguém quer saber disso!

( E olé...)

Más Notícias


Se o regresso dos Sete Palmos de Terra foi uma óptima notícia, já a partida de Os Sopranos da grelha das Dois nos deixa tristes, em especial a falta dos episódios que eram assinados por Terence Winter e Mitchell Burgess. Resta-nos, por agora, o site da série.

Sugestões

Para literatos anglófonos, a versão online do magazine The Believer.
Para candidatos a humoristas, o site da BBC Comedy.
Para ficarmos mais estúpidos, os posts de Luciano Amaral n'O Acidental, a criatura vivente que conheci com menos capacidade de gerar um pensamento original que não pertença a outrém, que não tenha recolhido num livro, que não tenha ouvido num café a um conhecido ou que não lhe cheire a oportunidade para dar nas vistas.

A Estante IV


Contra os lugares comuns do politiquês de valor duvidoso, a palavra de quem estuda em profundidade as nossas eleições:

«Embora o discurso jornalístico e dos líderes políticos enfatize sobretudo a importãncia do chamado “eleitorado central” para as vitórias de cada um dos dois maiores partidos, o que os meus dados revelam é que a clivagem esquerda/direita continua a ter um papel fundamental na política portuguesa, pelo menos ao nível dos alinhamentos dos eleitores. Ou seja, não estou a negar a importância das transferências de voto entre a esquerda e a direita para determinar as vitórias dos dois maiores partidos. Aliás, os níveis de volatilidade de bloco em 1987 e 1995 apontam para uma importância não negligenciável das transferências de voto ao centro. Todavia, a análise da evolução dos perfis sociológicos dos partidos políticos portugueses revelou que os realinhamentos eleitorais, que se produziram a partir de 1987 e de que resultou uma forte concentração de voto no PSD e no PS, se efectuaram sobretudo no seio de cada um dos “blocos” ideológicos e não entre eles.»

(André Freire, Mudança Eleitoral em Portugal, Oeiras, Celta, 2001, pp. 105-106).

Secção Nostalgia - Chicles Campeões


Feitas em Coina, as pastilhas Campeões vinham enroladas em cromos dos jogadores de futebol.
Ainda o Grupo Desportivo da CUF estava na primeira divisão e não se transformara em Grupo Desportivo da Quimigal e Grupo Desportivo Fabril, acabando a disputar os distritais.
Não sei do que tenho mais nostalgia, se das pastilhas, se dos cromos, se de ir ver jogos da 1ª divisão ao Campo Alfredo da Silva.

O azul pela manhã


A caminho do Cais Novo, ou como toda esta zona ribeirinha norte de Alhos Vedros podia ser muito melhor aproveitada do que é, apostando na preservação do património natural.
E vivam os reperfilamentos com dinheiros do Polis para a Moita!!

domingo, janeiro 30, 2005

O Boato


João Abel Manta há mais de 30 anos.

Grau (menos) zero

Nunca como agora uma campanha eleitoral chegou a um nível tão rasteiro de argumentação.
Há 25 anos tivemos a discussão em torno de uma dívidas de Sá Carneiro e umas veladas alusões à sua situação conjugal.
Há meia dúzia de anos, nas eleições em que se defrontaram como candidatos pelo distrito de Aveiro, Carlos Candal, Pacheco Pereira e Paulo Portas, houve um caricato episódio sobre a orientação sexual deste último.
Em qualquer dos casos, a coisa acabou por passar ao olvido graças à teoria da reserva da vida pessoal.
Discordo dessa teoria, em especial quando o carácter do político está em causa, mas concordo quando o que se questiona são comportamentos íntimos da pessoa, desde que não seja um caso de “públicas virtudes/vícios privados”.
Exemplificando: é relevante saber se um político na sua vida pessoal aufere (ou auferiu) rendimentos indevidos ou não cumpre as suas obrigações de cidadania; também é relevante se um político defensor da moral e bons costumes pratica, na sua vida privada, comportamentos claramente em contradição com os princípios propalados. Já não considero relevante se um certo político, que não apresenta um discurso moralista ou dogmático, tem um modo de vida alternativo, seja mulherengo, viva em união de facto ou seja homossexual.
Mas, o que acho mesmo mal, é quando se fazem críticas subreptícias e não assumidas a alegados comportamentos de adversários políticos ou, em contrapartida, se para se defender de ataques pessoais alguém se limita no pedido de esclarecimentos sobre comportamentos incorrectos de outrém.
Pondo o nome aos bois, pela ordem inversa da acima exposta e deixando já para trás o episódio revelador de Louçã sobre o aborto:
- O PS foi muito cordato na forma como aceitou os esclarecimentos de Santana Lopes sobre a sua história fiscal.
- As insinuações feitas num recente comício realizado em Braga, em que Santana Lopes se encontrou com mulheres laranjinhas são perfeitamente cobardes.
A podridão começa a instalar-se, ou melhor, ameaça tornar-se uma gangrena irreversível só passível de tratamento mediante uma amputação.

Links anexos: Notícia e comentário no Público. Comentários no Blasfémias sobre os episódios Louçã/Portas e Santana/Sócrates.

O Alfarrábio VII

Secção Biblioteca Básica do Marxismo-Leninismo

Obra de divulgação do pensamento de Lenine (edição de H. A. Carneiro em Junho de 75), com uma condensação de passagens de vários escritos seus em traduções com maior fidelidade à ideologia do que à linguagem.
No entanto temos sempre excertos apropriados a todas as épocas como este, a página 20:

«Temer a resistência dos capitalistas, quando se intitulam revolucionários, quando se intitulam socialistas, que vergonha !
A que nível baixou o socialismo, corrompido pelo oportunismo, para que se ouçam tais vozes no seu seio.»

Publicidade Vintage II


Fumar era cool e sexy. Cigarros LM.
Em Alhos Vedros nos anos 70 também havia Winston e Marlboro de contrabando, que vinham dar às proximidade da "Gorda".
Belos pulmões estragados enquanto se jogava à lerpa nas traseiras da Escola Primária ou em qualquer recanto esconso.

Publicidade Vintage


Recuperamos aqui uma imagem já inserida no AVV, quando fizemos um especial sobre publicidade clássica dos anos 60/70.
Neste caso, sou só eu que me interrogo ou não será esta imagem muito duvidosa na forma como se apresenta ?
Desculpem a vulgaridade do pensamento mas, afinal, que tipo de desodorizante (e para o quê) era este ?

Cobardia Fiscal

Há um par de dias na RTP1 debatia-se economia e finanças, com destaque para a discussão em torno do desempenho do nosso aparelho fiscal. Os impostos em atraso de Santana Lopes em vésperas de ir para Primeiro-Ministro e a velha discussão sobre o incumprimento fiscal dos clubes reabriu as feridas em torno da ineficácia, incapacidade ou incompetência da nossa máquina fiscal detectar os incumprimentos e conseguir a recuperação dos impostos por pagar (veja-se a primeira página do Correio da Manhã de ontem).
Eu discordo em parte deste diagnóstico que já é um lugar-comum, pois acho que se existe incompetência, ela é entremeada com muita preguiça, rotina e cobardia e que, com a mesma quantidade de meios humanos seria possível fazer muito mais, se aumentasse a sua qualidade e a sua atitude.
Porque o digo ?
Porque a mim sempre me detectaram as mais pequenas falhas nas declarações de rendimentos, em especial as que não foram por mim cometidas.
Exemplificando:
Há uns anos mudei de casa e como cidadão estúpido, cumpridor das regras, fiz o anexo com a declaração das mais-valias da venda da casa anterior (devo ter sido uma das 17 pessoas que o fizeram nesse ano, pois não conheço pessoalmente mais ninguém que o tenha feito), tendo no ano seguinte declarado a aplicação dessas mesmas mais-valias na aquisição de nova casa.
Ora, na santa repartição de finanças da Moita, alguém se esqueceu (ao checar a minha declaração) de assinalar correctamente que eu entregara o anexo G, tendo achado mais divertido assinalar o dos benefícios fiscais.
No ano seguinte, fui chamado para ter uma inspecção à minha situação, visto ter declarado benefícios fiscais e não ter apresentado a respectiva documentação. Claro que se desfez o erro quando mostrei o duplicado do anexo G e se percebeu o equívoco, mas lá fui passado a pente fino.
Um ano depois, foi a vez de alguém inserir incorrectamente a minha declaração em papel no sistema informático, esquecendo-se da minha declaração de aplicação das mais-valias, pelo que recebi uma intimação para repor a quantia de impostos devida por essas mesmas mais-valias.
Nova ida às Finanças, nova amostragem de documentação, necessidade de recorrer para a DGCI em Lisboa onde já se encontrava a minha declaração, perto de um ano antes de tudo se esclarecer e se detectar a responsabilidade dos serviços fiscais no erro, logo a tempo de entrarmos em novo conflito sobre a contribuição autárquica (a cujos pormenores vos vou poupar, resumindo o problema dizendo que os serviços voltaram a detectar um erro cometido pelos próprios serviços, do qual me tentaram atribuir a culpa).
Por isso...
A nossa máquina fiscal é perfeitamente capaz de detectar anomalias e (no meu caso, aparentes) incumprimentos no pagamento de impostos.
O problema é que se acomoda em perseguir os pequenotes trabalhadores por conta de outrém, preferindo fechar os olhos aos grandes e às empresas, que se sabem defender melhor e que, quando necessário, arranjam com que “olear” o processo.
É pura e simplesmente incredível que figuras de destaque escapem ao pagamento de impostos por incapacidade do aparelho fiscal os “caçar”.
A verdade é que os pequenos peões (leia-se funcionários) do Fisco não estão para ir atrás dos grandes bispos, torres, reis e rainhas (leia-se figuras públicas da política e da economia) porque acham que recebem pouco, que não têm o devido apoio das chefias e porque acham que o dinheiro não é deles.
Mas, quando o pretenso prevaricador está à mão de semear e aparenta não ter meios de defesa, saltam-lhe logo em cima.
É apenas cobardia, falta de carácter e ausência de sentido de dever e justiça.
O resto são desculpas de mau cobrador.

