Voltando ao debate Louçã-Portas Jr e à argumentação do primeiro sobre o aborto só posso dizer que, como defensor da sua despenalização na qual votei do referendo respectivo, só posso sentir-me envergonhado pelo carácter pedestre do raciocínio do líder bloquista.
Afirmar que Portas não pode pronunciar-se sobre a questão porque não foi ainda pai é o grau zero do debate (lembra-me o camarada Rosas a desancar quem não teve idade para ser anti-fascista e, por isso, sem direito a discordar da sua cartilha sobre o Estado Novo) e o escancarar da porta e da janela para retribuições do género: "se defende tão activamente os direitos dos homossexuais é porque..." ou "como pode defender os direitos das minorias étnicas se é um branquinho de meia-idade, de classe média-alta e da elite política opressora ?".
Enfim, o camarada Louçã de vez em quando entra em completo desvario, de tão inebriado na crença da sua pureza e certeza.
Não sei se estão a ver as consequências práticas deste tipo de intolerância se algum dia chegar ao poder. Só fala quem a meia dúzia de dirigentes nacionais do BE achar que tem legitimidade para isso.
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