«Poucos países fabricaram acerca de si mesmos uma imagem tão idílica como Portugal. (...) Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. Os Portugueses não convivem entre si, como uma lenda tenaz o proclama, espiam-se, controlam-se uns aos outros; não dialogam, disputam-se, e a convivência é uma osmose do mesmo ao mesmo, sem enriquecimento mútuo, que nunca um português confessará que aprendeu alguma coisa de um outro, a menos que seja pai ou mãe...»
Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade (D. Quixote, 1988, pp. 75-76)
Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade (D. Quixote, 1988, pp. 75-76)
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