Trivialidades da Pop IV b

Top 10 de singles em Dezembro de 1982:

1) Words - FR David (quatro bostas bem merecidas).
2) More than This - Roxy Music (ouvia-se e ainda se ouve, mesmo se algo xaroposo).
3) Don't Go - Yazoo (mmmmmmm, estou indeciso, o Vince Clarke e a Allison Moyet fizeram muito melhor depois).
4) Made in Japan - Nacy Nova (????, pelo sim pelo não cheira-me a bosta).
5) Hungry Like the Wolf - Duran, Duran (na altura achávamos os tipos uns queques mas o mundo dá muitas voltas e agora já são considerados banda de culto, enquanto ninguém se lembra dos Bauhaus, por exemplo).
6) Caminhos de Portugal - Mário Gil (palavras para quê, é um artista português, com mquatro bostas garantidas).
7) Amor - Heróis do Mar (Sapandau Ballet e m versão nacional melhorada).
8) Love is in Control - Donna Summer (uma bosta para os resquícios do disco).
9) Eye of the Tiger, Survivor (cinco bostas enormes, candidato destacado a pior música de sempre).
10) Cambodia, Kim Wilde (todos tínhamos posters da rapariga, nem reparávamos como era gordinha, quanto à música era o que menos interessava).



Trivialidades da Pop IV

Divulgamos agora os Prémios da Crítica da revista Música & Som para 1982:

Anglo-Americana: The River, Bruce Springsteen (tenho, é bom, embora não seja indispensável).
Nacional-Popular: Ser Solid(t)ário, José Mário Branco (muito bom, em especial a clássica faixa de protesto FMI, obrigatório para toda a esquerda do PC para lá).
Nacional-Rock: Fora de Moda, Rui Veloso (talvez o seu melhor de sempre).
Funky: The Lexicon of Love, ABC (o meu primeiro álbum comprado com dinheiro meu, por isso nada de comentários; é mesmo bom, e não quero saber se são fãs só de punk ou heavy-metal).
Latino-Americana: Castro Marin, Paco de Lucia (nunca fui muito de world-music e espanholadas, por isso passo).
Bandas Sonoras: Chariots of Fire, Vangelis (uma bosta).
Jazz: Road Game, Art Pepper (desconheço em absoluto este álbum, sou um 0,2 em jazz).
Edições Especiais: The Doors/Waiting For the Sun/The Soft Parade (lá continuava já com 15 anos de atraso a edição dos primeiros álbuns dos Doors).
Infantil: Brincando aos Clássicos, Ana Faria (!?!?!?!?!?)
Revelação Nacional: Eugénia Melo e Castro (meia bosta na época, três bostas à luz de hoje).
Revelação Internacional: Durutti Column (isto era para fazer a vontade ao Miguel Esteves Cardoso, porque embora bonitinha era a coisa mais chata da onda de Madchester).

Em suma, a Música & Som continuava com bom gosto, mesmo se com alguns deslizes. Justificavam-se os 100$00 mensais pela revista, para quem os tinha e os tempos eram (muito) difíceis.

Suplemento Dominical em Quadrinhos (BD) #5


Bom Domingo para todos os BeDófilos que sempre seguem as nossas séries; hoje tive um pouco de dificuldade em publicar este Suplemento, porque os posts não queriam entrar mas agora o caso já está resolvido.
Além dos habituais Tarzan, Príncipe Valente, Frank Zappa, Freak Brothers e Quadrinhos Dourados, o Feiticeiro de Id, o Tom, the Dancing Bug e a Carri fazem a sua entrada neste Suplemento em Quadrinhos.
Boas Leituras Bedófilas e até para a semana !
Pode ver o nosso Suplemento no AVedros Visual.

Sobrevivente


Fonte da Prata

Durante boa parte do século XX, Alhos Vedros dependeu da indústria corticeira como fonte de empregos para a sua mão-de-obra. Antes das grandes indústrias que se instalaram no distrito (Siderurgia, Lisnave, Setnave, que nos anos 60 se juntaram à CUF) e do surto da indústria têxtil na freguesia (anos 70), foram os fabricos de cortiça a empregar a maior parte da população activa alhosvedrense, mesmo sem em condições precárias.
Embora sem uma grande produção própria de cortiça, que se comparasse ao sector da transformação, Alhos Vedros apresentava em redor algumas manchas de montado. Agora sobrevivem alguns espécimes de sobreiros (Quercus suber) meio desirmanados pela freguesia, a maior parte dos quais na zona da Quinta da Fonte da Prata, para sul da Estrada Nacional.
Este ficou perdido a sul da nova urbanização da Fonte da Prata, meio perdido sem saber o que o espera.

Memórias de um BeDófilo em Alhos Vedros III



Cap. III – Os primeiros heróis

Quando se começava a ler banda desenhada, não se era muito esquisito com os heróis. Apenas se queria que eles existissem e resolvessem todos os problemas. Claro que o Major Alvega ou o Kit Carson nos pareciam melhores do que aqueles heróis ocasionais de histórias passageiras ou mesmo do que os personagens da Disney. O que interessava mesmo eram as histórias e as suas peripécias nos mais variados cenários, de exploração do Oeste americano com os malvados índios, na selva sempre em risco de ser atacado por animais ferozes, na Idade Média roubando aos ricos para dar aos pobres ou em guerra contra o sanguinário Hitler.
Mas, com o passar do tempo, por entre a miríade de heróis que surgiam nos livros de colecções que hoje acharíamos anónimas (Interpol, Guerra, Condor, Apache, Caravana Oeste, Aventuras do FBI, entre muitos etc), começariam a afirmar-se alguns que se mostravam mais duradouros e que, graças a quem tinha irmãos um bocado mais velhos, descobríamos que já vinham de há muitos anos atrás, para além do nosso próprio nascente sentido estético e literário nos começar a dizer que havia algo de melhor naquelas séries.
É esse o tempo da consolidação do gosto pelos clássicos americanos: o Fantasma, Mandrake, o Príncipe Valente, Jonhy Hazard (João Tempestade nos tempos da Censura), o Agente X-9, Flash Gordon, Garth, Brick Bradford, Tarzan, Rip Kirby ou Cisco Kid. Os desenhadores e os argumentistas ainda não nos interessavam. Ninguém distinguia muito bem a diferença entre os vários ilustradores do Tarzan (Hal Foster ? Burne Hogarth ? Russ Manning ? Joe Celardo ?) ou entre o traço do Alex Raymond no Flash Gordon e no X-9, muito menos as subtilezas dos argumentos. Baralhava um pouco era o facto dos nomes, a certa altura, terem mudado, pois as revistas dos anos 60 só pareciam ter heróis portugueses como o Luís Euripo.
Um outro campo completamente diverso dos heróis, a que eu nunca consegui aderir, foi o dos super-heróis da Marvel, cá divulgados em edições brasileiras. Capitão América, Homem-Aranha, Thor, Namor, Demolidor, Quarteto Fantástico, Hulk, bem como os mais antigos Super-Homem, Batman, nunca me conseguiram seduzir devido, quase por certo, ao carácter muito concreto da minha mente infantil que se interrogava sobre aqueles mundos completamente delirantes e aqueles poderes perfeitamente inverosímeis para mim. Se os efeitos da kryptonite sobre o Clark Kent ou de uma aranha radioactiva sobre o Peter Parker ou mesmo as taras do ricaço Bruce Wayne eram aceites com alguma desconfiança, as capacidades do Homem de Borracha e as transformações do Bruce Banner em Hulk nunca conseguiram ultrapassar o limiar do cepticismo. Super-herói lia-se quando não havia mais nada.
A grande mudança quanto aos heróis, para mim, deu-se quando descobri a escola franco-belga do Spirou e do Tintin: Michel Vaillant, Bernard Prince, Bruno Brazil, Blueberry, Luc Orient, Buck Danny, Dan Cooper, Blake e Mortimer, Ric Hochet (Lucky Luke e Astérix merecem tratamento à parte) pareciam-me muito mais naturais e reais e, a partir de então, acabaram por tornar-se leitura preferida e recorrente, sempre retomada com prazer.
O fim da infância, ou da adolescência mais simplória nesta matéria, deu-se quando uma das histórias que mais gostei de ler foi A História sem Heróis, de Danny e Van Hamme (álbum da Bertrand em 1980 depois de publicação no Tintin), na qual aprendi, voltando aos meus primórdios, que o que importava era a história, não os heróis.

