Grande entrevista de Marçal Grilo, parcialmente disponível no Público-Online e na maior parte na edição impressa do Público
Para quem tem menos tempo, aqui vão algumas resposta do seu início, a perguntas da jornalista Graça Franco.
P: No ano passado disse que Portugal tinha um único partido com duas secções: uma na rua de São Caetano, sede do PSD, outra no Largo do Rato, sede do PS. Acha mesmo que a 20 de Fevereiro os portugueses vão ter de escolher entre duas secções do mesmo partido único?
R: Em termos de projectos, em termos de programas, em termos de grandes desígnios para o país em áreas como a política externa, a defesa, a economia, as diferenças são muito pequenas, mas até não haveria mal entre escolher entre uma secção e a outra. Onde está a perversão é que estes dois partidos foram tomados por interesses muito parecidos, interesses intermédios existentes na sociedade portuguesa.
P: Está a falar de quê? De corporações...
R: Estou a falar de corporações, de grupos de interesses económicos. Não os grandes, mas os intermédios...
P: Imobiliário por exemplo?
R: Por exemplo. Tem uma enorme importância para estes partidos. Os dois partidos deixaram-se infiltrar. Na sua origem eram muito diferentes, logo a seguir à Revolução, até pela sua génese, hoje são muito parecidos. Quando se vai pela província verificamos é que as pessoas são praticamente as mesmas. São recrutadas da mesma forma, financiadas da mesma forma e promovidas da mesma forma. Ao recrutarem nas mesmas classes sociais, nas mesmas áreas profissionais, os partidos confundem-se um com o outro.
Para quem tem menos tempo, aqui vão algumas resposta do seu início, a perguntas da jornalista Graça Franco.
P: No ano passado disse que Portugal tinha um único partido com duas secções: uma na rua de São Caetano, sede do PSD, outra no Largo do Rato, sede do PS. Acha mesmo que a 20 de Fevereiro os portugueses vão ter de escolher entre duas secções do mesmo partido único?
R: Em termos de projectos, em termos de programas, em termos de grandes desígnios para o país em áreas como a política externa, a defesa, a economia, as diferenças são muito pequenas, mas até não haveria mal entre escolher entre uma secção e a outra. Onde está a perversão é que estes dois partidos foram tomados por interesses muito parecidos, interesses intermédios existentes na sociedade portuguesa.
P: Está a falar de quê? De corporações...
R: Estou a falar de corporações, de grupos de interesses económicos. Não os grandes, mas os intermédios...
P: Imobiliário por exemplo?
R: Por exemplo. Tem uma enorme importância para estes partidos. Os dois partidos deixaram-se infiltrar. Na sua origem eram muito diferentes, logo a seguir à Revolução, até pela sua génese, hoje são muito parecidos. Quando se vai pela província verificamos é que as pessoas são praticamente as mesmas. São recrutadas da mesma forma, financiadas da mesma forma e promovidas da mesma forma. Ao recrutarem nas mesmas classes sociais, nas mesmas áreas profissionais, os partidos confundem-se um com o outro.
P: Mas poderia ser muito diferente? Ambos têm sido e são os pilares da democracia portuguesa, ambos estão obrigados a realizar políticas muito semelhantes em áreas cruciais e o país é um país de classes médias, com uma base de recrutamento obrigatoriamente semelhante...
R: O problema não é esse. O problema são os interesses perversos. O problema é que, quando é necessário tomar certas medidas, os partidos contêm em si grande parte das resistências a essas medidas. Se não houver a capacidade para os dois partidos se diferenciarem e distinguirem dos interesses dificilmente haverá, em algumas áreas, capacidade para sair desta espécie de jogo do empata em que o país caiu.
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