António da Costa, 28 de Janeiro de 2005

sábado, janeiro 29, 2005

Até amanhã...


(O papá Royle da fabulosa série The Royles, desempenhado por Ricky Tomlinson)

Amanhã temos o Suplemento em Quadrinhos, as Trivialidades da Pop, a continuação da nossa série de imagens sobre as árvores de Alhos Vedros e outros materiais de fim-de-semana.

Contributo de Germano Filipe

Após desafio nosso no seu blog para nos voltar a presentear com um poema de sua autoria, Germano Filipe mandou-nos de Londres a seguinte mensagem, que muito agradecemos, prometendo que vamos tentar transmitir os seus votos ao Leonel Coelho:

Olá camaradas,

Só há pouco tempo reparei no vosso comentário a um dos meus posts e muito me admirei que estivessem interessados neste poeta de meia-tijela. Deve haver sem dúvida malta com fartura nesse Alhos Vedros do descontentamento permanente para produzir poesias com liras melhores e mais adequadas ao espírito local e menos fúnebres ou sarcásticas que as minhas. De vez em quando dou uma volta pelo vosso blogue para ver como é que as modas param ou rever as ruinas históricas com um click, e fico surpreso com o que vejo - tanto no aspecto da qualidade como no entusiasmo dos seus organizadores. Não fica a dever nada ao melhor que por aí há. Que pena não haver nada disso quando eu, triste revolucionário enganado e enganador, andava por aí a arrastar o cú pelas pelas esquinas, a ver passar a aristocracia operária caminho-ferreira, muito aperaltada, de gravata sombria e sapatinho polido, direitinha à estação ou a fugir dela no fim do dia. Infelizmente, os poucos nomes que lobrigo no blogue não me dizem nada. Seria talvez diferente se visse as caras a que pertencem e puzesse a memória a trabalhar. A única pessoa que conheço é o Leonel Coelho, homem que tinha o condão de me fazer rir, na saudável acepção da palavra, com o grande bónus de ser um homem de esquerda. Espero que ele se sinta de excelente saúde. Passem-lhe este recado, se puderem. Infelizmente, não posso subscrever a opinião romântica que ele ainda parece manter acerca deste mundo sacana, muito embora a respeite. Hoje sou um cidadão do mundo que abriu o terceiro olho da testa que enxerga a manta que cobre o poder real que nos faz andar à cabeçada uns contras os outros. Segue um dos meus lamentos em verso. Abraços para todos do Germano.


EVOLUÇÃO DO HOMEM REVOLTADO

Há amor e ódio quando a gente se apronta
Em novo, com a vontade que chega nesse dia,
Para mostrar que basta sofrer em demasia
A dor continuada duma iniqua afronta.

Depois vai-se em frente de punho cerrado
E grita-se em pano de côr os nossos ideais
E damos as mãos e braços aos demais
Deixando para trás o espírito isolado

Entra-se a gritar, pede-se reforma, calma,
Puxa-se, treme-se e sente-se sangue a ferver.
Depois, esse desejo de saborear o poder
Começa a açenar o lenço branco da alma.

E ganhamos novos amigos na ressaca,
Sobe-se e desce-se na vida de escolher,
Ganhamos diferentes maneiras de ver,
Uma camisa nova, talvez outra casaca.

E a seguir os dias são de fumo e medo,
De respirações arfantes bem-caladas,
De ambições mortas, de águas estagnadas,
De sombras perdidas entre o arvoredo

No túmulo o corpo é deixado de lado
Mas a alma livre do nós agora falecido
Re-entra a carne dum novo perseguido
Pelo crime dum amanhã esperançado

A verdade assume o peso da negação
Da vida que é preciso manter equilibrada
Entre esta relidade inocente e descuidada
E o amanhã da carne-transmutação


Germano Filipe - Londres, 14/10/04

Grande construção de Carnaval

Não se esqueçam de ir ver a nossa construção para montar no próximo Carnaval de Alhos Vedros.

Disponível no nosso Alhos Vedros Visual.

Títulos mal feitos II

O mesmo se passa com a referência ao Carnaval de Alhos Vedros, que surge como se fosse uma iniciativa desenvolvida na Moita sobre a história alhosvedrense.
Valha-nos o corpo central da notícia, que lá faz uma descrição mais ou menos acertada do evento que se aproxima.

Títulos mal feitos

Vai-se à página de entrada do Distrito Online e lê-se:

«Moita
Misericórdia inaugura novo Lar»

E, para o leigo, pensa-se que a Misericórdia da Moita fez obra.
No entanto, quem conhece, pensa... Hmmm... A Moita não tem Misericórida .... Hmmm... O que se passará ? E carrega-se no link da notícia para descobrir que:

«O Lar S. José Operário, na Baixa da Banheira, foi hoje inaugurado pelo ministro da Segurança Social, da Família e da Criança, Fernando Negrão. O mais recente equipamento da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros entrou em funcionamento em Agosto de 2004.»

É impressão minha ou o título induz brutalmente em erro o leitor ?
O que é que a Moita tem a ver com o assunto ? Só a casualidade do Lar e da Misericórdia se situarem, por infeliz acidente, no concelho que agora é da Moita.
O "onde" e o "quem" do acontecimento são bem distintos do que se parece anunciar no primeiro contacto. Só o "quê" e o "quando" se adivinham.
Sabemos que os títulos desta publicação online remetem para os concelhos, será opção editorial, mas digamo-lo com frontalidade, é uma opção que achamos errada.

Banda Sonora (agora, e por fim, em português)

Nova Gente
GNR

Vivo numa ilha sem sabor tropical
A fauna é variada, demografia acidental
Não é de origem elevada, difícil de recensear
É mais do que uma ilha é quase continental
Não está cercada por água mas não faz mal
Quem a rodeia por vezes é a força policial

Baby Doc ou Papa Doc nunca vi
Nem qualquer ditador da América Central
Cá não há candidato à autarquia local
Só orgulho analfabeto mas com cultura geral
É tudo a mesma fruta, a mesma caldeirada
É uma gente educada, é a anarquia total
Vivo numa ilha sem sabor tropical
Não é de origem vulcânica
Mas tem lama no Natal
Não há saneamento básico
É no bairro oriental



Do grande, enorme, excelente a todos os níveis, álbum Psicopátria de 1986.
Reininho, Tóli, Alexandre Soares e Jorge Romão no seu melhor de sempre.

Boatos

Ouvi um boato em terceira mão que talvez só o Conde de Alhos Vedros nos pudesse esclarecer devidamente (embora ele diga que vai estar fora pelos Brasis).
Tal como pensava houve alguém nosso conterrâneo que, por motivo de força maior, foi obrigado a deixar um cargo importante que ocupava.
Ora parece que esse motivo de força maior não foi exactamente esse mas antes outro, que o seu sucessor parece ter acordado em não deixar transparecer cá para fora.
Como aqui no blog somos malta séria com formação de ética jornalística aprofundada não damos o nome aos bois pois não temos provas provadas mas lá que as bruxas existem, parece que existem.

Estratégias e tácticas

Se repararam nas últimas declarações dos partidos dos irmãos Portas (situados nas extremidades do espectro político) em relação a um eventual governo PS sem maioria absoluta, as similaridades não são coincidência.
Ambos afirmam que, em situações de interesse nacional, viabilizarão medidas do governo socialista; o BE com a cobertura de um período de “experiência” governativa socialista para ver o que fazem; o CDS com o pretexto de não ser possível deixar matérias como a política europeia ou a Defesa à mercê dos votos da esquerda mais canhota.
São argumentos e justificações que só enganam os mais distraídos.
Na prática, o que eles querem é acercarem-se do novo poder que se adivinha e, em troca de uns carinhos, receberem umas contrapartidas por debaixo da mesa do orçamento, aproveitando para lixar, respectivamente, o PCP e o PSD, seus adversários naturais na sua área política.
Aliás, se distribuirmos as principais forças políticas numa progressão numérica da esquerda para a direita (ou vice-versa), BE, PS e CDS ficam com os números ímpares, enquanto os PCP e o PSD ficam com os números pares, entalados entre os outros, como se numa tenaz.
E eu, como sempre fui seduzido pela simplicidade da geometria e da matemática, gosto de pensar que nas suas regras se encontra parte da verdade que regula o mundo (já lá o Pitágoras dizia que toda a verdade se encontrava nos números e nas suas relações). Por isso, me quer parecer que todos querem uma maioria relativa do PS (tirando o próprio), mas que uns já se estão a preparar melhor do que outros para se aproveitarem da coisa.

(In)Dispensável ?

Na Sábado desta semana, Miguel Esteves Cardoso entrevista Francisco Louçã.
O melhor “político” marginal dos anos 80 corteja aquele que passa por ser o melhor político “marginal” dos tempos que correm (as aspas não estão onde estão por acaso).
É um interessante encontro de duas personalidades de matriz conservadora, que discordam em muito pouco, à excepção do regime político (Monarquia ou República).
Aliás, penso que em matéria de liberdade de opinião o MEC foi e ainda é bem mais liberal e progressista, pois sempre admitiu as opiniões contrárias.

Orfandade


Ex-"Campo das Figueiras"

A figueira (ficus carica) é uma das espécies originárias do Médio Oriente que os Árabes espalharam pelo sul da Europa durante a sua ocupação da Península Ibérica, a par da nespereira, da laranjeira, do limoeiro, da romãzeira, da amendoeira, etc, etc.
Em Alhos Vedros, há ainda não muito tempo, existiam alguns pomares de laranjeiras (ainda há um junto à Bela Rosa e outro junto à antiga "Largada", ambos em quintais) , bem como numerosos exemplares de árvores de fruto tradicionais como as figueiras, as nespereiras e os marmeleiros.
A pouco e pouco têm vindo a desaparecer.
Esta é a figueira que resta na zona a que chamávamos "Campo das Figueiras", junto às actuais Morçoas. Com o avançar dos montes de entulho e a natural dificuldade em sobreviver em solidão, o seu prazo de vida deve ser muito curto.
Não faz mal, sempre há figos espanhóis nos hipermercados a 3, 4 e 5 euros o quilo.
E, para além disso, para que é que servem árvores de fruto em terrenos livres e urbanizáveis ?
Só empatam.

Grande construção de Carnaval para os nossos Leitores


O nosso Buldozer está pronto a demolir todos os monumentos históricos em Alhos Vedros, em prol do progresso da modernidade e dum perfeito enquadramento paisagístico...
Não vamos deixar pedra sobre pedra dessas 2 ou 3 paredes em ruínas !
Veja o nosso Buldozer em Cartão completo no AVedros Visual !

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Banda Sonora (substitui o Para Fanáticos)

The Cure
Let's Go to Bed

let me take your hand
i'm shaking like milk
turning
turning blue
all over the windows and the floors
fires outside in the sky
look as perfect as cats
the two of us together again

but it's just the same
a stupid game
but i don't care if you don't
and i don't feel if you don't
and i don't want it if you don't
and i won't say it
if you don't say it first

you think you're tired now
but wait until three...
laughing at the christmas lights
you remember
from december

all of this then back again
another girl
another name
stay alive but stay the same
it's just the samea stupid game

but i don't care if you don't
and i don't feel if you don't
and i don't want it if you don't
and i won't play it
if you don't play it first

you can't even see now
so you ask me the way
you wonder if it's real
because it couldn't be rain...
through the right doorway
and into the white room
it used to be the dust that would lay here
when i came here alone

but i don't care if you don't
and i don't feel if you don't
and i don't want it if you don't
and i won't say it
if you don't say it first

doo doo doo doo
let's go to bed!
doo doo doo doo
let's go to bed!

Visitantes

De acordo com os dados do Extreme Tracking, os nossos visitantes nos últimos seis dias, tiveram a seguinte proveniência:

Countries Unique Visitors
Portugal 310 (86.35%)
Brazil 18 (5.01%)
United States 11 (3.06%)
United Kingdom 4 (1.11%)
France 3 (0.84%)
Mexico 2 (0.56%)
Singapore 2 (0.56%)
Germany 1 (0.28%)
Venezuela 1 (0.28%)
Japan 1 (0.28%)
Finland 1 (0.28%)
Angola 1 (0.28%)
Canada 1 (0.28%)
Denmark 1 (0.28%)
Mozambique 1 (0.28%)
Korea, Republic of 1 (0.28%
)

A todos, mesmo os que apareceram por engano e juraram nunca mais voltar, muito obrigado.

Sondagens


Num momento em que se colocam em causa as sondagens, um saltinho ao Margem de Erro pode ser útil para percebermos algumas das suas subtilezas e limitações.

Uma história da blogosfera

Para quem quiser saber mais sobre as origens históricas (menos de meia dúzia de anos) da blogosfera e dos blogs em Portugal e no Mundo e da sua relação com a política, este é um bom texto, por um autor português da Universidade da Beira Interior.

O nosso homem em Bagdad

As “eleições” no Iraque estão em decurso e, no corpo diplomático português, a fava de ir para Bagdad nestes tempos de plena vivência democrática e de pax americana calhou ao embaixador Falcão Machado, que recebeu rápida ordem de marcha de Santana Lopes, talvez beliscado pela conduta do nosso embaixador na Tailândia quando foi da recente tragédia.
O dito Falcão Machado, que da carreira diplomática deve gostar mesmo é das recepções, beberetes (nesse meio acho que se chamam só cocktails) e afins, foi-se mas estacionou em Amã, com a desculpa que a sua nomeação ainda não saiu no Diário da República, e por isso não é obrigado a ir para o seu posto.
Assim é que é !!
Ir para Bagdad não, que não saiu no DR, mas ir passar uns tempos em Amã, já não faz mal.
Nada como sentido do dever à moda portuguesa.

Espécie nativa


Pinhal (do) Castanho

Cada vez são menos os pinheiros mansos (e bravos) que cobriam toda a zona do Pinhal Castanho, Lagoa da Pega e Quinta da Fonte da Prata, a par de alguns sobreiros. Penso que, não colocando em causa o casario, teria sido possível preservar um pouco mais da cobertura vegetal original e não andar depois a plantar caniços que demoram décadas a crescer. Atrás das árvores, desaparece toda passarada que não seja de pequeno porte, as terras ficam expostas a muito mais rápida erosão, a humidade decresce e isso tudo que quem tem responsabilidade (técnica e política) devia saber mas não sabe ou finge que não sabe.

Secção BD


Sexta-feira é dia de tirinha de comics. Não nos esquecemos. Esta ainda não foi publicada por cá, estando disponível na secção de comics do Washington Post.

(Outro) Pensamento do dia


Blackadder: Baldrick, have you no idea what irony is?
Baldrick: Yes, it's like goldy and bronzy only it's made out of iron.
(Diálogo da série Blackadder, com o grande Baldrick, desempenhado por Tony Robinson)

Boa onda


Já que ninguém nos mandou, fomos à caça. Esta foto é retirada do Mundo Cartune.

Azar do caraças

Logo uns dias depois de o termos incluído nos links permanentes, o Bloguítica fechou, pelo menos por agora. Cansaço do autor, Paulo Gorjão, que também ia a todas e escrevia sobre tudo. É pena.

Secção Nostalgia - O Wickie


Grande recordação, ainda da primeira metade dos anos 70. Com esforço consegui fazer a colecção toda dos cromos (havia um que nunca saía e valia mais do que o seu peso em ouro).
Para quando a reposição na RTP Memória ?
Pelo menos seria melhor do que ver, como eu vi por acidente com danos profundos, o Madi a cantar Alegria, Alegria (ou Aleguia, Aleguia como ele dizia/cantava) num Eu Show Nico de 1981 (confesso que, por alguns minutos, fiquei catatónico, tendo-me valido um sofá que estava por perto para não cair redondo no chão, fulminado de pasmo).

Pensamento do dia


"I need breasts with brains. I don’t mean individual brains, obviously... I mean, not a brain each. You know, I like intelligent women, but you’ve got to draw the line somewhere... I think breast brains would be over-egging the woman pudding."
(Jeff Murdock, personagem da série Coupling, desempenhada por Richard Coyle nas três primeiras temporadas)

Lobo Antunes em órbita

António Lobo Antunes recebeu o enésimo prémio da sua carreira (Prémio Fernando Namora) e a Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada na tarde de terça-feira.
Aproveitou para afirmar que o prémio é incentivo a escritores "muitas vezes desdenhados".
Mas o que é que ele quer ?
É o escritor português com mais prémios no activo.
Vende livros em resmas apreciáveis.
Publica na mesma editora há três décadas sem problemas aparentes.
Tem regularmente óptimas críticas.
Lá porque não ganhou o Nobel e anda ressabiado com o Saramago há anos e anos não é razão para se armar em coitadinho marginalizado.
Eu, até ao momento, li tantos livros (completos) dele como do Saramago (um para cada), tendo gostado até mais do seu Livro de Crónicas do que do Ensaio sobre a Cegueira (deixei a meio três de cada: Os Cus de Judas, O Manual dos Inquisidores, o Fado Alexandrino, o Memorial do Convento, o Ano da Morte de Ricardo Reis e O Evangelho Segundo Jesus Cristo).
Nenhum deles merecia o Nobel.
Ponto Final.
Parágrafo.
Vá-se catar.

Santana em órbita

Santana Lopes afirma existir uma mega-fraude por parte das empresas de sondagens que publicam previsões que indicam um péssimo resultado para o PPD/PSD (como ele sublinha de forma já cacofónica). Aponta como exemplo anterior o que se passou na sua eleição para a C.M. Lisboa.
Ameaça, em seguida, as empresas de sondagens com processos judiciais, caso os resultados em 20 de Fevereiro sejam muito diferentes das sondagens em causa, pois isso indiciaria uma tentativa fraudulenta de condicionar as eleições.
O nosso Santana está claramente em dificuldades mentais, porque o seu raciocínio enferma de graves nexos de lógica.
Vejamos !
Sigamos o seguinte raciocínio:
- Ele processa as empresas se os resultados não corresponderem às sondagens (o que significaria que a fraude não teria resultado).
- Ele não processa as empresas se os resultados corresponderem às previsões (o que, na sua lógica, significaria que a fraude tinha sido conseguida).

Sou só eu que estou a ver, ou não haverá aqui um grave problema de lógica ?

Solidão


Fonte da Prata

Em virtude do destaque dado à nossa construção para montar no Carnaval, que vai sendo publicada no AVV, a nossa série completa sobre o horror às árvores só será incluída daqui a um par de semanas. Por isso, vamos inserindo pontualmente alguns exemplos.
Neste caso, temos o eucalipto que resta junto à primeira urbanização da Fonte da Prata. Originalmente, estas eram árvores usadas para ajudar a drenar terrenos alagadiços e, por isso mesmo, foram-se espalhando em zonas da margem sul que se quiseram recuperar ao rio. As propriedades atribuídas às suas folhas (e à inalação de infusões feitas com elas) também criaram a ideia das suas qualidades terapêuticas pelo que, até à invasão a esmo dos eucaliptais para fins comerciais, a sua plantação era vista como vantajosa para as populações.
Em Alhos Vedros, ainda há umas décadas, existiam diversos locais onde se encontravam núcleos de eucaliptos enormes que, paulatinamente, têm vindo a desaparecer.

A APLD considera o exemplo da Suécia um exemplo a seguir para o combate ao consumo de Drogas

A APLD (Associação Portuguesa Livre de Drogas), considera que o sistema Sueco é o melhor para deixarmos de consumir Drogas, nas palavras do seu dirigente, LD, o Liberto de Drogas, afirmou que na Suécia não existe diferença entre drogas duras e drogas suaves e quem fuma um charro sente-se tão culpado como quem dá um chuto de heroína e não se vê ninguém nas ruas drogado porque são tão criticados socialmente, que têm de se refugiar em casa com vergonha que os vejam drogados...
Não sei se o LD, considera o álcool, como droga. Porque me contaram que ao fim de semana os Suecos bebem até atingir o coma alcoólico e disse-me quem viu que se vêem muitos Suecos desmaiados no passeio, talvez por não terem conseguido chegar ainda com sentidos a casa onde no bem entender do LD deveriam estar escondidos a drogar-se; nem quero imaginar a vergonha desses pobres Suecos que beberam a mais e não tiveram tempo de chegar a casa e foram vistos bébados ou drogados na rua, devem ter tanta vergonha de aparecer na rua no outro dia, que só bebendo uns Shots ou dando um chuto é que conseguem de novo encarar os outros Suecos que são LD (Libertos de Drogas).
Deve também ser por isso que os Suecos assim que podem, vêm de férias para Países onde a crítica social e essa estranha forma de ver o Mundo, são mais liberais e é vê-los em Portugal a fumar os seus charros e beber à vontade, curiosamente sem atingirem o coma alcoólico como na Suécia.
Porque com umas leis tão restritivas e onde não existe a diferença moral entre fumar um charro ou dar um chuto na veia e com o poder de compra que têm os Suecos, mais vale um gajo ir logo para o chuto...
Pelo menos não corre o risco de por fumar um charro chamarem-lhe drogado !

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Grande construção de Carnaval para os nossos Leitores


Continua a construção "Buldozer" em cartão, para fazer você mesmo esta Fantasia de Carnaval e desfilar no Corso de Alhos Vedros !
Adereços para imprimir e colar, explicações passo por passo no AVVisual.

Para fanáticos

Cold Cold Night
The White Stripes


I saw you standing in the corner
On the edge of a buring light
I saw you standing in the corner
Come to me again in the cold cold night
In the cold cold night

You make me feel a little older
Like a full grown women might.
But when you gonna grow colder
Come to me again in the cold cold night
In the cold cold night

I hear you walkin' by my front door
I hear the creakin' of the kitchen floor
I don't care what other people say
I'm gonna love you anyway
Come to me again in the cold cold night
In the cold cold night

I can't stand it any longer
I need the fuel to make my fire bight
So don't fight it any longer
Come to me again in the cold cold night
In the cold cold night

And I know that you feel it too
When my skin turns into glue
You will know that it's warm inside
And you'll come run to me
In the cold cold night
In the cold cold night
In the cold cold night
In the cold cold night

Rostos de Auschwitz


Para recordar sempre


O campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polónia foi libertado há 60 anos.
Segundo a doutrina Louçã para a questão do aborto, eu não deveria estar aqui a escrever sobre isso pois não sou judeu e só conheci pessoalmente duas ou três pessoas que o são, mas de qualquer modo aqui fica o nosso contributo para que a barbárie não seja esquecida.
Alguns links úteis: o Museu de Auschwitz (em polaco e hoje super-congestionado), um site oficial, uma proposta de visita virtual e um testemunho pessoal com texto e galeria de imagens (de onde retirámos a que incluímos neste post) de Alan Jacobs.

Foi você que pediu este cabeça de lista ? V


Se foi, explique-lhe o significado de "segredo de Justiça". É que ele é juiz de carreira mas, há um par de anos, teve um lapso de memória a propósito do Caso Moderna.

Não se esqueçam...

No Alhos Vedros Visual, tudo sobre o nosso carro alegórico para o Carnaval que se avizinha.

Para fanáticos

Love Letters
Allison Moyet
(com Morais Sarmento e Pires de Lima Jr. no pensamento)

Love letters straight
From you heart
Keep us so near
While apart
I'm not alone in the night
When I can have all the love
That you write

I memorize every line
And I kiss the name
That you sign
And darling then
I read again
Right from the start
Love letters straight
From your heart

I memorize every line
And I kiss the name
That you sign
And darling then
I read again
Right from the start
Love letters straight
From your heart

Foi você que pediu uma besta ?


Parece que, depois de rondar Gaia e o Porto, foi largada em Braga.

Começa hoje

Para quem tiver tempo e oportunidade (e tempo e dinheiro para a viagem), aqui tem uma óptima proposta:

Começa hoje o 32º festival de BD de Angoulême. Tem como tema principal o Titeuf do Zep, que aqui não aprecíamos muito mas é sempre um acontecimento importante. Nós ficamo-nos por umas visitas ao site oficial.

Lindo

Para que não digam que dizemos só mal da Moita, veja, lá o que vimos hoje de manhã na antiga Caldeira, junto à Marginal.

Claro que aqui a beleza não deve nada à mão do homem moiteiro mas à da Natureza e só é pena que, em vez de reperfilamentos à base de betão e alcatrão, não se invista na preservação e fomento do património natural. Cegonhas, garças e flamingos agradeceriam, por certo. E nós e os nossos olhos também

O Contraditório

É verdade. Titta Maurício voltou, em tempo de eleições, às lides bloguísticas e aqui temos o seu longo comentário incluído uns posts atrás sobre o texto de António da Costa, complementado por uma adenda a um outro texto nosso.
É o Contraditório no seu esplendor.
(Já agora, qual é o problema com o "prontos" ? É tique de alguém que conhece ??)
.
.
Só breves comentários:
- Continuo sem perceber o que é que a ligação ao distrito tem a ver com a eleição de deputados... e muito menos quando estamos num sistema de lista. Como a esmagadora maioria dos moradores do distrito são migrantes ou 1ª geração de filhos destes, sempre gostaria de conhecer um filho puro da raça cá da terra... e depois enchem a boca com o acolhimento aos imigrantes
- O que dirão quando passar a uma única lista nacional?!? Já quando se propõe candidaturas uninominais contrapõem que era o "paraíso do caciques"... mas, "prontos"!
- Não tenho procuração para defender o candidato do PSD, mas o Dr. Fernando Negrão não nasceu no distrito, mas habita nele desde os 6 anos, tendo cumprido toda a escolaridade infra-universitária em várias das escolas públicas que servem a capital das terras do Sado!... mas, "prontos"!
- O «Bruno Dias do Barreiro» presumo que seja o candidato Bruno Jorge Viegas Vitorino? Foi um lapso... outro!
- Mas ser do Barreiro, Moita, ou Alhos Vedros faz alguém ser melhor deputado?!? Porque a Heloísa Apolónia frequentou a Escola Secundária da Baixa da Banheira (e me sucedeu como Presidente da respectiva Associação de Estudantes), deveria eu votar na CDU? Ou ela no CDS?
- Dos candidatos à esquerda a argumentação aqui aduzida é de carácter pessoal e baseada em informação que não disponho... nem uso usar!- Só me detenho para corrigir o "delfinato" do candidato da CDU: o Sr. Francisco Lopes, a ser delfim de alguém, sê-lo-ia do Dr. Cunhal! E ter por «desconhecido» o homem que dominava a máquina política no distrito quando este ainda era bem mais vermelho demonstra muita desatenção! É só mais uma!
- Por fim, o candidato do CDS. É verdade que não nasceu no distrito, mas em terras de São Paulo de Luanda, filho de um setubalense que, muito jovem, havia migrado para o Ultramar
- Acompanhando o seu pai (avô do Nuno Magalhães e, também ele, um filho de Setúbal), que, como outros, ali rumaram em busca de uma vida melhor. Além disso, o actual secretário de Estado da Administração Interna (responsável pela segurança do EURO2004 - modelo que hoje é copiado por todos os países que têm responsabilidade pela organização de eventos de grandeza semelhante... o que desmente a tese de que, ser secretário de Estado «nos tempos que correm não é assim currículo muito abonatório»!), é Presidente da Comissão Política Distrital do CDS-PP desde há 2 anos, sendo (dos 5 partidos com representação parlamentar) o único cabeça-de-lista que de tal se pode arrogar!
- Quanto a mim... preocupam-se mais do que eu próprio! Além disso não posso ser tido por «lampião da verdade»... sportinguista como sou, quanto muito seria "lagarto"!
Quanto ao segundo grupo de comentários, tentarei ser sucinto:
- Não afirmei que não era importante a ligação ao distrito, mas a ligação aos concelhos;
- Mais, a ser importante alguma ligação ela deveria ser medida pelo Presente e disponibilidade futura e não pelo Passado... eu já tive que "gramar" com um cabeça-de-lista que teve a desfaçatez de afirmar em público que conhecia bem o distrito pois quando era mais novo costumava fazer vela na ribeira de coina!!! O problema (e pareceu-me ter ficado claro no meu texto) é que quando operamos num sistema de lista propostos pelas nacionais dos partidos (e refiro-me a todos) a questão da origem concelhia torna-se numa mesquinhez absurda: a ser assim, coitados dos eleitores de concelhos como Alcochete ou Sines (cada um 10.000 eleitores num universo de quase cerca de 650.000) ou Santiago ou Grândola (os com menor densidade populacional).
- A importância dos nomes é enorme, mas apenas na medida em que podemos conhecer a credibilidade daqueles que ousam dar a cara por um programa! Mas o problema é que esse programa ("bonitinho" e "bem-feitinho" para responder aos interesses locais) submeter-se-à a interesses maiores: aos interesses do país e as suas oportunidades; aos interesses e natureza das relações económicas entre países e empresas!
- A questão do porque não uma lista nacional pura é interessante... mas foi retórica, não é verdade! Porque também se podia perguntar porque é que os círculos eleitorais coincidem territorialmente com uma unidade administrativa extinta há dezenas de anos; onde não há uniformidade de interesses entre as populações (que na maior parte dos casos são opostas ou até antagónicas); onde há disparidades brutais em termos de representatividade (que dizer de círculos que usam o método de representação proporcional e elegem apenas 2 deputados?); este modelo, é verdade, proporciona "tachos" não a paraquedistas (esses ainda pousavam aqui) mas a "parapentistas" (só por cá passam a voar em direcção a Lisboa): o de lista nacional nem os obrigava a cá vir, bastar-lhes-ia frequentar o "Paço" para obter a melhor das posições possíveis na "listinha"!
- Assim, entre o risco do extremar dos localismos (mas com um eficaz controlo político posterior) e a continuação do centralismo (que premeia os sicários do costume - a deslocalização da incompetência é a única situação onde o prejudicado é quem o vai receber... pior, é a única situação onde a incompetência é premiada: «se deste barraca aqui... vai para ali, onde os gajos ainda não te conhecem os defeitos!»), preferiria o sistema de círculos uninominais!
- Quanto aos "senadores" que rumam a banhos... muitas vezes são as estruturas locais que os pedem... e eles bem resistem! A solução "senadores" é por vezes a maneira de permitir mobilizar em torno de uma só candidatura os meios e as pessoas e evitar que se tenha que escolher entre os vários "galinhos" locais... Nalguns casos, bem próximos de nós, a solução passa por esconder o verdadeiro candidato por detrás de outro que vai ao engano e acaba por descobrir a realidade dura e porca das eleições.
- Quanto aos comentário a latere sobre (supostos) «erros ortográficos e outros» é a técnica do costume: contrapôr erros que alteram a substância e a verdade dos factos e atribuir-lhes uma (ir)relevância semelhante à de comuns erros de ortografia! Quando, para vós, um "à" colocado quando se exigia um "há" é tão relevante como uma afirmação como a que foi feita (várias vezes) sobre a não ligação ao distrito do Dr. Fernando Negrão, ficamos todos esclarecidos!
Keep up the good work...
João Titta Maurício

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Grande jogo


ENORME JOGO.
Quem me dera que o futebol fosse sempre assim (e eu até tenho o sangue verde).

Grande construção de Carnaval para os nossos Leitores


O Zé Berbigão e eu passámos todo o fim de semana e até hoje a construir uma fantasia de Carnaval, que pudesse ser feita em casa pelos nossos leitores por pouco dinheiro e com todas as explicações no AVVisual. Os materiais que usámos são do mais comum, é necessário um caixote de cartão e um cartão grosso, um pau de vassoura, (pode ser comprado na drogaria perto do CRI), uma ripa de cerca de 2 metros, 2 tiras de tecido de 2m cada uma e 5 cm de largura, 2 pregos grandes, cola de madeira, tinta a óleo Preta, um pincel e uma trincha para a cola de madeira, petróleo ou diluente.
A partir daqui é só seguir as nossas instruções, que vão ser facultadas no AVVisual amanhã e vão continuar até sábado.

Contributo para uma discussão

Ver o blog sobre alhosvedrosaopoder, é um momento que não é mal gasto!
Mas vocês gostam mesmo do Carnaval de Alhos Vedros?
É Carnaval ou passagem de bonitos fatos executados por pessoas competentes na matéria? Que partes atírica a sério tem o corso de Alhos Vedros? E vocês que estão tão preocupados com aquilo que têm roubado a Alhos Vedros, quem se importou que A.V. tivesse deixado de ser vila, e que fosse preciso uma autarca do PS ao sabê-lo, lutar contra muitos interesses instalados e ter conseguido que o PS na Assembleia da República apresentasse uma proposta (que o PCP) se apressou de seguida a fazer, e a mesma viesse a ser aprovada e de novo Alhos Vedros a beneficiar do estatuto de Vila.
Sabem que mesmo no PS, houve dirigentes do referido Partido da Moita, que não gostaram nada dessa iniciativa?
Pois é... e no entanto em Alhos Vedros festeja-se todos os anos o Foral, aqui é tudo especial!...

Iriseu


Resposta: Quanto ao Carnaval, a redacção aqui divide-se 50/50, havendo quem participa desde o primeiro momento e quem o evite (quase) desde esse mesmo momento. Este ano, no entanto, existe em preparação um carro alegórico patrocinado por nós e com o conteúdo satírico que seria normal um Carnaval desde tipo ter (como em Torres Vedras e não só). Só nos falta quem o leve, porque aqui os editores são capazes de não estar disponíveis.
A propósito do estatuto de vila, quer-me parecer que a sua perda esteve muito mal explicada. Mesmo não estando por "dentro" parece-me que houve muito detalhe equívoco, porque não é coisa que se perca assim sem se perceber. Quanto às movimentações partidárias para o recuperar, não me vou pronunciar, porque não pertenço ou pertenci a estruturas partidárias e, por essa altura, estava claramente desiludido com tudo o que se passava no concelho e andava por outras paragens. Mas, é claro que sei que na Moita, independentemente da cor partidária, há quem ache que só se consegue sobressair espezinhando o que está à volta.

Foi você que pediu este cabeça de lista ? IV


Se respondeu "sim", volte à casa Partida se estava a jogar ao Monopólio. Se não estava vá lá ver o que quer dizer "cacólogo" (garantimos que não é o que está a pensar).

Alguém nos arranja...

... umas imagens daqueles cartazes da campanha em que colaram círculos vermelhos no nariz do Sócrates, Portas e restantes ?
É que eu vi uns hoje em Lisboa mas não levava a máquina fotográfica...

A Estante III


«No decurso de uma campanha eleitoral dizem-se bastantes mentiras. Mente-se para sintetizar e simplificar um pensamento, mente-se para avançar mais depressa, mente-se por convicção (é o caso mais trágico, porque na realidade o mentiroso não está a mentir, ele diz algo falso por falta de informação), mente-se por vício. (...) Portanto, não vos chega por vezes a nostalgia de um qualquer que diga a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade ?»

Umberto Eco, Comment voyager avec un saumon (Grasset, 1997, p. 94)

Para fanáticos

Charmless man
Blur

I met him in a crowded room
Where people go to drink away their gloom
He sat me down and so began
The story of a charmless man

Educated the expensive way
He knows his claret from his beaujolais
I think he’d like to have been Ronnie Kray
But then nature didn’t make him that way
He went....

He thinks his educated airs
Those family shares
Will protect him
That we’ll respect him
He moves in circles of friends
Who just pretend
That they like him
He does the same to them
And when you put it all together
There’s the model of a charmless man

He knows the swingers and their cavalry
Says he can get in anywhere for free
I began to go a little cross-eyed
And from this charmless man

I just had to hide
He talks at speed
He gets nose bleeds
He doesn’t see
His days are tumbling
Down upon him
And yet he tries so hard to please
He’s just so keen
For you to listen
But no-one’s listening
And when you put it all together
There’s the model of a charmless man

He thinks his educated airs
Those family shares
Will protect him
That you’ll respect him
And yet he tries so hard to please
He’s just so keen
For you to listen
But no-one’s listening
And when you put it all together
There’s the model of a charmless man

(O meu colega co-editor pediu-me para elucidar os leitores sobre o sentido da inclusão destas letras no blog, tique que já o começa a aborrecer mas, confesso, que neste caso foi a primeira coisa que me veio à cabeça depois de continuar a série "Foi você..." e de ler o comentário de TM ao texto do António da Costa. Vá-se lá saber porquê ? Armadilhas da minha cansada e tortuosa mente.)

Foi você que pediu este cabeça de lista ? III


Se foi, certamente que conhece o significado de "cripto social-fascista", por isso é melhor procurar o que significa "nepotismo".

(Outro) Esclarecimento útil

Afirma Titta Maurício que não vê que falta faz a ligação dos candidatos a deputado ao distrito por onde o são.
A Constituição dá-lhe razão, ao dizer que os deputados representam a Nação e isso foi uma fórmula essencialmente criada para evitar a defesa de interesses locais de um modo que prejudicasse o interesse nacional supremo. Não é que isso alguma vez tenha sido explicado aos deputados madeirenses do PSD ou ao senhor Daniel Campelo, quando era o único deputado eleito pelo CDS pelo distrito de Viana do Castelo.
No entanto, haverá alguma razão para existirem círculos eleitorais, caso contrário porque não se faz uma lista nacional e se distribuem os deputados de uma forma proporcional pura ?
No mínimo, espera-se que os candidatos e, depois, os deputados eleitos por um determinado círculo representem minimamente a região que os elegeu, caso contrário ficamos à mercê de pára-quedistas colocados a granel pelas direcções partidárias conforme lhes convém (mandarem o caríssimo "senador" Narana Coissoró a banhos para Faro, por exemplo).
Depois, não nos venham com a história dos círculos uninominais e com a lengalenga da proximidade entre eleitos e eleitores, a propósito da reforma do sistema político, se a ideia é subordinar tudo a interesses que são, mais do que nacionais, meramente partidários.

Esclarecimento útil

A propósito de uma queixa do nosso leitor Titta Maurício (ele voltou, para nossa alegria!!! Temos Contraditório assegurado do lado da Direita, agora só faltar irritar a sério alguém do Bloco, o que não deve demorar), convém esclarecer que a caixa de comentários se destina a... "comentários"!!
Quem quer colaborar com dissertações acima dos 1000 caracteres, sem os estender por meia dúzia de caixas de texto que ficam ocultas, manda esses textos para o nosso mail, com a indicação de publicação.
Pensávamos que, em especial TM, já sabia como funcionávamos.
Só não sai o que é mensagem pessoal ou traz a indicação de ser comentário para não divulgar.

Foi você que pediu este cabeça de lista ? II


Se foi, peça ajuda ao nosso leitor Titta Maurício (renasceu das cinzas nuns comentários mais abaixo ao texto do António da Costa) para descobrir o que significa "bestunto" e "periproctite"
(just kidding).

Para mais logo...

...continuação da galeria "Foi você que pediu este cabeça de lista ?"

Corso Carnavalesco da Velhinha, 15ª Edição


O Corso de Carnaval organizado em Alhos Vedros desde 1990, pela SFRUA (Velhinha), tem este ano a sua 15ª Edição, o tema é "Alhos Vedros, nascida do Rio..." e a temática é toda AlhosVedrense, os carros alegóricos também são subordinados a este tema.
Há um carro especialmente importante para os editores deste Blog, é ele o quinto, "A traição do ministro", simbolizando a perda de importância da Vila de Alhos Vedros e a transferência da sede do concelho para a Moita...
Queremos este ano dar a nossa colaboração a este evento, fazendo nós próprios uma fantasia de carnaval que faça a todos recordar a destruição da cadeia velha e por isso construímos um "BULDOZER em Cartão", cujos planos e detalhes de construção vão ser mostrados a partir de amanhã no nosso Foto Blog, Alhos Vedros Visual.
Este foi um mega projecto que nos ocupou todo o dia de Sábado e Domingo e que só ficará completo hoje. Só foi possível graças à colaboração do nosso amigo, Zé Berbigão que é um ás em trabalhos manuais e Bricolage.
Por isso pedimos a atenção de todos os leitores deste Blog para este projecto ímpar na história do Alhos Vedros ao Poder, a construção de um BULDOZER em Cartão é algo que ficará na história do nosso Blog !

terça-feira, janeiro 25, 2005

Para fanáticos

Dancing in the moonlight
Elvis Costello
(é ele o autor, os Toploader só fizeram uma versão)

We get it almost every night
and when that moon gets big and bright
it’s supernatural delight
everybody was dancin’ in the moonlight

Everybody here is outta’ sight
they don’t bark and they don’t bite
they keep things loose
they keep things alive
everybody was dancin’ in the moonlight

dancin’ in the moonlight
everybody feelin’ warm, and right
it’s such a fine and nat’ral sight
everybody’s dancin’ in the moonlight
we like our fun and we never fight
you can’t dance and stay uptight
it’s supernatural delight
everybody was dancin’ in the moonlight

dancin’ in the moonlight
everybody feelin’ warm, and right
it’s such a fine and nat’ral sight
everybody’s dancin’ in the moonlight
we like our fun and we never fight
you can’t dance and stay uptight
it’s supernatural delight
everybody was dancin’ in the moonlight

we get it almost every night
and when that moon gets big and bright
it’s supernatural delight
everybody was dancin’ in the moonlight

dancin’ in the moonlight
everybody feelin’ warm, and right
it’s such a fine and nat’ral sight
everybody’s dancin’ in the moonlight
we like our fun and we never fight
you can’t dance and stay uptight
it’s supernatural delight
everybody was dancin’ in the moonlight


(camarada co-editor e mais quem não tenha percebido, esta letra entrou porque está um luar bestial)

Foi você que pediu este cabeça de lista ?


Em caso de resposta afirmativa, a sua tarefa é procurar o significado de "rarípilo" num bom dicionário.

O Alfarrábio VI


Este foi o nº 3 da colecção de Ficção Científica lançada pelas Publicações Europa-América em finais dos anos 70 (este é de 1979). Embora não sendo de autores dos mais consagrados na área era uma antecipação bastante bem feita sobre as manipulações genéticas e do ADN.
Os dois primeiros volumes da colecção eram adaptações a livro da Batalha no Espaço, sem grande interesse. Devem estar armazenados algures num qualquer caixote.

Para ler com atenção


Quando se vão descobrindo os efeitos secundários de medicamentos como, entre muitos outros, o anti-depressivo Prozac (agravamento de tendências suicidas) e o anti-inflamatório Vioxx (aumento do risco de ataque cardíaco), este livro de John Le Carré desvenda-nos os meandros da forma como os grandes laboratórios da indústria farmacêutica testam alguns dos seus medicamentos.

Colaboração de António da Costa

II – Os meus critérios para para votar

Dando continuidade ao meu manifesto para este período eleitoral, gostava de passar para a identificação e explicitação daqueles que considero serem os três critérios fundamentais para definir o meu sentido de voto (ou de abstenção) numa eleição como a que se aproxima.

a) Que partido em actividade prefiro ver a governar Portugal, a partir da sua acção no passado e propostas para o futuro ?
b) Que candidato disponível quero ver como Primeiro-Ministro ?
c) Que lista de candidatos pelo meu círculo eleitoral considero que representa melhor os meus interesses e os da minha região ?

Quanto ao primério critério, nos tempos que correm, confesso que não consigo optar por nenhum dos existentes, mesmo se tenho graus diversos de simpatia/antipatia para com este ou aquele. No entanto, e para simplificar, considero que os que nos têm governado nos últimos 30 anos não fizeram, claramente, um bom serviço. Os do chamado “arco democrático europeísta” (PS, PSD e CDS) estiveram mais ocupados em governar-se do que em governar-nos e só em períodos muito circunscritos tiveram um ímpeto reformista e ainda em períodos menores esse ímpeto foi de sinal positivo. Quanto aos que têm estado de fora (PCP e BE com assento no Parlamento, os outros nem isso) coloca-se o problema da adequação do seu alinhamento ideológico com as condições concretas da nossa inserção na União Europeia. Por isso, por muito boas intenções que afirmem no plano social, duvido da aplicabilidade ou praticabilidade dos seus ideais confessos. Acresce a isso a minha profunda desconfiança quanto aos objectivos pessoais da maioria do líderes do Bloco e o meu desgosto com a aridez que vai campeando nas hostes do PC. Os restantes, por muito injusto que seja, a verdade é que são pouco mais que grupúsculos com limitada capacidade de mobilizar quadros para funções governativas.

A respeito do segundo critério, nem é bom alongar-me muito porque as duas opções que estão no mercado são claramente rasteiras, mesmo se só por erro grosseiro de apreciação se podem considerar vagamente similares. Sócrates é o pragmatismo sem alma elevado ao seu maior esplendor; é o vazio de ideias concretas ou, pior ainda, a adopção sem convicção e por mera estratégia de ideias que se julgam adequadas ao espírito dos tempos. É o lado mais cinzento da tecnocracia, mesmo se com fatiota Armani. Não é o problema do vazio ideológico, por si só, ou mesmo da indiferenciação do seu posicionamento pró-centrista. O maior problema é a sensação de se pretender ganhar o Poder por si mesmo, sem um projecto que vá para além do seu mero exercício e do controle dos cordelinhos do Orçamento e da distribuição de mercês e prebendas. A esse respeito, será interessante conhecermos, se o PS ganhar claramente as eleições, as contrapartidas negociadas com eminências pardas como Jaime Gama e o próprio Vitorino.
Já Santana é quase o inverso, no sentido da impulsividade crente no seu próprio carisma e na capacidade de fazer apenas com base no voluntarismo e na enunciação das vontades. O curioso é que, depois de sucessivamente derrotado internamente em Congressos pela força do aparelho
laranja, agora Santana Lopes só tem consigo alguns dos exemplares mais típicos do aparelhismo clientelista do PSD, daqueles que vão a todas, independentemente do líder. A única diferença é que, antes, esses aparelhistas de segunda e terceira categoria iam atrás de chefes fortes no desejo de ganhar o Poder, enquanto agora vão atrás de um chefe que não percebe ser fraco, com o objectivo de lhe sacarem todos os compromissos possíveis nos tempos que correm (leia-se luares de Deputados e nomeações de última hora do Governo). Perante a debandada dos chamados “notáveis”, seja por natural aversão a Santana, seja por adivinharem um fracasso, restou o peixe miúdo dos “interesses intermédios” das autarquias e do pessoal político das Direcções-Gerais e assessorias que, em caso de derrota estrondosa, farão ao “brilhante” Santana o que fizeram ao “apagado” Fernando Nogueira, de que já ninguém se lembra.
Por tudo isto, Sócrates e Santana são “má moeda” política, um por ser muita moeda com pouco metal valioso lá dentro e o outro por se achar muito valioso, mas não dar para as encomendas.

Eliminados os dois primeiros critérios, resta-nos o terceiro que passa pelas listas de candidatos a deputados pelo distrito de Setúbal. E aqui temos que ter em consideração tanto os cabeças de lista, como os candidatos em lugares elegíveis por cada uma das cinco forças políticas com capacidade de chegar ao Parlamento.
O que também nos deixa um problema bicudo.
Começando pela ordem alfabética:
A António Vitorino não conheço grandes ligações ao nosso distrito. Aliás, penso que Bruxelas e as cidades do Centro da europa lhe agradam muito mais para passar o seu tempo e para “trabalhar” do que Setúbal, Barreiro ou Alcochete, para não falar na Moita. Tido como um pequeno génio da nossa política, nunca lhe vislumbrei nenhuma porposta ou ideia particularmente genial, se excluirmos um certo jeito para a manobra política do género “deixa-me entrar no governo, deixa-me arranjar uma desculpa para sair que isto não está a dar nada, deixa-me arranjar coisa melhor, bolas que se acabou e agora o que é que eu faço, o Sócrates pode ser a solução”. Quanto ao resto da lista, a sua ligação concreto à região é ténue, se excepturamos o já actual deputado barreirense Eduardo Cabrita. De Hasse Ferreira e a Arons de Carvalho, sempiternos nestas andanças não vale a pena falar.
Passando a Fernando Negrão, continuamos no terreno das ténues ligações ao distrito (foi juiz no Barreiro e Setúbal, salvo erro), pouco melhorando à medida que se desce na lista: lá temos de novo Bruno Vitorino (correcção graças ao atento leitor TMaurício) do Barreiro em 4º lugar, ficando a sôtôra Fernanda Velez (da Moita) remetida para lugar não elegível.
O caso de Fernando Rosas, que repete a candidatura das últimas eleições, não vale muito a pena falar. É o único cabeça de lista que conheço pessoalmente e não estou nada feliz por isso. Ele adora o povo e o proletariado no papel, mas nunca viveria (a menos que fosse obrigado para alcançar coisa melhor) ao seu lado.Visita as massas em campanha e pouco mais. Quanto a algumas das causas emblemáticas do BE como a defesa dos direitos das mulheres, das minorias étnicas, dos toxicodependentes e dos homossexuais só quem não o conhece acredita que ele as arvora por convicção. O distrito de Setúbal é apenas um instrumento para alcançar um fim, que é o de chegar-se cada vez mais ao Poder. O resto da lista são (outras) flores; só lá estão para enfeitar.
Francisco Lopes é o que, aparentemente porque nunca tinha ouvido falar dele ou se ouvi o nome é tão comum que não registei, tem mais ligações ao distrito. Parece que é o delfim de Jerónimo de Sousa (é curioso ser-se delfim de um líder de partido que chegou apenas há um par de meses, quando delfins são aqueles que são preparados longamente para uma sucessão) foi responsável por parte da organização do PC no distrito mas nunca dei por ele até ter vindo à Baixa da Banheira lançar a sua campanha. Felizmente, logo a seguir vem a minha deputada favorita e a única que me diverte a sério, Odete Santos. Para fechar o pódio, temos direito a alguém do nosso concelho, pelos “Verdes”, ou seja Heloísa Apolónia, que faz parte da Assembleia Municipal da Moita e tem tido uma presença razoavelmente assídua em iniciativas locais e regionais. Por isso, o PC é o que se safa melhor neste parâmetro.
Por fim, Nuno Magalhães. O que dizer deste jovem rapaz ? Nada, porque dele nada conheço tirando o facto de ter sido Secretário de Estado (o que nos tempos que correm não é assim currículo muito abonatório) e Paulo Portas ter decidido recompensar todos os seus correlegionários que desempenharam cargos no Governo com lugares de cabeça de lista ou, pelo menos, com claras hipóteses de elegibilidade. O “nosso” homem no CDS, Titta Maurício, lampião da verdade e da democracia no concelho da Moita foi relegado para um triste 5º lugar (Correcção: é o 4º lugar de acordo com o próprio, o que já dá para ir à UEFA) que, nas últimas épocas do futebol, nem dá para ir à Taça UEFA, quanto muito à Intertoto. O que me deixou infeliz. E acredito que também a ele, a avaliar pela quebra de vigor das suas intervenções na imprensa regional e nos vários blogs (não foi só no nosso...) onde andou a intervir em parte do ano passado com o ar cordato que se lhe conhece.

Que conclusões tirar de todo este arrazoado ?
Isso fica para a terceira e última parte do meu manifesto, a publicar depois dos debates que estão a (não) acontecer e de analisar melhor as propostas e ideias (!?) em confronto.

António da Costa, 23 de Janeiro de 2005